Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

sábado, 1 de maio de 2010

Atirei no que vi...


Quando decidi montar este blog minha intenção era muito diferente.
Como já citei diversas vezes, sou muito tímida e reservada. Quem me conhece um pouquinho pode pensar que não sou, por que brinco, falo, tenho o riso frouxo, mas na verdade esta é uma das minhas maiores estratégias para driblar a timidez absurda que mora em mim.

Sempre escrevi muito. Na escola era elogiada pelas minhas redações e reza a lenda que uma professora xerocava as ditas e guardava, "caso eu me tornasse escritora". Não sei se por estímulo ou por ideia própria, esta  vontade passou a me rondar.

Escrever, para mim, é necessidade. Se tenho um problema e não sei o que fazer, eu... (pensaram na Pink Dink Doo) escrevo. Só sei resolver problemas assim. Percebem meu descompasso com a matemática?

Mas o que escrevo é só meu. Não compartilho com ninguém. Ou não compartilhava! Guardava em cadernos e mais cadernos, com a "modernidade" (salve a natureza!) passei a guardar em arquivos .doc, com nomes que não levantassem suspeitas ou curiosidade. Às vezes lia para algum amigo, mas de modo geral, não conseguia.

O blog foi o exercício que me impus. Precisava desbloquear este canal, liberar meus sentimentos. Aprender a compartilhar. Sabia que isso faria alguma diferença na minha vida, mas não tinha noção do que seria. Minha ideia óbvia era, se quero escrever um livro, um dia, tenho que ser capaz de deixar lerem o texto...

Criei o blog há mais de um ano. E deixei quietinho, com um poeminha de Fernando Pessoa que eu amo e recito com frequência. Era mais fácil expor as ideias dele do que as minhas.

Esqueci do blog por alguns meses. Quando meu avô morreu escrevi um texto que coloquei no meu perfil do orkut. Minha família amou e alguns copiaram para seus perfis também. Resolvi jogar no blog (secreto) para que ninguém lesse (dãã). E esqueci mais uma vez.

Então em dezembro o mestrado e os desentendimentos com meu orientador começaram a machucar muito. E minha válvula de escape é escrever, lembra? Pois é, larguei o dedo. Pensa que escrevi coisas para o blog? Que nada. Quando pensava que iria postar, travava. Vai que alguém lê... Comecei fazendo uma triagem dos meus antigos escritos. Este é legal e não me compromete... este pode. Este nãããão, este nem pensar! Este... Ãh... deixa para depois...

Nesta fase amigos e familiares que liam e, às vezes, comentavam. Nunca vou esquecer o dia em que li um comentário da minha mãe dizendo assim: "Adoro ler seus pensamentos". Era um trocadilho, mas me apavorou! Sou escorpiana!! Como assim, ler meus pensamentos?!

Aos poucos (em fevereiro deste ano) fui me soltando. Fui visitando outros blogs, conhecendo gente... Percebi que comentários me deixavam feliz, então passei a comentar nos blogs que visitava. Dali a pouco tinha gente me visitando, e deixando comentários!

Fui me permitindo escrever algumas coisas, muitos rascunhos guardados ainda nas postagens, mas já não tenho mais aquela trava. Agora penso menos se vai agradar, se vão entender, se serei criticada...

No momento mais crítico (há poucas semanas atrás), o blog foi o suporte que precisava. Minha prancha numa tsunami. Foi assim que expliquei para meu marido. É como terapia, por que tenho a oportunidade de dizer o que penso, o que sinto. E amigos vem em socorro e dão apoio, dizem palavras que nos animam. De verdade, nunca imaginei encontrar isso aqui. Não era esta a minha busca, mas hoje agradeço a cada amigo que vem me fazendo tão feliz.

Há duas semanas meu marido comentou (para mim, não no blog): você percebeu que mudou sua maneira de escrever? Na mesma época minha mãe comentou (no blog) que estava me reconhecendo na escrita, por que sou bobona, brinco, faço piadinhas infames... Sabe o que isso significa? Que estou à vontade. Que cheguei em casa. Que me senti aceita na blogosfera. É assim que eu funciono na vida.

Vocês não podem imaginar o quanto tem sido importantes em minha vida!

A ideia era deixar meu coração para vocês, mas apareceu um presepeiro na história e deixo a critério, cada amigo escolhe o coração que mais lhe apetecer (não há limites de escolha, ok?).
 

Esta é apenas uma postagem agradecida, por tudo que tenho recebido por aqui.

Beijos a todos,
Tati.

25 comentários:

Fernanda disse...

Faço minhas as suas palavras.
Você me acomapanham e sabem o que passo e o que não passo.
Obrigada.
Bjs

disse...

Senti tanta emoção nesse seu post Tati. É bom ler textos de quem escreve com o coração. Bjossss

Kamyla disse...

Tati, minha idéia de criar um blog foi pensando em me comunicar com todos q estão tão distante... e acabei, como vc, encontrando uma grande terapia...já escrevi textos q machucaram pessoas, mas era o q eu sentia no momento...tento, agora, me controlar mais, mas esse é nosso espaço...onde desabafamos e trocamos o que vivemos e sentimos...
Comecei e lhe seguir há pouco tempo, mas gosto muito de ler o q vc produz!!!
Ah, adorei seu presepeiro,rsrsrsrs.
Gde bjo.

Manuela Freitas disse...

Olá querida Tati,
Li com gosto o teu post, porque tem muito de similar comigo.
Como tu, sempre gostei de escrever, mas dificilmente mostrava a alguém, porque como leio muito exerço sobre mim uma auto-crítica muito grande, sempre considero pobrezinho o que escrevo.
Comecei com o blogue a escrever coisas impessoais sobre cultura e isto durante muito tempo, sempre com muita insegurança e com receio de me abrir, mas há uns tempos para cá já tenho escrito mais sobre as minhas vivências, embora ainda tenha reservas.
Isto do blogue é muito interessante, começamos a conversar via comentários com as pessoas e elas começam a fazer parte da nossa vida. Digo-te, eu já não passo sem o blogue e sem os amigos virtuais, o pior é que as pessoas reais que estão comigo, dizem que eu não penso noutra coisa e depois o problema é a conciliação e não há tempo para chegar todos!
Que estejas a passar um bom fim de semana, superando os teus problemas.
Beijinhos,
Manú

Anônimo disse...

Eu tbm já me soltei muito no blog, mas na vida real sou um "bicho do mato", arrisca e fujona de tudo rs...
Bjos na alma!

Leticia disse...

Tati
Comecei a escrever por outras razões, por um momento estive "perdida" profissionalmente... e a coisa foi ganhando outro rumo, foi bacana! Eu tinha terminado o meu mestrado, estava trabalhando em uma área completamente diferente... sei lá, tudo fora do controle.
Eu adoro escrever para desabafar, mas no blog ainda não consegui... é complicado para mim.
Adorei a sua sinceridade!
Beijos
lelê

Unknown disse...

Que fofo, Tati!
Realmente, quando criamos um blog não sabemos para qual caminho seremos guiados. Às vezes eu me pego pensando em quem está me "lendo" e confesso que fico um tantinho apavorada! rs. Pessoas passam a conhecer um pedacinho de nós de alguma maneira. Algumas se identificam, outras não. Essa dinâmica de ter um blog e atualizá-lo com frequência é muito interessante.
Tenho curtido bastante visitar o seu cantinho, embora a minha conexão seja meio "valvulada"...rsrs.. lenta que só em determinados dias, sempre dou uma passadinha por aqui!

Beijocas

Cida disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Claudiene Finotti disse...

Oi !!!
Credo, coisa estranha! Lendo sua postagem senti que eu poderia ter escrito, pois se encaixa perfeitamente em alguns aspectos no meu perfil, exceto F.Pessoa, cujo poema preferido meu é "O meu olhar e nítido como os girassois".
Estou encontrando, além das blogueiras amigas, muito incentivo dos familiares e amigos que frequentam meu espaço virtual.
Espero um dia ficar rica escrevendo, que vá no Jô, etc, etc...kkkk

Bjão.

chica disse...

Que coisa mais tãioboaler isso assim pois acho que a maioria de nós é meio assim também e se entrega nos blogs. Eu adooooooooooooooooooooooooro e não consigo ficar longe deles...beijos,tudo de bom,chica

c r i s disse...

Ai Tati, também sinto isso, por aqui achei algumas pessoas com muita coisa em comum, diferente no jeito de resolver ou demonstrar, mas o sentimento está ali...muito bom ler teus pensamentos neste cantinho, fico feliz de termos trocado figurinhas e espero trocar muitas ainda cá e lá...bjinho!!

Françoise disse...

Tati, vim a procura de ler o término da novela do lapis roxo e sabe o que encontrei? Mais um belíssimo texto , daqueles cheios de sinceridade que nos deixam arrepiados. Você é ótima, tem humor e leveza nas palavras,não consigo parar de ler. Só que agora deixou com "ar " de quero mais, quero mais é conhecer seus textos....tira das gavetas vai????
*Essa musiquinha da Pink Dink Doo também conheço de frente p/ trás, de trás p/ frente.....kkkkkk

Bjos
Fran

Lu Souza Brito disse...

Tati,

Que bom que já se sente em casa. A blogosfera tem dessas surpresas né?
Também adoro este espaço e apesar de muitas vezes achar que me exponho demais, nao ligo não.
É uma válvula de escape também. Eu sempre adorei escrever, tinha inumeras agendas...então, se estou feliz-escrevo, se estou triste, também, se estou confusa escrevo como forma de ordenar as idéias, enfim.
Cada um chegou aqui por um motivo, mas garanto que a maioria ganhou muitas coisas bacanas.
Eu adoro Todos seus textos. São profundos, sinceros, pura emoção. Acho muito bacana.
Continue assim. Ah...e quando lançar o livro não se esqueça de nós hein! Queremos com autógrafo ainda, ahahahha.

Ana Cristina Cattete Quevedo disse...

Ai, que linda,q ue fofa, que tudo!
Me emocionei com teu texto.
Acho que também faço do blog uma válvula de escape, do meu jeito, de um jeito que só eu entendo.

Bela forma de agradecer!

Beijo grande

=)

(PS: adorei o texto sobre teu avô!)

lynce disse...

Fiquei sensibilizado com o teu post...de facto está extraordinariamente bem escrito. Parabéns! Aproveito para te dizer que passei pela tua outra "casa de férias" e gostei imenso.
Beijinhos!
:)))

Elaine disse...

Tati,
Que delícia de texto!
Se todos soubessem o quanto escrever liberta todo mundo teria um blog! E os terapeutas teriam que mudar de profissaõ. E haveria menos gente neurótica por aí...
E viva o blog!!!
Beijosssss

Renata de Aragão Lopes disse...

Tati,

do blog do Carpinejar,
vim parar no seu
- e adorei este depoimento!

Criei minha confeitaria poética
há pouco mais de um ano
e jamais poderia imaginar
a repercussão que teria
- fora e dentro de mim.

Também para mim,
escrever é imprescindível.
E como é gostoso
compartilhar meus versos
com pessoas de toda parte do mundo!

Prazer em conhecê-la!
Sigamos nesta caminhada! : )

Um beijo,
doce de lira

Irene Moreira disse...

Tati
Gostei muito de saber da sua história, de como começou. Cada um é único mas as histórias se misturam e a sua é muito linda e digo que amo tudo que você escreve. Claro que estou há pouco tempo acompanhando o seu blog, mas já deixei anotado no meu caderninho que preciso ler seus posts antigos. Suas histórias e a forma como conta e escreve nos vicia.
Bem vim aqui para agradecer a sua visita, as suas palavras carinhosas , dizer que coloquei mais lembrancinhas e que a que estava corrigi alguns errinhos.
Por último queria te avisar para dar um pulinho na vitrine de sonhos porque ela escolheu a sua história e .... o resto você pode ver diretamente com seus olhos. O selinho de entrada é seu pode levar.

Irene Moreira disse...

Desculpe .... acabei fechando o comentário sem me despedir.

Beijos e um bom domingo

lynce disse...

Desculpa Tati,por lapso referi a "outra tua casa de férias" como sendo um outro blogue onde tinhas um postado com um poema de Fernando Pessoa, mas a verdade é que é foi exatamente aqui, neste blogue. Penso que te esclareci.
Beijinhos e bom Domingo!

Silvia Masc disse...

Tati, lindo o seu post, abrir o coração é bom né? E esse que veio recheado de tanta sensibilidade, com a lua cheia e brilhando.
beijinho

josi stanger disse...

Tati! sinta-se acompanhada nessa terapia. Eu também começei com certa reserva, sem saber no que ia dar, assim, assim, com um pé bem atrás, e agora me sinto em casa, lendo e escrevendo comentando ou simplesmente parando pra pensar no que li. E é gratificante, sempre.
Obrigada pela partilha, pelo carinho. As vezes penso na blogosfera como uma imensa teia, rede, de amor e compreenção, de uns com os outros... quem sabe um começo de paz, de entendimento. Uma troca de experiências, sem a pretenção de agradar a todos, mas com a clara inteção de espalhar bons pensamentos por aí...
Amém

Um beijinho
Josi

Lucia disse...

Concordo e me sinto exatamente como voce. Eu sempre escrevi pra mim mesma, tenho agendas desde aos 13 anos e as guardo com carinho ate hoje.

Meu blog eh minha valvula de escape, meu diario virtual e apesar de escrever mais pra mim mesma, eu tb adoro receber comentarios. Mas olha... vejo que tenho muitos seguidores anonimos e quietinhos que gostam de ler e nao falar nada, hahaha.
bjos

Simplesmente Luísa disse...

Me dientifiquei muito... mas com o tempo fiquei com medo de escrever...eu sempre exagerava, falava demais, o que nao tinha coragem de falar sabe? E isso as vzs eh perigoso...adorei td oq vc escreveu... que bom q td isso tem mudado algo em vc, a blogosfera realmente eh o maximo...
Bjs!

Glorinha L de Lion disse...

Ai Tati que bacana vc estar conseguindo se soltar e ser vc mesma...comigo funcionou sempre como uma válvula de escape...só que eu agora, tb me permito coisas que antes eu faria uma pré censura....escrever sobre família por ex..há um tempo atrás talvez eu não tivesse escrito....mas aqui, com certeza, é uma terapia, pra mim, pra vc e pra outras tantas sem voz no mundo, na vida...aqui deixamos de ser apenas mais uma na multudão e nos reconhecemos, nos olhando em outros espelhos...outras mulheres, mães, profissionais, com os mesmos problemas, com outras vivências...isso aqui é uma espécie de seita, de irmandade do bem...onde, através da escrita, vamos descobrindo e redescobrindo a nós mesmas...a saber que temos o direito sim, de nos posicionar e dar opinião sobre a vida, sobre o mundo e, principalmente a nos aceitar.
Grande beijo minha querida.