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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quando eles prometeram o assalto em troca dos nossos votos? - Atualizado

As palavras a seguir não são minhas. Copiei do site do deputado Chico Alencar, em quem voto há muitos anos, o que me faz sentir aliviada por minha escolha, apesar de não reduzir a sensação de abuso que sinto quando coisas assim acontecem. Precisamos aprender a votar. Se apenas 35 deputados votaram contra, significa que a maior parte dos nossos eleitos (e me incluo nesta por que faço parte do Brasil) mentiu nas campanhas. Dããã, a gente já sabia... Mas por que votaram? Segue um texto ótimo e o nome dos 35. Guarde e, daqui a 4 anos, lembrem-se deles. Esqueçam os demais! Depende mais de nós que deles. Eles estão defendendo seus próprios interesses, e nós, quando votamos neles? O que passou em nossas cabeças?
Chama-los de ladrão não faz cosquinha, por que para isso eles precisavam ter consciência, e basta olhar o Maluf dando "entrevistas" para o CQC para ter certeza que não há nem gotas de ética, cidadania ou verdade naquilo, mas ele foi reeleito! Voto popular...


Recebi da Flávia Mergulhão o link para um abaixo assinado online contra o aumento ABUSIVO dos parlamentares. Lembrem-se que é por tantas manifestações que Sakineh está viva e que o Ficha Limpa "quase" existiu. Não se omita! Votei, é rapidinho. Neste endereço.

Segue o texto:

O Céu é o limite?


A maioria de deputados e partidos – só o PSOL encaminhou contra, e apenas 35 deputados votaram ‘não’ – aprovou, em urgência urgentíssima, aumento da remuneração de congressistas (62%), presidente da República e ministros (mais de 100%). Esta ‘equiparação’ com o STF é elitista e indefensável. Nesses parâmetros, jamais foi apresentada na recente campanha eleitoral por nenhum dos milhares de candidatos.


Trata-se de um soco na boca do estômago dos servidores públicos das atividades fins, que lidam com o cotidiano sofrido da maioria da sociedade, e com aposentados e pensionistas. Uma insensibilidade total em um país onde apenas 1,5% da população aufere renda mensal familiar de R$ 10.200,00.



A autoridade pública da cúpula do Executivo, do Legislativo e do Judiciário deve, sim, ter subsídio digno e ter plenas condições materiais de exercer seu mandato.



No Parlamento essas condições já estão dadas, por isso o PSOL apresentou, em projetos (desde 2003, até hoje não apreciados) e votos, sua posição: reajuste só de acordo com a inflação do período precedente, ou na média do concedido, em igual período, ao servidor público federal.



Ao Senado caberia corrigir esse abuso, essa votação terminal que só aprofunda o abismo entre a representação política e a sociedade. Mas a ‘Câmara alta’, também com suas exceções, confirmou em tempo recorde essa demasia.



No início da próxima legislatura apresentaremos uma PEC para corrigir todas essas distorções, inclusive seu devastador efeito cascata etambém estabelecer limites para os gastos das instâncias máximas dos Três Poderes.



35 deputados que votaram contra o aumento de salários


Alfredo Kaefer (PSDB-PR)

Assis do Couto (PT-PR)

Augusto Carvalho (PPS-DF)
Capitão Assumção (PSB-ES)
Chico Alencar (PSOL-RJ)
Cida Diogo (PT-RS)
Décio Lima (PT-SC)
Dr. Talmir (PV-SP)
Eduardo Valverde (PT-RO)
Emanuel Fernandes (PSDB-SP)
Ernandes Amorim (PTB-RO)
Fernando Chiarelli (PDT-SP)
Fernando Gabeira (PV-RJ)
Gustavo Fruet (PSDB-PR)
Henrique Afonso (PV-AC)
Iran Barbosa (PT-SE)
Ivan Valente (PSOL-SP)
José C. Stangarlini (PSDB-SP)
Lelo Coimbra (PMDB-ES)
Luciana Genro (PSOL-RS)
Luiz Bassuma (PV-BA)
Luiz Couto (PT-PB)
Luiza Erundina (PSB-SP)
Magela (PT-SP)
Major Fábio (DEM-PB)
Marcelo Almeida (PMDB-PR)
Mauro Nazif (PSB-RO)
Paes de Lira (PTC-SP)
Paulo Pimenta (PT-RS)
Raul Jungmann (PPS-PE)
Regis de Oliveira (PSC-SP)
Reinhold Stephanes (PMDB-PR)
Sueli Vidigal (PDT-ES)
Takayama (PSC-PR)
Vander Loubet (PT-MS)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Psicologia e nutrição

Este é um questionamento que me faço há anos. Intensificou-se depois que o Bê chegou... Vou tentar me explicar.

Sempre tentei oferecer uma alimentação relativamente saudável. Não sou fãzoca de cozinha. Tenho, entretanto, apreço por bons alimentos. Como, com prazer, uma bela salada. E dispenso, sem pesar, um hamburger ou qualquer outro tipo de fritura.

Durante muitos anos não comi carne. Quando casei, ambos não comíamos, fui preparar a primeira refeição com carne depois da gravidez. Isso por que fiquei anêmica e precisei suplementar. E por que senti vontade.

Eu não sou da turma que não faz restrições alimentares, ou tento não fazer. Eu como o que gosto. Tenho a sorte de gostar de coisas boas. A questão é que não gosto de preparar o que mais gosto de comer. Morro de preguiça de elaborar grandes saladas. Pratos com muitos legumes e verduras... Aqui em casa sou adepta da cozinha expresso. Massas, strogonoff, pratos em que a carne já esteja no molho e pronto: duas panelas, no máximo, meia hora de cozinha e bom apetite...

Isso precisa ser reformulado. O Bê adora frutas, sempre gostou e teve um caso de conseguir que ele trocasse, espontaneamente, um biscoito recheado por um prato de uvas. Alegria geral dentro de mim!

Acontece que o Bê não mora numa redoma. E apesar de não conviver com refrigerantes e biscoitos amarelos em casa, ele os encontra na rua. E a rua, algumas vezes, é casa. Como na casa da avó, minha mãe, e na escola. Quando ele era pequeno eu disse que estes biscoitos eram biscoito-porcaria. Ele confundiu as palavras e o chamava biscoito de meleca. Adorei a comparação, imaginei que se ele criasse esta imagem na cabeça jamais iria querer experimentar. Que nada... Esta semana veio da escola questionando.
- Mãe, sabia que não existe biscoito de meleca? Eu comi, mãe. O Matheus levou e é uma delícia. Eu quero que você compre para mim também.
Fui franca, expliquei o porque do termo, por ele ter se confundido e arrematei:
- Eu não quero comprar para você por que não faz bem para a saúde. Eu gosto de cuidar de você.
Ponto final nesta hora. Sei que ele retornará ao assunto. Consegui retardar a conversa, ele deve estar pensando em novos argumentos.

Com coca-cola foi o mesmo. Aqui em casa não gostamos, não compramos (sorry, Isa). Ele tem contato com refrigerantes em festinhas, na casa da minha mãe e na lancheira do colega. Bebidas eles não podem dividir. Sorte a minha! Sempre oferecemos muito suco. Festas, de modo geral também tem suco ou mate ou guaraná natural. Ele chegou me dizendo que gostava de coca-cola, e nas festas da escola aproveitava para se empanzinar. Ok, esta escolha é dele, infelizmente.

Agora a questão: ouvi outro dia uma nutricionista explicando que não se deveria deixar o refrigerante para os finais de semana, senão a criança o entenderia como um alimento (?) de dia de festas, especial, e o valorizaria mais.

Há também aquelas correntes que dizem que alimentos não devem ser forçados, e que as crianças seguem o exemplo dos pais. O Bê não me vê comer muitas saladas, por que o faço em horários de almoço, em restaurantes mais do que em casa. Isso poderia explicar sua não aceitação de legumes e verduras. Que um dia ele adorou, e hoje rejeita... Agora, o que explicaria ele gostar/ adorar, um alimento que sempre foi entendido como "meleca"? Querer algo para o qual sempre fizemos careta?

Se eu começar a proibir alface ele terá curiosidade e irá amar saladas? Posso fazer isso. Se eu força-lo a comer biscoitos recheados, beber refrigerante sempre que tiver sede, obrigá-lo a ingerir um pacote inteiro de balas ele passará a ter aversão? Como é isso?

Por que esta filosofia só funciona para alimentos saudáveis? Eu não acho que são piores em sabor. Eu prefiro uma maçã do que um pirulito. Sempre preferi. 

É confuso, não é? Não consigo perceber enlatados, processados, artificiais como mais saborosos. No entanto há uma aceitação mais fácil. Não há rejeição mesmo quando são forçados. Há um forte apelo que não faz parte de mim, por isso não entendo.

Aí vem também as propagandas. E uma que me irrita profundamente é do Mac Donalds com seus lanches tristes. Pagar por um brinquedo e receber um lanche-bomba de brinde é o fim! O Bê não gosta do lanche, nem das batatas, nem do hamburguer ou nugguets. Toma só o suco, que é ultra-processado e artificial. Só que ele assiste a propaganda, e os brinquedos são tão interessantes, seus amigos da escola colecionam, seus primos também. Ele sempre nos pede para ir ao Mac. Diz, desta vez eu como o lanche... ele ainda não entendeu que não fazemos a menor questão que ele coma. Também não queremos comer. É ruim, e ainda por cima, faz mal... A rede girafas inseriu brinquedos no seu prato infantil também. Testamos e achamos mais interessante. Ele ainda quer colecionar os dois. Ah, este tipo de marketing devia ser proibido por uma saúde pública que insiste em dizer que há epidemia de obesidade... Tanta demagogia...

Muito mais saboroso um suco de laranjas fresquinho do que um copo de refrigerante, não é? Sou um ET? Será que meu paladar que é alterado? 

Tudo muito estranho... Alguém me explica este mundo?

Vou tentar ser mais clara na minha questão: Se eu obrigá-lo a tomar refrigerante e comer bala em todas as refeições, ele vai detestar estes itens?
Se eu disser que brócolis só nos finais de semana, se tornará o prato favorito? A filha da minha prima ama brócolis. Troca qualquer coisa por brócolis. O Bê já foi assim com beterraba, hoje não gosta mais... Se eu proibir, disser que de jeito nenhum, ele se tomará de paixão por estes legumes? Esta é a dúvida: a mesma psicologia serve nos dois sentidos?

Beijos,

Tati.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O medo de calarem nossa voz

Tenho medo do futuro do meu país, pátria amada, Brasil...

Tenho medo do rumo que estamos tomando, do que sabemos por notícias, por histórias contadas por conhecidos ou por experiências próprias.

Tenho medo de ver nosso dinheiro diminuindo enquanto as coisas vão aumentando, e de que algo falte à minha família; tenho medo (e raiva) de não ver reconhecimento a meus estudos, e de ver que um bocó qualquer ganha 10 ou até 100 vezes mais que eu por que rebola ou joga futebol. Tenho medo de ver patrulhinha ou qualquer ser fardado. Neste caso, morro de medo! Eu me sinto em situação de insegurança e vulnerabilidade cada vez que vejo um policial, e abaixo os olhos, desvio o rosto, passo bem rapidinho.

Tenho medo de entrar, e também de sair de casa. Do que posso encontrar, e também do que vejo pelo caminho. Tenho medo do que reserva o futuro de meu filho. 

Mas mais que tudo isso, meu medo paralisante, é do que acontece na política de meu país. Meu pai foi preso político, e ficou viúvo antes dos 30 anos de idade, viveu experiências que eu não gostaria de experimentar jamais. Tem até hoje sequelas daquele tempo, graças a Deus não tantas quanto muitos de seus amigos, aqueles que sobreviveram...

Uma de minhas melhores amigas nasceu na Costa Rica, por que seus pais estavam exilados. Seus crimes? Gostarem de cantar e de poesia. Isso mesmo! Você não entendeu errado... Movimentos culturais eram suspeitos, e quem gostava deles, criminosos procurados, com fotos em jornais e revistas muitas vezes. Eram transgressores da ordem, eram denunciados por vizinhos e até por parentes. 

Tenho medo de todo e qualquer tipo de violência, mas não há medo que me aterrorise mais do que o da volta da ditadura, da censura. E não voltaram? Me diga, se você mora no Brasil, quando foi a última vez que se sentiu representado em suas necessidades, nas necessidades de sua comunidade? Quando teve a certeza de seu direito de ir e vir respeitado? Quando sentiu seu direito à cidadania de forma concreta? 

Ainda tenho a sensação da liberdade de expressão. De que posso vir a meu blog e falar de tudo o que me der na telha, doa a quem doer. Cada vez eu posso menos, já sabemos. Mas ainda posso! Agora, se isso está mudando... Se uma resolução recente é capaz de proibir a manifestação de ideias, o retorno está acontecendo. Ainda podemos conversas sobre qualquer assunto em rodas de amigos, e uma reunião, em festa, não é interpretada como complô, como organização de rebeldes. Ainda não é punida.

Manifestações culturais ainda não estão sofrendo cortes, não precisam passar por equipes de censura, mas já recebem restrições por forma da lei. E isso muda tudo!! Isso nos obriga a buscar informação. A lutar pelo país que sustentamos. Por que nossos impostos deveriam ser revertidos em benefícios, e apesar de pagá-los todos, nós também pagamos escola, plano de saúde, pedágio e etc. E o fazemos cordatos e subservientes. 

Está na hora de romper a barreira do medo, de dizer que não dá mais. Isso se faz nas urnas, claro, só que não apenas. Se faz na cobrança também, na vigilância, no movimento por justiça. 

Por que nos comovemos e nos mobilizamos, fazemos faixas de ódio, quando um maluco mata sua própria filha, jogando-a pela janela do apartamento, ou quando um maníaco mata a ex-namorada e bota a perder tudo o que conquistou com seu futebol, mas assistimos calados quando um deputado vota seu novo aumento de salário e reduz a aposentadoria, para que não haja crise na previdência... É, aquela pela qual você trabalhou e pagou a vida inteira, e ele, não!

Que a gente sinta medo. E que este medo nos movimente à mudança! Não dá mais para continuar assim!

Este texto é minha participação na nova blogagem coletiva proposta pela Glorinha do Café com bolo: Emoções e Sentimentos. E também uma bandeira que ergo, em prol de mudanças, seguindo uma idéia da Crica Viegas e da Beth/Lilás. Se quiser, fique à vontade para começar este movimento comigo. Ainda não há nada, apenas muita vontade de fazer a diferença e uma ideia de um selo.

Beijos,
Tati.

terça-feira, 8 de junho de 2010

TEMPOS MODERNOS


Às vezes me pego pensando no que ganhamos e no que perdemos com a tecnologia. Nem preciso ficar detalhando o que ganhamos, né? Computadores, conexões, blogagens... Impressoras, scaner, DVD, I-pod... Celular, wireless... enfim, lista enooorme...

Mas o objetivo da postagem é falar do outro lado da moeda. Sempre tem, pelo menos, dois lados (uma história, não a moeda, ok?).

No dia das chuvas aqui no Rio, "aquelas", eu estava assistindo Globo News pela manhã e aquela noticiazinha que fica em uma caixa dizia: "Tempo bom no Rio". Aquela caixinha fica tempo demais na tela. Eu olhava pela varanda, tudo nublado, tempo muito encoberto, e aquela notícia dizendo o contrário... Como moro em um bairro distante da zona sul, e por isso não é considerado Rio de Janeiro para muitos, me conformei e imaginei: do outro lado da cidade deve estar sol!

Mais tarde, quais as notícias? Nem é bom lembrar, né mesmo...

Então fiquei pensando... Meteorologista tem tantos equipamentos para olhar, que não olha mais para o céu. De repente (pode ser até devido ao mal tempo... hohoho) o sistema deles caiu... ou entrou um vírus H1N1 na máquina... sei lá. E nesta hora eles acharam que o dia estava bom. Acho que sala de meteorologista não tem janela... Estudam tanto o tempo que não tem tempo de olhar para o céu. Coitados...

Aí, volto lá na Faber Castell, e uso o que a Cris comentou: Departamento de marketing não consome? Claro, o departamento não, mas até onde sei, departamentos são compostos por pessoas (ou pessoa, em alguns casos). Será que com tanta modernização, temos tantas normas e regras a cumprir que esquecemos do elementar: usar nossa experiência? nossa intuição? Como se vive assim? Ou não se vive mais?

Marketing bom deveria seguir menos palestras motivacionais e mais aos reais anseios das PESSOAS! Os profissionais de diversas esferas esqueceram-se que o ponto de partida (e de chegada) é a pessoa a que ele quer atingir?

E sabe onde erramos mais? Nós aceitamos isso. Aceitamos que comercial de margarina dite a família perfeita, que comercial de cigarro (graças a Deus não existe mais) diga o que é radical, que comercial de remédio diga como devemos nos cuidar... Comercial de banco diz COMO SER FELIZ!! Gente, ninguém sabe menos como fazer alguém feliz do que um banco!!!! De modo geral (entendam bem, MODO GERAL), bancos são péssimos com seus funcionários e com seus clientes. Banco só faz o banqueiro feliz, mais ninguém.

Eu não preciso ler um livro que me ensine: "Como ser uma escorpiana com ascendente em aquário". Eu já sou!! Não há livro que possa me ensinar a ser melhor mãe, melhor esposa, melhor filha. Claro que muitos pensamentos podem nos levar à reflexão, mas não são receita de bolo nem de coisa nenhuma. Não há receita com medidas graduadas de ingredientes para a vida. Cada um é do seu jeito, no seu tempo. E neste parágrafo quero chamar atenção para uma coisa: não estou falando contra os livros, meus amados amantes e companheiros de jornada. Aprendi e aprendo muito com eles. Estou questionando aqueles com títulos que começam com: "Saiba como ser/ fazer/ ter..." .

Que tal tentarmos olhar pela janela para saber como está o tempo? Usar nossa experiência de vida para aprender como ser determinadas coisas, sem copiar do livro de auto-ajuda? Ser mais do que ter ou aparentar? Tratar o outro como gostaríamos de ser tratados? E lembrar que clientes estão incluídos na categoria "os outros"?

O que podemos fazer, na nossa profissão, para humanizá-la? Para simplificá-la? Tecnologia é bom, mas conviver é muito melhor!!!

Já sigo na tentativa. Quem me acompanha?

Beijos,

Tati.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Eu quero ir para LUND!!!


Lembram-se daquele sapo de ontem? Na verdade eu contei a história pela metade. Minha chateação por aquele sapo existe, mas eu estava desabafando um sapo novo. 

O Sr que fazia o transporte do Bê para a escola "pediu para sair"... Ok, 02, está dispensado! A alegação dele é uma lei que vai apertar o cinto a partir de junho ou julho, sobre as cadeirinhas para crianças abaixo de 7 anos. Ele dirige uma doblô muito confortável, com cinto abdominal que o Bê usa, mas não tem cadeirinha, nem interesse em adquiri-las.

Ok, a lei existe pela segurança do meu filho, certo? 

Então hoje eu fui levar o Bê para a escola com o transporte que me compete no momento: o tal do ônibus. 

Fiz sinal para o primeiro que passou, um daqueles micro-ônibus com motoristas multi uso. Coloquei o Bê e sua mochila para dentro e entrei. Ele arrancou imediatamente. Com a pressa de quem vai tirar "a chocadeira da forca" (um cara desses tem mãe?). 

Eu tinha que segurar o Bê, me segurar, manter a mochila no lugar, pegar o dinheiro com todas as moedinhas que completam 35 centavos... (aqui a passagem custa 2,35). 

Encaixei o Bê na roleta e joguei o dinheiro naquela parte onde ele deixa moedas. Não dava para ficar com dinheirinho estendido para o moço simpático. Eu tinha algo mais importante para segurar. Na verdade não vi cadeirinha nenhuma no ônibus, sequer vi cinto de segurança, para ser mais exata não vi nem mesmo o banco ou sombra de educação. Não deu tempo de passar a roleta. Chegou meu ponto.

Eu muito zangada falei para o motorista:
 - Não vai dar tempo de passar, cheguei. 
Ele parou e eu, com todas as informações de Lund que nossa adorável Fran nos passa, esbravejei: 
- O Sr precisa ter um pouco mais de educação quando tiver criança ou idoso entrando no ônibus.
- Isso é um coletivo, minha senhora.
- Pois é, o sr. deveria trabalhar para a coletividade! (será que ele sabe o que significa?)

Desci muito irritada, querendo saber quem é o indivíduo que pensou na segurança do meu filho. Por que não pensou na segurança de todos os filhos, e também nos pais e avós, que dependem deste tipo de (?!) transporte (?!). 

Onde está nossa dignidade quando precisamos do transporte público no Rio, no Brasil? 

Me perdoem o que vou dizer agora (odeio baixo calão, mas neste caso não existe outro termo), me sinto sendo "cagada" depois que passamos a entrar pela frente e sair por trás! Acho que a ideia é fazer-nos sentir um pouco pior. 

Quero um carro novo!! E viva o dia COM CARRO na minha cidade!!! Aqui antes de se pensar em meio ambiente há um longo caminho a se percorrer...

Beijos a todos,

Tati



domingo, 25 de abril de 2010

Uma novela em ROXO


Coincidências: Esta história estava na prateleira para ser contada, esperava apenas o desfecho, que ainda não aconteceu, mas já era postagem certa. Por desabafo e por graça... Só que quando a Glorinha do Café com bolo sugeriu a cor Roxa percebi que era chegada a hora. Então, senta que lá vem a história...



Algumas empresas devem ter seu Atendimento ao Cliente dirigido por profissionais de circo (e não é dos malabaristas que estou falando...).


Pois bem. Material escolar do filhote este ano mudou. Ele já é um rapazinho e agora tem caixa de lápis de cor no estojo. Querendo colaborar com bons trabalhos, caprichamos! Compramos uma caixa dos ecolápis Faber Castell apagáveis. Sim, nos achamos... Puro luxo, eu achei! E a caixinha foi morar no ultra mega Power estojo do Ben 10.

Na semana das chuvas, quando ficamos ilhados em casa, Bê resolveu pintar com seus lindos lápis poderosos. – Ih, mãe, este está com problema... conserta? – o lápis em questão estava com o grafite solto em seu interior, como se fosse uma lapiseira sem ponto de aperto, então, quando ele tentava pintar, a ponta subia.





Liguei para o 0800. – Senhora, pode me informar qual a cor do lápis 
Roxo
Mas qual o número? 
Ué, não tem número
Senhora, vou estar procurando e... Ih, é... estes apagáveis não tem número, mas a senhora pode me informar a cor?
- Roxo
Compreendo, Senhora. Estaremos enviando este lápis para a senhora por sedex, junto com uma carta pré-paga, estaremos pedindo que nos retorne o lápis com defeito, para verificação.


Uma semana depois chega o sedex. Finalmente o lápis roxo voltará a habitar sua caixinha, tão tristonha e vazia nestes dias... mas...




Surpresa! O lápis que veio na caixa era ROSA!! Como assim?! Rosa nós já temos, o que nos falta é o roxo... Toca ligar novamente para 0800:





- Senhora, estaremos enviando novamente o lápis roxo. Peço que retorne, no envelope, o lápis com defeito e o rosa, por favor.


Desliguei dando risada. Nossa!! Eles estão fazendo questão do lápis rosa de volta. Ao invés de pedirem desculpas pela falha, agem como se eu estivesse roubando os lápis deles... Que desaforo da Faber Castell! Quase comprei caixinha nova, completa, para não causar mais prejuízos à sofrida empresa!

Mais uma semana e nova caixinha de sedex. Fui até a administração do condomínio com filhote, todo feliz, buscar seu lápis roxo. Abrimos a caixa e... Sim! Um lápis roxo! Mas... ops... Não era apagável! Não fazia parte da caixinha do meu filho!



Seta vermelha no lápis com defeito

Ai, não acredito, ligar mais uma vez para 0800! Que grande trapalhada!
- Senhora, nem sei como estar te pedindo desculpas. Estou com a caixa nas minhas mãos e vejo que tem apenas UM lápis roxo (dãh...), estarei enviando neste momento e, para nos desculpar do problema a senhora não precisa mandar estes lápis de volta. Mande apenas o com defeito, fique com os demais!

Liguei para o marido aflita: - Marido, acho que causamos a falência da Faber Castell!! E agora? Como conviverei com a culpa de desfalcá-los em 3 lápis?


E não falo isso pelo custo não. Nunca quis me favorecer de situação nenhuma, 0800 é direito e só é procurado (ou só deve ser) quando há falha no controle de qualidade da empresa. Ainda assim, o atendimento ao cliente perdeu uma grande oportunidade de melhorar o relacionamento com uma consumidora insatisfeita, que estava diante de uma falha técnica. Ao invés disso o que fazem? Me deixam mais chateada... mais descrente na empresa e em sua política de atendimento. Não sei se vale à pena pagar mais caro por uma caixa de lápis deles do que por uma baratinha que vende em qualquer lugar. Afinal, se falhar, você já esperava isso... 

Estou realmente muito decepcionada. Sairia mais barato, e mais simpático para eles, me mandar uma caixinha, com um belo pedido de desculpas por escrito, logo na primeira vez. Ou exigir o retorno dos dois lápis fora de contexto ainda assim... Afinal, que tipo de compensação é essa?

Vou te dizer... é muito despreparo! Fiquei ROXA de raiva!!!! E continuo aguardando o fim da novela...


Beijos a todos. 
Tati

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Nós não somos ilhas



Esta postagem será curtinha, mas do fundo do coração. Quando escrevi minha postagem ontem não tinha noção  da amplitude do ocorrido. Não fazia ideia do alcance das chuvas no Rio. Foi um dia de intimidade na minha casa, que moro num apartamento em uma rua que não alaga. E se excluirmos os rápidos picos de luz frequentes e a tarde sem internet, não tive nem um mínimo transtorno. Mas aqui em casa a televisão passa a maior parte do tempo no Discovery Kids e não acompanhei de perto o noticiário. Imaginei que eram questões pontuais. Claro que sabia que era uma chuva mais forte do que o normal, mas não dei a devida importância. Não imaginei que envolvesse tantas mortes, tantas faltas. Sei lá. Fui fútil e superficial. E preciso me retratar. Pedir desculpas sim, por que não?


Não é desta forma que costumo encarar a vida  e não acho possível ser feliz sobre a tristeza de outros. 


Seguem abaixo endereços que podem ser úteis. 



Abrigos
Seguindo a determinação do Prefeito Eduardo Paes, as Vilas Olímpicas da cidade estão preparadas para receber os desabrigados da chuva que atinge o Rio há mais de 24 horas. As primeiras pessoas já começaram a chegar à Vila Olímpica Oscar Schmidt (em Santa Cruz) . Pessoas desabrigadas pelas chuvas ou que estejam em locais com risco de deslizamentos podem de dirigir as Vilas nos seguintes endereços:
 
 
Vila Olímpica da Maré - Rua Tancredo Neves, s/n - Maré Vila Olímpica da Gamboa - Rua União, s/n - Gamboa Vila Olímpica Carlos Castilho - Estrada do Itararé, 460 - Complexo do Alemão Vila Olímpica Mestre André - Rua Marechal Falcão s/nº - Padre Miguel Vila Olímpica Clara Nunes - Pedro Jório, s/nº - Fazenda Botafogo - Acari Vila Olímpica Ary de Carvalho - Rua Paulino do Sacramento, s/nº - Vila Kennedy  Vila Olímpica Oscar Schmidt - Rua do Matadouro, s/nº - Santa Cruz Greip da Penha - Rua Santa Engracia, 440 - Penha Centro Esportivo Miécimo da Silva - Rua Olinda Ellis, 470 - Campo Grande Cidade das Crianças - Estrada Rio Santos, km 01 - Santa Cruz Parque das Vizinhanças Dias Gomes - Estrada do Camboatá, s/n - Deodoro
Onde fazer doações
A Prefeitura e a Guarda Municipal promovem uma campanha de arrecadação de donativos para auxiliar os desabrigados atingidos pela chuva na cidade do Rio de Janeiro. A intenção é arrecadar colchonetes, alimentos não-perecíveis, água, além de roupas para serem doados aos necessitados. Ao todo, dez unidades da Guarda Municipal receberão os donativos. Veja abaixo os endereços:
Rua Afonso Cavalcanti, 455, em Cidade Nova 
Avenida Pedro II, 111, em São Cristóvão 
Rua Bambina, 37, em Botafogo 
Avenida Ayrton Senna, 2001, na Barra da Tijuca 
Rua Armando Cruz, s/nº, em Madureira 
Praça Barão da Taquara, 9, em Jacarepaguá 
Rua Prof. Abelardo Lobo, s/nº, na Lagoa 
Rua Biarritz, s/nº, em Bangu 
Rua Conde de Bonfim, 267, na Tijuca 
Rua Minas Gerais, 200, em Campo Grande 

Um beijo a todos. Que o Rio se reestabeleça.

sábado, 3 de abril de 2010

BBB Auschwitz


Preciso escrever no calor do sentimento, ainda ouvindo a música do final do filme.
Hoje, pela primeira vez, tive coragem de assistir A lista de Schindler. Com certeza um dos melhores filmes que já vi, sobre o pior tema que se pode supor. Imaginar que seres humanos como nós foram capazes daquilo...

Enquanto sobreviventes ou seus descendentes colocavam pedrinhas sobre o túmulo de Oskar Schindler eu chorava e rezava. Pedia a Deus que não permitisse mais que situações como esta acontecessem. Mas claro que não! As pessoas hoje em dia são diferentes, certo? Será mesmo? Será que mudaram? Então me lembrei de algo muito recente. Tão recente que encerrou-se nesta semana (ou na passada... tanto faz).

Esta semana encerrou-se o BBB 10. E sabem quem foi o vencedor? Um homem com uma suastica tatuada no braço, e que gerou um movimento estranho, que senti ao andar pela rede em sites, blogs, páginas de orkut. Um tal de "orgulho dourado", uma tal de "máfia dourada", algo que sugere um grito de guerra que, se não me engano, é força e honra. Sim, honra de representar um homem indisfarçadamente preconceituoso, orgulhoso de seu machismo, de ser um ogro. Um homem parecido com aqueles que guardavam campos de concentração, apenas em outro contexto, o que o mantinha contido. Mas há nele aquela mesma força, aquela mesma agressividade. É só olhar e ver, sem precisar acompanhar o programa.

E quando penso nisso, sinto medo. Medo que situações como esta tornem a acontecer. Começam pequenas, uma loucura branda, que vai tomando corpo e torna-se coletiva.

Tenhamos cuidado, todos nós. Não acho que os judeus estão na mira desta vez. Quais os grupos ameaçam a força e a honra? Quais os grupos podem ser comparados a ratos, vermes, piolhos? Quais podem ser mortos com total consentimento, sem qualquer análise crítica?

Todos nós estamos vulneráveis. Todos podemos incomodar de alguma forma. Intelectuais incomodam, por que mostram que devemos pensar, que refletir é importante. Isso pode ir contra a Grande Ordem, contra a vontade da "máfia dourada". E pior que isso. Todos nós podemos, em algum momento e de alguma forma, ser contaminados pela fagulha, pela loucura. E dominados por ela, parar de pensar, e seguir seu curso sem questionar. E só depois que a loucura está feita, depois que somos confrontados, descobertos, desnudados, perceber a besteira que fizemos. Cuidado a todos nós!

Para onde estamos indo? Não tenho mais o que dizer... Nada do que eu diga fará diferença...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Taxista fumante...

Faz tempo que não entro aqui. Nem para postar nem para comentar. E não podia ser diferente... Domingo tivemos uma festa ótima, aniversário de 6 anos do primo Matheus do Bê, que eu amo de paixão. Tudo bem rotineiro, certo? Só que resolvemos ir de taxi. Liguei para uma central aqui de jacarepaguá e pronto. Foi rápido, entramos no carro... CHEIRO DE CIGARRO!!! (Vou deixar bem claro o quanto sou tímida para me manifestar nestas horas...). Enfim, provavelmente um motorista fumante, que como não sente o cheiro acha que ninguém sente também. Não falei nada, afinal, estava no carro do cara, né? Mas devia ter falado... Não deu outra, Bê já começou a passar mal na festa mesmo. E agora já soma 4 dias de crise de bronquite, daquelas que ele não tinha há mais de ano... Fiquei muito p. da vida, liguei para o ponto de taxi e coloquei a questão! A atendente foi muito simpática e atenciosa, para minha surpresa, (atendentes de ponto de taxi costumam ser bem antipáticas). E disse que iria colocar na nossa ficha para "não enviar motorista fumante". Vocês sabiam que isso é possível? Falou que podemos lembrá-los quando ligarmos solicitando, mas que esta informação já estaria na ficha. Espero que não tenham escrito "mãe neurótica". Gostei de saber disso, a partir de hoje é só assim que peço taxi!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sobre a confiança





            Minha mãe sempre disse: “Confiança, a gente leva a vida inteira para conquistar, e apenas alguns minutos para destruir”. Já tinha ouvido esta frase? Pare para pensar como faz sentido.
            Como é difícil confiar em alguém, confiar de verdade! Tente contar em quantas pessoas você confia. Agora, usando esta lista, pense em para quantas destas pessoas você daria a chave da sua casa? mostraria seu contra-cheques? revelaria sua senha no banco? entregaria seu filho para cuidar? Quantas?
            Eu tenho a sorte de ter um casamento de muita cumplicidade e confiança. E tenho amigos de total confiança, mas sou muito reservada, o que significa que mesmo que eu revele e entregue os itens acima, para poucos eu revelo algumas faces minhas. Acho que a maior parte das pessoas com quem convivo não sabe bem quem sou eu.
            Veja bem, não estou dizendo que sou falsa, que tenho duas caras, não é isso. Só que tem particularidades minhas que não consigo compartilhar. Muitas verdades que estão dentro de mim são só minhas, não sei para quem poderia revelar. Poucos me ouvem a este nível. Tem amigas para quem falo certas coisas, algumas só conto para minha mãe, minha irmã entende outras partes, o Vi outras tantas...
            Retornando à frase do início do post, como a gente age quando perde a confiança de alguém querido? Essa pessoa não deixa de ser querida, apenas não confiamos mais nela, seja em suas ações, seja nas palavras. Eu tenho uma amiga assim. Que eu amo do fundo do coração, apesar de não acreditar em nada do que diz. Vou dizer, é tão duro... 
            Por um tempo pensei que o melhor era romper a relação, se não confio em nada do que fala, como pode ser minha amiga? Refletindo melhor, tem tantas coisas queridas nela, tem tanta história, tanta vida em comum... Essa minha amiga mente, mente tanto que se desmente na frase seguinte. Porém, é engraçada, carinhosa, divertida... Tem uma vida tão difícil, que às vezes acho que tantas mentiras são escudos protetores. Como acessá-la, sem magoá-la? Como posso ajudar alguém que pede ajuda desta forma, sem confrontá-la, sem desmascará-la, sem machucá-la ainda mais... E se eu, que tenho uma vida boa e sem grandes problemas, não consigo revelar todas as minhas questões...
            Qual seria um bom caminho? Já viveu uma situação parecida? Conta para mim!
Beijos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Dá licença...

            Ás vezes, para não incomodar, a gente se omite. Evita, se preocupa tanto em não invadir o espaço alheio que soa displicente, desligado. E até magoa, quando a intenção é inversa.
            Não sei se outras pessoas são assim, eu sou! Eu tenho pânico de incomodar. Se estou numa conversa com você, seu telefone toca, você atende, se for possível, eu me retiro, para não parecer invasiva. Se o meu telefone que toca, eu falo rapidinho, para não incomodar. Essa é minha sensação em relação a tudo. Isso é bem desgastante; em pequena escala é fundamental.
            Pode ser que o grande inconveniente seja minha dificuldade de estabelecer intimidade. Como diz a frase: intimidade é uma m... por que com a intimidade vem os descuidos, as falhas na gentileza, na polidez. Ser polido deveria ser mais importante com quem temos intimidade do que com desconhecidos, apesar de achar que deveria ser uma constante em nossas vidas. Só que não é assim que acontece.
            Por sorte o Vi compartilha deste meu sentimento e é de uma gentileza sem limites. Nós temos intimidade, cumplicidade, mas mantemos nossos espaços resguardados. Achamos fundamental. Compartilhamos esta ideia. Claro que tem momentos inevitáveis, onde coisas inesperadas acontecem, onde o convívio conflita, mas com respeito ao espaço do outro isso é superado.
            Agora, onde está a falha nisso tudo? Esta naquelas ocasiões em que o excesso de cuidados nos coloca, ou coloca o interlocutor, pisando em ovos. Acho que eu chego a esses exageros. Eu não gosto de pedir favores, e olho mil vezes para o relógio para confirmar se o horário da ligação é adequado.
            O que isto tudo está fazendo nesta página? Estava pensando no bolo que quero fazer para o Bê, e na minha relação com minha sogra. Talvez ela queira estar mais presente, queira participar mais, só que eu me retraio, “não quero incomodar”. Pode ser que ela se retraia em retribuição: “ela não quer minha ajuda”. E o distanciamento vai acontecendo.
            Sei ser profunda em mim, mas sou piscina rasa nas interrelações. Se me der a louca, e eu te ligar para bater papo, não estranhe, aproveite. E me ajude a expulsar esse bicho do mato que habita em mim. Está na hora dele partir!
            Beijo. Que sejam de paz seus pensamentos.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Metamorfose ambulante? Nem tão ambulante assim...


Certos sentimentos são difíceis de explicar, nem sei mesmo ao certo se merecem explicação. Mas doem fundo. Quanto mais fundo eles doem, mais difícil expressa-los, e mais necessário se faz tentar. Algumas questões me empurram para aprofundar meus sentidos, quanto mais fundo mergulho, mais dói. Então entro numa fase de fuga, em que me torno mais superficial e menos intensa. Essas fases duram algum tempo e sempre encerram-se com um momento de crise que exige de mim reflexão.
Sempre percebi que pessoas menos reflexivas parecem mais felizes. Curtem samba, futebol, novela e conversa fiada e são muito alegres. Vivem rodeadas de amigos, sabem andar em bando, em grupos, são seres gregários. Não questionam nada, aceitam as coisas como estas se lhes apresentam. São boas para executar funções. É divertido conviver com elas, não são provocadoras nem instigantes, são apenas felizes sem tentar desvendar a felicidade.
Tento ser assim, diversas vezes tentei. Nunca dura muito tempo. A reflexão sempre me invade, domina todos os espaços, condena minha superficialidade, deixa claro que não tenho uma personalidade muito popular, de fácil acesso. Sou tímida, intensa, por vezes taciturna. Sou distante, questionadora até do que não se ousa questionar, sou pedra no sapato, sou cutucão na testa, julgo a todos e começo por mim.
Questiono meus amores, minhas dores, meus fracassos e também os sucessos. Questiono por questionar, como vício incontrolável. Vício que gera culpa após saciedade, ressaca do questionamento. Seria possível viver assim? Pode-se ser feliz assim? Eu sou feliz, em determinadas fases sou feliz. Sou feliz permeando tristezas, questões. Sou feliz em conjunto. Sou feliz quando ajudo alguém. Sou imensamente feliz quando o Bê está comigo, mesmo quando eu não estou com ele. Sim, isso é possível. Quantas vezes basta-me sabe-lo presente. Ouvir sua gargalhada à distância, enquanto brinca com o Vi no cômodo anexo. Basta-me pensa-lo, basta-me sabe-lo.
Por muito tempo imaginei que de tanto questionar entenderia, e que quando entendesse saberia como ser feliz. Saberia as regras do viver. Mas nada disso me aconteceu. Quanto mais questões, mais questões. Quanto mais anseios, mais dúvidas. E as fases de melancolia me acompanham, como uma amiga indesejada e sempre aguardada. São momentos em que me conheço mais. E quanto mais me conheço mais conheço as pessoas e melhor entendo como nada é tão óbvio, tão igual nem tão diferente. Rótulos não se encaixam em pessoas, mas fica fácil decifrá-las. Mais fácil do que eu gostaria. É duro entender motivações íntimas que nem os próprios percebem. Confrontá-las já foi uma prática corrente, entendi que não faz bem, de modo geral as pessoas não estão dispostas a ouvir, a pensar, a refletir. Certos espelhos não devem ser dispostos no living, se suas imagens refletem a alma. Como um retrato de Dorian Gray ninguém quer ver suas falhas reveladas em obra de arte. Isso não é arte como se pensa quando se pensa na palavra arte.
Quem sorri quando está sozinho? Quem sorri para si mesmo sem estímulo externo?
Minha resposta à pergunta: Sou feliz? É sim. Sou feliz. E tenho muitos porquês para isso. Sou feliz por que tenho família, por que tenho um amor. Por que tenho um filho lindo, saudável, inteligente, carinhoso. Sou feliz por que tenho saúde, inteligência, um trabalho que gosto, e por que gosto de com quem trabalho, sou feliz por que tenho sonhos, tenho planos futuros. Sou feliz por ter fé em Deus, por ser sua amiga íntima, por sabe-Lo presente em minha vida, mesmo questionando formas e estigmas.
Mas também sou triste (não infeliz) e aí não sei dizer bem por que. Sou triste por que choro sempre que estou sozinha, por que me sinto sozinha, por que não sei dividir meus sentimentos, por que gostaria de ser muito diferente de quem sou. Sou triste por que enxergo lugares e sentidos que não sei se gosto de enxergar sempre, mas consigo ainda assim ser feliz por este motivo. Queria questionar menos e seguir mais em frente. Ser mais ativa, menos pensamento. Ser mais concreta, menos sutil, menos etérea. Há momentos que me questiono se estou realmente aqui, e esta reflexão me leva a questionar o que é realmente e o que é aqui. E este processo nunca se encerra e perguntas não podem ser respondidas. Não com respostas, apenas com mais perguntas. Se soubessem o desgaste que isso gera... se soubessem o quanto é difícil ser questionadora. E neste momento eu entro na fase fútil e superficial, que tenta sufocar esta angústia que habita em mim, que tenta tornar-me diferente do que sou, do que tento saber ser. E vou seguindo, mais confusão que ideias, mais ideias que palavras, mais pensamentos que ações, mais ar que terra.