Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Que tipo de pergunta é essa?

Manhã fria, de chuva forte. 7h15, o Vi teve uma viagem (de um dia) e saiu mega cedo de casa, antes das 6h e eu fiquei com cólica (dia frio = cólica forte!). Resolvi não levar Bê para escola e passar a manhã juntinhos. Ele acordou, sentou ao meu lado aqui no sofá, ficou encaixadinho enquanto eu tentava colocar as leituras em dia, toda zen ouvindo o vídeo das lanternas japonesas do Alexandre... e lançou (do nada):

- Mãe, por que o existir existe?
- Ãh? Hein? Como assim?
- Por que existe o existir?

À queima roupa?! Eu só tomei 2 xícaras de café e um ponstan... Como se faz uma pergunta destas aos 5 anos e como podemos respondê-la? Lanço para vocês, por que eu fiquei com cara de tacho.
Afinal, existe resposta para isso? Será que a próxima é "Qual o sentido da vida"? Fala sério... Não estou pronta para este garotinho, não...

Beijos a todos,
Tati.

sábado, 6 de novembro de 2010

Filhos, filhos, melhor não tê-los...

... mas se não os temos, como sabê-los? (V.M.)
Enquanto vocês chupam os pirulitos da postagem anterior, eu chupo o dedo... É que hoje é o dia da 2ª desvirtualização carioca e eu?... Eu não pude ir! O Bê não melhorou, e... ser mãe é assim, a gente esquece que um dia foi uma mulher independente... 

Para que não fique um post ranzinza, e por que algumas amigas tem escrito que estão com saudades dele, segue uma pequena seleção das últimas pérolas deste garotinho maroto. Vamos lá?

Para começar, ontem, na hora de dormir, o Vi falou que hoje eu iria encontrar minhas amigas, de tarde. Eu na sala, voltam os dois, param na minha frente. 
Vi: Fala para ela o que você queria dizer.
Bê: - Mãe, suas amigas são também minhas amigas!
Eu: - Ah, entendi. Você quer ir no passeio também?
Chupando laranja
Bê: - Hum-Rum. E balança a cabeça afirmativamente, com aquele sorriso moleque que só quem já viu sabe do que se trata!


Segundo:

- Vó, vem comigo, vamos cuidar do passarinho? Ele está cantando uma canção linda!
Detalhe: o canário está na muda, ou seja, não canta, só emite alguns sons. Para o Bê: música! Afinal, a música está nos ouvidos de quem ouve, não é?

Terceiro:
Final de domingo (passado), ainda no elevador, retornando de um passeio, o Bê:
- Estou morrendo de fome!
- Filho, que tal uma pizza? (pensando num delivery que me livraria da cozinha)
- Eu adoraria comer uma pizza com vocês... - E manda aquele sorriso, que é para não deixar dúvidas que quer nos desmontar.
Então o Vi, já abrindo a porta para entrarmos em casa:
- Pizza de quê, Bê?
- Eu não quero pizza, quero arroz e feijão!
Ainda bem que sempre tenho potinhos de feijão para descongelar. Me senti no comercial do menininho que queria brócolis e levou um rabanete para ficar tranquilo*! kkkk 
Meu filho existe?
*o link é pensando na Tati e nos demais amigos que moram fora e podem não conhecer o comercial.

Quarto: 
Ele é fascinado por matemática e o primo, que tem 9 anos e adora mostrar sua sapiência, falou para o Bê que os números são infinitos, tanto para mais, como para menos. Ele entende do jeito dele, e diz que os números nunca acabam. Ficou tão encantado com o assunto que adora repeti-lo para todos e para qualquer um.

Então segunda, depois do banho, estava arrumando-o e ele começou: - Eu que te amo mais!
E ficamos naquela disputa gostosa de quem tem o maior amor. Até que ele manda:
- Eu te amo até os números!

Lágrimas nos olhos da mãe apaixonada que ouviu seu filho, de forma metafórica, dizer que a ama infinitamente. Ouço do Vi:
- Acho que temos o segundo poema do Bê!


Esta seleção é do final de semana estendido, estavam aguardando uma oportunidade. Paro por aqui, vou semeando aos poucos, para vocês se apaixonarem por ele também... É que de onde vieram essas tem muito mais. A fábrica é fértil!


Tivemos muitas pirraças, malcriações, desobediências... Perdi a cabeça e a paciência algumas vezes, mas esta parte eu quero esquecer e guardar só o melhor. Hoje ficaremos juntinhos, em cuidados intensivos. Ele está bem, é uma crise forte de sinusite que atingiu os olhos. E com olhos não se brinca! Agora, precisava ser no dia da desvirtualização? Snif, snif...


Beijos a todos,
Tati.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Os primeiros versos

Hoje será rápido e intenso. O tempo está muito curto. Peço desculpas aos amigos pela ausência, tenho conseguido me dedicar menos do que gostaria. Agradeço ainda a presença constante e todo o carinho que tenho recebido. Vocês são mesmo especiais!!!

Ontem, no último dia de agosto, o Bê escreveu seus primeiros versos. Ok, ele não sabe escrever ainda, mas sabe falar, né? Fingia que escrevia, fazendo risquinhos no papel, como se escrevesse com letra cursiva,  recitava o versinho, que anotei no papel, e é assim:
Bienal do Livro - 2009

"Colecionar beijinhos
Próprios do amor
Lindos, fofinhos, gigantescos"

Ele falava inclusive com as pausas corretas. Tudo da cabecinha dele. Nunca usamos esta expressão colecionar beijinhos. Por que coleção? Por que é o que estão trabalhando na escola. Até agora falamos de minha coleção de fofoletes, da coleção de bolinhas de gude do Vi, as figurinhas do Ben 10 dele e outras... Beijinhos é nova!!

Gente, vocês podem imaginar o nosso orgulho? O Bê tem 5 anos!!! Eu e Vi nos olhávamos e riamos, o riso frouxo dos pais apaixonados, aqueles, que dão beijinhos próprios do amor para que o filho colecione... 

E para não perder o que se construiu, resolvemos transformar seus primeiros versos em um adesivo, que ilustrará a parede verde que leva da sala ao corredor, e é a primeira que se visualiza assim que abrimos a porta! 

Orgulho grau 257 numa escala de 10!!!!!!!

Beijos,
Tati.


sábado, 28 de agosto de 2010

A lógica infantil

Instalação criada para o Pré-II,
com foto de cada aluno! 

Hoje foi a feira de ciências da escola do Bê. Uma festa linda, muito caprichada, como são todas por lá. A gente vê que eles investem em cada detalhe. E sabe de uma novidade? Nada a mais nos é cobrado por isso!! Sim, isto é uma novidade para mim! O stand da turma do Bê era uma instalação, simulando uma caverna da pré-história. O tema era o lixo da pré-história. As paredes da caverna eram forradas com desenhos deles, em papel pardo, o chão, forrado com folhas secas. Lindo demais! Seguem as únicas fotos que conseguimos tirar...

Chegamos na festa às 9h. Vários estandes montados, muitas famílias reunidas. Bê, logo de cara, encontrou o André e o Matheus, dois dos novos amigos. Agora ele está mais enturmado e resolvemos deixá-lo um pouco mais livre, para que pudesse dar intensidade ao relacionamento... hehehe

O lindo desenho do Bê.
Claro que conhecendo nosso anjinho como conhecemos demos espaço, não asas! Ficamos com os 4 olhos ligados nele, numa estratégia friamente calculada de cada pai num canto do salão, cuidando de um ângulo de 90º. Até que ele foi para uma parte mais externa, onde muitas crianças brincavam sob uma grande rampa que leva ao ginásio. É um espaço vazado, tornando-se um túnel tão chamativo quanto perigoso. Detestei a brincadeira, não vi modos de evitá-la. Era o que faziam os coleguinhas da mesma idade. Ai, mãe super protetora, né? E por que não ouvi meu feeling?

Não demorou muito, numa das travessias, Bê calculou mal a saída, levantou antes da hora e deu com a cabeça na quina de concreto do túnel-rampa. Abriu a cabeça. Sangue demais, susto demais, choro demais... Havia uma ambulância do corpo de bombeiros a postos para situações como esta, três bombeiros muito atenciosos prestaram primeiros socorros. A enfermeira localizou um corte e indicou irmos para o pronto-socorro. Óbvio que iríamos mesmo, né? 9h30 da manhã. meia hora após chegar na festa, saíamos correndo, tremendo, enlouquecidos...

Chegamos ao PS, com Bê no meu colo, o sangramento tinha diminuido, ainda assim mãos, rosto, tudo sujo. Entramos direto para a emergência. Coisa boa esse PS infantil na emergência. Nem carteirinha ou nome da criança - ou do PLANO - foram solicitados. Tudo isso foi feito depois. Em primeiro lugar, cuidar do ferimento. Quando Vi entrou, após ter estacionado, Bê já estava sendo atendido, com limpeza iniciada. Tudo muito rápido, primeiro mundo! Pais muito satisfeitos com o atendimento nota 10. Dois pontos na cabeça e um rapazinho muito corajoso depois, solta a pérola:

- Ah, não gostei de entrar direto! Eu queria ficar lá fora esperando... Eu nem vi desenho!

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Aquilo que é o castigo de qualquer pai, ficar na sala de espera séculos, é a melhor parte do atendimento para ele: momento em que assiste desenhos do Cartoon (que não tem aqui em casa) e interage com outros melequentinhos... O que seria do PS infantil sem a troca de bactérias? 

Gente, fiquem tranquilos, passado o pânico, a tremedeira e a sensação de ter tomado uma surra ou corrido uma maratona... agora já está tudo bem. Se não estivesse eu não estaria aqui contando para vocês e rindo, né?

Beijos a todos, ótimo final de semana.
Tati.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A música do Manoel

Olá amigos queridos,
Hoje mais uma do Bê. Esta, confesso, me tirou o fôlego de tantas gargalhadas!!! Foi difícil retomar... kkkk

Domingo de tarde, fazíamos trabalhinho da escola e o Bê começou a cantar: "Manuel.... Ma-nuEL...

Eu, toda prosa, pensei: "Nossa! Meu filho cantando Ed Motta, que avanço, depois de um período rebolation... Quer dizer que há salvação para seus ouvidos! Que bom! (tudo pensamento, ok?)
Então resolvi cantar, para ajudar a desenvolver a letra:

"ManuEL, foi pro céu...
Manue-el foi pro céu"

(ok, não é uma letra assim... mas melhor que rebolation, certo?)

Fui terminantemente interrompida por um brado:

- Mãããe, não é esta música. É a ooutra música do Manuel...

Eu, com cara muito surpresa:

- Ah, é? Ué... Não conheço outra música do Manuel...

E o Bê, do alto de todo seu conhecimento musical, me olha de cima e diz:

- Aquela assim, ó:
Manue-el,  tênis pé, Manue-el..." E finaliza com o slogan: - "Anda sempre com você!" (propaganda do Tênis Pé BARUEL!!!

E como diria o próprio: É para rir de rir (morrer de rir!).

Resolvi deixar para vocês a escolha de qual Manoel assistir. E para amigos como a Tati, que não conhecem nenhum dos dois, seguem as "explicações" hehehe





Beijos a todos,
Tati.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Perguntinhas em resposta

Por que filho de peixe...
Nada pode me deixar mais orgulhosa! Meu filho é um menininho curioso, que quer saber o mundo e busca respostas às suas indagações, às vezes para suas indagracinhas.... Mas algumas são de uma profundidade, que me deixam perplexa. Como assim?! Isso é pergunta para um menino de 5 anos?
Então lá vai uma das últimas...

-Mãe, o universo não tem fim?
Minha resposta:
- Não sei. Até onde a gente consegue ver, não tem.


Ele aceitou bem, por que quando desconfia, pergunta ao próximo da fila, e vai neste processo até encontrar uma resposta que o satisfaça.

Agora eu que te pergunto: Você fazia perguntas desta natureza aos 5 anos? Eu, com 5 anos, queria saber o que tinha para a merenda... hehehe
Morro de orgulho!

E já que é para falar do Bê, e das coisas gostosas que ele diz, não quero perder esta.

Ele assistindo um desenho, eu e Vi batendo papo. Ele, querendo atenção, congela a imagem, me puxa pela mão e diz:
- Mãe, vem ver isso. É de rir de rir (morrer de rir)!

Não é de rir de rir? Ai... delícia este pequeno filósofo ...

Beijos a todos,
Tati.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O que é uma frase fora de contexto...


Este texto estava todo empoeirado, cheio de teias de aranha, esquecido no fundo do baú dos rascunhos... Aguardava uma oportunidade de chegar. Hoje, meio sem tempo e inspiração, encontrei-o e entrego-o a vocês. Não sem antes passar uma flanelinha... hehehe

Dia do jogo do Brasil, para mim, tinha uma grande comemoração, e não era a estréia do Brasil na copa não, que não gosto de futebol (nem na Copa). Era a presença do Vi em casa, minha família reunida, coisa que tenho sentido muita saudade... É que desde que o Vi foi transferido para Copa (cabana), e leva, pelo menos, 4 horas no trajeto, nosso tempo junto rareou. Pois é, o tempo que tínhamos juntos virou tempo de viagem... Agora ele sai mais cedo e volta muito mais tarde... E com a mudança de escola do Bê, ele também sai mais cedo, por que agora estuda de manhã, e também volta mais tarde, por que o Vi passa para buscá-lo, na minha mãe, quando chega do trabalho.

Portanto, dia de jogo... expediente reduzido tem suas vantagens!!! E combinei com o Bê que iría buscá-lo na escola e que viríamos para nossa casa, ficar juntinhos. Só que tive um contratempo no trabalho e tive que ir até lá. Claaaro que não estava liberada a tempo, e minha mãe que o buscou na escola.

Liguei para a casa dela e ele atendeu (meu cotoco está virando um rapaz!). Quando percebeu que era eu falou: "Você não está aqui". Expliquei e disse que o papai iria buscá-lo e que ficaríamos juntinhos, nós 3 e blá, blá, blá... falei um monte de brincadeiras e carinhos que temos entre nós. De repente ele desligou. Ok, nem tentei ligar de novo.

Nesta hora minha mãe entrava na sala e perguntou quem era.
Bê: - Minha mãe.
Vovó- E o que ela queria?
Bê- Fazer triângulo amoroso!

Claaaaro que minha mãe caiu na gargalhada!!! Imagina esta frase assim, solta!
É que nós dizemos que somos um triângulo amoroso, que um ama o outro, que ama o outro que ama o um, entendeu? E damos um beijo assim, um beija o outro que... tá, já sabe, né? Pois é, isto é triângulo amoroso aqui em casa... Mas já pensou se ele diz na escola, ou em qualquer lugar, por que o Bê puxa papo com qualquer ser vivo que cruze seu caminho... Dá-lhe conselho tutelar na minha casa!!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Meu filhote é uma figura!!!!

Beijos a todos,

Tati.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Pergunta difícil de responder


A pergunta só varia na introdução, na chamada do interlocutor: Já foi para mãe, professora, avó e nem sei se a mais alguém já foi endereçada. Vou dar a versão-mãe, que é a minha (o resto da pergunta não varia, tá bem?)

E a resposta, até onde sei, é sempre uma cara sem palavras esclarecedoras. Por isso a pergunta segue se repetindo. Prontos?

- Mãe, o que é meteoro da paixão?

E aí? Como se responde, de forma satisfatória para um garotinho de 5 anos, algo assim?

Beijos,
Tati.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Para não perder a gracinha

O primo João criou uma imagem no paint e chamou para mostrar, todo orgulhoso. Não sei por que o Bê entendeu dente (talvez paint?). Enfim, chegou perguntando: Cadê o dente?
- Não tem dente, Bê. É uma perspectiva.
- Ah... Cadê João? Cadê sua pes... sua per... sua pe... cadê aquilo?

kkkkkkkkkkkkkkk

É que toda vez eu tento guardar, penso em escrever num caderninho ultra desatualizado, onde anotava as primeiras gracinhas. Em geral estamos em situações onde não há ambiente para anotação... tento não esquecer, mas aí vem outra e outra... e quando vejo esqueci as três... Desta vez não quis deixar passar. Sei que contando perde um terço da graça e outro terço se perde por ser escrito... É que foi irresistível!

E bem melhor do que falar da reforma, é ou não é?

Beijos a todos,

Tati.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rebelando


Hoje estou ferida de morte!
Posso ouvir de muita gente que não devo me abalar, que não devo levar a sério ou em consideração, mas quer saber? O dia em que uma coisa dita pelo Bê não me afetar, nada mais afetará. Por que não há no mundo uma pessoa que eu ame tanto e que eu queira tanto fazer feliz. Por que o abraço de ninguém faz por mim o que o dele faz, e não há covinhas de sorriso capazes de aquecer meu coração como as dele me aquecem. Quando digo que ele tem um sorriso que ilumina o mundo, quero dizer que ilumina meu mundo, e não importa se o dia esta nublado ou com chuva torrencial... 

Então, quando ele me destrata de alguma forma, quando me recusa, me rejeita, isso acaba comigo sim! E nestas horas não sei como agir. Dá vontade de ter uma atitude bem madura: arrumar a mochilinha e fugir de casa! Dá vontade de me trancar no quarto e me acabar de chorar, de ficar de mal, de dizer "não sou mais sua amiga" e cortar dedinhos. Mas sou mãe e estas atitudes não são possíveis, não são permitidas no meu mundo-adulto-que-deve-agir-sempre-com-firmeza

Tá, então me explica, na prática, como a gente age com um garotinho de 5 anos que decide que você não é mais o brigadeiro da festa? Que diz que é chato morar com você, e que fica triste quando o busca na escola? Que faz as coisas simplesmente para afrontar. Eu sei que o motivo é este, mas não sei como fingir que ele não atingiu a meta. Ele sempre atinge! Não estou dizendo daqueles dias esporádicos em que prefere dormir com o pai. Não, não é destes dias que falo.

Já haviam me contado que tinha uma tal de adolescência da infância, nesta fase entre 5 e 6 anos, que era difícil, que contestava. Achei que entenderia, afinal, sou adulta, né? Cadê?

Podem ainda me dizer que é normal, mas não foi assim que eu vi no comercial de margarina, nem em nenhum daqueles comerciais de dia das mães, com mulheres lindas, cabelos ao vento, e múltiplos sorrisos felizes. O encantamento. Ah, saudade do olhar encantado, da certeza de ser a mãe-centro-do-mundo...

Estou aqui, com o coração apertado, questionando se tudo o que fiz até hoje foi válido. E na certeza que ser tia é muito melhor! Tia é tudo de bom: dá presente, brinca, se joga no chão, transgride regras e coloca o indicador na frente da boca em bico, numa atitude cúmplice que diz "não conte prá mamãe que a gente fez isso, tá bem?" E a tia é um barato! Tia não manda comer legume, tia não briga para fazer lição, tia oferece sorvete, dança tchutchucão na frente da TV de uma forma engraçada, cria umas brincadeiras só dela, mas não manda pro banho no melhor da festa, não tira o direito ao computador. Tia se preocupa com o futuro do sobrinho, mas não precisa pensar no preço da mensalidade e se sobra algo para abrir uma poupança. Tia não manda dormir, aliás, tia dorme a noite toda, come comida quente com suco gelado, se serve do melhor pedaço da torta sem culpa. Tia não tem culpa! Tia viaja e traz presentes legais, tia leva ao cinema e é uma curtição, não há cobranças nem represálias ao comportamento, mesmo que não muito adequado. Ah, quero ser tia do meu filho, isso sim. Alguém quer adotá-lo nestas condições? 

Hoje eu queria sumir e só voltar na próxima fase. Hoje eu queria ouvi-lo dizer algo simpático, só para amenizar os últimos dias. Hoje eu queria acreditar que estou no caminho certo e que vai passar, passar para melhor. 

Será?

Beijos,
Tati.

domingo, 27 de junho de 2010

Um bezerro na mala... (A saga da viagem - parte 1)

- Mãe, traz um bezerro na sua mala?

Este pedido me soou tal qual o do pequeno príncipe: "Desenha-me um carneiro?" e pensei que seria preciso uma solução tão criativa quanto a de Saint Exupéry. Lembram-se? Ele desenhou uma caixa com buraquinhos e disse que o carneiro estava lá dentro. Assim o pequeno príncipe sossegou.

Pois bem, meu pequeno príncipe fez este pedido na véspera da viagem, enquanto o colocava para dormir. Eu estava a caminho de um hotel fazenda, perguntei se o bezerro podia vir numa foto. Ele foi taxativo, assim não servia... Alguns dias para pensar na solução? Ledo engano, muito pouco tempo para pensar... A viagem foi de muito trabalho e pouquíssimo lazer.

Primeira ligação de casa, antes do embarque: "Mãe, não esqueça do meu bezerro, hein!" Ligação da noite, marido conta: "ele estava brincando e me perguntou o que bezerro come?..." Ai, estou perdida!!!

Eu tinha uma encomenda, e no último dia, já bem cansada, dei uma fugida. Consegui recrutar duas amigas, que me acompanharam em minha missão: Encontrar o bezerro! Fomos caminhando até a fazendinha, que ficava dentro do Hotel Fazenda, mas mais de 1km de distância da área que habitávamos: quartos, anfiteatros, restaurante...  

Chegamos à pequena "fazendinha": algumas cabras, cabritos e um bode, dois leitõezinhos, uma búfala, alguns cavalos um boi (que finge que era touro, tá?) e um pequeno cabritinho preto, muito bebê. Mas e o bezerro? Não tinha nenhum... Ai, e agora?
 

Comecei a criar a história (estória, na verdade), com a ajuda da Alê (mãe de 2 tem grandes idéias!!). Claro que tive que adaptar. "Quem não tem bezerro, caça com cabrito", ou qualquer coisa assim...

Demos mamadeira para os leitõezinhos e para o cabrito-bebê. Tiramos fotos! Montei um touro (não me desminta, por favor!!!).

No aeroporto procurei um bezerro: de brinquedo, de chocolate... o que fosse. Vira copos é pequeno, mas nem tão pequeno assim, só que tínhamos muito pouco tempo. Acabei encontrando um livrinho que falava sobre os bichinhos da fazenda e o que eles comiam. Tinha vaca, tá valendo!! E dei sequência ao plano.

Cheguei em casa e contei que não tinha bezerro, mas que tinha cabritinho. Que o convidei para vir comigo, mas ele queria ficar perto da mamãe dele, então agradeceu e mandou um presente, e entreguei o livrinho. Ele ficou tããão feliz que o cabrito deu o presente! Perguntou: "Quem foi mesmo que me deu o presente?" E adorou a resposta. Questão resolvida!!!

Este é o primeiro capítulo da viagem. Tem muuuitas histórias. A vontade de contar tudo para vocês era tanta que eu não largava meu caderninho e anotei várias. Não contava de encontrar o Bê dodói. Ele ainda está com febre, mas melhorando. Hoje pediu para dormir com o pai e eu corri para cá. Tanta saudade...

Em breve tem mais! Não me abandonem, tá bem?

Beijos a todos,
Tati.

domingo, 20 de junho de 2010

A BELEZA DE SER UM ETERNO APRENDIZ


Hoje eu não estou num bom momento para escrever, por que estou iniciando uma crise de enxaqueca (unilateral, pulsante, com enjôo, fotofobia...), mas acho que não conseguirei me deitar sem falar um pouco sobre o que vivi, e as lições que aprendi.

Dia de festa junina da escola do Bê. Foi uma festa linda, grande, animada. Diferente do que estávamos acostumados, por que na outra escola (que era creche) a festa era fofa, mas pequena, muito pequena, claro!  E nós conhecíamos - e éramos conhecidos por- todos, da portaria à direção.

Esta escola vai até o segundo grau (ou seja lá o nome que tem agora ou que terá quando o Bê estiver nele...).
A dança da turma do Bê foi linda: "Boi do Ceará", os meninos dentro de seus bumba-meu-boi de caixa de guaravita, muito caprichados pelas professoras. Vou tirar fotos e mostro para vocês, mas nada disso foi tão importante quando A lição.

Foi nossa primeira oportunidade de ver, de perto, como está a adaptação do Bê à sua nova vida escolar. Faz um mês, é pouco tempo, ainda mais para quem entrou com o ano em curso... Ele está batalhando seu lugar. Se já admirava meu filho, por ser meu filho, hoje o admiro como indivíduo, e espero aprender com ele, com sua força, sua maneira de encarar a vida! Tenho aprendido muito nestes cinco anos...

Ficou claro para mim que ele ainda está sendo absorvido. Que há crianças que ainda não o aceitaram como parte do grupo. O Bê não é nada bobo, ele também percebe, mas... Ele não liga, ou se liga, segue em frente, não vacila, não desanima. Eu percebi que alguns já o aceitam bem e um dos amigos, que ainda não sei o nome, fez uma festa quando o viu e abriu um sorriso de quem estava realmente contente de encontrá-lo, mas...

Um casalzinho da turma dele estava jogando bola, ele tentou participar, ficou ao lado, chegou sorridente, o menino ia aceitar, a menina não deixou. Falou o nome dele, sabia quem ele era, mas não quis que ele brincasse. Ele tentou mais um pouco. Não deu? Foi em frente, foi até a barraquinha em que o primo estava trabalhando, falou com ele, seguiu a brincadeira. O Bê é feliz! Não adianta dizer em comentários que eu sou responsável por isso. Pode ter certeza que, por isso, não. Este mérito é dele, inerente à personalidade dele! Na verdade, eu quero aprender a ser assim!!!

Eu morro de medo de rejeição, eu não sei lidar com isso. Não intervim na hora que a menina não o aceitou na brincadeira. Se deu vontade? Se você é mãe, então sabe que deu... mas... Se eu o fizesse estaria formatando uma situação, deixando clara a exclusão. Acho que a maneira do Bê de lidar com as adversidades é melhor, mais madura e natural! Eu iria para um cantinho chorar, eu pediria para ir para casa. E por muito menos, já fiz isso. E analisando friamente, a menina tem todo o direito de escolher com quem quer brincar, mesmo que isso doa no fundo do âmago do meu ser...

Fui uma criança muito rejeitada na infância escolar. Não sei se me rejeitavam ou se eu que não me fazia presente, minha timidez era doentia. Em casa, com amigos próximos, eu me soltava. Mas na escola era o que chamam bicho do mato. Ficava sozinha, não sabia fazer amigos. Passava o recreio na fila do bebedouro, para não perceberem que eu não tinha amigos... Sentia vergonha disso também! Nunca sofri o que hoje chamam de bullying, e sei que muitos sofriam. Não tinha esse nome pomposo, mas já acontecia na minha época, com muitas crianças. Não era esse meu caso, eu era sozinha, era invisível.

O Bê não se permite invisível. Ele vive uma grande mudança. O Vi lembrou bem, na outra escola ele era o centro das atenções, era o chamado "queridinho". Da professora? Não, de quase toda a escola, entre funcionários e amiguinhos. Ele está tendo que se adaptar à função de corpo de baile, não é mais o primeiro bailarino da companhia, mas ele tira isso de letra! 

Acho que em pouco tempo ele terá conquistado seu espaço na nova escola, ele tem carisma para isso, mas até lá, o que me deixou tão orgulhosa e admirada foi a maneira como ele está conduzindo sua vida. Ele pode não ser protagonista da grande história da escola, é parte do elenco, quase figurante para o todo, mas para ele, é ator principal da própria vida. Ele não delega a ninguém a própria felicidade! E veste um grande sorriso para mudar seu status.

Ele não teve par, quer dizer, seu par foi uma tia da escola - Linda, por sinal! Não havia amiguinhas para ele dançar. De manhã ele estava na maior animação para a festa, ansioso, preocupado de atrasar, por que não podia deixar o par esperando. A menina que ele disse que era par dele, disse que era par de outro... vai saber... Mas ele dançou lindamente, sorrindo, entusiasmado, fazendo a coreografia direitinho. Olhando para nós e fazendo poses. 

Tudo o que vi hoje me fez lembrar, e lembrança é uma coisa que não sei explicar... Vai entender por que certas coisas puxam outras? Enfim, me lembrei de um período sofriiiido, quando o Bê passou 10 dias internado e o mantiveram no soro. Na primeira furada foi horrível, ele esperneava, gritava, chorava. Quando a enfermeira conseguiu eu corri para o banheiro e tive uma diarréia, de puro nervoso! Mas com o passar dos dias o Bê aceitou aquilo. E na hora que tinha que trocar o acesso, ele já dava o bracinho, olhava nos nossos olhos e esboçava um sorriso. Gente, esta criança tinha acabado de fazer 3 anos! Me emociono só de lembrar. Ele nos deu forças para superar aquela fase. Foi muito forte! A lembrança vem da grandeza dos gestos, não da dor. Hoje não foi doído, foi alegre, feliz, mas a grandeza do Bê... foi semelhante.

Meu coração está tão repleto, parece empanzinado. Sim, já viveu um empanzinamento de amor? Assim me sinto agora. Quero muito aprender, com este guerreirinho de 5 anos, a viver! E serei mais feliz, sem sombra de dúvidas, se souber aplicar suas lições na minha vida. Meu pequeno aprendiz, me ensinando tanto!!! 

Se der, quero voltar neste assunto e me explicar melhor. Sem dor de cabeça, é claro! Por que parece que foi triste, pelo jeito que falei, mas foi maravilhoso e nós chegamos em casa muito felizes (o Bê chegou dormindo...). Estou certa que sua adaptação completa, e isso inclui ser querido por amigos e professores, é só uma questão de tempo. Pouco tempo!

Beijos a todos,
Tati

sábado, 19 de junho de 2010

Aprendendo a ler


O Bê está naquela fase de fascínio pela escrita-leitura, e amante das palavras que sou, fico encantada!
Hoje de manhã ele já estava naquela: como escreve...? Fomos brincando, eu ía cantando as letras e ele escrevia, depois eu lia as sílabas para ele, que, óbvio, ainda não sabe ler, mas vai identificando sem perceber.

Resolvi escrever uma frase que ele conhece, para ele se sentir lendo. Então escrevi: BERNARDO EU TE AMO. Ele leu e ficou animadíssimo.

Seguiram-se outras palavrinhas sem êxito, ele reconhecia a primeira letra e chutava qualquer palavra que começasse com ela, então MAMÃE virou vovó MIRIAM e PAPAI virou PEDRO, entre outras palavras.

Na sequência escrevi uma palavra que imaginei que ele reconheceria, o nome da antiga escola: BAMBALALÃO. Ele chutou uma palavra qualquer com B e o Vi resolveu ajudar.

- Bê, você já conhece as primeiras letras, junta o B com A e sabe que dá BA, aí é só juntas as outras...

E o Bê, que entendeu o recado responde:

- Daí é só juntar M com B!!!

Dããã
Para onde foi o Vovó Viu a Uva?

Caímos na gargalhada, claro!!! Paulo Freire revirou-se no túmulo com estes alfabetizadores soltos por aí!! kkk

Beijos.