Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

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quinta-feira, 11 de maio de 2017

Somos todas, somos uma - Noções pessoais sobre o feminismo


Imagino que, sendo mulher, as questões feministas te avassalam de alguma forma. 
Sim, já fui daquelas que temiam o feminismo. E não entendia por que. Claro, há as questões sobre a forma como o feminismo é mistificado na sociedade machista e patriarcal, entretanto sendo uma pessoa questionadora seria simplista e ingênuo achar que era só este o fator. Eis que agora me percebo e quanto mais assumo a vida e a liberdade, mais me dou conta.
O feminismo me diz que sou livre, que posso ser o que eu quiser, que toda mulher tem os mesmos direitos que os homens. Isso contraria as noções sobre mim que me foram passadas quando criança, quando fui criada dentro de uma redoma de cuidados, com estigmas de frágil e delicada representando a feminilidade. A força da mulher relacionada à dedicação aos demais, aos pais, marido, filhos. Como romper com estas amarras que me libertam da responsabilidade por minhas próprias escolhas? 
É preciso estar muito determinada para assumir-se feminista. É preciso ter raça, é preciso ter gana sempre! 
Numa época convivi com um grupo de feministas, elas (sim, elas) se articulavam em um grande grupo de trabalho ao qual eu jamais fui incorporada. As participações estavam relacionadas à representação de organizações ou experiências. Eu não fazia parte. A experiência de ser mulher simplesmente não me habilitava a estar lá. E olha, se há uma coisa que representa a experiência de ser mulher é a dificuldade em participar das organizações e experiências. Em tempos de crise somos as primeiras a serem cortadas. Não nego que eram mulheres poderosas, porretas! Queria muito ter tido a oportunidade do convívio.  Naquela época não me reconhecia naquele espaço. Eu era feminista, só não sabia disso. Se soubesse o que sei hoje teria batalhado por meu espaço. Agora teria bons argumentos. 
Foi durante a gravidez do meu segundo filho que comecei a despertar para esta potência. E entendi a expressão que diz que certas portas só se abrem por dentro. Foi exatamente assim! Ouvindo, refletindo e... de repente... um clique. A porta estava aberta, escancarou-se aos poucos. Fui entendendo, me apropriando e sim, SOU FEMINISTA! COM ORGULHO E ARDOR! COM ÔNUS E BÔNUS! Quanto ônus... Fica difícil tolerar aquelas famosas "só uma piada", "só uma brincadeira". Perceber as correntes que nos prendem não é tarefa leve, mas é necessário nos movimentarmos ainda assim, ou principalmente por isso. Salve Rosa Luxemburgo! 
Nesta caminhada um pequeno grupo de mulheres se juntou, se reconheceu. Juntas temos trilhado um caminho tão bonito, que diria utópico se não o estivesse vivenciando na prática. Somos quase 20, apoiamos as dores e conquistas umas das outras. Somos uma aldeia! Não há disputas, não há hierarquia (há algo mais patriarcal do que a noção de hierarquia?). Somos acolhedoras, presentes, há delicadeza e verdade no convívio, no apoio. Com elas tenho vivenciado a experiência da empatia, da sororidade. Não são abstrações teóricas. São a práxis. 
Há muito a absorver, entender e incorporar melhor as noções de feminismo interseccional, que grupo de mulheres brancas que somos, ainda que nos sensibilize e também seja assunto de pauta, segue nas aspirações teóricas. Cadê representatividade? 
Quero finalizar dizendo que estas mulheres tem me dado suporte, e eu a elas. Tenho aprendido a amar aquilo que entendia como fraquezas femininas como parte do que sou, e muitas vezes, minhas fortalezas inexploradas. A maternidade é uma vivência plena com nossas reflexões em conjunto. Com o acolher dos prantos e risos. 
Toda mulher é feminista, algumas não sabem ou não estão dispostas a arcar com a força de sua própria liberdade. Suas asas estão podadas. E não é possível empoderar ninguém. Cada mulher empodera a si mesma. O que podemos é mostrar, pelo exemplo, que é possível viver um outro padrão. Aos poucos, cada uma no seu tempo e do seu jeito, vão se chegando. 

We can do it! 

Tati


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Novas ideias sobre velhas questões

 Ontem a Jaci (Pandora) fez um texto importante. Ela mostrou o outro lado de uma discussão que disfarça-se de visão intelectual e libertadora, mas esconde um manter a velha ordem. Confesso que ainda não tinha olhado de frente para este lado da questão. Falo sobre a notícia amplamente veiculada da censura às obras de Monteiro Lobato, como de conteúdo racista.

Nasci branca, filha de pai e mãe brancos. Sou uma pessoa comum e mediana, daquele tipo que passa desapercebida na massa, que sente-se representada num filme ou comercial. Meu cabelo é liso e castanho, minha origem é italiana. No Rio, sou do grupo naturalmente aceito. Não posso discorrer sobre o que é preconceito ou discriminação, não a sofri na pele. Qualquer inferência seria pura especulação. 

Ainda assim, nunca gostei de piadas preconceituosas, não importa o tipo de preconceito: o bêbado engraçado, o mal falar da sogra, contra pobre, negro, gays, mulheres burras (?!). Tudo isso só serve para reforçar estereótipos  e diminuir a auto estima, dificultar a colocação destes grupos como iguais e sua auto aceitação. SOMOS IGUAIS, INCLUSIVE EM NOSSAS DIFERENÇAS!



Li a obra completa do Monteiro Lobato quando criança e não percebi nada disso. OPA! Aí está o problema. Estas questões já são tão naturais que sequer as percebemos! Somos capazes de dar risada de uma piada sobre o negrinho ou a bichinha. Não devíamos achar graça. Pense bem: São visões de mundo que se perpetuam ao tornarem-se corriqueiras. 

Se eu olho um casaco de pele e vejo beleza, glamour, eu posso consumi-lo um dia. Se vejo cadáveres, jamais terei coragem de colocá-lo em meu corpo. Assim também é o preconceito. Não podemos olhar e ver com naturalidade. Não posso andar na rua e interpretar a negrinha como possível empregada da minha casa, a bichinha como um ser afetado e que só pensa em seduzir qualquer bofe que passar. Negros, e gays, são cidadãos. Exercem suas profissões, constituem família, pagam contas, impostos... O Bê outro dia queria pintar um desenho e escolheu o lápis cor de pele. Como assim?! Sabiam que na caixa dos lápis um rosa clarinho tem este nome? E a pele marrom? amarela? bege? vermelha? preta? Quantas cores de pele nós temos? Mostrei para ele. Em casa já temos diferenças: O Vi é pardo! Onde ele aprendeu esta cor-de-pele? Na escola! Imagine para os amigos de outras tonalidades? Ele nasceu branco por acaso, podia nascer de qualquer cor. Meu sogro é bem escuro. Conversamos e ele entendeu, mostrei, no próprio livro didático, imagens de muitas crianças em uma festinha, cada uma de uma cor. Espero que tenha levado a nova visão para a escola. O Bê é bom nisso! Não dá mais para fingirmos que não vemos. Errei em uma coisa, não fui à escola conversar. Mea culpa

Ainda não tenho uma opinião formada sobre o assunto (obras de Lobato), por que é tudo muito recente e nunca tinha pensado sobre isso. Agradeço quem levantou o tema, só de debatê-lo já é enriquecedor. Pode ser que notas de rodapé resolvam a princípio, nem sempre são lidas, não tem grande importância no livro; a mim soam como cala-boca para a polêmica. Pena... Tirar as obras de circulação não parece fazer sentido. A esta altura, século XXI, obras proibidas também soam como retrocesso. Mas não acho que SÓ por que ele é Monteiro Lobato, SÓ por que tem suas obras em evidência por tanto tempo, não deva ser revisto. Se fosse assim, Einstein jamais questionaria Newton. Quem ousaria? Desta forma ainda acreditaríamos que tudo é absoluto. Gente, não podemos mais acreditar nisso! A teoria da relatividade nos provou o contrário. E isto não é só na física, só no caderno ou no laboratório. É na vida. Vamos olhar as diversas perspectivas e opiniões. 

Recomendo a leitura desta Caixa de Pandora, da Jaci. Não vamos definir nossas posições antes de pensar novos ângulos e possibilidades. Vamos enriquecer o mundo e não empobrecê-lo. Adoro a possibilidade de sacudir o óbvio e encontrar novas visões.

Falando nisso, ainda não dei a resposta que o Bê me pediu, mas AMEI a resposta da Leci Irene, e seguirei por este caminho. Obrigada por todo o carinho na postagem sobre o Bê. Não sabem o prazer que me dá compartilhá-lo com vocês. Aproveitei para homenagear o melhor amigo do Bê, Arthur. Amizade que nasceu antes que eles tomassem consciência de quem são. E amam-se e respeitam-se como são, pelo que são.

Beijos a todos,
Tati.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Você faz parte

A Gaspas do Acuadoiro falou (escreveu) sobre este assunto, que muito me interessa. O texto dela, bom e divertido, falava sobre a reutilização de embalagens, em especial as de isopor. Ela dizia que, se voltamos com 8 sacolas do mercado, ao menos 2 serão lixo das embalagens. Concordo e me entristeço.

Há pouco mais de 1 ano meu condomínio entrou num programa de coleta seletiva. A ONG Reviverde* esteve aqui, fez palestras de conscientização para moradores e funcionários, traçou estratégias para nossa realidade, esclareceu dúvidas.

Apesar de me considerar consciente e comprometida, só após a instituição da coleta seletiva comecei a me dar conta da quantidade de lixo que produzimos. Precisamos entender que, mesmo havendo possibilidade de reciclar, isso não é o ideal. O importante é o reduzir. Eu não sou do tipo consumista, mas há itens complexos. Por exemplo, isopor não é reciclavel. Era neste tipo de embalagens que eu costumava comprar ovos. A partir da coleta seletiva mudei um hábito de consumo. Agora, aqui em casa, só caixa de papelão. E sou radical: Se não tiver deste tipo no mercado, não compro! E sei que ainda faço muito pouco. Tem tanto que preciso mudar...

Outra coisa que passei a fazer é pesar, na hora, os frios. Assim eu levo para casa somente um saquinho plástico. Ok, ainda não é o desejável, entretanto é o possível. Dispenso as bandejinhas de isopor, daqueles que já estão prontas e arrumadinhas. 

Carne ainda não deu, está sempre preparada na tal bandeja. Eu as separo, e apesar de não andar muito arteira, vez ou outra também faço das minhas. Guardo-as para bandeja de tinta, quando pintamos peças em MDF. 

Morro de pena de jogar fora embalagens (inclusive, de rolos de papel higiênico, que não servem para absolutamente nada, a não ser manter o rolo durinho). Há coisas que para reutilizar precisamos gastar tanto produto de limpeza, que é despejado pia abaixo, com litros de água, que me questiono o que é melhor. Enquanto não descubro a resposta, talvez você saiba (daí, me conta), vou aprendendo como fazer, testando alternativas, abrindo mão daquilo que é possível. Simplificando! 

Simplificar a vida só pode nos fazer mais feliz. Meu celular não é último tipo, mas ele liga e recebe ligações. Me conecta com o mundo. Enquanto funcionar, não troco. De 1998/1999, quando tive meu primeiro aparelho, até hoje, tive 4 aparelhos, e gostaria de dizer que tive menos. Não entendo esse comichão, esta necessidade de consumo na contra-mão da realidade do nosso planeta. Espero, de verdade, que as pessoas percebam para onde estamos caminhando e mudem nossas vidas. Dependemos uns dos outros muito mais do que nos damos conta. E isso não inclui tanto TER. 

Chega! Tem tanto para falar, mas já escrevi demais. Hoje não estava no script tudo isso. A Gaspas mexeu comigo, sem perceber. Segue um clip que eu amo, um video antigo do Discovery Channel.


Um beijo a todos, ótimo final de semana (se estiver no Brasil, ótimo feriadão).
Tati.

Deixei o link para o instituto, assim, se você é do Rio e seu prédio/ condomínio ainda não instituiu a coleta seletiva, entre em contato. Eles são ótimos!


sábado, 30 de outubro de 2010

Blogólatra?

OI, meu nome é Tatiana e eu sou blogólatra. Eu sei que preciso evitar a primeira tecla! Hoje eu já conectei, ou seja, não fiquei sóbria nem um segundo...

Quando me embriago por aqui, fico feliz, mas já procrastinei muito trabalho por que não conseguia deixar de responder comentários ou ler posts de amigos. Só mais um... depois desse eu desligo... ops, entrou um comentário no meu e-mail, preciso retribuir... Quando eu vejo, as horas passaram. 

Então vou seguir os 12 passos... 

Gente, claro que é brincadeira! O blog me dá muito prazer. O que eu queria dizer, com o texto anterior, era que preciso me dedicar mais ao meu trabalho. Estou em uma fase que, sem disciplina, não produzo. Isso por que estou trabalhando de casa, não tenho ninguém para me vigiar, a não ser minha própria consciência (e os e-mails do meu chefe...). E vejo que estou menos produtiva do que já fui. Não fico nada satisfeita com isso. 

O blog cresceu rápido demais. Estes dias me dei conta e levei um susto! Estou perto dos 300 seguidores. Como assim? Há poucos meses um blog com 300 seguidores me assustava, alguns eu acompanhava e tinha medo de comentar, me sentia tão iniciante, tão pequenininha... Agora estou entre eles, e ainda sou iniciante e pequenininha para mim! É difícil dar conta, não quero deixar passar ninguém. Sei qual a sensação de comentar em um blog que a gente gosta e não receber resposta. Sei também a ótima sensação quando esta pessoa vem até nós e é simpática. Quero seguir o exemplo do segundo tipo, mas não sei se estou conseguindo. Eita mania de equilibrista que a gente tem!!!

Eu não consigo dar conta de tantas coisas... Era sobre isso que falava. Preciso dosar melhor meu tempo. Me dedicar ao blog sim, mas me dedicar mais ao meu trabalho também. Ele me dá prazer e me dá futuro, não posso negligenciá-lo, nem deixar tarefas acumularem. 

Segunda estarei aqui. Serei criança no blog da Norma, e aguardo vocês lá, vendo a menininha fofa que eu fui! hehehehe Claro que na minha visão, né gente..

É isso. Assumo meu vício, e não estou disposta a abdicar dele. Terei então que aprender a equilibrá-lo. Gosto demais de estar com vocês!

Beijos a todos, 
Tati.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Bê, me explica este país?

Ontem, véspera do 7 de setembro, o Bê, aos 5 anos, soube me explicar, com seu olhar simples sobre a vida, o que é este país em que moramos.

Ele já conhece todas as letras e está aprendendo a juntá-las, conhece algumas sílabas, no entanto gosta mesmo é de soletrar. Aliás, anda soletrando TODAS as placas que vê pelo caminho. Em tempos de eleições, imagina o que é, né?

Foi assim que ontem, quando saímos da casa da minha mãe, ele disse: "Eu sei como escreve futebol!
é B-R-A-S-I-L!"

E sabem por que? Por que este ano teve copa, e com isso muitas ruas enfeitadas, pintadas, com a palavras BRASIL em letras garrafais, escrita com paixão por brasileiros que perdem horas, dias, semanas até, pintando ruas e muros. Eu não sou fã das datas militares. Hoje é 7 de setembro, o equivalente a esta data nos EUA seria o 4 de julho, que eu, mesmo nunca tendo pisado em terras de tio Sam, sei que é fortemente comemorado por lá. E aqui? Aliás, o que teríamos para comemorar? Quando foi mesmo que nos tornamos independentes, hein?

Eu me envergonho de dizer que moro no país do futebol. Acho tão triste quando ouço isso dito com orgulho... Isso não deveria ser motivo de orgulho de uma nação, devia? 

Ser o país do Carnaval, das mulheres nuas, mulheres frutas e desfrutáveis, país da corrupção. Um país que se orgulha de ter as eleições mais modernas e democráticas, por usar uma tecnologia avançada como as urnas eletrônicas, só que esqueceram-se do principal. As urnas não tem recheio, ou melhor, o recheio é podre. De que adianta tanta tecnologia? Por que não crescemos nos lugares certos?

Eu aplaudo a iniciativa da Lucia em mostrar o Brasil que ela ama. Muitas das coisas que ela destaca eu também amo. O que quero levantar aqui é por que temos que nos orgulhar de coisas que não são dignas de orgulho, simplesmente por que não trazem dignidade ao nosso povo? 

Ontem ouvi do Bê uma das mais tristes verdades sobre meu país. Este povo que só se une, bate no peito, veste a camisa, para torcer por futebol. Nesta hora sabemos ser brasileiros. O técnico pode não ser o melhor, o time não inspira confiança, o craque abaixa para ajeitar meião na hora do gol, e tantas outras histórias que temos para relatar e provam que nosso futebol, nem sempre, é ouro. Ainda assim estamos lá, firmes e fortes, de verde e amarelo. Por que não nas eleições? Será mesmo que TODOS os candidatos são ruins? Será mesmo que não há NINGUÉM que preste? Ninguém comprometido? Eu duvido. Procurando, procurando muuuuito bem, alguém deve ter boas intenções, pode ser interessado, honesto... 

Eu quero acreditar... Quero acreditar que não está tudo perdido, que nossa única opção não é mudarmo-nos todos para Pasárgada. Aliás, a verdadeira Pasárgada é tão parecida com o Brasil... tirando a parte de sermos nós os amigos do Rei... 

A ideia era de um texto curto, apenas relatando uma gracinha do Bê que me levou a profunda reflexão. O que estamos ensinando, sem perceber, aos nossos pequenos? Que tipo de valor estamos demonstrando ao nosso país? Tudo isso será reproduzido, mais tarde, pelas crianças que um dia serão os advogados, juízes, engenheiros, empresários, deputados, senadores, professores, presidentes...

Será que tudo que nos resta é balançarmos bandeiras e gritarmos Brasil quando a seleção entrar em campo? E o que é mesmo a seleção brasileira?  Meninos, em sua maioria pobres, de periferia, sem estudo. Muitos fugiam das aulas para jogar futebol em algum campinho de várzea, descalços por falta de sapatos, magros por falta de comida, mal alimentados, mal formados. Descobertos por um olheiro, vendidos - como escravos de alto luxo - por preços exorbitantes, a times extrangeiros. Não é que são eles que verdadeiramente nos representam? 

Vão servir de macaquinhos de circo, de bobos da corte, para cortes mais ricas. Vivem vidas milionárias, muitas vezes perdem tudo por falta de estrutura, boa parte tornam-se viciados, alcóolatras. Lotam-se de filhos por que não sabem sequer fazer uso de camisinhas. Até que chega a copa, e são escalados para nos representar. Copa é a data mais esperada por muitos brasileiros. O Brasil pára. Absurdo uma empresa dizer que vai funcionar neste dia, funcionários se revoltam! Churrascos e muita bebida, gritos, vuvuzelas, fogos. Todo tipo de demonstração esdrúxula de amor à nação.

Íh... amarguei... Não era essa a intenção... Vou parar por aqui. Me diz aí, você... Como se escreve democracia? E o que representa este tal 7 de setembro? É só um feriado a mais para viajarmos com a família? 

Um beijo a todos,

Tati.

sábado, 4 de setembro de 2010

Madura? Eu?!

Amigos,
Despedida dos meus óculos quebrados
A postagem da felicidade foi um sucesso, e me deixou muito feliz. Amo ler cada comentário, sentir o carinho que chega bem juntinho... É mágico.
Aventura muito radical
na casa de festas infantil

O que achei engraçado desta vez, engraçado mesmo, de fazer rir, foi a associação do meu texto com maturidade. Em muitos comentários isso foi levantado. A Tati, do Vida Bicultural, chegou a ficar em dúvida sobre a minha idade... heheh

Estou perto dos 35, falta pouco mais de um mês para isso. Ainda não me sinto balsaquiana. Aliás, dizem que a mulher de 40 é a nova mulher de 30, né? Então sou a nova mulher de 20! E se querem saber, tenho um jeito de menina de 15 muitas vezes, e gosto de brincadeiras de menina de 10!!!
Óculos fundo de copo

Não fui a única a rir ao ser associada a uma mulher madura. Marido riu junto. Por que quem convive um pouquinho que seja comigo sabe que eu sou uma moleca, brincalhona, fanfarrona... Pois é, mais uma imagem pessoal destruída... 

Escorregando no papelão

Eu gostei, claro que gostei! Fiquei com vontade de usar óculos, andar de salto agulha, tailleur estilo channel, batom vermelho na boca... mas quer saber? Me dá vontade de rir só de me imaginar assim... Acho que me sentiria uma criança experimentando as roupas da mãe... 

Careteando com meu primo,
tão ou mais bobo do que eu!
Talvez minhas palavras pareçam maduras, meu jeito de expressá-las. Como sempre gostei de ler e na casa dos meus pais tinha acesso a um acervo diversificado, cedo li clássicos. Aos 12 já tinha lido Victor Hugo, em seu "Os miseráveis", sem fazer ideia de quem era o autor. Gostei da capa, gostei da narrativa. Fui em frente. Assim também li Casa de bonecas, do Ibsen, sem entender bem onde estavam as bonecas... heheh Li o estrangeiro aos 15, mesma época em que li Servidão humana, livro que estou relendo neste momento. Eu tinha me esquecido que havia lido. Só ao iniciar a leitura fui recordando passagens, e Philip retornou à minha mente. Tenho hoje uma apreciação muito diferente da história. Será que ter lido, tão nova, tantos livros, fez com que me entendessem madura? Sei lá. Achei divertido.

Enfeitadinha na festa da Agatha
Sou sim, muito questionadora E isso faço desde criança, como uma de minhas brincadeiras favoritas. O Bê tem este mesmo traço. Acho maravilhoso! Sei também que o fato de gostar de brincar nada tem a ver com ser ou não madura. O que achei mais engraçado é que nunca imaginei esta palavra associada a mim. Foi a primeira vez. Será que já estou virando uma mocinha? kkkkkkkk

Batman e família
Eu gosto mesmo é de aproveitar as festas infantis e me jogar: na piscina de bolinhas, na cama elástica e em qualquer brinquedo que adulto possa entrar (eu não tenho peso e altura da vontade que eu tenho... snif...), adoro fazer bagunça com meus primos, inventar caretas, palhaçadas, dar gargalhadas altas, usar fantasias, mesmo quando não é carnaval... E vou entregar o jogo. Tem gente aqui em casa rindo de mim, mas quer saber? Marido não fica nada atrás. E, a título de não me deixar pagar mico sozinha, embarca nas minhas invenções malucas. Pior, tem vezes que eu é que embarco nas maluquices dele. 

A gente só entrou para cuidar das
crianças! kkkkkkk
Algumas vezes, a palhaçada é tanta que Bê fica do sofá, sacudindo a cabeça, como que a dizer: "Estes meus pais não crescem..." E nem mesmo participa do momento-dãããã. Um casal de amigos nos chama de família chocolate, por causa daquela família de cantores que SÓ cantava "é de chocolate", e olha que nós nem cantamos... heheheh

Queria agradecer o carinho e mostrar que na verdade, se me encontrarem algum dia, verão uma menina bagunceira e sonhadora. Esta Tati madura acho que fica apenas impressa em folhas de papel!

Quanto mais eu procurava nas minhas fotos, mais e mais cenas eu encontrava. Vi me ajudou a escolher algumas. Foi difícil escolher só algumas. Não quero ninguém pedindo desculpas por ter me chamado de madura, hein! Eu a-do-rei!!!!! Só não consigo me inserir no termo! E quem convive comigo acho que pensará o mesmo: sou pirracenta, boba, palhaça, mimada, brincalhona... uma criançona! Pelo menos é assim que me vejo!
Beijos a todos,
Tati.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Psicologia e nutrição

Este é um questionamento que me faço há anos. Intensificou-se depois que o Bê chegou... Vou tentar me explicar.

Sempre tentei oferecer uma alimentação relativamente saudável. Não sou fãzoca de cozinha. Tenho, entretanto, apreço por bons alimentos. Como, com prazer, uma bela salada. E dispenso, sem pesar, um hamburger ou qualquer outro tipo de fritura.

Durante muitos anos não comi carne. Quando casei, ambos não comíamos, fui preparar a primeira refeição com carne depois da gravidez. Isso por que fiquei anêmica e precisei suplementar. E por que senti vontade.

Eu não sou da turma que não faz restrições alimentares, ou tento não fazer. Eu como o que gosto. Tenho a sorte de gostar de coisas boas. A questão é que não gosto de preparar o que mais gosto de comer. Morro de preguiça de elaborar grandes saladas. Pratos com muitos legumes e verduras... Aqui em casa sou adepta da cozinha expresso. Massas, strogonoff, pratos em que a carne já esteja no molho e pronto: duas panelas, no máximo, meia hora de cozinha e bom apetite...

Isso precisa ser reformulado. O Bê adora frutas, sempre gostou e teve um caso de conseguir que ele trocasse, espontaneamente, um biscoito recheado por um prato de uvas. Alegria geral dentro de mim!

Acontece que o Bê não mora numa redoma. E apesar de não conviver com refrigerantes e biscoitos amarelos em casa, ele os encontra na rua. E a rua, algumas vezes, é casa. Como na casa da avó, minha mãe, e na escola. Quando ele era pequeno eu disse que estes biscoitos eram biscoito-porcaria. Ele confundiu as palavras e o chamava biscoito de meleca. Adorei a comparação, imaginei que se ele criasse esta imagem na cabeça jamais iria querer experimentar. Que nada... Esta semana veio da escola questionando.
- Mãe, sabia que não existe biscoito de meleca? Eu comi, mãe. O Matheus levou e é uma delícia. Eu quero que você compre para mim também.
Fui franca, expliquei o porque do termo, por ele ter se confundido e arrematei:
- Eu não quero comprar para você por que não faz bem para a saúde. Eu gosto de cuidar de você.
Ponto final nesta hora. Sei que ele retornará ao assunto. Consegui retardar a conversa, ele deve estar pensando em novos argumentos.

Com coca-cola foi o mesmo. Aqui em casa não gostamos, não compramos (sorry, Isa). Ele tem contato com refrigerantes em festinhas, na casa da minha mãe e na lancheira do colega. Bebidas eles não podem dividir. Sorte a minha! Sempre oferecemos muito suco. Festas, de modo geral também tem suco ou mate ou guaraná natural. Ele chegou me dizendo que gostava de coca-cola, e nas festas da escola aproveitava para se empanzinar. Ok, esta escolha é dele, infelizmente.

Agora a questão: ouvi outro dia uma nutricionista explicando que não se deveria deixar o refrigerante para os finais de semana, senão a criança o entenderia como um alimento (?) de dia de festas, especial, e o valorizaria mais.

Há também aquelas correntes que dizem que alimentos não devem ser forçados, e que as crianças seguem o exemplo dos pais. O Bê não me vê comer muitas saladas, por que o faço em horários de almoço, em restaurantes mais do que em casa. Isso poderia explicar sua não aceitação de legumes e verduras. Que um dia ele adorou, e hoje rejeita... Agora, o que explicaria ele gostar/ adorar, um alimento que sempre foi entendido como "meleca"? Querer algo para o qual sempre fizemos careta?

Se eu começar a proibir alface ele terá curiosidade e irá amar saladas? Posso fazer isso. Se eu força-lo a comer biscoitos recheados, beber refrigerante sempre que tiver sede, obrigá-lo a ingerir um pacote inteiro de balas ele passará a ter aversão? Como é isso?

Por que esta filosofia só funciona para alimentos saudáveis? Eu não acho que são piores em sabor. Eu prefiro uma maçã do que um pirulito. Sempre preferi. 

É confuso, não é? Não consigo perceber enlatados, processados, artificiais como mais saborosos. No entanto há uma aceitação mais fácil. Não há rejeição mesmo quando são forçados. Há um forte apelo que não faz parte de mim, por isso não entendo.

Aí vem também as propagandas. E uma que me irrita profundamente é do Mac Donalds com seus lanches tristes. Pagar por um brinquedo e receber um lanche-bomba de brinde é o fim! O Bê não gosta do lanche, nem das batatas, nem do hamburguer ou nugguets. Toma só o suco, que é ultra-processado e artificial. Só que ele assiste a propaganda, e os brinquedos são tão interessantes, seus amigos da escola colecionam, seus primos também. Ele sempre nos pede para ir ao Mac. Diz, desta vez eu como o lanche... ele ainda não entendeu que não fazemos a menor questão que ele coma. Também não queremos comer. É ruim, e ainda por cima, faz mal... A rede girafas inseriu brinquedos no seu prato infantil também. Testamos e achamos mais interessante. Ele ainda quer colecionar os dois. Ah, este tipo de marketing devia ser proibido por uma saúde pública que insiste em dizer que há epidemia de obesidade... Tanta demagogia...

Muito mais saboroso um suco de laranjas fresquinho do que um copo de refrigerante, não é? Sou um ET? Será que meu paladar que é alterado? 

Tudo muito estranho... Alguém me explica este mundo?

Vou tentar ser mais clara na minha questão: Se eu obrigá-lo a tomar refrigerante e comer bala em todas as refeições, ele vai detestar estes itens?
Se eu disser que brócolis só nos finais de semana, se tornará o prato favorito? A filha da minha prima ama brócolis. Troca qualquer coisa por brócolis. O Bê já foi assim com beterraba, hoje não gosta mais... Se eu proibir, disser que de jeito nenhum, ele se tomará de paixão por estes legumes? Esta é a dúvida: a mesma psicologia serve nos dois sentidos?

Beijos,

Tati.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Juma Marruá domesticada

Esta é minha participação na blogagem coletiva (ou terapia de grupo?) proposta pela Glorinha do Café com bolo, emoções e sentimentos.

Prato do dia: Raiva

Eu sempre fui a estressadinha, brigona, mal humorada do grupo. Isso desde que me lembro, ou desde que me contam... Ué, não é assim que você me vê? É que eu mudei! Um pouco... hehehe

Quando eu era criança brigava muito, e em geral meus oponentes eram meninos e mais velhos. Por que eu era corajosa mesmo! Me achava com isso... que feio...

Minha irmã era folgada, mexia com os outros, quando eles vinham tomar satisfação eu me colocava na frente e comprava a briga. Dia seguinte minha irmã já brincava novamente com seu desafeto enquanto eu, me tornava sua inimiga mortal, para sempre!

Por ser assim tive alguns apelidos como Mônica (e achei engraçado saber que a Beth chama a Glorinha assim), Juma Marruá (por que virava onça), entre outros. Todos nesta faixa...

As pessoas tinham medo de mim. Até minha mãe dizia isso. Meus berros eram mesmo assustadores! E até despedi uma empregada (aos 8 ou 9 anos de idade), por que favoreceu minha irmã em uma disputa, na qual ela estava errada, mas era fofa, né? Muitas coisas aconteceram ao longo dos anos. A maioria reforçava este meu estereótipo, do qual não gosto nada nada. É ruim ser a chata, zangada da história.

Demorei a entender algumas coisas. Já ouviu uma frase assim:
"O feliz agrada, o infeliz, agride". Conhece? Acho que existe um lado positivo na raiva, quando ela mobiliza a pessoa para mudar uma situação. Eu tenho uma amiga ultraquerida que usa a raiva a seu favor. Eu não sei fazer assim. Eu sou uma escorpiana que, como o animal, me enveneno nestas horas. A raiva, em mim, só faz mal. Sou lutadora, gosto de exigir meus direitos, muitas vezes apelo por exigir minhas vontades. Sou uma criança mimada, sei disso. E quero crescer neste sentido. Quando algo não me agrada, ou quando invadem meu espaço (motivo que mais me enfurece) eu tomo satisfação. E o faço com meus pais e com a corja de Brasília. Não tenho limites para isso. Vou em busca das minhas respostas, dos meus interesses. Que fique claro que respeito o espaço dos outros, e justamente por isso exijo que respeitem o meu. Eu não sou uma pessoa invasiva, folgada. Não costumo ser assim. Na adolescência meu fígado era uma bomba, puro veneno, muita raiva, uma menina com fumacinha sobre a cabeça.

Quando entrei para a faculdade, meus horizontes se alargaram. Lá eu era mesmo muito feliz! E as pessoas gostavam de mim, por que eu era sorridente, amiga, participativa, animada! Ainda não sei explicar muito bem o que faz toda a diferença. A liberdade, talvez. 

E fui mudando. Muita coisa ainda aconteceu neste período. Eu não me tornei um anjo de candura, entendam bem. Fui só melhorando aos poucos. E se tiver que me definir em um dos 7 pecados, infelizmente, o meu é a Ira. Não gosto nada disso, entendam bem. Não sou barraqueira, odeio espetáculos, na rua não me exponho assim, não exponho quem está comigo. É uma coisa mais interna. Só não deixo de exigir o que acho que me é devido. E o faço com, e por, justiça.

Quando me formei a música que minha turma escolheu para mim foi "Rindo à toa" do Fala Mansa. E isso foi surpresa para minha família, que me achava carrancuda.

Muito tempo ainda e muitas tempestades depois eu conheci o Vi. Me apaixonei, fui correspondida. E o Vi é a pessoa mais doce que conheço. Eu ainda era impetuosa demais, mais raivosa do que gostaria de ser, e muito impulsiva nestes meus rompantes.

Uma vez, numa discussão (em que eu discutia sozinha), estávamos sentados à mesa e eu empurrei uma caixa que estava na minha frente. Claro que não era esta minha intenção, mas a caixa encostou no cotovelo do Vi, que estava apoiado à mesa. Foi sem querer, no entanto, doeu.

Se fosse eu, tinha gritado um palavrão bem alto e rancoroso, e brigado mais ainda. Sabe o que ele fez? Gemeu um ai, que foi mais para ele que para mim, colocou a mão no cotovelo magoado e baixou a cabeça. Ele encerrou o ciclo de raiva ali. Eu me senti mal naquele momento, muito mal mesmo, por que não tinha motivo para grandes discussões (não faço mais ideia de qual era o motivo da peleja) e eu magoara o meu amor. Recuei, pedi desculpas. E hoje tomo muito mais cuidado ao agir, não apenas com o Vi, com todos.

Se eu ainda escorrego? Muito mais do que gostaria. Sei, entretanto, que estou melhorando. E isso me consola. O caminho é longo e árduo. Hoje eu sou muito mais feliz, e por isso é mais fácil agradar. Não sou infeliz, só que não sei lidar muito bem com frustrações e contrariedades (não falei que sou mimada?), nestas horas acabo deslizando até o comportamento que conheço melhor. A PNL tem me ajudado também. Existem técnicas que nos ajudam a mudar comportamentos inadequados, que não nos agradam. Ao sentir raiva, posso respirar fundo, pensar em coisas boas, olhar o lado da outra pessoa, entender que não fez por mal, etc. Tem muitas maneiras de mudar um padrão ancorado. Eu me esforço!
Meu professor de PNL, inclusive, dizia uma frase assim: "Sentir raiva é como tomar veneno e querer que o outro morra." E não é mesmo isso? O mais envenenado da história é o raivoso!

Que vocês não me abandonem depois de uma confissão como essa. Assumirmos certos defeitos, aqueles que mais nos machucam, é bem difícil e eu pensei, repensei. Escrevi há dias e venho ajeitando... preocupada de como este texto será recebido. Abrir nossa alma de maneira escancarada é assustador! Que o carinho que tenho recebido por aqui não deixe de acontecer. Olhar uma pessoa além das projeções que fazemos, e enxergá-la como realmente é, pode ser um balde de água fria. Mas esta sou eu!

Uma Juma Marruá domesticada ainda pode virar onça.

Beijos a todos,
Tati.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Para que lado eu vou?







Hoje minha vida me lembrou este livro...


Feijão e o Sonho é um romance do escritor brasileiro Origenes Lessa. Conta a história de Campos Lara, um poeta pobre e sonhador (como todo poeta). Ele não é nada prático, o que traz muito sofrimento à sua esposa, Maria Rosa, que precisa trabalhar muito para lidar com as despesas da casa. No final do livro o casal sonha com o futuro de seu filho. A mãe deseja para o filho uma profissão estável: engenheiro, advogado. O filho parece com o pai, quer ser poeta! "E isso o enche de orgulho, esquecendo todo o drama e o sofrimento que palmilhou durante toda uma existência, exatamente por dedicar-se à poesia, uma atividade sem qualquer compensação financeira, num país de analfabetos."  (Wikipedia).

Por que falo nisso agora? Eu vivo este momento liiiiindo. E nesta fase estou numa bifurcação. Há um caminho com campos de feijão, para serem cultivados, colhidos e servidos no prato, e há um caminho repleto de flores para serem admiradas. Eu prefiro o caminho das flores, só que chegará a hora do jantar, e flores, à exceção das capuchinhas, não se comem. E mesmo estas, não enchem barriga... 



Eu posso vender flores, e com isso comprar feijão. E foi sobre isso que a Meru Sami falou na sua postagem de Auto estima, ela hoje vende flores!

Pais não gostam desta vida insegura. Pais gostam de filhos com estabilidade financeira. Por que assim, podem descansar em paz. Foi desta forma, que recebi este e-mail:

Tati

(...)

Estude e se dedique pois seu futuro está aqui.
Ser escritor, no Brasil, é passa-tempo, é hobby.
O único escritor que se mantém com os direitos autorais é o Paulo Coelho, mais ninguém. E, olha que temos bons escritores que vendem bem.
Corra atrás do sonho mas viva com os pés no chão. Sem dinheiro para comprar o feijão, teu filho fica com fome. Esta é a realidade. Não abandone o sonho mas, esteja atenta aos chamados da vida adulta, viver de sonho é bonito quando se tem lastro para sustentar.
Ser pai, às vezes, é chato mas necessário.
Forte abraço.
Estude para o concurso, Deus te favoreceu com esta brilhante cabecinha, vez por outra complicada... rsrsrs
Que o Grande Arquiteto do Universo te ilumine e guarde.
Pereira:.

Este é o meu pai. Um pai sempre presente e que estabeleceu cotas de votos por dia. Está se dedicando, por que sabe que isso me fará feliz. Também teme por meu futuro, por que no nosso país, ganha dinheiro o jogador de futebol, a mulher-qualquer-fruta, que mostra tudo, não esconde nada, só o cérebro, o político corrupto (pleonasmo?), e os funcionários públicos. E de carona com estes últimos, os cursinhos preparatórios para concursos!

Eu quero outro caminho, eu não nego que tenho um pouco de medo dele. Fugi dele a vida inteira, por medo de não ter feijão na mesa. Li este livro adolescente, acho que de propósito nos dão. Para desencorajar mesmo... Ou será que não? Por que Campos Lara pode ter passado por todo aquele sofrimento, ou ter incutido tanto sofrimento à família, que não foi tanto assim, mas seu filho escolhe o mesmo caminho! Se melhor era ser como a mãe, por que o filho não decidiu ser operário?

Eu nem sei bem o que estou escrevendo hoje aqui. Eu sei que meu pai está certo, e o diz por amor, também sei que lutar por nossos sonhos é preciso. E que chegou a um ponto que está difícil conciliar, não apenas o tempo, mas minha condição. Quando estou escrevendo, sonhando, meu lado pé no chão tira férias, e vice versa

Outro dia, assim que saiu o edital, o Vi sentou comigo na cama e me perguntou: "É isso mesmo que você quer? Por que eu vejo outro caminho para você. Te vejo mais feliz escrevendo." E eu o amei ainda mais neste dia. E tive certeza que tenho um marido que me ama não pela aparência, pelo vestido ou pelos sapatos trocados, mas por quem eu sou em essência. Ele me enxerga! O Vi também está certo. Eu sou muuuuito mais feliz escrevendo. É algo que faço sem esforço, sem dor, sem pesar, o dia inteiro, a vida inteira. 

E aí me lembro de uma frase atribuída a Buda: "Sua tarefa é descobrir o seu trabalho e, então, com todo o coração, dedicar-se a ele."

Agora eu pergunto: Qual o meu trabalho? Que caminho eu sigo? Queria que alguns escritores, que vivem disso, passassem por aqui e me dissessem: fica tranquila, é possível viver de livro no Brasil. Eu não sei se eles existem. Se existem, não frequentam meu blog. Frequentam? Então esta pergunta é retórica, não terei respostas externas. As respostas precisam vir de dentro.

Quer saber o que descobri sobre mim? Eu quero viver de escrever! Eu tenho filho para sustentar. Eu preciso de flores, para me sentir feliz. Eu preciso de feijão, para alimentar minha família. Eu não sei que caminho seguir... O que eu quero ou o que eu devo? Por que sempre optamos pelo que devemos e não pelo que queremos? Em que momento estes caminhos se juntam? É possível não nos frustrarmos sendo só responsáveis e não sonhadores? Então por que sou assim, tão sonhadora? Para que servem tantos devaneios e ideias se não posso segui-los a ponto de me sentir plena?

Neste momento, com aval do marido, tendo muito em direção ao sonho, e voto, voto, voto. Meu pai me chama à realidade... Vou ver, buscar uma forma de conciliá-los. HELP-MEEEE!!! 

Sinto que hoje o dia será duro. Lá estão as Tatis em intenso conflito... Não falei que era assim?

Publico este texto temerosa. É mais forte do que eu, neste momento. Não sei como será interpretado...

Beijos a todos,
Tati.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O amor por quem eu sou

Este texto é parte da Blogagem Coletiva proposta pela Glorinha, do Café com Bolo
Prato do dia: Auto-estima/ Amor próprio

Quem sou eu?

Lembro da primeira vez que me deparei com esta pergunta, assim, à queima roupa, quando me inscrevi no orkut. Como assim? É possível responder "quem se é?"

Eu estava grávida, numa fase em que tudo são incertezas. Hoje entendo quando amigas grávidas ou recém mães definem-se como "a mãe do fulano". Chega uma hora que não sabemos mais mesmo... Tudo é tão diferente. Sonhos mudam, ideias então, nem se fala. As prioridades são outras... É um novo eu emergindo, menos eu do que o anterior, por que o outro ser torna-se maior que o EU.

Via meus amigos entrando no orkut, definindo todos aqueles campos, com suas preferências de filme, comida, atividades, paixões... O que gosta nisso e naquilo? E pior, as comunidades. Pessoas cheias de preferências, de comunidades do tipo amo, adoro, odeio, faço... E eu? Quem era eu naquele momento? 

Entendam a fase: Eu era uma veterinária em crise profissional, que tinha acabado de pedir demissão e fui fazer curso de editoração eletrônica. Estagiava numa produtora de vídeo, onde meu chefe me colocou no atendimento... e grávida! 

E esta não foi minha primeira grande crise não. Nesta eu já estava escolada. A primeira foi na época em que eu me formava. Já se vão mais de 10 anos... Até aquele momento eu era cheia de mim, cheia de certezas e convicções. Se me perguntassem quem eu era eu diria: Uma veterinária muito bonita, com muitos amigos, um futuro profissional brilhante pela frente e um namorado que me amava muito. Tudo muito, tudo ótimo, tudo estável e agradável. Vida fácil e boa. Ainda nem tinha me formado e o dono da empresa onde eu estagiava me ofereceu emprego. Eu pedi que ele aguardasse dois meses, o que faltava para eu me formar, e então assumiria o cargo. Estava radiante, achando que eu já colheria TUDO o que tinha semeado... Eu não sabia nada sobre semeadura... hehehe

Então de repente, o namoro acabou e meu ex começou a namorar outra na própria faculdade (acho que mesmo antes da gente terminar); a proposta de emprego desapareceu, por que formada eu ganharia mais do que como estagiária. Nesta crise toda eu tive um distúrbio hormonal e fiquei gordinha e cheia de espinhas. As espinhas que não tive na adolescência, chegaram aos 25 anos. 

Eu não suportava me olhar no espelho. Minhas roupas não cabiam em mim. Meu pai me cobrava emprego, já que tinha me formado. Minhas amigas, a maior parte delas ainda não tinha se formado, saíam e eu não podia mais acompanhar. Algumas vezes elas decidiam me bancar, para que eu pudesse ir. Hoje consigo me sentir querida pelo gesto, na época, sentia-me péssima, eu não tinha como retribuir na outra semana ou no outro mês... 

Acabei optando por ficar em casa. Os primeiros finais de semana foram péssimos. Eu estava impedida de sair. Aos poucos fui aprendendo a aproveitar minha companhia. Ficava no meu quarto, ouvia música, lia e escrevia. Descobri novas faces em mim, e gostei! 

Gostei da minha escrita, das minhas reflexões. Nesta fase busquei o Centro Espírita, onde conheci o Vi. Me amei naquele trabalho, fiz novos amigos, que me achavam doce, suave. E amei esta nova Tati. Ainda gordinha, ainda com espinhas... Fui me tratando.

Trabalhei com coisas que não gostava muito. Até vendedora de produtos veterinários eu fui, representando laboratórios. Nesta função descobri outras coisas boas em mim, outras características desconhecidas. E também muitos dos meus defeitos apareceram, fui aprendendo a lidar com eles...

Fui percebendo que quanto mais faces e talentos descobrimos que temos, melhor lidamos com as fases de transição, de mudança. Por que há em que se identificar. Quando somos rígidos demais, focados demais, do tipo: "Sou uma pessoa que..." a chance de frustração, de deprimir, de arriar, são maiores. A vida não é estável, é mudança. E temos que ser cíclicos e mutáveis.


Demorei a chegar nesta definição:




Esta foto faz parte de um presente
que o Vi fez para mim. E amo!
 "Venho tentando responder esta pergunta há muito tempo. Às vezes sou calma e tranquila, muitas vezes uma tempestade! Sou alegre e animada, em certos momentos tensa, ansiosa, deprimida... busco respostas às minhas questões, e nisso sou incansável. A cada dia uma nova Tati emerge em mim, e quanto mais Tatis eu me torno, mais eu gosto de ser quem sou!"

E quando descobrimos, e aceitamos nossas novas faces, fica mais fácil se amar. Com qualidades e defeitos. Como posso ter certeza? Não posso. Sei que nesta nova guinada, a transição está sendo menos sofrida. É só a experiência de uma menina, que sonha e busca se conhecer.


Ainda quero chegar ao proposto por Renato Russo: "provar para todo mundo, que eu não precisava provar nada para ninguém". Estou bem longe ainda. Desde que soube que este era o tema da blogagem desta semana, não parei de cantar esta música. A letra fala muito sobre auto-estima e amor próprio. Quer ver? Por que a auto estima e o amor próprio passam, invariavelmente, pelo auto conhecimento (pelo menos para mim!)



Beijos a todos,
Tati.