Quem somos nós?
Um texto que li no blog do Cacá me fez expressar em palavras o que venho pensando faz um tempo.
Era assim:
"
Com o passar dos anos vou vivendo em busca de um meio termo entre assumir um conservadorismo que não me atrofie e procurando negar uma adesão sem críticas às modernidades sem substância que querem me arrebatar de arrastão". E o título é Maturidade! Mais
aqui
Eu me sinto assim, numa corda bamba sem fim. Esta corda bamba gera tantos conflitos...
Eu sei que não é exatamente sobre isso que fala o Cacá, mas na hora em que li, o pensamento ganhou forma, e fazia tempo que queria expressá-lo, não apenas senti-lo.
Eu me sinto diferente, sempre me senti. Não fisicamente, que neste quesito sou muito igual. Comum até. Mas no pensamento, na maneira de ver o mundo eu sou muito diferente. Desde sempre. Meus gostos não combinam com o da maioria das pessoas, meu jeito de ver as coisas também não. E como não ser um ET neste mundo? Por que quando a gente está aqui tem que fazer parte da sociedade, certo? E eu quero! Quero me sentir aceita, integrada, parte. Mas para isso eu preciso me adequar. E me adequar é um longo processo.
Eu nasci aqui, sempre vivi aqui, mas não me sinto adequada. Para isso estou sempre criando freios que me coloquem na mesma posição. Quando digo freios não estou me colocando acima, estou me colocando diferente. Acho que eu ando em um caminho paralelo, sei lá. Sou uma estrangeira na minha própria terra. Eu penso azul enquanto todos pensam amarelo! E isso é uma angústia constante! É o assumir o conservadorismo. Agir como esperam que eu aja, por que é o certo a se fazer. Então eu decido que pensarei amarelo, e me cerco das coisas mais triviais possível. E consigo viver refreada assim por um tempo, quase acredito que já faço parte. Mas daí chega o dia em que me sinto sufocada. Em que meu pensamento azul quer voar, quer vir à superfície. E eu fico mal. Por que eu gosto de pensar azul. Eu enxergo coisas que quero expressar, deixar vir à tona, mas que não encaixam na ordem vigente.
Será que publicar este texto fará com que as pessoas me vejam como uma louca? Será que meu medo a vida inteira foi este? Ser vista como louca? O que é a loucura?
Engraçado que quanto mais louco o meu pensamento, mais comum eu me torno. Quem me conhece, convive comigo, me acha pacata, tranquila, convencional, certinha demais. O que escondo sempre é a loucura das minhas ideias. Por que acho que ninguém nunca as compreenderá. Por que tenho medo do julgamento, da exclusão. Nossa! Como tenho medo da rejeição!!!
Será que é assim mesmo? Será que todos temos um pouco disso? Será que louco é meu pensamento ou esta nossa maneira insana e egoísta de existir? De ter? De ignorar alguém que passa fome na rua e dirigir para um banquete de Páscoa? De achar que gente vale mais do que animais? De fingir que gosta de alguém que detesta? De cumprir regras com as quais não concorda por que "está na lei"? São tantas questões... Eu me adequo, eu cumpro o protocolo, mas no meu pensamento não há regras da sociedade que possam mandar. Ainda bem!
Eu estou muito tentada a publicar este texto. Posso me arrepender, mas estou numa fase boa, tranquila, de encontro. E estou buscando esta tal maturidade que o Cacá cita, mas de uma forma que eu possa participar da sociedade sem anular quem sou. Algumas coisas estão acontecendo e tem dado certo. Vamos ver o que o futuro reserva, não é?
Foi muito confuso? Muito non sense? Fiz sentido?
Beijos a todos,
Tati.