Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Mosaico de alegrias

         Dia a dia, pequenas conquistas, uma a uma, somam-se e formam um mosaico de alegrias, numa linda imagem de felicidade.
         É assim que sou feliz, pela soma destas conquistas, muitas vezes com cara de insignificantes. Juntas formam esta paisagem interessante e agradável. Essa é minha vida. Simples, humilde, sem grandes realizações, mas com intensas emoções. Repleta de riso e também de pranto. Choro triste permeado de muitas lágrimas de felicidade. Meu chão é doce, o caminhar é lento, suave, sempre para frente, mesmo que na diagonal... Sinto que cresci. O tempo vai seguindo e tenho somado novas experiências e amadurecido. Ainda não consigo me sentir adulta com o que projetava ser um adulto. Não tenho a confiança e as certezas que atribuía aos adultos. Tenho mais dúvidas hoje do que ontem. Muito mais perguntas do que há um ano atrás. E cada vez menos respostas. Cada vez menos quem possa responder. A quem perguntar?
         Hoje não é mais possível escolher A música favorita, o livro favorito, a comida favorita... por que muitas experiências te trazem tantas coisas boas, como escolher qual a mais marcante? Cada época tem suas músicas, cada momento especial marcado por muitos fatores. Lugar mais especial: incontáveis; melhor amigo: impossível dizer um único nome. Seria o mais próximo neste momento? ou o que é amigo há mais tempo? ou aquele com quem vivi maiores aventuras? o que enxugou lágrimas, ouviu lamentos, ou compartilhou gargalhadas? Não vejo respostas a estas perguntas para as quais tive certeza há anos atrás. Aos 15 anos eu sabia quem era minha melhor amiga, meu prato favorito, a música que marcou minha vida para sempre! Tudo isso não se foi, apenas soma-se a outras milhares de informações armazenadas em uma mente de boa memória, principalmente para o que gera emoções. Sou fortemente guiada por elas.
(escrito no dia 09/10/2007)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O HERÓI

          


           Ouviu o grito. Sem pensar em nada, lançou-se às águas barrentas, revoltas, violentas, assustadoras. Nem mesmo o instinto de sobrevivência fez-se ouvir. O de solidariedade falou mais alto.


            Nadou, lutou, agarrou-se em raízes expostas, alcançou aquela mulher desconhecida, apavorada. Não havia mais ninguém no local. Com muito custo conseguiu arrasta-la até a margem.

            Em época de muitas chuvas a região vinha alagando frequentemente, o que tornou difícil determinar onde terminava a rua e onde iniciava-se o canal. Assim, ela havia caído, e como não nadava muito bem foi arrastada pela força das águas  e congelada pelo medo, que tornaram-se mais fortes do que podia suportar. A única coisa que sentiu-se capaz de fazer foi gritar. A sorte estava a seu lado, por que neste momento passava por ali, retornando do trabalho, Augusto. Um homem simples, batalhador, que voltava caminhando para não se atrasar para o jantar. O trânsito estava parado, descera do ônibus antes do seu ponto habitual e seguira a pé.


            Agora, na margem do canal, arquejava ainda tenso com a situação vivenciada a poucos minutos. A mulher sentia-se imensamente grata, estava viva graças à bondade e coragem daquele homem!
            Augusto, sentindo que tudo estava bem, despediu-se da mulher e seguiu seu caminho. Precisava apressar-se para o jantar. Sua mulher era bastante nervosa e ficava muito preocupada quando ele se atrasava, principalmente em dias de chuva forte. Mais de uma hora havia sido perdida no contratempo do salvamento. Ainda assim, estava orgulhoso de seu feito. Não o fizera por recompensa, na verdade não sabia dizer por que o havia feito. Não teve tempo para pensar, quando deu por si já nadava em direção ao grito, sem saber o que encontraria.
            Subia a última ladeira, já não mais chovia, mas o vento frio nas roupas encharcadas fazia-o tremer. Encolheu-se e apertou o passo.
            A sensação de ver o portão de casa aproximando-se foi reconfortante. Imaginou roupas quentes e secas, um abraço carinhoso e sopa quente. Imaginou o olhar de admiração de sua mulher e dos filhos enquanto contava a aventura pela qual acabara de passar.
            Ultrapassou o portão, nem chegou à porta. Sua mulher, bastante aflita aguardava-o. Glorinha era mesmo nervosa, linda, mas nervosa!
“Porque se atrasou? Ela o aguardava há horas. Não podia ter ligado?” Augusto enfrentava uma nova chuva, agora de perguntas, e suas roupas ainda pingando água. Não conseguia explicar-se.
            Quando conseguiu entrar em casa, tomou um banho, aqueceu-se.       Sentia-se injustiçado. Fora um herói, apenas um herói desconhecido. E concluiu que, não há herói sem reconhecimento.
            A mulher, ainda zangada: “Como pode arriscar-se assim por uma desconhecida? Podia ter morrido, hômi. O que seria de sua família? Se esqueceu que tem filho para criar?”
            Em vão tentou retrucar, explicar-se. Lembrou-se de tantas histórias semelhantes que já assistira no noticiário. O salvador reencontrando a vítima, o abraço, a consagração. Apareciam doações, empregos, oportunidades, presentes para os filhos, convites para entrevistas em programas matinais.
            Seguindo para a cozinha, falou, decidido:
- Da próxima vez, só se for televisionado! – E foi, resignado, buscar o prato de arroz com feijão, guardado no forno do velho fogão.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Explicações apenas para confundir...

            Uma grande amiga levantou uma questão: - Eu estou com uma visão distorcida de quem eu sou. Não sou este ser estático como tenho me definido no blog.
            Ok, eu sei disso. Eu tenho multifunções e multitarefas. Trabalho, estudo, cuido de filho e da casa (e quando falo cuido da casa é serviço completo: lavo, passo, cozinho, limpo, arrumo, organizo, defino), eu tenho consciência disso. Sei que sou uma pessoa de múltiplas ações, não sou estática na prática. O que acontece é que, quando escrevo, extravaso este lado esquecido.
            É que, por natureza, sou um ser de pensamentos. Não faço tantas coisas por escolha, na verdade, a única coisa que não escolheria fazer é cuidar da casa (esse desabafo está claro na história da Alice, né?), mas ainda não tive escolhas. Pode ter certeza, quando tiver será a primeira e única parte das minhas atribuições que eliminarei.
            Nesta ocasião tomarei mais do meu tempo com o Bê, com o Vi e com meu trabalho, coisas que eu amo fazer. Não falo nisso como reclamação, apenas como um plano para um futuro próximo. Sei que este dia está batendo na porta e vou deixá-lo entrar... opa! Não será a campainha?
            Bom, o que quero deixar claro, mais pela questão da Alê do que por achar que devo satisfações (não espere isso de uma escorpiana), é que sei que sou uma pessoa produtiva e que tenho um bom desempenho no trabalho e com família (com a casa deixo a desejar... no estudo também poderia fazer melhor), mas quando escrevo comento o que sinto sobre minha essencia e ainda a percebo mais idéias que ações. Ficou claro ou só complicou ainda mais? É, não sou tão clara quanto gostaria de ser sobre o que se passa por dentro...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Florescendo


Oi! Achei este texto remexendo arquivos (virtuais, do word...). Me pareceu bastante atual, até por que o que se passa em nosso interior é atemporal, certo? Talvez por isso eu seja tão ruim com relógios e calendários... hehehe Mais uma coisa para mudar!
"Sou um ser emocional. Sensibilidade à flor da pele, sempre. Tentando dar vazão a tudo isso que sinto e nem sei bem o que é. Preciso ser mais racional, é o que o mundo me exige a todo instante. Mas quando sou assim, sou bem menos eu, e acabo me perdendo. Pq não posso ser quem eu sou? Pq não ser exatamente este ser de pura emoção? É que qdo somos assim, tão sentimento, acabamos ficando pouco ação, e a vida é movida por ações. Então, estagnamos fisicamente, por mais que a produção interior aconteça.
Sinto que, quando me permito, eu vôo, vou tão longe que quando retorno, nem sei por onde passei. Chego, aterriso e me pergunto, onde estive até agora? E sinto-me mais leve, mais inteira, mesmo sem consciência do que andei fazendo.
A música me ajuda a liberar toda essa explosão que existe dentro de mim. Explosão é um termo engraçado para definir este sentimento, pq apesar de intenso é suave. É uma certa nuvem, um florescer.
Florescer tem mais sentido para mim, pq quando uma flor desabrocha é um movimento intenso, perceptível, mas bastante lento e silencioso, assim como meus rompantes emocionais.
Queria ser um ser normal, como as pessoas com quem convivo. Acho que seria mais fácil. Já tentei me tornar esta pessoa, mas acabo sempre me contradizendo, me embolando em mim, tropeçando naquela que insiste em continuar dentro de mim, e me governa. Sou eu em essência. Neste momento, essência inadequada. Não me encaixo. Esse sentimento de inadequação me acompanhou a vida inteira. Eu luto contra ele, que mais cedo ou mais tarde retorna, cada vez com mais força.
Já tentei ser da galera, já fingi ser como qualquer pessoa. Freqüentar lugares comuns, agir com naturalidade entre pessoas que repetem convenções como se fosse o mais correto a se fazer. Pode ser o mais óbvio. Só que essa monotonia de raciocínio me desconcerta. Eu preciso pensar, criar, formular teorias, questionar.
Detesto idéias pré-concebidas, repetidas como lei natural simplesmente por terem sido proferidas por grandes nomes. Quem são os grandes nomes? Homens como todos os outros, que por alguma razão (muitas vezes por mérito, não quero desmerecer ninguém) tiveram projeção e oportunidade de expor seus pensamentos.
Como controlar esta força feroz que arde dentro de mim e me impele a seguir meus instintos? Instintos de pensar... Porque preciso me fixar em uma linha e segui-la cegamente? Não sou cega, não sou míope. Tenho olhos de lince e quero mostrar ao mundo o que vejo, por mais que o mundo não esteja disposto a olhar, a perceber.
A diferente sou eu, nem por isso sou eu a errada. Estou certa em meu íntimo. Para estar em consonância com a sociedade tenho que estar em desacordo comigo. O que é mais importante? Mentir para si ou para uma comunidade inteira? Não encontro a resposta, ou a resposta que encontro não me satisfaz? 05/10/07
Acho que não mudei muita coisa... o que acham?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

"O Bê é assim por que escrevi, ou escrevi por que ele é assim?"


Quando eu estava grávida escrevi algumas coisas para o Bê (depois que ele nasceu passei anos sem conseguir escrever grandes coisas, hehehe), mas este texto em especial me deixa uma grande dúvida: Será que o Bê é assim em função do que desejei para ele, ou eu escrevi o que já sentia que ele seria? Perguntas que não tem resposta. Só sei que a gargalhada que ouvi a médium dando na consulta da apometria, assim que soubemos que estava grávida, é a mesma que ouço quando o Bê está muito feliz. Isso sei que não é coincidência...

"(19/11/04)
Meu filho lindo, com nome de guerreiro. Guerreiro da paz, na defesa dos animais.
Ainda sem te tocar já te amo como sei amar. E a cada dia mais.
É bom te sentir. Mexe sempre, mexe muito. Chuta, faz bagunça. por que é só assim que te encontro. E já sinto saudades!
Tudo o que se refere a você, ao seu ou ao nosso mundinho, me interessa.
Quero saber te fazer feliz. Te ajudar a crescer seguro, confiante, em paz.
Que seja um grande ser humano, mas acima de tudo, que seja você, a quem dedico amor incondicional:
Meu ventre, meu sangue, meus pensamentos e emoções, meu tempo, minha casa, meu coração e minha vida.
Seja bem vindo à nossa pequena família, Bê.
Te aguardamos repletos de esperança, alegria e gratidão.
Mamãe.

Era isso. Não tem um cunho poético, nenhuma preocupação com a formalidade da escrita. Apenas carinho de mãe que ainda estava para ser. E adivinhei direitinho o garotinho que ía receber!

Até a próxima.
Tati






Apenas para lembrar que o fato de mudar não significa mais ou menos amor, apenas edições e reedições que a vida vai fazendo em nossas vidas. Não saberia escolher entre a foto original e a editada. Cada uma tem seu momento e sua aplicação. E, original ou editada, somos nós dois, apaixonados, cúmplices, companheiros, vivendo um momento que faz parte de nossa história de vida.

Era só um teste de recursos do Blog, acabou virando um "textículo" de brincadeira, mas brincando para valer.
Beijos a todos (apesar de achar que só minha mãe lê isso... kkkkkk)
Tati.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O SEGREDO DAS BORBOLETAS






Esta história que posto agora é o meu livro. Na verdade, é meu sonho de livro. A primeira história que estou tentando publicar. Já enviei a várias editoras e até agora nada, mas vou continuar tentando. Acredito na história, tenho um carinho de mãe por ela, e consigo visualizá-la encadernada, ilustrada, disposta em livrarias. Será um prazer imenso o dia que isso acontecer. Por enquanto, a forma de compartilhá-la é assim, publicando no Blog. Espero que apreciem. Um beijo, Tati.



- De onde surgiram as borboletas?
- As borboletas são flores que aprenderam a voar.
-E como elas conseguiram?
-Pela força do pensamento!
Durante muito tempo as flores viviam presas à terra. Só conheciam o mundo pelo que contavam as abelhas, os beija-flores e tantos outros bichinhos da floresta que vinham visitá-las.
Lia, que era uma florzinha muito sonhadora, aproveitava para perguntar aos amigos sobre as paisagens visitadas enquanto lhes servia um delicioso lanchinho de pólen. E os bichinhos contavam maravilhosas histórias sobre suas viagens, sobre a floresta vista lá de cima, deixando Lia encantada.
De noite, enquanto as outras flores dormiam, sonhava em conhecer aqueles lugares.
- Ah! Como será incrível o lago visto lá de cima, e ver a copa das árvores. E poder conversar com flores que moram distante...
E desejava ardentemente ter a liberdade dos animais alados.
Mas certo dia, ao receber a visita do Beija-Flor desabafou com seu amigo, que se deliciava com uma enorme fatia de bolo de pólen:
- Ah, amigo Beija-Flor, gostaria tanto de poder ver tudo o que me conta...
- Sabia que mesmo muito pequeno sou mais pesado do que o ar? E que sou o único pássaro capaz de parar no ar? Assim consigo comer seus deliciosos quitutes. Muitas pessoas estudam meu comportamento e não sabem porque sou capaz disso. Você sabe por que consigo? Pela força do pensamento.
- Nossa! E como é isso? – exclamou Lia muito interessada.
- Um dia um camaleão ensinou ao meu avô que a gente é o que a gente quer, basta ter o pensamento firme nos seus objetivos, por isso ele consegue ficar da cor que deseja e se protege dos predadores. Consegue porque acredita que é possível! E meu avô aprendeu e me ensinou. E como eu acredito que sou capaz, eu faço!
- Mas como posso fazer isso? Eu não tenho asas...
- Primeiro você precisa saber exatamente o que quer.
- O que mais quero é voar! Ser livre, conhecer o topo das árvores, sentir o cheiro das folhas mais altas, visitar frutas no pé, ser levada pelo vento...
Então o Beija-Flor ensinou: - Pense firme na sua vontade de voar, mas não se esqueça nunca de agradecer pelo que já tem. A força do pensamento precisa ser alimentada por bons sentimentos, e a gratidão é uma boa forma de se manter feliz. Cantar também ajuda. Seja feliz por ter um sonho, por ter amigos que te trazem notícias do mundo, e por saber-se capaz de voar. Pense nisso todos os dias, mas não o tempo todo. Dê tempo ao seu sonho para que ele possa acontecer.
As sensações também ajudam a realizar seu sonho. Imagine-se voando, o vento em seu rosto, o som dos pássaros, as asas batendo, pense no que verá, nos perfumes que sentirá, nos sons que ouvirá. Pense nas sensações agradáveis que você terá ao saber voar. Lembre-se sempre destes sentimentos.
E assim fez a florzinha sonhadora. Pensou, quis, desejou. E algum tempo depois, acordou sentindo-se diferente. Feliz e diferente.
E achando que era o vento, deixou que suas pétalas balançassem, mas para sua surpresa, não eram pétalas. E já não era apenas um leve balanço, era um vôo!
Nossa amiguinha havia se transformado numa linda borboleta, um ser alado, livre e com a beleza da flor.
Voou pelos espaços abertos, visitou flores mais distantes, muitas não acreditavam em sua história: - Claro que ela não poderia ter sido flor!
Algumas, entretanto, acreditaram. E então margaridas, miosótis, lírios do campo e outras flores usaram a magia do pensamento. E uma infinidade de tipos de borboletas espalharam-se pelo mundo, contando, de flor em flor seu maravilhoso segredo.
- E porque nem todas tornaram-se borboletas?
- Algumas não acreditaram. Outras tiveram medo. Tem também aquelas que estavam felizes como flores, e não desejavam voar. Algumas ainda sentem que sua presença é importante naquele lugar, e preferem manter-se enraizadas onde estão, e são felizes assim!
E desta forma, seguindo o que deseja seu coração, vão as criaturas em busca de seus sonhos.
Você também pode ser o que quiser.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Normas e diretrizes para ser espontânea


Chego à conclusão de que preciso exercitar a leveza em minha vida. Que se danem tantos compromissos e essa necessidade despropositada de ser tão certinha, esse compromisso ensandecido com o politicamente correto. Isso torna minha vida difícil, chata, enfadonha mesmo!!
Quero mais risadas, mais improviso, me permitir ser mais relaxada e feliz! Ser feliz é mais importante que estar certa. Ok, ok... mas eu sempre penso nisso quando acho que minha opinião é mais correta que a do amigo e “não pode bater no amigo”. Mas eu nunca tinha parado para pensar que eu também posso estar muito errada em querer estar certa, porque eu fico uma grande CHATA!!
É chato conviver com alguém com essa mania, quase TOC... Agora, preciso baixar uns tutoriais, manuais, fazer um curso, certificação (...) para aprender a ser mais espontânea. Como faço isso?
Como estar tranqüila em relação à agenda do Bê, os se ele está ou não levando lanche no dia de piquenique. Ou se o lanche que ele está levando é mesmo saudável... por que isso é tão importante assim?
Para quem preciso passar uma imagem de certinha, profissional, responsável, que dá conta de tudo?
Não quero mais ser assim. Claro que não quero negligenciar filho, nem largar meu trabalho de lado ou morar num ninho de mafagáfos cheio de mafagafinhos... mas eu posso deixar acontecer, né? A gente pode almoçar biscoitos num dia, só para fazer um passeio diferente, sei lá.... será que consigo tudo isso?
Como as pessoas fazem para ser espontâneas? Preciso de um check-list!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Procura-se Dona de Casa, mínimo 5 anos de experiência na função.


Por muito tempo Alice sofreu – pasmem – por não ser uma boa dona de casa. Mas por que diabos precisava ser? E o que exatamente é uma boa dona de casa?
Alguém que consegue manter móveis livres de poeira, vidros que parecem espelhos, banheiros brilhando, com agradável perfume de limpeza? Toalhas brancas, macias, sem manchas? Um cronograma de atividades domésticas cumpridas à risca? Será isso? Comida fumegante no fogão e mesa posta sempre que a família chega para o jantar, diariamente...
Não, definitivamente Alice não era assim. Não dominava a arte da limpeza, atrapalhava-se entre panos, baldes e produtos. Sentia-se perdida na função. Aquela Alice considerada pró-ativa, dedicada, comprometida, eficiente no trabalho não fazia a menor idéia de como otimizar o trabalho de casa, definitivamente não se sentia mão de obra qualificada para a função.
Sim, ela estava de acordo com a missão e valores de sua casa, afinal de contas, estes vêm sendo definidos entre ela e o marido há 15 anos, desde o primeiro dia depois daquela linda festa de casamento, quando passaram a habitar o mesmo teto. Não tiveram lua de mel, não uma lua de mel clássica, com viagem, fotos e histórias para contar aos amigos, mas viviam em uma lua de mel infinita. Eram muito felizes juntos. Felizes com pizza, lasanha congelada, cachorro quente entre outros lanches e comidas rápidas. Alice não pilotava muito bem as panelas. Fazia uma coisinha ou outra, pratos simples, rápidos e práticos, mas não poderíamos classifica-la como indicada para o ofício. Adorava almoços em ótimos restaurantes, com maravilhosos buffets de saladas, por que adorava saladas, mas detestava prepará-las. Era bastante focada no crescimento de sua família, acompanhando de perto o desenvolvimento de cada membro da equipe. Apoiava o marido em sua bela carreira, e incentivava os filhos a desenvolverem suas habilidades, apontando suas melhores características e o caminho para uma melhor colocação. Poderíamos perceber nela uma eficiente gestora, sim ela era capaz de perceber possibilidades e formas de recolocação de cada um. O filho de 12 anos era alto, esguio, longilíneo, um tanto desengonçado para a dança, mas seus longos braços e sua agilidade ajudavam-no no esporte. Era ótimo no basquete e na natação. Ela o incentivava desde o início, quando ele ainda desejava apenas ser um capoeirista. - “Sim, você pode fazer capoeira, é ótimo, mas que tal se, além disso, o matricularmos na natação? A natação é um ótimo exercício, vai ajudá-lo no alongamento”. Pronto, bastaram seis meses e 3 medalhas para Gabriel perceber que tinha mais talento para a natação do que para a Capoeira, que mantém como um hobbie, dedicando-se muito mais às piscinas atualmente. Ela era certeira! Isabel, sua linda filha de 10 anos, também era um exemplo disso. Quando a menina ainda tinha 3 anos percebeu seu talento com papel e tinta. Como era delicada sua Bel! E tinha um talento inato para a escolha das tintas, manejou o pincel com destreza desde a primeira vez. Hoje já pinta pequenos quadrinhos que são cuidadosamente emoldurados e pendurados pelas paredes da bela casa. Não é uma casa grande e luxuosa, mas é acolhedora, aconchegante e bagunçada! Sim, Alice não sabe como fazer para sentir-se estimulada pelas funções domésticas. É excelente profissional, conceituada, disputada pelo mercado. Já acumulara grandes conquistas pessoais, tinha uma carreira de sucesso. Mas faltava alguma coisa. Ela não correspondia à figura feminina dos comerciais de margarina. Como sentir-se feliz e realizada com vassoura, balde, pano de chão? Tinha que fazer alguma coisa!
Como excelente headhunter que era, agendou reunião com a gerência da equipe familiar, indicando a necessidade de preenchimento da vaga, apresentou gráficos e planilhas previamente preparados para a ocasião exibindo cálculos detalhados dos riscos, custos e benefícios envolvidos no projeto. Tudo foi tão bem elaborado que obteve imediata aprovação, com cumprimentos por sua capacidade de articulação. Colocou mãos à obra no recrutamento e seleção de pessoal habilitado para a função, utilizando sua ativa rede de relacionamentos, ligou para um, dois, três contatos. Agendou entrevistas com candidatas bastante recomendadas. Foi persuasiva, intuitiva, desafiadora, uma boa negociadora. Utilizando testes de conhecimentos e simulações práticas, escolheu a pessoa mais habilitada para aquela vaga. Definidos direitos e deveres, começo agendado para a próxima segunda-feira.
Tomou um banho demorado sem preocupar-se com o fato do blindex não brilhar como um espelho, vestiu-se, maquiou-se e saiu para o trabalho.
Podia dedicar-se às funções que exercia com maestria, afinal, a partir de segunda poderia contar com a inestimável ajuda de uma secretária do lar.

Metamorfose ambulante? Nem tão ambulante assim...


Certos sentimentos são difíceis de explicar, nem sei mesmo ao certo se merecem explicação. Mas doem fundo. Quanto mais fundo eles doem, mais difícil expressa-los, e mais necessário se faz tentar. Algumas questões me empurram para aprofundar meus sentidos, quanto mais fundo mergulho, mais dói. Então entro numa fase de fuga, em que me torno mais superficial e menos intensa. Essas fases duram algum tempo e sempre encerram-se com um momento de crise que exige de mim reflexão.
Sempre percebi que pessoas menos reflexivas parecem mais felizes. Curtem samba, futebol, novela e conversa fiada e são muito alegres. Vivem rodeadas de amigos, sabem andar em bando, em grupos, são seres gregários. Não questionam nada, aceitam as coisas como estas se lhes apresentam. São boas para executar funções. É divertido conviver com elas, não são provocadoras nem instigantes, são apenas felizes sem tentar desvendar a felicidade.
Tento ser assim, diversas vezes tentei. Nunca dura muito tempo. A reflexão sempre me invade, domina todos os espaços, condena minha superficialidade, deixa claro que não tenho uma personalidade muito popular, de fácil acesso. Sou tímida, intensa, por vezes taciturna. Sou distante, questionadora até do que não se ousa questionar, sou pedra no sapato, sou cutucão na testa, julgo a todos e começo por mim.
Questiono meus amores, minhas dores, meus fracassos e também os sucessos. Questiono por questionar, como vício incontrolável. Vício que gera culpa após saciedade, ressaca do questionamento. Seria possível viver assim? Pode-se ser feliz assim? Eu sou feliz, em determinadas fases sou feliz. Sou feliz permeando tristezas, questões. Sou feliz em conjunto. Sou feliz quando ajudo alguém. Sou imensamente feliz quando o Bê está comigo, mesmo quando eu não estou com ele. Sim, isso é possível. Quantas vezes basta-me sabe-lo presente. Ouvir sua gargalhada à distância, enquanto brinca com o Vi no cômodo anexo. Basta-me pensa-lo, basta-me sabe-lo.
Por muito tempo imaginei que de tanto questionar entenderia, e que quando entendesse saberia como ser feliz. Saberia as regras do viver. Mas nada disso me aconteceu. Quanto mais questões, mais questões. Quanto mais anseios, mais dúvidas. E as fases de melancolia me acompanham, como uma amiga indesejada e sempre aguardada. São momentos em que me conheço mais. E quanto mais me conheço mais conheço as pessoas e melhor entendo como nada é tão óbvio, tão igual nem tão diferente. Rótulos não se encaixam em pessoas, mas fica fácil decifrá-las. Mais fácil do que eu gostaria. É duro entender motivações íntimas que nem os próprios percebem. Confrontá-las já foi uma prática corrente, entendi que não faz bem, de modo geral as pessoas não estão dispostas a ouvir, a pensar, a refletir. Certos espelhos não devem ser dispostos no living, se suas imagens refletem a alma. Como um retrato de Dorian Gray ninguém quer ver suas falhas reveladas em obra de arte. Isso não é arte como se pensa quando se pensa na palavra arte.
Quem sorri quando está sozinho? Quem sorri para si mesmo sem estímulo externo?
Minha resposta à pergunta: Sou feliz? É sim. Sou feliz. E tenho muitos porquês para isso. Sou feliz por que tenho família, por que tenho um amor. Por que tenho um filho lindo, saudável, inteligente, carinhoso. Sou feliz por que tenho saúde, inteligência, um trabalho que gosto, e por que gosto de com quem trabalho, sou feliz por que tenho sonhos, tenho planos futuros. Sou feliz por ter fé em Deus, por ser sua amiga íntima, por sabe-Lo presente em minha vida, mesmo questionando formas e estigmas.
Mas também sou triste (não infeliz) e aí não sei dizer bem por que. Sou triste por que choro sempre que estou sozinha, por que me sinto sozinha, por que não sei dividir meus sentimentos, por que gostaria de ser muito diferente de quem sou. Sou triste por que enxergo lugares e sentidos que não sei se gosto de enxergar sempre, mas consigo ainda assim ser feliz por este motivo. Queria questionar menos e seguir mais em frente. Ser mais ativa, menos pensamento. Ser mais concreta, menos sutil, menos etérea. Há momentos que me questiono se estou realmente aqui, e esta reflexão me leva a questionar o que é realmente e o que é aqui. E este processo nunca se encerra e perguntas não podem ser respondidas. Não com respostas, apenas com mais perguntas. Se soubessem o desgaste que isso gera... se soubessem o quanto é difícil ser questionadora. E neste momento eu entro na fase fútil e superficial, que tenta sufocar esta angústia que habita em mim, que tenta tornar-me diferente do que sou, do que tento saber ser. E vou seguindo, mais confusão que ideias, mais ideias que palavras, mais pensamentos que ações, mais ar que terra.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Nós descendemos de um herói


Esta é uma pequena homenagem que faço ao meu avô, que se despediu de nós no último domingo, dia 04 de outubro. Estou racionalizando bastante, e tentando compensar a tristeza com otimismo, com gratidão. Sim, gratidão mesmo. Por que quantas pessoas nós conhecemos que viveram todo o seu ciclo? Que tiveram a oportunidade de viver 90 anos, 62 de casados, comemorar com a família os 90 numa festa linda, conhecer 5 bisnetos, passar seu recado e deixar uma família inteira com saudades, orgulhosos por tê-lo em nossa árvore genealógica? Quantos você conhece? Eu só conheci ele!
Então, segue a homenagem, como a emoção me permitiu expressar.


Coisa freqüente e-mails e mensagens que nos dizem para nunca deixar de dizer a quem amamos que os amamos. Que são importantes para nós. Imaginava que levava essa lição à risca, por que acredito que é verdadeiramente tocante. Não guardo a melhor louça ou roupa para raras ocasiões especiais, digo a quem amo, que amo, como comidas gostosas quando sinto vontade, abraço e beijo e encho de carinho aqueles que me são caros. Mas opa, cometi um pequeno deslize nisso tudo e torço para poder reparar meu erro.
Ontem (28/09), aos 90 anos, meu avô infartou. Está internado, lúcido, mas com uma grave lesão. E no momento em que recebi a mensagem de minha mãe, do outro lado do celular, entendi isso. Entendi a importância do Vô Manel em minha vida, aliás, na vida da minha família.
Meu avô é um pernambucano arretado, forte, decidido, durão, e o elo mais forte entre nós.Você pode se questionar e dizer que o maior elo entre membros de uma família é o amor, e é isso mesmo. Meu avô é o amor em nossa família.
De uma família pobre, com muitos irmãos, no sertão de Pernambuco, veio meu avô para o Rio de Janeiro. Semi analfabeto, lutador, determinado, dotado de valores fortes e até bastante inflexíveis. Tenho muito orgulho de te-los herdado!
Apesar de ser o avô mais próximo geograficamente (morávamos todos no Rio de Janeiro, enquanto meus avós maternos moravam no interior de São Paulo e morreram quando eu ainda era criança) nossa aproximação com eles não era forte. São muitos netos, eu nunca estive entre os favoritos, entretanto agora entendo o quanto ele esteve presente dentro de mim a vida inteira. Eu sou muito parecida com ele. São deles os valores em que acredito e pelos quais me sinto valorizada. A concepção que temos de família, recebemos dele. Somos felizes e unidos. Ele é nosso elo de ligação.
Sim, estamos todos nervosos e apreensivos. Meu avô é estrutura de base, ele é exemplo a seguir. Ele é alguém que quero que saiba de minhas vitórias, de minhas conquistas. Adoro ouvir suas histórias, suas lições, seus conselhos. Falar com ele sempre me deixa feliz, mesmo quando é um pequeno bate papo por telefone. E por que quase não ligava para ele? Por que só agora isso tudo faz sentido em minha mente. Por que enquanto minha mãe, do outro lado do meu celular, me dizia o que estava acontecendo, eu tremia e sofria. E pensava nele, e pedia, mesmo sem pedir, que Deus o protegesse, cuidasse dele. O trouxesse de volta para nós.
Sim, sofro o risco de perder meu avô, a presença física de meu avô. Nunca verdadeiramente o perderei, por que ele está na minha obsessiva mania de honestidade, de verdade, de ser correta. No meu jeito duro e estúpido de ser franca, sincera. Ele está na forma como educo meu filho, com rigor, com disciplina e limites. Ele está na maneira em que lido com meu marido, buscando a harmonia familiar. Ele está no convívio com meus pais, meus tios, minhas primas...
Quando ele nos contava suas histórias, ficava difícil saber o que era realidade e o que era fantasia. Sua vida não foi fácil, teve uma infância dura, diz que matava rolinhas para levar comida para casa. Diz que veio por que era matador em Pernambuco, mas isso eu acho que era lenda, meu avô é um homem de princípios rígidos, um homem trabalhador e pacifico. Foi motorista de táxi, feirante, dono de posto de gasolina e acabou montando uma empresa de radiadores, a Radiador Mauá, cenário de muitas traquinagens da minha infância.
Eu só quero que ele fique bem, e então neste momento, irei correndo até ele dizer o que não sabia que tinha para ser dito até ontem. Que ele é um herói para mim, que o admiro e respeito. Que ele me inspira e me dá norte. Que o amo!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Carta para meu Gigante

Essa é uma carta antiga, escrevi para ele em 2003. Por que gigante? Por que sempre o admirei que é assim que ele é para mim: Um "gigante espiritual", alguém que quero ser, quando eu crescer! Ainda o admiro tanto assim. Aprendo com ele dia a dia, e ele faz questão de dizer que aprende comigo. É pura gentileza esse gigante!!

Vai a carta, assim nunca a perderemos!

"Se meu amor crescer e virar árvore no Pantanal.
Estarei lá. E serei um Tuiuiú, sobrevoando suas folhagens, saudando sua beleza. Farei ninho em seus galh0s, mais uma vez me aconchegando em seu abraço.

Se meu amor crescer e se tornar pé de tangerina, só para me agradar. Estarei lá, enaltecendo-o, como abelha, polinizando suas flores, para que dissemine seus frutos, irradiando pura energia.

Se meu amor crescer e for um simples pé de hortelã, discreto como ele gosta de ser (e por isso mesmo é tão marcante!), quero ser cozinheira e usá-lo como tempero em tudo o que eu venha a fazer. Para que nunca me esqueça o quanto seu gosto é bom, o quanto seu cheiro é bom. E o quanto sua presença valoriza qualquer instante, tornando a vida mais plena. E faria um chá bem forte, para ser assim, mais uma vez aquecida por seu calor.

Mas enquanto ele é Vicente (e eu sou Tati), que seja sempre o quadro em que me espelho. Seja sempre o meu companheiro, meu cúmplice."

O resto é só para ele. Esse eu quero dividir como um exercício de exposição. Por que tenho muita dificuldade de compartilhar meu mundo, e quero vencer essa barreira. Não sei se em algum momento alguém irá ler o que escrevo, mas agora está aqui, para quem quiser acessar. Seja lá o que for.

Um beijo a quem passar por aqui.

Tati.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Começar com o pé direito - É a primeira postagem!!!

"Para ser grande, sê inteiro.
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa,
Põe quanto és no mínimo que fazes,
Assim, em cada lago,
A lua inteira brilha,
Por que alta vive."
(Fernando Pessoa)

Esses versos me acompanham e inspiram vida a dentro. Ainda não consegui ser tão grande quanto busco, mas vou tentando... Já consigo hoje ser toda em cada coisa, mergulhar de cabeça. Isso é uma novidade para mim, sempre fiquei da margem, a espreita, sem me comprometer, sem me aprofundar. Agora já era. Estou de corpo e alma em tudo o que sou, em tudo o que faço, em todos que amo. Obrigada Fernando Pessoa. E obrigada à lua, que me lembra destes versos todas as noites.