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quinta-feira, 11 de maio de 2017

Somos todas, somos uma - Noções pessoais sobre o feminismo


Imagino que, sendo mulher, as questões feministas te avassalam de alguma forma. 
Sim, já fui daquelas que temiam o feminismo. E não entendia por que. Claro, há as questões sobre a forma como o feminismo é mistificado na sociedade machista e patriarcal, entretanto sendo uma pessoa questionadora seria simplista e ingênuo achar que era só este o fator. Eis que agora me percebo e quanto mais assumo a vida e a liberdade, mais me dou conta.
O feminismo me diz que sou livre, que posso ser o que eu quiser, que toda mulher tem os mesmos direitos que os homens. Isso contraria as noções sobre mim que me foram passadas quando criança, quando fui criada dentro de uma redoma de cuidados, com estigmas de frágil e delicada representando a feminilidade. A força da mulher relacionada à dedicação aos demais, aos pais, marido, filhos. Como romper com estas amarras que me libertam da responsabilidade por minhas próprias escolhas? 
É preciso estar muito determinada para assumir-se feminista. É preciso ter raça, é preciso ter gana sempre! 
Numa época convivi com um grupo de feministas, elas (sim, elas) se articulavam em um grande grupo de trabalho ao qual eu jamais fui incorporada. As participações estavam relacionadas à representação de organizações ou experiências. Eu não fazia parte. A experiência de ser mulher simplesmente não me habilitava a estar lá. E olha, se há uma coisa que representa a experiência de ser mulher é a dificuldade em participar das organizações e experiências. Em tempos de crise somos as primeiras a serem cortadas. Não nego que eram mulheres poderosas, porretas! Queria muito ter tido a oportunidade do convívio.  Naquela época não me reconhecia naquele espaço. Eu era feminista, só não sabia disso. Se soubesse o que sei hoje teria batalhado por meu espaço. Agora teria bons argumentos. 
Foi durante a gravidez do meu segundo filho que comecei a despertar para esta potência. E entendi a expressão que diz que certas portas só se abrem por dentro. Foi exatamente assim! Ouvindo, refletindo e... de repente... um clique. A porta estava aberta, escancarou-se aos poucos. Fui entendendo, me apropriando e sim, SOU FEMINISTA! COM ORGULHO E ARDOR! COM ÔNUS E BÔNUS! Quanto ônus... Fica difícil tolerar aquelas famosas "só uma piada", "só uma brincadeira". Perceber as correntes que nos prendem não é tarefa leve, mas é necessário nos movimentarmos ainda assim, ou principalmente por isso. Salve Rosa Luxemburgo! 
Nesta caminhada um pequeno grupo de mulheres se juntou, se reconheceu. Juntas temos trilhado um caminho tão bonito, que diria utópico se não o estivesse vivenciando na prática. Somos quase 20, apoiamos as dores e conquistas umas das outras. Somos uma aldeia! Não há disputas, não há hierarquia (há algo mais patriarcal do que a noção de hierarquia?). Somos acolhedoras, presentes, há delicadeza e verdade no convívio, no apoio. Com elas tenho vivenciado a experiência da empatia, da sororidade. Não são abstrações teóricas. São a práxis. 
Há muito a absorver, entender e incorporar melhor as noções de feminismo interseccional, que grupo de mulheres brancas que somos, ainda que nos sensibilize e também seja assunto de pauta, segue nas aspirações teóricas. Cadê representatividade? 
Quero finalizar dizendo que estas mulheres tem me dado suporte, e eu a elas. Tenho aprendido a amar aquilo que entendia como fraquezas femininas como parte do que sou, e muitas vezes, minhas fortalezas inexploradas. A maternidade é uma vivência plena com nossas reflexões em conjunto. Com o acolher dos prantos e risos. 
Toda mulher é feminista, algumas não sabem ou não estão dispostas a arcar com a força de sua própria liberdade. Suas asas estão podadas. E não é possível empoderar ninguém. Cada mulher empodera a si mesma. O que podemos é mostrar, pelo exemplo, que é possível viver um outro padrão. Aos poucos, cada uma no seu tempo e do seu jeito, vão se chegando. 

We can do it! 

Tati


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Os primeiros versos

Hoje será rápido e intenso. O tempo está muito curto. Peço desculpas aos amigos pela ausência, tenho conseguido me dedicar menos do que gostaria. Agradeço ainda a presença constante e todo o carinho que tenho recebido. Vocês são mesmo especiais!!!

Ontem, no último dia de agosto, o Bê escreveu seus primeiros versos. Ok, ele não sabe escrever ainda, mas sabe falar, né? Fingia que escrevia, fazendo risquinhos no papel, como se escrevesse com letra cursiva,  recitava o versinho, que anotei no papel, e é assim:
Bienal do Livro - 2009

"Colecionar beijinhos
Próprios do amor
Lindos, fofinhos, gigantescos"

Ele falava inclusive com as pausas corretas. Tudo da cabecinha dele. Nunca usamos esta expressão colecionar beijinhos. Por que coleção? Por que é o que estão trabalhando na escola. Até agora falamos de minha coleção de fofoletes, da coleção de bolinhas de gude do Vi, as figurinhas do Ben 10 dele e outras... Beijinhos é nova!!

Gente, vocês podem imaginar o nosso orgulho? O Bê tem 5 anos!!! Eu e Vi nos olhávamos e riamos, o riso frouxo dos pais apaixonados, aqueles, que dão beijinhos próprios do amor para que o filho colecione... 

E para não perder o que se construiu, resolvemos transformar seus primeiros versos em um adesivo, que ilustrará a parede verde que leva da sala ao corredor, e é a primeira que se visualiza assim que abrimos a porta! 

Orgulho grau 257 numa escala de 10!!!!!!!

Beijos,
Tati.


sábado, 21 de agosto de 2010

A véspera do Natal da minha vida


Ontem, em meio às visitas aos blogs amigos, li o texto da Meru Sâmi. Ele juntou-se ao mundo de informações que me atingem neste momento. Ótimas informações, diga-se de passagem.

Nesta fase está difícil me concentrar em outra coisa. A votação vai alta. Eu, online, votando, votando, votando. Recebia comentários dos amigos dizendo: Votei! Ía lá e lá estava(m) o(s) voto(s) dos amigos. Meu coração já não cabia em mim.

A Regina Coeli fez um texto lindo. Mais uma vez chorei. Esta semana foi repleta de choro, choro de alegria. De criança em véspera de Natal, vendo um lindo e grande pacote com seu nome, um laço de fita vermelho, caprichado... É esta a sensação... 

O texto da Meru Sami dizia assim: 

"A melhor forma de você saber se uma coisa é boa e certa, é você refletir se nela está todo o seu amor e, veja se ela preenche o seu coração a ponto de você não querer mais nada. Se assim for, essa coisa é boa e certa.
Quando você escolhe fazer aquilo que lhe preenche de tal forma, você se sente segura e sua auto-estima cresce. Você é feliz."
( Pai Tomé - da Meru Sâmi

Isso para ela contar o momento em que abriu mão de seu trabalho regular, estável, para seguir seu sonho, por uma mensagem recebida de seu sábio Pai Preto Velho. 


Esta semana meu sonho se desdobrou como nunca. A caixa já está sob a árvore, e tem meu nome na etiqueta... 

Não sei em que momento me perdi da minha verdadeira vocação, em que momento de minha vida passei a acreditar que era somente um hobby, um lazerEscrever é minha forma de interagir com o mundo, não sei quem eu seria sem palavras e letras. Por que não escolhi isso na hora de optar por uma profissão? Não sei, tenho outros talentos também que, de alguma forma, prevaleceram naquele momento. Ainda está em tempo de mudar o rumo da minha vida. E me realizar.

Lembro de algum tempo atrás, eu sempre cansada. Trabalhando 6-8 horas no computador e dizendo, estou tão cansada... E o Vi falando: "Não te entendo. Quando estou trabalhando eu nem sinto o tempo passar. Eu não fico assim, cansado como você. Para você, algumas horas de trabalho são tão desgastantes... Você precisa ir ao médico, tomar umas vitaminas..."

Hoje eu sei, o Vi teve a sorte de encontrar o que gosta. Um anjo-amigo um dia deu o chacoalhão, falou: "Cara, você faz todos esses cursos, vive grudado num computador... O que está fazendo aqui? Você tem que trabalhar com isso". Ele se deu conta, correu atrás e faz o que gosta. Acorda às 3h da manhã, quando tem um projeto extra, para não se atrasar para o trabalho. Faz uma viagem de duas horas para ir, mais duas para voltar. Está cansado, mas ama o que faz. E faz bem!

Eu amo escrever. Eu passo um dia inteiro em meio a palavras, entre ler e escrever, e não me canso. Este é meu lazer favorito. É também minha válvula de escape. É o talento que as pessoas descobrem em mim assim que me conhecem. Sou a escritora de cartas e cartões oficial da família. Tem um evento? Tati, escreve para mim? E eu escrevo, as pessoas se encantam. Sempre se encantaram... Como não vi antes que este era meu caminho? Que isso podia ser profissão?

Agora a chance está muito perto. Preciso de votos, muitos votos. Não tenho mais vergonha de pedir, por que pode mudar o rumo da minha história. Meus pedidos podem estar sendo atendidos neste momento. E eu preciso de você, preciso sim!

Obrigada Denise, Macá, IsaLúcia, Tati, Fefa e todos os amigos que passaram por aqui, deixaram recados de estímulo, votaram, colocaram recadinhos em seus computadores para não esquecer de votar todo dia (né, Eliane?)... Vocês não existem, e me fazem muito feliz.

Meus pais estabeleceram metas diárias de votos. Ontem, antes de dormir, via o velocímetro marcando mais e mais votos... Que bálsamo, que alegria me invadiu. Sei que concorro com blogs maiores, mais visitados e mais antigos do que o meu. Vejo também uma movimentação, um cuidado comigo que me comove. 

Então é isso, peço mais uma vez que votem. Espero não me tornar chata ao pedi-lo, entendam a ansiedade de uma crianças vendo brigadeiros ao alcance das mãos. Se puderem, divulguem aos amigos, levem o selo, enfim... o carinho que acharem que dá, já é uma ajuda que se soma...

Um grande beijo a todos,
Ótimo final de semana e...

QUE NOSSOS SONHOS SE REALIZEM! 

Tati.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Meu livro depende de NÓS!!

Só para atualizar: Chorei, chorei mais e ainda estou chorando... Nem vi quantos votos tenho ainda. São 18h30, acabei de chegar em casa e li, na sequencia, as manifestações de carinho de todos. Não deu para segurar. Muito choro... Não fotografo por que me acho ridícula chorando... Obrigada demais a todos!
Mil beijos,
Tati.

Amigos,

Segui a dica da Macá e me inscrevi no concurso da Ediouro Seu blog pode virar um livro. Não sei se já tenho conteúdo aqui para tanto, mas peço, encarecidamente o seu voto. Em época de eleição, quando tanta palhaçada é veiculada em horário eleitoral gratuito, e três ou quatro propostas sérias seguem no bolo, venho até vocês dizer: eu podia estar roubando, eu podia estar escondendo dolares na cueca, mas quero apenas que votem em mim e ajudem uma menina com cabeça nas nuvens a realizar seu maior sonho. Eu acredito que tenho vocação para isso, só preciso de um empurrãzinho... Me ajudem? 

Vocês podem:

1-  Votar, neste link, quantas vezes quiserem;
2- Postar o selo em seus blogs (código disponível na sidebar. É só copiar, abrir um gadget HTML e colar. 
3- Divulgar para os amigos.

Prometo coisas muito gostosas na noite de autógrafos, tá bem? E um sorriso como jamais se viu em meu rosto!

Beijos a todos,
Tati.

Hoje eu chorei...

... foi de felicidade. Daquelas impalpáveis, sabe?
É que hoje o primeiro comentário que li, antes das 7h da manhã, na minha caixa de e-mails, dizia assim:
Salvador Dali
"Tati, quando sai o livro de contos, crônicas ou romance???
Não pode desperdiçar esse talento, por favor!!!
De verdade, fui lendo e, completamente envolvida, ri de mansinho, antecipando o que viria, ri alto e gostoso, reli algumas frases pq a-do-rei...e depois, reli TUDO, simplesmente pq é delicioso "ler vc"!! 
Uma ótima quinta pra vc, adorável escritora!
Bjossss ".


Quem escreveu foi a Denise, do Tecendo Idéias. Uma amiga encantadora, que eu conheci aqui e amo por ser toda esta doçura em forma de pessoa. Ela sempre me joga lá para cima, e pega de volta (não me deixa cair no chão...). 

Por que eu chorei? Emoção. Ela tocou no fundo do fundo do mais fundo em mim. Enquanto eu lia suas palavras fui na sala de aula do meu colégio mais querido e revi os olhos satisfeitos de minha professora de literatura (que é uma escritora e uma professora que admiro) ao ler minhas redações; Revi textos elogiados pela família, as cartas que escrevi em nome de amigas, a pedido delas, para namorados, pais, outros amigos... E fui revendo tantos momentos em que a escrita foi meu norte e me definiu. As situações em que fui afagada por escrever bem. Lembrei da homenagem pelos 90 anos do meu avô e o quanto meu texto emocionou os convidados, e que depois soube pela minha tia, meu avô pedia a ela que lesse sempre, e naquele momento saboreava e perguntava: "É isso mesmo que pensam de mim? Nossa!". E foi nesta hora que eu soube que ele não morreu sem que tivesse a oportunidade de dizer o quanto me era importante.

A escrita sou eu. Na primeira série, com 6 ou 7 anos, escrevi meu primeiro livro. Chamava-se 7 vidas, e eu ainda espelhava o 7. Era um calhamaço de folhas A4 dobradas ao meio, na forma de livrinho, e grampeada no meio, escrito com lápis ou caneta, com desenhos de garrancho (esta arte eu não domino...). Contava a história de um gatinho. Não o tenho mais, não sei que fim levou. Sonho ser escritora desde sempre.


Amo cada livro que passou por minha vida, e que muitos ainda passem. E que alguns sejam escritos por mim,  publicados por alguém e lidos por mais alguns...

Hoje a Denise mexeu num gigante sonolento, no sonho que mais me inspira, no trabalho que eu faria como lazer. Escrever, para mim, é divertido, agradável, feliz. Este sonho é sempre empurrado com a barriga. Ainda não sei como colocá-lo em prática. Como os escritores chegam lá? Já enviei meu primeiro original (só as cópias, claro! heheh) para muitas editoras, todas o recusaram. Tiveram a gentileza de devolvê-lo ou, ao menos, de avisar que não o publicariam. É um livro infantil. Amo este universo. Não desisti, estou apenas me fortalecendo, me inspirando para novas incursões. Dói receber a carta recusando...

A generosa e sábia Sandra Ronca me deu uma mãozinha e as sugestões dela foram ótimas. Eu a chamei de minha Rilke (por causa do Cartas a um jovem poeta)! Estou maturando.É que escrever, para mim, é como produzir vinho, precisa de longos tempos no barril... Algumas coisas não, sento aqui e saem, como esta sopa de letrinhas que agora produzo para vocês. Sei que conforme for lendo, algumas coisas vão sendo mudadas. Quem lê primeiro lê um pouco (ou bem) diferente do último... 

O que quero é apenas agradecer. Por que sinto que está acontecendo, ainda que não tenha a ação concreta em minhas mãos. Sinto-a sendo desenhada em nuvens, o campo sendo preparado. A jornada já começou. E eu choro, com as palavras da Denise, que me dizem exatamente isso. Obrigada, minha amiga. 

Quero depois contar aqui sobre a Sandra Ronca, uma ilustradora e autora de livros infantis, há um post sendo produzido sobre ela, na verdade, sobre meu carinho por ela. Em breve, na sua programação bloguística!! hehe


Que nossos sonhos, aqueles que nos tornam nós, sejam realizados.


Atualizando: Ainda conectada, recebo uma mensagem da Cris França, para que visite seu Canto de Contar Conto. E ela dedica uma canção, que sou eu em essência (apesar de não ter narizinho nada arrebitado fisicamente). Disse a ela que me leu nas entrelinhas. Minha mãe já cantou esta música para mim. Sempre soube que eu era assim e Reinações de Narizinho já foi meu livro de cabeceira quando era uma menina-fada-sonhadora... Obrigada querida Cris França. 


Aos demais amigos, por favor, se quiserem me agradar, deixem para amanhã, tá bem? É que não estou sendo acompanhada pelo cardiologista! hehehehe


Um beijo a todos,





Tati.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Perguntinhas em resposta

Por que filho de peixe...
Nada pode me deixar mais orgulhosa! Meu filho é um menininho curioso, que quer saber o mundo e busca respostas às suas indagações, às vezes para suas indagracinhas.... Mas algumas são de uma profundidade, que me deixam perplexa. Como assim?! Isso é pergunta para um menino de 5 anos?
Então lá vai uma das últimas...

-Mãe, o universo não tem fim?
Minha resposta:
- Não sei. Até onde a gente consegue ver, não tem.


Ele aceitou bem, por que quando desconfia, pergunta ao próximo da fila, e vai neste processo até encontrar uma resposta que o satisfaça.

Agora eu que te pergunto: Você fazia perguntas desta natureza aos 5 anos? Eu, com 5 anos, queria saber o que tinha para a merenda... hehehe
Morro de orgulho!

E já que é para falar do Bê, e das coisas gostosas que ele diz, não quero perder esta.

Ele assistindo um desenho, eu e Vi batendo papo. Ele, querendo atenção, congela a imagem, me puxa pela mão e diz:
- Mãe, vem ver isso. É de rir de rir (morrer de rir)!

Não é de rir de rir? Ai... delícia este pequeno filósofo ...

Beijos a todos,
Tati.

domingo, 20 de junho de 2010

A BELEZA DE SER UM ETERNO APRENDIZ


Hoje eu não estou num bom momento para escrever, por que estou iniciando uma crise de enxaqueca (unilateral, pulsante, com enjôo, fotofobia...), mas acho que não conseguirei me deitar sem falar um pouco sobre o que vivi, e as lições que aprendi.

Dia de festa junina da escola do Bê. Foi uma festa linda, grande, animada. Diferente do que estávamos acostumados, por que na outra escola (que era creche) a festa era fofa, mas pequena, muito pequena, claro!  E nós conhecíamos - e éramos conhecidos por- todos, da portaria à direção.

Esta escola vai até o segundo grau (ou seja lá o nome que tem agora ou que terá quando o Bê estiver nele...).
A dança da turma do Bê foi linda: "Boi do Ceará", os meninos dentro de seus bumba-meu-boi de caixa de guaravita, muito caprichados pelas professoras. Vou tirar fotos e mostro para vocês, mas nada disso foi tão importante quando A lição.

Foi nossa primeira oportunidade de ver, de perto, como está a adaptação do Bê à sua nova vida escolar. Faz um mês, é pouco tempo, ainda mais para quem entrou com o ano em curso... Ele está batalhando seu lugar. Se já admirava meu filho, por ser meu filho, hoje o admiro como indivíduo, e espero aprender com ele, com sua força, sua maneira de encarar a vida! Tenho aprendido muito nestes cinco anos...

Ficou claro para mim que ele ainda está sendo absorvido. Que há crianças que ainda não o aceitaram como parte do grupo. O Bê não é nada bobo, ele também percebe, mas... Ele não liga, ou se liga, segue em frente, não vacila, não desanima. Eu percebi que alguns já o aceitam bem e um dos amigos, que ainda não sei o nome, fez uma festa quando o viu e abriu um sorriso de quem estava realmente contente de encontrá-lo, mas...

Um casalzinho da turma dele estava jogando bola, ele tentou participar, ficou ao lado, chegou sorridente, o menino ia aceitar, a menina não deixou. Falou o nome dele, sabia quem ele era, mas não quis que ele brincasse. Ele tentou mais um pouco. Não deu? Foi em frente, foi até a barraquinha em que o primo estava trabalhando, falou com ele, seguiu a brincadeira. O Bê é feliz! Não adianta dizer em comentários que eu sou responsável por isso. Pode ter certeza que, por isso, não. Este mérito é dele, inerente à personalidade dele! Na verdade, eu quero aprender a ser assim!!!

Eu morro de medo de rejeição, eu não sei lidar com isso. Não intervim na hora que a menina não o aceitou na brincadeira. Se deu vontade? Se você é mãe, então sabe que deu... mas... Se eu o fizesse estaria formatando uma situação, deixando clara a exclusão. Acho que a maneira do Bê de lidar com as adversidades é melhor, mais madura e natural! Eu iria para um cantinho chorar, eu pediria para ir para casa. E por muito menos, já fiz isso. E analisando friamente, a menina tem todo o direito de escolher com quem quer brincar, mesmo que isso doa no fundo do âmago do meu ser...

Fui uma criança muito rejeitada na infância escolar. Não sei se me rejeitavam ou se eu que não me fazia presente, minha timidez era doentia. Em casa, com amigos próximos, eu me soltava. Mas na escola era o que chamam bicho do mato. Ficava sozinha, não sabia fazer amigos. Passava o recreio na fila do bebedouro, para não perceberem que eu não tinha amigos... Sentia vergonha disso também! Nunca sofri o que hoje chamam de bullying, e sei que muitos sofriam. Não tinha esse nome pomposo, mas já acontecia na minha época, com muitas crianças. Não era esse meu caso, eu era sozinha, era invisível.

O Bê não se permite invisível. Ele vive uma grande mudança. O Vi lembrou bem, na outra escola ele era o centro das atenções, era o chamado "queridinho". Da professora? Não, de quase toda a escola, entre funcionários e amiguinhos. Ele está tendo que se adaptar à função de corpo de baile, não é mais o primeiro bailarino da companhia, mas ele tira isso de letra! 

Acho que em pouco tempo ele terá conquistado seu espaço na nova escola, ele tem carisma para isso, mas até lá, o que me deixou tão orgulhosa e admirada foi a maneira como ele está conduzindo sua vida. Ele pode não ser protagonista da grande história da escola, é parte do elenco, quase figurante para o todo, mas para ele, é ator principal da própria vida. Ele não delega a ninguém a própria felicidade! E veste um grande sorriso para mudar seu status.

Ele não teve par, quer dizer, seu par foi uma tia da escola - Linda, por sinal! Não havia amiguinhas para ele dançar. De manhã ele estava na maior animação para a festa, ansioso, preocupado de atrasar, por que não podia deixar o par esperando. A menina que ele disse que era par dele, disse que era par de outro... vai saber... Mas ele dançou lindamente, sorrindo, entusiasmado, fazendo a coreografia direitinho. Olhando para nós e fazendo poses. 

Tudo o que vi hoje me fez lembrar, e lembrança é uma coisa que não sei explicar... Vai entender por que certas coisas puxam outras? Enfim, me lembrei de um período sofriiiido, quando o Bê passou 10 dias internado e o mantiveram no soro. Na primeira furada foi horrível, ele esperneava, gritava, chorava. Quando a enfermeira conseguiu eu corri para o banheiro e tive uma diarréia, de puro nervoso! Mas com o passar dos dias o Bê aceitou aquilo. E na hora que tinha que trocar o acesso, ele já dava o bracinho, olhava nos nossos olhos e esboçava um sorriso. Gente, esta criança tinha acabado de fazer 3 anos! Me emociono só de lembrar. Ele nos deu forças para superar aquela fase. Foi muito forte! A lembrança vem da grandeza dos gestos, não da dor. Hoje não foi doído, foi alegre, feliz, mas a grandeza do Bê... foi semelhante.

Meu coração está tão repleto, parece empanzinado. Sim, já viveu um empanzinamento de amor? Assim me sinto agora. Quero muito aprender, com este guerreirinho de 5 anos, a viver! E serei mais feliz, sem sombra de dúvidas, se souber aplicar suas lições na minha vida. Meu pequeno aprendiz, me ensinando tanto!!! 

Se der, quero voltar neste assunto e me explicar melhor. Sem dor de cabeça, é claro! Por que parece que foi triste, pelo jeito que falei, mas foi maravilhoso e nós chegamos em casa muito felizes (o Bê chegou dormindo...). Estou certa que sua adaptação completa, e isso inclui ser querido por amigos e professores, é só uma questão de tempo. Pouco tempo!

Beijos a todos,
Tati

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Vida Simples - Lugares



O melhor lugar do mundo está dentro de mim, basta eu querer.
Isso é o que tenho aprendido com a vida, mas nem sempre sei colocar em prática.

Se você me perguntar o que eu mais gosto de fazer a lista incluirá viajar. E com isso sou uma pessoa viajada? Se você considerar Pirajuí, Bauru e Bom Jesus do Itabapoana como destinos de viagem... pode ser. Não desmereça, são lugares que tem seus encantos (pelo menos para mim). Ainda não tive a oportunidade de conhecer os destinos dos meus sonhos, farei, pode ter certeza!

O mais longe que consegui chegar foi Recife, e o melhor desta viagem, uma tarde em Porto de Galinhas, ainda não como eu quero. Fui a trabalho e faltou meu amor ao lado, o destino é tão romântico... Estava com minha melhor amiga, foi ótimo, mas quero voltar com Vi e curtir o clima!

Só que não é sobre os destinos dos meus sonhos esta postagem. O que quero compartilhar com vocês é uma descoberta, que deveria ser uma noção inata, mas não é: O melhor lugar do mundo está dentro de mim, está na minha disposição, na minha alegria, na vontade de viver e ser feliz.

Se este lugar está ativado eu sou feliz dentro de casa, na rua, indo à padaria comprar o café-da-manhã. Isso é o que menos importa.

Se este lugar está triste, posso viajar para o Marrocos, para Fernando de Noronha, ver golfinhos nadando ao meu redor, posso estar às margens do Sena ou cercada pelo mar báltico, não importa. Soltarei um sorriso, um suspiro. Ficarei alegre para fotos, mas a felicidade é sensação interna, não depende de paisagens paradisíacas. Viajar não pode ser fuga, não resolve nossos problemas.

Tive a sorte de nascer num cartão postal. Na verdade, nasci na moldura do cartão postal e não na foto, ainda assim, com pequeno deslocamento de carro estou de frente para eles: o mar do Rio, o Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Mirantes e mais mirantes (alguns proibidos de se frequentar). 

Já saí de casa por estar triste e dirigi até o mar, ele me tranquiliza, me mostra, em seus movimentos, que a vida é assim, como ondas, dizia Lulu: "num indo e vindo infinito". Não vou negar que é mais fácil estar tranquila quando a paisagem acompanha, que morar em Búzios deve ser especial, é uma das cidades que mais amo no mundo, mesmo sem conhecer muitas cidades. Esta me encanta! 

Se não posso viajar, posso mergulhar em mim. Na minha mente tenho o destino que eu desejar, posso ser bruxa ou princesa, posso ser menina ou mulher e até homem se eu quiser. Nas viagens do pensamento posso brincar de ser leoa, girafa, hipopótama. Posso tudo que eu desejar, basta estar disposta a sonhar!

Quando busco a felicidade dentro de mim, a encontro, e sigo viagem, rumo às profundezas do pensamento ou ao litoral das divagações, mergulho em ondas cerebrais, subo as montanhas do raciocínio ou submerjo nas águas límpidas da meditação. Tudo que eu quiser! Dentro de mim está o melhor dos mundos, é só eu estar disposta a me amar, ser meu destino e minha melhor companhia. Os demais acompanham, por que se estamos felizes, realmente felizes, atraímos companhia e divinas paisagens.
Vem comigo? Vai contigo?


Beijos,
Tati.
Este texto faz parte da blogagem coletiva proposta pela Mila, Vida Simples, esta semana o tema é: Lugares. Você ainda pode participar! Corre lá! Beijos

P.S: a primeira imagem é montagem minha; a segunda, é daqui

terça-feira, 18 de maio de 2010

O tal coração de mãe




 

Quarta-feira foi o primeiro dia do filhote na escola nova. Ele agora fica só o período da manhã, minha mãe o busca na hora do almoço e então passam a tarde juntinhos, até que de noitinha marido passa lá, depois do trabalho e traz nosso pacotinho de volta. Isso está sendo uma coisa maravilhosa para ele que, em 5 anos de vida, passou 3 na creche em período integral. Sem falar no ganho que é passar a tarde inteira com a avó que ele ama enlouquecidamente.

Sexta-feira resolvi fazer uma surpresa. Interrompi meu trabalho/ estudo e fui buscá-lo na saída, cheia de expectativas. Curiosa por esta nova etapa na vida do pequeno. Coração radiante, segui até a escola caminhando (é perto de casa). Cheguei bem antes, o medo de atrasar me fez adiantar quase 20 minutos...

Fiquei no pátio externo aguardando, sentindo o clima agradável e tranquilo da escola. Até que ele saiu, com sua mochila enorme do pokemon escolhida por ele, uniforme de menino grande, merendeira na mão e... me viu... olhares se cruzaram... grande emoção ... um olhar de... de decepção... de frustração tamanha que nem sei descrever. A merendeira foi ao chão, ele andou em círculos, quase desorientado, ou mesmo numa desorientação total, nem sei. Meu coração apertou sofrido.

Me antecipei em dizer que iríamos para a casa da vovó Mirian antes de qualquer "oi, como foi seu dia". Não havia espaço para cumprimentos. Eu entendi a questão por trás de tudo. Eu sei que o prazer do novo, da casa da avó, da presença de minha mãe, etc, etc tem feito deste um novo momento, mas coração de mãe não foi feito para racionalizar e eu sofri ali, aguardando as covinhas, que não apareceram, sua voz dizendo um Mããããee comprido, como ele sempre disse quando me via na saída da outra escola, mesmo quando a rotina era EU pegá-lo e nunca atrasei... Não posso negar, doeu.

Sei que ainda doerá muitas vezes. E que em alguns anos eu serei um mico ou qualquer outra gíria que se crie para dizer a mesma coisa; sei que não vai mais pedir minha presença em seu quarto para brincar ou para dormir, que não serei mais requisitada para ler histórias ou ouvi-las do seu jeito... sei de tudo isso... mas e daí?

Naquela hora só fiquei triste. E feliz também, por que ele está adorando a nova rotina. Por que aceitou bem e já está adaptado à escola. Em três dias já fez amigos, chega em casa com muitas histórias para contar. Tudo bem se não sou mais a grande novidade. Meu filhote está satisfeito com a vida, adaptou-se tão rápido, eu preocupada com o como seria e ele já é! Filhos são criados para o mundo, não é assim? Estamos fazendo a lição direitinho...

Aí a gente entende o tal do padecer no paraíso. Como mãe, sempre se ganha de um lado, sempre se é feliz de alguma forma. Mesmo uma rejeição pode ser encarada como uma conquista.

E fomos juntos, de mãos dadas, conversando sobre aquele dia, fazendo planos para os próximos, rumo à casa da vovó Mirian. Mas ele já me pediu: "Deixe a vovó vir me buscar, tá bom?"


Amigos, Esta postagem merece um adendo: Eu postei meio insegura se iriam entender o que vivi e percebi que é mais normal do que poderia supor, quem não passou por isso vai passar e TODAS entendemos a dor e delícia do momento. Não consegui responder individualmente, mas agradeço a cada amigo que aqui passou. Eu perdi o comentário do Lynce e da Chica por que postaram ontem (eu errei na programação e acabei tirando do ar, mas está guardado na caixa de e-amail) se alguém souber como restituí-los, agradeço.

O que quero na verdade adicionar (quantos preâmbulos...) é um comentário em especial, por que me fez chorar. A Yvone do Casas Possíveis contou uma história semelhante e invertida. Então, todas nós, mães (ou mesmo pais) podemo entender nosso valor, mesmo que em alguns momentos eles desdenhem um pouquinho... Depois aproveita e visita a Yvone, vocês não vão se arrepender!

Segue parte do comentário: 

"Seu post me fez lembrar da minha filha caçula que costumava ter medo de chuva. 
Numa noite, cheia de medo dos trovões me chamou e dise:
“Vem aqui mamãe estou morrendo de medo..."
- Minha filha respondi; - Deus vai cuidar de você e te ama muito, ou disse algo parecido. Mas a resposta eu gravei:
“Eu sei que Deus me ama” respondeu de pronto; “mas o que eu quero agora é alguém de carne e osso”.
 Fiquei refletindo por muito tempo àquelas palavras, na mensagem contida. E a prova disso é que nunca mais me esqueci.
 Hoje os tres estão belos e criados mas, ainda penso que se eu pudesse começar tudo de novo, era isso que eu queria ser acima de tudo:
O amor de Deus, mas em carne e osso. 

Você é, amiga! Toda mãe é! 

Beijos a todos,

Tati.