Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Cornetas escandalosas



Tá, não chama mais corneta, mas não é isso que são? Não gravei o nome novo, e nem quero, parece que cria intimidade e vai que elas resolvem chegar mais perto ainda... Sim, por que se chegarem mais perto, entrarão no meu apartamento. Quer dizer, entrarão fisicamente, por que seu som histérico já não sai mais daqui...

Ontem tinham, pelo menos 3, com intensidades diferentes de som - ou de sopro - na minha rua, após 23h. Alguns imbecís acham mesmo que tem direito sobre o silêncio, e consequentemente sobre o sono, dos outros.

Fui dormir muito mal humorada, torcendo para que todos os desocupados do mundo engasgassem em suas cornetas e, como podem vem, poucas horas de sono não me deixaram muito bem disposta.

Cuspiram barulho em mim, agora cuspo marimbondos... O problema e que cuspo nas pessoas erradas!! Como sempre!!! Queria jogar fora toda essa irritação, por que estou indo para o trabalho, para um dia tenso e cheio. Pode ser que eu viaje na semana que vem Vá na segunda e só retorne na quinta à noite. Este barlho mental fez par com o barulho das cornetas ontem à noite, conturbando a capacidade de relaxar e dormir. E eu querendo um pouco de silêncio em minha mente...

Se eu for nesta viagem, estarei vivendo uma grande oportunidade. Contatos importantes, conhecimentos idem, junto com pessoas que adoro e admiro, mas... Toda vez que preciso viajar tenho que desatarraxar um pedaço do meu coração e deixar aqui, e isso faz com que o pedaço que segue comigo fique pequenininho... pequenininho... E dói, ah se dói... Deixar filho de 5 anos, que quando eu volto fica tenso se eu vou demorar... Deixar um tumulto na casa, por que sei que fica tumultuado para o Vi sozinho... Levar tudo e não esquecer nada. Encontrar situações e pessoas desconhecidas... Passar uns dias longe do meu canto... Sinfonia que faz muito barulho, tanto quanto as cornetas que deixam-se soprar sem cerimônia, exibidas que só elas!

Se por acaso eu não for, os motivos são piores e terei problemas com meu chefe, portanto, que hoje todas as pendências se resolvam e eu viaje na segunda, por que esta foi a escolha profissional que eu fiz. Desde o princípio, quando era um pedido que eu fazia, em tom de oração, para o universo, já sabia que incluía viagens, e via como uma das vantagens. Só não imaginava o sentimento que traria junto...

Pode ser que, quando o Bê for maior, a carga seja mais leve. Não é uma queixa, entenda bem, eu adoro viajar e sei que estas oportunidades são únicas, mas eu não fazia ideia do quanto doía 4- 5 dias longe de filho...

Agora vou, que hoje o dia promete! Torçam por mim, para o melhor para mim, é sempre assim que eu peço. Acho melhor! Sempre dá certo!!!

Beijos,
Tati.

terça-feira, 15 de junho de 2010

SENTIMENTANDO...

Ou: "No meu país é permitido sonhar..."

Ponho-me a escrever teu(s) nome(s)
com letras de macarrão.
No papel, a cola espalha, cheia de manchas
e debruçados no blog todos contemplam
esse romântico trabalho.
(...)
- Está sonhando? Olhe que a conexão cai!
Eu estou sempre sonhando...
E há em todas as consciências um template verde:
"Neste país é permitido sonhar."

Drummond que me perdoe a infame paródia, é que vinha pensando que destino dar a um pacote de massa de letrinhas que o Bê não aceitava mais, e por isso, venceu a validade. Não queria jogar fora material tão delicado e intrigante. Ah, isso não! Há na minha infância a lembrança da sopa de letrinhas, e esta lembrança é regada a poesia, poesia do Drummond. 

Sempre quis amar assim, de deixar sopa esfriar por não conter o impulso romântico de expressar o seu nome. E hoje eu amo!! Amo mais! 

Amo de cozinhar a sopa, amo de não ter mais sopa a preparar, mas ainda assim ter o desejo de compor seus nomes, separando de um emaranhado de mini letras quebradiças e cola sobre cola localizar as letras que os representam. Escolhi um papel tão romântico como infantil (dá para ver?)

A foto é sempre a parte mais difícil. E eu nem pretendia escrever nada após o poeminha, mas minha necessidade de explicações manifestou-se na sequência. A mesa parece inapropriada para a foto? Mas não é, foi devidamente calculada. Esta mesinha foi um presente do meu anjo, quando me convidou a morar com ele, esta luz rosa que vocês vêem vem de um abajour em formato de peixe, animal com o qual eu trabalhava, e me representava na casa. Hoje é xodó, não só nosso, mas do filhote, que adora a luz que traz para nosso lar. Melhor lugar, impossível!!!

Esse é o prato do dia, que seus corações saiam tão satisfeitos quanto o meu! Bom apetite.

Beijos,

Tati.



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Vida Simples - Lugares



O melhor lugar do mundo está dentro de mim, basta eu querer.
Isso é o que tenho aprendido com a vida, mas nem sempre sei colocar em prática.

Se você me perguntar o que eu mais gosto de fazer a lista incluirá viajar. E com isso sou uma pessoa viajada? Se você considerar Pirajuí, Bauru e Bom Jesus do Itabapoana como destinos de viagem... pode ser. Não desmereça, são lugares que tem seus encantos (pelo menos para mim). Ainda não tive a oportunidade de conhecer os destinos dos meus sonhos, farei, pode ter certeza!

O mais longe que consegui chegar foi Recife, e o melhor desta viagem, uma tarde em Porto de Galinhas, ainda não como eu quero. Fui a trabalho e faltou meu amor ao lado, o destino é tão romântico... Estava com minha melhor amiga, foi ótimo, mas quero voltar com Vi e curtir o clima!

Só que não é sobre os destinos dos meus sonhos esta postagem. O que quero compartilhar com vocês é uma descoberta, que deveria ser uma noção inata, mas não é: O melhor lugar do mundo está dentro de mim, está na minha disposição, na minha alegria, na vontade de viver e ser feliz.

Se este lugar está ativado eu sou feliz dentro de casa, na rua, indo à padaria comprar o café-da-manhã. Isso é o que menos importa.

Se este lugar está triste, posso viajar para o Marrocos, para Fernando de Noronha, ver golfinhos nadando ao meu redor, posso estar às margens do Sena ou cercada pelo mar báltico, não importa. Soltarei um sorriso, um suspiro. Ficarei alegre para fotos, mas a felicidade é sensação interna, não depende de paisagens paradisíacas. Viajar não pode ser fuga, não resolve nossos problemas.

Tive a sorte de nascer num cartão postal. Na verdade, nasci na moldura do cartão postal e não na foto, ainda assim, com pequeno deslocamento de carro estou de frente para eles: o mar do Rio, o Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Mirantes e mais mirantes (alguns proibidos de se frequentar). 

Já saí de casa por estar triste e dirigi até o mar, ele me tranquiliza, me mostra, em seus movimentos, que a vida é assim, como ondas, dizia Lulu: "num indo e vindo infinito". Não vou negar que é mais fácil estar tranquila quando a paisagem acompanha, que morar em Búzios deve ser especial, é uma das cidades que mais amo no mundo, mesmo sem conhecer muitas cidades. Esta me encanta! 

Se não posso viajar, posso mergulhar em mim. Na minha mente tenho o destino que eu desejar, posso ser bruxa ou princesa, posso ser menina ou mulher e até homem se eu quiser. Nas viagens do pensamento posso brincar de ser leoa, girafa, hipopótama. Posso tudo que eu desejar, basta estar disposta a sonhar!

Quando busco a felicidade dentro de mim, a encontro, e sigo viagem, rumo às profundezas do pensamento ou ao litoral das divagações, mergulho em ondas cerebrais, subo as montanhas do raciocínio ou submerjo nas águas límpidas da meditação. Tudo que eu quiser! Dentro de mim está o melhor dos mundos, é só eu estar disposta a me amar, ser meu destino e minha melhor companhia. Os demais acompanham, por que se estamos felizes, realmente felizes, atraímos companhia e divinas paisagens.
Vem comigo? Vai contigo?


Beijos,
Tati.
Este texto faz parte da blogagem coletiva proposta pela Mila, Vida Simples, esta semana o tema é: Lugares. Você ainda pode participar! Corre lá! Beijos

P.S: a primeira imagem é montagem minha; a segunda, é daqui

sábado, 12 de junho de 2010

A reforma da casa!

Oi amigos,

Espero que o dia dos namorados esteja quentinho por aí como está por aqui, apesar das baixas temperaturas que os termômetros insistem em marcar.

Vovó Mirian e vovô Pereira, com a generosidade que lhes é peculiar dividiram o dia, o que nos deu oportunidade de um almoço romântico, a sós, num restaurante super charmoso aqui do bairro, o namoro foi com hora marcada, por que o segundo turno era dos avós e tínhamos que buscar o Bê. Então, nosso fim de tarde foi um triângulo amoroso feliz, com brincadeiras e joguinhos.

E para completar, marido-namorado-fofo me ajudou a dar jeito neste blog que vos fala. É que eu, curiosa como sou, saí mexendo nesta nova ferramenta de design que apareceu como mágica, mas fiz um monte de besteiras e no final, meu template ficou AZUL. Tava bonitinho até, mas não era eu, Ah, não era mesmo... Eu sou uma menina verde, estou muito mais para Fiona que para Cinderela. Então, o amor da minha vida, que tem muito talento para mexer em sites e etc, me ajudou a deixar como eu queria. E agora me senti em casa!

Espero que vocês gostem da cara nova, vai ser um prazer recebê-los no ambiente decorado! A casa é de vocês, mas lembrem-se de não colocar pés no sofá, hein!

Beijos,

Tati.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A festa de "amigos para sempre"

Quando o Bê saiu da escola, e nós saímos junto, percebi que estávamos deixando nossa família para trás. É como a experiência da Fran, em viver nova vida, em novo local, longe dos seus. É bom, mas é duro. A despedida no dia em que fomos conversar com a coordenadora foi difícil para nós e para ela, há uma relação de confiança, de amizade, e o medo de perdê-la. E como só fomos eu e Vi ficou faltando a despedida do Bê. Combinamos então uma festa de despedida. Na verdade a ideia não era de uma festa padrão, mas uma oportunidade de confraternizar, dele estar mais uma vez naquele ambiente, já sabendo que não faria parte da rotina.

Lá as festas acontecem às quartas-feiras, sempre. Como havia eventos marcados para as 2 quartas seguintes e querendo que o Bê já estivesse mais adaptado ao novo ambiente (para perceber que mais ganhou do que perdeu), dexamos o tempo passar. Um mês depois, eis que fizemos a festa.

Inspirada pelas amigas blogueiras que criam coisas lindas por aqui, resolvi me aventurar. Vocês criaram um monstro!!! E junto com marido, fiz uma lembrancinha pra os coleguinhas de turma, com uma tag (chique demais) de algo que chamei de craft fake (sim, tudo photoshop, não há colagens). Na tag (ui!) coloquei nossos contatos, todas as formas de mantermos alguma relação: endereço, telefone, e-mails, orkut do Bê. Só não coloquei Twitter e Facebook, por que, apesar de ter, não sei usar direito e seria uó não conseguir responder... Por favor, entendam a arte a gracinha como obra de iniciante!

  

E fizemos também algo semelhante para as professoras. As fotos estão toscas, basta dizer que eu terminava os caderninhos ontem às 13h, quando a festa era às 15h... Pouco tempo para fotos produzidas, certo? Mas queria muito contar para vocês tudo que estávamos vivendo e também por que prometi para marido, que queria ver como ficou pronto. Ele participou da parte gráfica, do design (alguém me leva tão a sério quanto eu?), mas não viu nem mesmo impresso, por que nossas 2 impressoras entraram em greve, e nem foi por falta de cartucho... 
  
A sequência: imagem jpg, colada no caderninho (caderneta) e embalada, em celofane, com um bombom. 

Apesar de simples, fez sucesso. Os textos são meus, marido mudou a ordem de algumas frases e achei que ficou melhor. Deu para presentear quem nos presenteou por tanto tempo, entre professoras, auxiliares, funcionárias.

A festa foi muito legal. Na verdade um lanche em companhia dos amigos: batata frita, suco, brigadeiro, bolo. O Bê, tão eufórico, que estava difícil controlar. A emoção era nova e assustava, eu acho. Ele foi recebido com tanto carinho, sabia que não podia ser diferente, quando a gente sente é especial.

Já na entrada tanta festa, tanto abraço, tantos sorrisos. Tia Regina da secretaria abraçou, beijou, e ele cheio de sorrisos. Depois tia Natércia, da limpeza. E aí as professoras, tia Sônia da cozinha... e assim por diante. Ele foi prestigiado por todos, até que... chegou na sua turma! Acabamos com a aula da tia Dani, todos eufóricos e felizes, os 15 da sala mais o Bê. Tentei tirá-lo de lá, não consegui. Ele foi incorporado à aula do dia, até o horário do lanche. A brincadeira rolou solta e ele estava muito feliz. A foto diz tudo, aquele sorriso pleno que só podemos dar abraçados com o melhor amigo. Este é o melhor amigo nº 1 que ele tem no mundo! hehehe 

O Bê estava tãããão feliz!! E eu fiquei também. A Elaine, como sempre, nos recebeu muito bem, com aquele carinho que lhe é peculiar. Como me sinto em casa na Bambalalão!! Vou sentir muitas saudades. Ontem consegui voltar para casa de alma lavada, finalmente me senti leve. As amizades aqui cultivadas mantém-se muro afora.

E o presentinho deu certo. De noite, na própria quarta, o melhor amigo ligou e eles se falaram por muito tempo no telefone, já combinando o passeio. Eu e a mãe do amigo já conversamos, sabemos da responsabilidade de mantermos esta amizade, que é linda e pura. Eu tenho uma amiga desde os 5 anos e mesmo a distância não nos separou. Ontem, outra amiguinha, a Bia, também ligou. O pai disse que ela está tristinha desde que o Bê saiu da escola, sentindo muita saudade. É que meu pimentinha é muito cativante, gente!
Está difícil escrever esta história, foi mais sensação do que palavras, foi bom demais de viver, não sei como descrever. Entendam que é 100% emoção e carinho, que lá sabemos que estamos em casa, mesmo que esta não seja mais nossa casa de fato (ou seria de direito?). Que torço para que muitos laços criados possam ser mantidos, não apenas com amiguinhos do Bê, com os amigos que nós fizemos e que incluem a coordenadora, professoras, funcionários e mães de alunos.

Despeço-me com a foto da turma toda. Como estavam felizes... meu coração quase explode com tal demonstração de amor ao loirinho...

Tenho a certeza de ter feito a coisa certa. Saí mais tranquila e o Bê também, agora ele entendeu que não perdeu: ganhou novos amigos e mantém os antigos. A vida é assim! 

É muito gratificante quando conseguimos encerrar um ciclo sem fechar as portas. Estamos plenos!

Beijos a todos,

Tati.

P.S.: Amei a participação de vocês na pegadinha de português e vou escrever sobre isso na sequência, tá bem? Não esqueci. Adianto apenas que a maioria acertou. Foi um barato, e dei gargalhadas com algumas respostas!!

Mais beijos.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Agradecimento e pegadinha


Oi Pessoal,

Obrigada pela força ontem. Ajudou, e não foi pouco. Desculpem a falta de comentários nos blogs de vocês, ontem foi dia de ficar bem quietinha. Resolvi viver minha dor até a última gota. Lembrei histórias que me fizeram chorar, outras que me fizeram rir e mesmo rir e chorar ao mesmo tempo, momentos vividos ao lado da Flor, ou em função dela. Histórias e mais histórias. Ontem eu me permiti (mesmo tendo ficado menos tempo sozinha do que eu desejava...). É que hoje vivemos um evento importante, que contarei para vocês em detalhes, talvez amanhã, e estava envolvida com os preparativos.

O evento? Ah, é... quase esqueço de contar... hehehe Hoje fizemos uma festinha de despedida para o Bê na escola velha, na verdade, uma festa de "vamos continuar amigos?" e foi linda, divertida, alegre. Não foi triste, como cheguei a sentir medo que fosse. Mas amanhã entro em detalhes (com fotos!).

Passei por aqui agora, tarde para mim (quase 10h da noite...), mas recebi um e-mail muito legal que quero compartilhar. Um teste de português. Yeeeeeeeeeeeeeeeessssssss!!! Mas é rapidinho e divertido. Faz aí, vai!
Posto o resultado amanhã. Será que você descobre? Aguardo ansiosa os comentários... não me deixe na mão, hein!

Então lá vai:

Na frase abaixo, deverá ser colocado 1 ponto, (além do ponto final, que já existe), e 2 vírgulas para que a frase tenha sentido.
"MARIA TOMA BANHO PORQUE SUA MÃE DISSE ELA PEGUE A TOALHA."

Não é impossível, eu acertei, mas é pegadinha... Tem que transcender, tem que transcender... hehehe
Beijos,
Tati.

terça-feira, 8 de junho de 2010

HOMENAGEM, AINDA QUE TARDIA


 

Odeio homenagens póstumas, parece coisa de quem perdeu o bonde. Para mim, homenagens devem ser feitas enquanto o homenageado está vivo, presente, pode receber todo aquele afeto. Depois, para quem é a homenagem? Claro que lembrar de quem já partiu é necessário, que falar de quem já foi é uma forma de trazê-lo de volta à vida... mas homenagens são sempre mais generosas quando podem ser apreciadas pelo homenageado! É assim que eu penso e pronto!

Só que hoje vou morder a lingua. E vou dizer o motivo de minha homenagem póstuma: CULPA!!
Sim, muita culpa. Hoje, minha gatinha, minha filhotinha linda, minha japonesa, minha gorda, minha neném partiu. Ela já não era um neném há muito tempo. Estava velhinha, doentinha, magra... E também já não era minha há muito tempo. Eu dizia que era minha "filha casada", pois morava em outra casa - a da minha sogra - que a acolheu com muito carinho e por isso serei eternamente grata!

A Florzinha é uma gatinha vira-lata tricolor, por quem me apaixonei nos idos de 1995, quando a vi, junto com seu irmão amarelinho, dentro de uma gaiola de pássaros, na porta de uma pet shop. Estavam ali à espera de alguém que os adotasse. Não resisti, levei os dois para casa. Inventei uma história maluca, que minha tia-avó tinha me dado de presente e que não pude recusar (meu pai ODIAVA gatos). Os dois foram morar no meu quarto. Eram tão pequenos!! Ela era menor que ele, e queria imitá-lo em tudo, só que se atrapalhava, caía... Ela era meu alter-ego desde sempre: estabanada, de lua, mal humorada, agitada, preguiçosa, manhosa... Passava horas do dia observando-os.

Recebi um ultimato: dois não dava! Ok, vou escolher um dos dois. Fiquei com ela!! Não dava para ser diferente! Coisa mais linda, fofa, levada e muito, muito engraçada.

Vivemos grandes aventuras. Havia tanta intimidade e cumplicidade. Primeiro cio, a bichinha enlouqueceu. Miava, gritava, esfregava-se por tudo. Tentei manter as portas fechadas, ela era ainda uma criança, não podia deixá-la solta, um gato mal intencionado podia comprometer-lhe a reputação! Não deu certo, minha adolescente fugiu e voltou grávida. Assumi meus netos: 4! Ela teve uma gravidez tranquila, e me aguardou chegar do cursinho (sim, pré-vestibular na época...) para ter seus bebês: Cheguei, ela pulou no meu colo, rompeu a bolsa, molhou meu jeans. Fomos para seu ninho no meu quarto. Sentei ao lado dela e fiquei lá até o último filhote. Minha mãe levou lanche para mim, ela não queria que eu saísse de seu lado. Tive que correr para o pipi, minha mãe disse que ela ficou ansiosa, me procurando. Não saí mais! Foi mágico e intenso!

Foi ótima mãe, mas tinha clara predileção por um dos filhos. Um macho amarelo, muito sabido, que ganhou o nome de Simba da família que o acolheu.

Vivemos grandes histórias, muitas e muitas ao longo de sua vida. Quando o Vi me chamou para morar com ele avisei, sou pacote completo! Ela foi morar com a gente. Aos poucos o conquistou de tal forma que quem ficava de fora das brincadeiras era eu! Era a ele que ela cumprimentava primeiro quando chegávamos.

E onde está a culpa nisso tudo? Foi a primeira mordida de lingua! Quando estava grávida ouvi muitas vezes: "agora você precisa se desfazer da gata..."  gente, sou veterinária. Sei que toxoplasmose tem muito menos a ver com o gato do que com carne mal passada. E eu nem comia carne!!! Para pegarmos toxoplasmose do gato temos que engolir fezes de gato ou carne de gato, e isto nunca fez parte do cardápio lá em casa.

Só que quando o Bê nasceu começaram as crises de asma, cada vez mais fortes. Fui pensando no assunto, me fortalecendo e num dia, numa consulta pediátrica de urgência, no meio de uma crise horrível, tomei coragem e perguntei para a médica dele: "A gata pode estar agravando o problema?" Sim, pelo de gato é muito fininho, pode e muito piorar o problema, além disso, saliva de gato é extremamente alergênica... Well, o que fazer? Minha gata já tinha mais de 10 anos, era uma senhora madura, gorda, castrada, linda, mas idosa. Como entregar minha filha assim? Chorei horrores e procurei uma casa que eu confiasse. Na da minha mãe não podia mais, pois o Bê ficava com ela durante o dia, enquanto eu trabalhava.

Minha sogra, de forma muito generosa, aceitou abrigá-la. Mora em uma casa enorme, com quintal idem, sempre tem gente em casa. Para a Flor foi melhor, eu acho. Lá em casa era uma vila, casa pequena, sem quintal, ficava presa e sozinha o dia inteiro... Mas e a saudade? E os laços criados?

No início mantive a compra da ração premium que era seu cardápio gourmet, visitava com mais frequência, ainda assim não era a mesma coisa, não tinha mais aquela coisa de carinho no colo, no sofá da sala... Aos poucos, vida corrida, comecei a vê-la apenas quando íamos à minha sogra (quase todo final de semana). Então veio nossa grande recessão e parei de comprar sua ração. Minha sogra assumiu o papel de provedora. A idade começou a pesar, ela ficou doente algumas vezes (entendam, sou veterinária, mas NUNCA fui clínica), precisava levá-la ao clínico. Como? De verdade, não tinha recursos para isso. Chorei algumas vezes a raiva da indignidade que isso representa. Queria poder oferecer-lhe coisa melhor, naquele momento não podia. Liguei para alguns amigos, consultas por telefone, o que sabemos não é o mesmo. Sei que não cuidei dela como devia, como ela merecia. Sei que também não ando cuidando de mim como devo, mas isso tudo se resolverá em breve! Minha filhotinha não estará por perto para receber o tratamento que merece.

Este domingo ela já estava muito caidinha, eu fiquei com ela, no chão, rezando para que aquilo não se prolongasse, para que ela partisse em paz. Que dor a da despedida, que dor maior despedir-se com culpa... Saí de lá e disse para o Vi: "Sabe que hoje foi a última vez que vimos a Florzinha, né?". Achei que ela não chegaria ao dia seguinte. Estava serena, mas de partida.

Hoje o Vi ligou, a Flor despediu-se. Viveu muito e bem. Recebeu amor, distribuiu amor. Foi especial, e eu queria ter feito mais por ela.

Hoje faço aquilo que acho horrível, a tal homenagem póstuma, por que preciso dizer, para mim e para quem quiser ouvir, que a Flor merecia mais. Merecia melhor. E que eu sinto saudades!!

Tati.