Fiquei com medo de não conseguir escrever, mas vício é fogo!!! Ainda bem que ideia desconhece agenda, horário, cronograma e chega assim, sem avisar ninguém e não espera ser anunciada... Não quis perder a oportunidade. Na terça-feira, no banho, me lembrei de um dos brancos mais mágicos da minha vida. E torna-se ainda mais especial pelo momento que vivemos esta semana.
A gente aprende na escola que branco não é ausência de cores e sim a união delas, né? E é bem difícil entender isso quando a folha inicial, aquela que será preenchida por cores e imagens, é branca! Parece sempre que o branco é ponto de partida.
Quando eu era criança meus avós tinham um apartamento em São Lourenço, MG e viviam mais lá do que aqui. O pensamento que me veio à mente, na terça, no banho, é que imagino que tenham sido os anos mais felizes da vida deles (lembrem-se, foram 62 anos de casados. Não sei quantos eles viveram em S.L, por que eu era criança e contabilizar tempo não tinha a menor importância nesta época).
Nós íamos muito para lá em períodos de férias. A maioria das vezes fui com meus pais, uma única vez fui sozinha com meus avós. Muitas vezes meus primos e tios também iam e as lembranças de São Lourenço tem muito mais cor e sabor do que águas de todos os tipos.
Mas e a lembrança branca? Pois é. No Parque das Águas, além da fonte Vichy, que eu achava a mais linda, mas acho que o que eu mais gostava era dos cisnes (brancos)... tinha uma máquina de pintura, que tem estrutura verde e não branca. Não sei quem conhece esta máquina e nem sei se existe em mais algum lugar do mundo. Não sou tão viajada quanto gostaria... Mas a questão é que esta máquina funciona assim: Coloca-se o papel (branco) numa espécie de vitrola e tem um monte de bisnaguinhas de tintas variadas (é como se você colocasse mostarda e catchup multicoloridos no papel). A gente despejava a tinta aleatóriamente e liberava para o cara ligar a máquina, que girava tão rápido que toda aquela tinta multicolorida ficava... BRANCA! Sim, as muitas cores, quando giravam e se somavam, ficavam brancas!! Quando a máquina parava a gente via uma "pintura abstrata", muitas vezes estilo mandalas (Viu, Dalla!), e levávamos nossa obra de arte para casa felizes demais. Queríamos fazer muitas e muitas vezes. Criança é tudo Tele Tubbie...
Onde está o mais especial de toda esta história? Na lembrança de meus avós. Já falei em postagens mais antigas que não tínhamos uma relação muito próxima, mas eles eram meus avós, eram os pais de meu pai e fizeram parte de muitos e muitos momentos de minha vida, principalmente na infância. Em outubro meu avô fez "a viagem", como ele costumava dizer. E na quarta-feira, minha avó despediu-se de nós.
Os dois, em 2007, comemorando 60 anos de casados.
A sorte é termos boas lembranças para guardar no coração e lembrarmos deles com carinho. São Lourenço, para mim, representa a felicidade maior dos meus avós, então imagino agora que eles estejam se reencontrando e que o cenário seja esta linda cidade, que lá eles posam voltar a ser felizes e saudáveis. A família que ficou sentirá saudades, mas permanecerá de pé, unida, forte.
Eu achei que estivesse tranquila, mas foi muito duro lidar com esta foto agora...
Que a gente aprenda que o branco, no luto, tem mais a ver com acreditar na imortalidade da alma, na sobrevivência do espírito e que ele seja sereno, emissor de paz. Vamos substituir o preto em nossos corações por uma imagem branca, de todas as cores em movimento. A vida precisa ser feliz, aprendendo a conviver com perdas e mudanças!
Esta é a última semana da blogagem coletiva proposta pela Glorinha do Café com bolo. Foram 7 semanas maravilhosas (eu perdi a primeira - amarela). Apesar de já ter agradecido muitas vezes, espero que eu não seja chata em repetir OBRIGADA Glorinha, sua ideia foi mais do que colorida, foi ILUMINADA!!! Que a despedida seja um luto branco, de renovação, renascimento. Que as amizades aqui descobertas solidifiquem-se, cresçam. Estaremos juntos na Blogagem da Mila - Vida Simples, e em outras que surgirão pelo caminho.
Foi um grande prazer. Obrigada a todos que passaram e deixaram comentários fofos, aos que ao menos leram o que escrevi, aos que escreveram postagens que alegraram ou fizeram pensar, e também aos que emocionaram e até fizeram chorar. Sentirei saudades e me lembrarei com carinho deste período.
Beijos a todos,
Tati.
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