Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

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sábado, 21 de agosto de 2010

A véspera do Natal da minha vida


Ontem, em meio às visitas aos blogs amigos, li o texto da Meru Sâmi. Ele juntou-se ao mundo de informações que me atingem neste momento. Ótimas informações, diga-se de passagem.

Nesta fase está difícil me concentrar em outra coisa. A votação vai alta. Eu, online, votando, votando, votando. Recebia comentários dos amigos dizendo: Votei! Ía lá e lá estava(m) o(s) voto(s) dos amigos. Meu coração já não cabia em mim.

A Regina Coeli fez um texto lindo. Mais uma vez chorei. Esta semana foi repleta de choro, choro de alegria. De criança em véspera de Natal, vendo um lindo e grande pacote com seu nome, um laço de fita vermelho, caprichado... É esta a sensação... 

O texto da Meru Sami dizia assim: 

"A melhor forma de você saber se uma coisa é boa e certa, é você refletir se nela está todo o seu amor e, veja se ela preenche o seu coração a ponto de você não querer mais nada. Se assim for, essa coisa é boa e certa.
Quando você escolhe fazer aquilo que lhe preenche de tal forma, você se sente segura e sua auto-estima cresce. Você é feliz."
( Pai Tomé - da Meru Sâmi

Isso para ela contar o momento em que abriu mão de seu trabalho regular, estável, para seguir seu sonho, por uma mensagem recebida de seu sábio Pai Preto Velho. 


Esta semana meu sonho se desdobrou como nunca. A caixa já está sob a árvore, e tem meu nome na etiqueta... 

Não sei em que momento me perdi da minha verdadeira vocação, em que momento de minha vida passei a acreditar que era somente um hobby, um lazerEscrever é minha forma de interagir com o mundo, não sei quem eu seria sem palavras e letras. Por que não escolhi isso na hora de optar por uma profissão? Não sei, tenho outros talentos também que, de alguma forma, prevaleceram naquele momento. Ainda está em tempo de mudar o rumo da minha vida. E me realizar.

Lembro de algum tempo atrás, eu sempre cansada. Trabalhando 6-8 horas no computador e dizendo, estou tão cansada... E o Vi falando: "Não te entendo. Quando estou trabalhando eu nem sinto o tempo passar. Eu não fico assim, cansado como você. Para você, algumas horas de trabalho são tão desgastantes... Você precisa ir ao médico, tomar umas vitaminas..."

Hoje eu sei, o Vi teve a sorte de encontrar o que gosta. Um anjo-amigo um dia deu o chacoalhão, falou: "Cara, você faz todos esses cursos, vive grudado num computador... O que está fazendo aqui? Você tem que trabalhar com isso". Ele se deu conta, correu atrás e faz o que gosta. Acorda às 3h da manhã, quando tem um projeto extra, para não se atrasar para o trabalho. Faz uma viagem de duas horas para ir, mais duas para voltar. Está cansado, mas ama o que faz. E faz bem!

Eu amo escrever. Eu passo um dia inteiro em meio a palavras, entre ler e escrever, e não me canso. Este é meu lazer favorito. É também minha válvula de escape. É o talento que as pessoas descobrem em mim assim que me conhecem. Sou a escritora de cartas e cartões oficial da família. Tem um evento? Tati, escreve para mim? E eu escrevo, as pessoas se encantam. Sempre se encantaram... Como não vi antes que este era meu caminho? Que isso podia ser profissão?

Agora a chance está muito perto. Preciso de votos, muitos votos. Não tenho mais vergonha de pedir, por que pode mudar o rumo da minha história. Meus pedidos podem estar sendo atendidos neste momento. E eu preciso de você, preciso sim!

Obrigada Denise, Macá, IsaLúcia, Tati, Fefa e todos os amigos que passaram por aqui, deixaram recados de estímulo, votaram, colocaram recadinhos em seus computadores para não esquecer de votar todo dia (né, Eliane?)... Vocês não existem, e me fazem muito feliz.

Meus pais estabeleceram metas diárias de votos. Ontem, antes de dormir, via o velocímetro marcando mais e mais votos... Que bálsamo, que alegria me invadiu. Sei que concorro com blogs maiores, mais visitados e mais antigos do que o meu. Vejo também uma movimentação, um cuidado comigo que me comove. 

Então é isso, peço mais uma vez que votem. Espero não me tornar chata ao pedi-lo, entendam a ansiedade de uma crianças vendo brigadeiros ao alcance das mãos. Se puderem, divulguem aos amigos, levem o selo, enfim... o carinho que acharem que dá, já é uma ajuda que se soma...

Um grande beijo a todos,
Ótimo final de semana e...

QUE NOSSOS SONHOS SE REALIZEM! 

Tati.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O amor por quem eu sou

Este texto é parte da Blogagem Coletiva proposta pela Glorinha, do Café com Bolo
Prato do dia: Auto-estima/ Amor próprio

Quem sou eu?

Lembro da primeira vez que me deparei com esta pergunta, assim, à queima roupa, quando me inscrevi no orkut. Como assim? É possível responder "quem se é?"

Eu estava grávida, numa fase em que tudo são incertezas. Hoje entendo quando amigas grávidas ou recém mães definem-se como "a mãe do fulano". Chega uma hora que não sabemos mais mesmo... Tudo é tão diferente. Sonhos mudam, ideias então, nem se fala. As prioridades são outras... É um novo eu emergindo, menos eu do que o anterior, por que o outro ser torna-se maior que o EU.

Via meus amigos entrando no orkut, definindo todos aqueles campos, com suas preferências de filme, comida, atividades, paixões... O que gosta nisso e naquilo? E pior, as comunidades. Pessoas cheias de preferências, de comunidades do tipo amo, adoro, odeio, faço... E eu? Quem era eu naquele momento? 

Entendam a fase: Eu era uma veterinária em crise profissional, que tinha acabado de pedir demissão e fui fazer curso de editoração eletrônica. Estagiava numa produtora de vídeo, onde meu chefe me colocou no atendimento... e grávida! 

E esta não foi minha primeira grande crise não. Nesta eu já estava escolada. A primeira foi na época em que eu me formava. Já se vão mais de 10 anos... Até aquele momento eu era cheia de mim, cheia de certezas e convicções. Se me perguntassem quem eu era eu diria: Uma veterinária muito bonita, com muitos amigos, um futuro profissional brilhante pela frente e um namorado que me amava muito. Tudo muito, tudo ótimo, tudo estável e agradável. Vida fácil e boa. Ainda nem tinha me formado e o dono da empresa onde eu estagiava me ofereceu emprego. Eu pedi que ele aguardasse dois meses, o que faltava para eu me formar, e então assumiria o cargo. Estava radiante, achando que eu já colheria TUDO o que tinha semeado... Eu não sabia nada sobre semeadura... hehehe

Então de repente, o namoro acabou e meu ex começou a namorar outra na própria faculdade (acho que mesmo antes da gente terminar); a proposta de emprego desapareceu, por que formada eu ganharia mais do que como estagiária. Nesta crise toda eu tive um distúrbio hormonal e fiquei gordinha e cheia de espinhas. As espinhas que não tive na adolescência, chegaram aos 25 anos. 

Eu não suportava me olhar no espelho. Minhas roupas não cabiam em mim. Meu pai me cobrava emprego, já que tinha me formado. Minhas amigas, a maior parte delas ainda não tinha se formado, saíam e eu não podia mais acompanhar. Algumas vezes elas decidiam me bancar, para que eu pudesse ir. Hoje consigo me sentir querida pelo gesto, na época, sentia-me péssima, eu não tinha como retribuir na outra semana ou no outro mês... 

Acabei optando por ficar em casa. Os primeiros finais de semana foram péssimos. Eu estava impedida de sair. Aos poucos fui aprendendo a aproveitar minha companhia. Ficava no meu quarto, ouvia música, lia e escrevia. Descobri novas faces em mim, e gostei! 

Gostei da minha escrita, das minhas reflexões. Nesta fase busquei o Centro Espírita, onde conheci o Vi. Me amei naquele trabalho, fiz novos amigos, que me achavam doce, suave. E amei esta nova Tati. Ainda gordinha, ainda com espinhas... Fui me tratando.

Trabalhei com coisas que não gostava muito. Até vendedora de produtos veterinários eu fui, representando laboratórios. Nesta função descobri outras coisas boas em mim, outras características desconhecidas. E também muitos dos meus defeitos apareceram, fui aprendendo a lidar com eles...

Fui percebendo que quanto mais faces e talentos descobrimos que temos, melhor lidamos com as fases de transição, de mudança. Por que há em que se identificar. Quando somos rígidos demais, focados demais, do tipo: "Sou uma pessoa que..." a chance de frustração, de deprimir, de arriar, são maiores. A vida não é estável, é mudança. E temos que ser cíclicos e mutáveis.


Demorei a chegar nesta definição:




Esta foto faz parte de um presente
que o Vi fez para mim. E amo!
 "Venho tentando responder esta pergunta há muito tempo. Às vezes sou calma e tranquila, muitas vezes uma tempestade! Sou alegre e animada, em certos momentos tensa, ansiosa, deprimida... busco respostas às minhas questões, e nisso sou incansável. A cada dia uma nova Tati emerge em mim, e quanto mais Tatis eu me torno, mais eu gosto de ser quem sou!"

E quando descobrimos, e aceitamos nossas novas faces, fica mais fácil se amar. Com qualidades e defeitos. Como posso ter certeza? Não posso. Sei que nesta nova guinada, a transição está sendo menos sofrida. É só a experiência de uma menina, que sonha e busca se conhecer.


Ainda quero chegar ao proposto por Renato Russo: "provar para todo mundo, que eu não precisava provar nada para ninguém". Estou bem longe ainda. Desde que soube que este era o tema da blogagem desta semana, não parei de cantar esta música. A letra fala muito sobre auto-estima e amor próprio. Quer ver? Por que a auto estima e o amor próprio passam, invariavelmente, pelo auto conhecimento (pelo menos para mim!)



Beijos a todos,
Tati.



sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quem eu quis

Esta é minha participação na blogagem coletiva proposta pela Glorinha, do Café com bolo, Emoções e Sentimentos. 

Prato do dia:  Inveja. 


No meu tempo de pequena as coisas não eram como hoje. Brinquedos eram presentes no dia das crianças e no Natal. No dia das crianças, uma lembrancinha, no Natal, o melhor presente de todos! No aniversário não tinha presente dos pais, tinha uma festa, que também não era como as festas de hoje. Era um bolo com a família e amigos mais chegados, na própria casa ou apartamento. E era ótimo! 

De todos os brinquedos que ganhei nenhum foi mais especial que a Quem me quer. Nem mesmo a bicicleta cecizinha azul, linda e com cestinha foi mais querida que a Quem me quer. Aquela foi a boneca dos meus desejos! E foi um presente de Natal. 

De modo geral minha mãe, que adora criar clima de magia, escondia os presentes, mas eu sempre achava, mesmo que sem querer. É que curiosidade é talvez o traço mais marcante de minha personalidade. Achei a bicicleta no quartinho de empregada e até a coleção das Moranguinhos embaixo de poltronas e sofás...

Desta vez, não sei explicar por que (perguntem a ela), nós escolhemos a boneca. Lembro da vitrine, com vários modelos : roupas e cabelos diferentes, uma imensidão de cores. Tinha também menino Quem me quer. Lembro do comercial na televisão, com a música e os diversos modelos sendo apresentados. Cada uma mais linda que a outra. Era uma loja grande, ou eu que era pequena? E as bonecas todas ali, iluminadas, de braços abertos, com aquela carinha encantadora. Se fosse nos dias de hoje, faríamos a coleção da Quem me quer. Naquele tempo, não! Tinha que escolher uma. 

 Eu me apaixonei pela que tinha cabelos rosa, rabo de cavalo e uma camisola verde água. Ah, eu amava verde água, achava a cor mais linda de todas as cores... Só que ... eu tenho uma irmã mais nova. Nesta época, tudo o que eu queria era o que ela queria. E eu odiava isso! Acho que até hoje sou assim, gosto do que ninguém gosta, do que é diferente, por causa disso. Sempre gostei de me diferenciar. Pronto! Estava armada a confusão. Dentre tantos modelos de Quem me quer minha irmã queria a que eu escolhi! Ai, que raiva!!!

Bati pé, reclamei, ela fez beicinho, chorou... Minha irmã sempre soube conduzir melhor as coisas. Eu endurecia, ela adocicava. Eu ficava irritada, ela, chorosa. Daí vinha aquela conversa antiga e atual, de que eu era a mais velha, que já era uma mocinha, que sabia entender e tal... Tá, tá bem... Escolho outra! Mas aí ela não pode trocar!!!

Olhei, olhei. Um tanto decepcionada. Até que aquela linda boneca, com cabelos acastanhados, vestidinho azul com avental e cabelos em maria chiquinha conseguiu me convencer de que era a boneca ideal para mim. Me rendi a seu charme.

Ah, que boneca querida! Como queria uma dessas de novo em meus braços... Que fim levou minha boneca tão amada? Não me lembro... Lembro que brincávamos muito com elas, que eram nossas filhinhas fofas, e mesmo com a paixão pela minha, sempre olhei de soslaio para a da minha irmã...Até que, bonecas gastas, cansadas, muito brincadas... perderam suas presilhas de cabelo.

As maria-chiquinhas desfeitas da minha boneca renderam-lhe uma cabeleira cheia, vasta, bela. A de minha irmã, ao perder seu rabo de cavalo, desnudou uma ampla calvície, estilo coroa de padre, e um cabelo ralo e irregular, que ficava muito comprido na parte de baixo e mais curto em cima, nada parecido com um cabelo em camadas, diga-se de passagem. Uma coisa horrível!

E se naquela hora, algum olhar atento se virasse em minha direção, veria uma menina disfarçando um quase sorriso vitorioso, preso no canto da boca...

Beijos a todos,
Tati.


terça-feira, 10 de agosto de 2010

Amor ao silêncio

Este texto está escrito há bastante tempo. Comecei a atualizar as datas, mas o descaracterizaria demais, então, apenas explico aqui e mantenho-o como estava. Acho que foi escrito em abril ou maio... nem sei... mas ele traduz tão bem meu estado de espírito (menos a enxaqueca, que Gracias, não me acompanha hoje):
No centro onde trabalhávamos havia uma frase em um mural: "Se suas palavras não forem mais bonitas que o silêncio, prefira o silêncio". Achava-a maravilhosa. E olha que sou uma tagarela! Mas sou uma tagarela em reabilitação, tentando silenciar não apenas a boca, principalmente a mente.

Hoje é domingo e fiquei em casa por que acordei com enxaqueca (aliás, estou em crise desde sexta-feira). Marido e filhote foram curtir o dia na casa da sogra e eu fiquei. Não pense que me dei bem, longe disso! Adoro a casa da minha sogra. Ela nos recebe muito bem, é muito carinhosa, e como a família é grande, a reunião de cunhados e sobrinhos é sempre uma festa. Hoje perdi de curtir um momento gostoso em família.

Fiquei em busca de silêncio e tranquilidade, mas em pleno domingo algum vizinho sentiu-se no direito de escolher a trilha sonora do quarteirão. Então, com o pouco de capacidade que resta a alguém com dor de cabeça e no meio de uma boate arbitrária, fiquei pensando no medo que as pessoas tem do silêncio.

Por que temos tanto medo de silenciar? Por que, quando estamos entre amigos, há a necessidade de emitirmos palavras o tempo inteiro? Com quantos amigos somos capazes de nos sentar em silêncio e ainda assim estar em sintonia?

Se estamos em casa sozinhos ligamos a TV ou o rádio, nem que seja apenas para "fazer barulho". O silêncio está relacionado à solidão? Sei que não existe solidão maior do que aquela que sentimos em meio à multidão.

Será que o medo maior é da nossa consciência? Não aquela consciência clássica, juíza do certo e errado, mas a consciência pura e simples: nossa capacidade de estar consciente da realidade? É este o momento em que as grandes questões nos invadem? As temíveis questões: "O que você está fazendo da sua vida?" "Você é feliz?" "Por que está aqui?" "Qual seu compromisso com a vida?"

Estar em silêncio nos permite um íntimo contato com quem somos de verdade. E isso é assustador! Neste estado somos capazes de enxergar aquilo que ocultamos de diversas formas. Temos medo do ruim em nós, de enfrentar nossas falhas, com isso perdemos de nos conhecer um pouco mais. 

Vivi momentos inesquecíveis, sem que uma unica palavra fosse emitida. Para certos momentos, qualquer palavra é menor. Não há palavras capazes de traduzir determinadas emoções e situações. Um abraço, um encostar nos ombros. Olhos nos olhos sob as estrelas... Que palavra pode ser dita?

Eu também tenho medo do meu silêncio, e de qualquer silêncio. Amo momentos assim, mas ligo, no mínimo, o computador. Preciso de companhia. Neste período que tenho trabalhado muito de casa e passo o dia inteirinho sozinha... Tem horas que dá angústia. Achava que adoraria esta situação. Sempre quis um pouco mais de solidão. Adoro estar comigo mesma, mas nesta fase estou assim tempo demais, e sinto falta do compartilhar. Os dias ficam longos demais. Não há interação, troca. A energia fica estagnada, e água parada, apodrece. 

Sem silêncio e solidão a escrita não acontece (pelo menos para mim). Só que solidão demais começa a me deprimir em algum ponto. Eu vou fechando a concha de tal forma que chega uma hora, mesmo que eu queira, não consigo abrir. Acho que é o que está acontecendo agora. Tenho ficado tempo demais só, comigo mesma. Gosto da companhia, mas sinto falta dos demais, do convívio, e quando tenho a oportunidade... esqueci como interagir. Fico quieta, distante. Não gosto quando estou assim. E sei que é hora de retornar à superfície. 

Este texto estava guardado nos rascunhos e o encontrei agora, numa semana que começo com muito a dizer, mas com conchas cerradas, o esforço para abri-la é intenso, não só por que eu acho que preciso, mas por que quero! Quero estar com as pessoas, participar do mundo. Solidão e silêncio são bons, mas quando são voluntários. Neste momento já não é mais assim para mim. Nestas horas penso em Cecília Meireles, não me comparando à sua escrita, entendam bem, mas à sua solidão profunda, e sei que não quero chegar tão longe. Os textos podem ser ótimos e inspiradores, podem traduzir nossa alma, mas este mergulho em apnéia é doloroso demais. Acho que não estou disposta a arriscar. Tenho muito a perder!

Um grande beijo,
Tati.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ri melhor quem ri... mais tempo


Ano passado participei de um Congresso em Recife, num período que incluiu o feriado de finados. Cidade lotada!!! Não conhecia e aproveitei para visitá-la. Um dia fomos a Olinda. Que é lindíssima!! Pegamos um taxi até o alto da Sé e fomos descendo, caminhando. Era este dia, 2 de novembro. 

O governo de Pernambuco está fazendo um ótimo trabalho de estímulo ao turismo na cidade, que é muito pobre. Meninos são treinados para atuarem como guias, e conhecem todos os pontos turisticos. Fomos alertadas para tomar cuidado, por que eles se valem da esperteza e te guiam sem você pedir, depois cobram! Ai... jeitinho brasileiro... quando você vai acabar?

Muitas casas antigas, tombadas, são transformadas em atelies, com belos artesanatos da terra. Vimos coisas lindas! Outros tornaram-se restaurantes. Em muitos a sala é o ateliê e atrás é residência. Umas amigas contaram que foram comprar algum souvenir e, enquanto a mulher as atendia, um homem, atrás, sentado no sofá cortava as unhas... cena bizarra!! kkk

Mas o que quero contar, e que me faz pensar até hoje, quase um ano depois, foi uma situação experimentada lá. Muitos dos atelies estavam fechados neste dia, vários restaurantes também. Inclusive o melhor, aquele que nos fora ultra recomendado. Andamos até ele, pelas ladeiras e... fechado!! Acabamos almoçando em outro, bem gostoso também. Uma casa simples, aconchegante, limpa, decorada com arte local. Super agradável.

Andávamos muito, e tantas coisas fechadas... Existe uma casa que é de apoio ao turista. Fomos até lá, rindo, na dúvida se estaria aberta ou não. Chegando lá (estava aberta!), perguntei à atendente por que tantas casas fechadas e ela, com uma voz que dizia o óbvio:
É que hoje é fÉriado... 
- Ah, é... como não pensei nisso antes

hahaha
Dei risada por longo tempo daquela situação. Quer dizer que as casas que vendem para turistas fecham no feriado? kkkkk

Estes momentos tem cor, cheiro e som
Agora, outro dia, brincando com o Vi, tornei a falar neste assunto. E... um clique!
Peraí! Quem será que está errado? Será mesmo que a melhor forma de pensar é esta nossa, de cidade grande, de gente estressada, sem tempo para curtir família e casa, sempre lotados de tarefas, sem espaço na agenda para o que realmente importa? Como se aquela frase "o trabalho enobrece o homem" fizesse mesmo tanto sentido...

Quem enobrece o homem são os laços de amor que constrói, suas relações, a sua capacidade de distribuir alegria, de ser solidário, generoso... E quando vivemos contra o relógio nada disso é possível! A maneira como lidamos com o trabalho é atrasada, resquicios de um discurso pela riqueza do país. Como assim? Quem disse que quero acabar com minha vida para enriquecer o Brasil? Para encher os bolsos e as cuecas daqueles que viajam e aproveitam o que EU produzo de riquezas? Esse discurso precisa ser repensado. Quem o proferiu? E para quem foi proferido?

Me lembrei de quantas vezes vi alguém que gosto, relativamente próximo em uma rua, e passei direto, com medo de ser vista, por que estava atrasada. Atrasada para quê? Vou viver quando? Esperar ter 70-80 anos e dias à espera do fim? Como assim? Perder a oportunidade do abraço em uma amiga querida, da risada, do bate papo alegre... por tarefas enfadonhas?

Quantas vezes recusei encontros com amigos por estar lotada de coisas a fazer? Cadê estas tarefas? Por que elas não me deixam assim, tão repleta? Quando penso em coisas que me fazem sorrir, não penso nas tarefas. Penso nos momentos com amigos e família, nos sorvetes no fim de tarde, na água gelada do mar molhando meus pés... E por que sempre negligencio esta parte por aquelas de urgência e emergência, que descem no ralo da mente? 

Ontem eu não vi o Bê. Ele saiu dormindo para a escola, fiquei em casa, muito trabalho para fazer, só parei na hora de preparar o jantar. Quando os meninos chegaram, Bê chegou dormindo. E foi até hoje de manhã... Estou arrasada daqui. Tive pesadelos com ele que nem quero contar, por que dói só de pensar... E pelo que? Onde este trabalho todo se reverterá em boas lembranças?

Ops... De repente, o jeito de pensar daquela gente simples fez sentido em mim. Hoje, eu prefiro curtir o fÉriado. Aproveitar o tempo com aqueles que eu amo, que fazem diferença em minha vida e me fazem uma pessoa feliz! Ainda não consegui achar o ponto de equilibrio, mas estou em busca dele...

E você? Como tem vivido sua vida?

Beijos a todos,
Tati.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Saudade da Flor


A Flor era minha gatinha de estimação. Na verdade acho que eu era bem mais humana de estimação dela... De qualquer modo, nos estimávamos muito.

Há pouco tempo ela despediu-se de nós, mas há bem mais tempo já tínhamos nos despedido. Desde que ela foi morar na casa de minha sogra nossa relação deixou de ser tão próxima. E eu me sentia em dívida com ela.

De qualquer modo a saudade existe. Foram 15 anos, desde que ela era um bebezinho pouco maior que minha mão, até a fase em que ela era uma senhora gorda, de abdomen flácido que balançava quando ela corria, encerando-se com uma senhorinha miúda, tão sem carnes quanto sem energias, minada pela idade, pela falência renal e por desordens que eu não investiguei.

Mas hoje, com muita saudade, quero contar fatos engraçados de nossa história. A Flor era uma figura! Quando fui morar com o Vi avisei que só iria se ela fosse, ele torceu um pouco o nariz, mas aceitou, por que queria que eu fosse. No final, os dois estavam tão unidos que eu sobrava nas brincadeiras.

Um dia foi a faxineira lá em casa. E eu Vi, despojados, nem aí para a arrumação. Trabalhávamos a semana toda, mas a faxineira só podia ir sábado. Um dia que era nosso, de regalo, acabava perdido. Eu nunca fui, nem nunca serei, do tipo que passa os dedinhos no móvel para ver se não restou poeira. Não tenho tempo a perder com este tipo de coisas. Olhei, parece limpo, está limpo!

Umas 5h da tarde a faxineira terminou e partiu. Eu e Vi, felizes, naquele "enfim sós", nos jogamos no sofá, sorridentes. Então, do segundo andar desce a Flor, com aquele olhar investigativo apertadinho, orelhinhas para trás, muito desconfiada... Entrou na cozinha, que era grande, em formato quadrado, sentou-se no centro e iniciou a inspeção. Isso mesmo! Levantamos do sofá, incrédulos, e fomos até a porta da cozinha.

Ela olhava móvel por móvel, cantinho por cantinho. Caímos na gargalhada, por que era a cara da Florzinha fazer isso! Mal humorada, controladora, cri-cri!

Hoje eu queria aquela bola pesada, zangada, carinhosa, no meu colo. Esfregando na minha mão aquele canino que me machucava, mas sabia que era carinho. Pura demonstração de afeto (e de posse), da minha dona Flor.

Um beijo a todos,
Tati.

domingo, 4 de julho de 2010

ESTRUTURA DE BASE


Aquela infiltração, que chorava pelos cantos do banheiro, foi a desculpa inicial. Na verdade o ar ali tornara-se irrespirável. Resolveu trocar tudo: piso, paredes, móveis. Fotos? Não, nada de fotos pela casa. Trocou a cozinha, trocou os banheiros, os quartos eram todos novos. Nem as portas escaparam. Tudo para fugir à lembrança que machucava fundo. Tantos meses após sua partida a dor era ainda tão presente como no dia da despedida. 

Envolveu-se com a obra, escolheu tudo de melhor que podia encontrar. Não trocou o apartamento por estar preso ao inventário, mas o que pôde fazer para descaracterizá-lo, fez. Mudou a organização e o estilo. Revestimentos modernos nas paredes, antes tão despojadas. Transformou quarto em sala, área em cozinha, sala em varanda. 

Pedreiros, poeira, barulho, algumas noites sem ter para onde voltar. Por três meses o esquecimento do que era almoço em família. Jamais os seriam novamente. 

Enfim, a obra pronta. Cansado após um dia de intensas arrumações, plantas no lugar, não muitas. Ela amava plantas pela casa. Suas favoritas já não seria mais suportável cultivar.

Olhou ao redor, tudo lindo. E o primeiro pensamento que lhe veio à mente foi o quanto ela se orgulharia de seu trabalho, de suas escolhas. E chorou!

Não há mudança estrutural que tire de nós aquela que é estrutura de base.

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Adendo: Está tudo bem comigo. É apenas um conto, ok? Obrigada pela preocupação... hehehe
Beijos a todos,
Tati

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Vida Simples - Idas e vindas


Hoje é a despedida da blogagem Vida Simples proposta pela Mila. E por muitos motivos meu tema não podia ser outro: Despedidas, ou partidas e chegadas. Isso por que, enquanto você lê este texto eu estou no avião ou no hotel ou... Sei lá. Até quinta não serei muito dona dos meus planejamentos...

Estou aqui preparando tudo para a viagem: mala semi-pronta, mas tenho que dormir com ela pronta, marquei o taxi para 6h10... Muitas máquinas de roupa lavadas, filho e marido por perto o dia todo, lanchinhos da escola separados, uniforme e material idem... Fiz o calendário com bombons, como havia comentado antes e o Bê me ajudou a montar. Colocamos a folha na porta da geladeira. Nem vou comentar que tanto a folha quanto os bombons já cairam várias vezes, já que os bombons estão pesando horrores... não sei se aguentam até quarta-quinta... ops, comentei!
 
Presos na porta da geladeira, muitos imãs para segurar ...ao menos por enquanto!
Clica que aumenta e dá para ler o dia-a-dia.

O mais importante de deixar preparado, no entanto, foi o Bê. Estava vendo que ele estava mais carinhoso e grudado, que me perguntava sobre a viagem e que, outras vezes, não queria falar no assunto. Hoje entendi. Logo após o almoço ele me falou: "Sabia que quando eu for do seu tamanho eu ainda vou ter mãe?" Eu brinquei, disse, "claro, e posso ser eu?" Mas conforme a conversa esquentou fui entendendo a complexidade da coisa. 
- A sua avó já morreu. Meu biso e minha bisa morreram, e eu estou com saudades do meu biso. Eu já não lembro mais dele... Cadê a mãe da minha avó? E assim foram as perguntas.

Ah, entendi... Quem morre, viaja para muito longe, não é? Ele já tinha dito, numa outra conversa com meu pai, que o biso tinha viajado para muito longe, tão longe que não dava para visitar, era mais longe que a Bienal (gente, a Bienal acontece no Riocentro, para quem conhece o Rio, são 15-20 minutos da minha casa. Demoramos uns 40-50 por que fomos de ônibus. Isso é o mais longe que ele consegue conceber!! hehe

Claro que se eu vou para o céu (avião) e para o céu vai quem morre; que eu vou viajar, metáfora para morte... Olha a confusão na cabecinha do meu pequeno. Mesmo eu já tendo ido outras vezes, com uma frequencia maior do que eu esperava neste último ano, e sempre voltando... É que da última viagem para agora morreram 3 pessoas na nossa família, foram seus primeiros contatos com a morte.

Agora, conversando com o Vi enquanto lanchávamos entendi tudo. Peguei o Bê no colo e simplifiquei. Falei com todas as letras, para não deixar dúvidas: "Filho, a mamãe não vai morrer. Vou numa viagem, fico no hotel e volto. Você vai poder me ligar todos os dias." Entramos no site do hotel e mostrei foto do quarto, do telefone do quarto: - Aqui, vou sentar nesta cama e te ligar deste telefone. Simulei a conversa, dizendo, "...só falta um bombom, amanhã estou chegando!" Ele riu, gostou, perguntou se podia ir junto... Combinamos que na próxima iremos juntos. E não é que iremos mesmo! Temos uma viagem para um hotel fazenda marcada para julho, aí sim, família completa: nós 3, meus pais, meu sobrinho, minha irmã e o namorado! 

A lição é simplificar. Metáforas são formas difíceis de comunicação com crianças, que costumam ser mais literais. 

Para finalizarquero contar um segredo. Não conta no aerorporto? Vem comigo...

Mais um pouco... Lembre-se do sigilo, hein! Confio em você.

Olha o que eu trouxe na bagagem!!! Será que passa no Raio-X?

hahahahaha

Hoje nos despedimos de mais uma Coletiva, novos amigos se aproximaram, laços anteriores foram estreitados, conhecemos um pouco mais dos amigos desta grande vila virtual. Mas, como diz o título: Idas e vindas, partidas e chegadas. Em breve, nova brincadeira deve ser proposta, se rolar uma conversa sobre isso já me considerem inscrita! Estou voltando...

Até sexta!!!

Beijos,
Tati.

P.S.: Sinto muito, mas desta vez não poderei ler e comentar no blog de ninguém, óbvio. Retomarei as visitas na sexta-feira. Vou aproveitar o jogo do Brasil e colocar em dia, ok? Mais beijos.

terça-feira, 8 de junho de 2010

HOMENAGEM, AINDA QUE TARDIA


 

Odeio homenagens póstumas, parece coisa de quem perdeu o bonde. Para mim, homenagens devem ser feitas enquanto o homenageado está vivo, presente, pode receber todo aquele afeto. Depois, para quem é a homenagem? Claro que lembrar de quem já partiu é necessário, que falar de quem já foi é uma forma de trazê-lo de volta à vida... mas homenagens são sempre mais generosas quando podem ser apreciadas pelo homenageado! É assim que eu penso e pronto!

Só que hoje vou morder a lingua. E vou dizer o motivo de minha homenagem póstuma: CULPA!!
Sim, muita culpa. Hoje, minha gatinha, minha filhotinha linda, minha japonesa, minha gorda, minha neném partiu. Ela já não era um neném há muito tempo. Estava velhinha, doentinha, magra... E também já não era minha há muito tempo. Eu dizia que era minha "filha casada", pois morava em outra casa - a da minha sogra - que a acolheu com muito carinho e por isso serei eternamente grata!

A Florzinha é uma gatinha vira-lata tricolor, por quem me apaixonei nos idos de 1995, quando a vi, junto com seu irmão amarelinho, dentro de uma gaiola de pássaros, na porta de uma pet shop. Estavam ali à espera de alguém que os adotasse. Não resisti, levei os dois para casa. Inventei uma história maluca, que minha tia-avó tinha me dado de presente e que não pude recusar (meu pai ODIAVA gatos). Os dois foram morar no meu quarto. Eram tão pequenos!! Ela era menor que ele, e queria imitá-lo em tudo, só que se atrapalhava, caía... Ela era meu alter-ego desde sempre: estabanada, de lua, mal humorada, agitada, preguiçosa, manhosa... Passava horas do dia observando-os.

Recebi um ultimato: dois não dava! Ok, vou escolher um dos dois. Fiquei com ela!! Não dava para ser diferente! Coisa mais linda, fofa, levada e muito, muito engraçada.

Vivemos grandes aventuras. Havia tanta intimidade e cumplicidade. Primeiro cio, a bichinha enlouqueceu. Miava, gritava, esfregava-se por tudo. Tentei manter as portas fechadas, ela era ainda uma criança, não podia deixá-la solta, um gato mal intencionado podia comprometer-lhe a reputação! Não deu certo, minha adolescente fugiu e voltou grávida. Assumi meus netos: 4! Ela teve uma gravidez tranquila, e me aguardou chegar do cursinho (sim, pré-vestibular na época...) para ter seus bebês: Cheguei, ela pulou no meu colo, rompeu a bolsa, molhou meu jeans. Fomos para seu ninho no meu quarto. Sentei ao lado dela e fiquei lá até o último filhote. Minha mãe levou lanche para mim, ela não queria que eu saísse de seu lado. Tive que correr para o pipi, minha mãe disse que ela ficou ansiosa, me procurando. Não saí mais! Foi mágico e intenso!

Foi ótima mãe, mas tinha clara predileção por um dos filhos. Um macho amarelo, muito sabido, que ganhou o nome de Simba da família que o acolheu.

Vivemos grandes histórias, muitas e muitas ao longo de sua vida. Quando o Vi me chamou para morar com ele avisei, sou pacote completo! Ela foi morar com a gente. Aos poucos o conquistou de tal forma que quem ficava de fora das brincadeiras era eu! Era a ele que ela cumprimentava primeiro quando chegávamos.

E onde está a culpa nisso tudo? Foi a primeira mordida de lingua! Quando estava grávida ouvi muitas vezes: "agora você precisa se desfazer da gata..."  gente, sou veterinária. Sei que toxoplasmose tem muito menos a ver com o gato do que com carne mal passada. E eu nem comia carne!!! Para pegarmos toxoplasmose do gato temos que engolir fezes de gato ou carne de gato, e isto nunca fez parte do cardápio lá em casa.

Só que quando o Bê nasceu começaram as crises de asma, cada vez mais fortes. Fui pensando no assunto, me fortalecendo e num dia, numa consulta pediátrica de urgência, no meio de uma crise horrível, tomei coragem e perguntei para a médica dele: "A gata pode estar agravando o problema?" Sim, pelo de gato é muito fininho, pode e muito piorar o problema, além disso, saliva de gato é extremamente alergênica... Well, o que fazer? Minha gata já tinha mais de 10 anos, era uma senhora madura, gorda, castrada, linda, mas idosa. Como entregar minha filha assim? Chorei horrores e procurei uma casa que eu confiasse. Na da minha mãe não podia mais, pois o Bê ficava com ela durante o dia, enquanto eu trabalhava.

Minha sogra, de forma muito generosa, aceitou abrigá-la. Mora em uma casa enorme, com quintal idem, sempre tem gente em casa. Para a Flor foi melhor, eu acho. Lá em casa era uma vila, casa pequena, sem quintal, ficava presa e sozinha o dia inteiro... Mas e a saudade? E os laços criados?

No início mantive a compra da ração premium que era seu cardápio gourmet, visitava com mais frequência, ainda assim não era a mesma coisa, não tinha mais aquela coisa de carinho no colo, no sofá da sala... Aos poucos, vida corrida, comecei a vê-la apenas quando íamos à minha sogra (quase todo final de semana). Então veio nossa grande recessão e parei de comprar sua ração. Minha sogra assumiu o papel de provedora. A idade começou a pesar, ela ficou doente algumas vezes (entendam, sou veterinária, mas NUNCA fui clínica), precisava levá-la ao clínico. Como? De verdade, não tinha recursos para isso. Chorei algumas vezes a raiva da indignidade que isso representa. Queria poder oferecer-lhe coisa melhor, naquele momento não podia. Liguei para alguns amigos, consultas por telefone, o que sabemos não é o mesmo. Sei que não cuidei dela como devia, como ela merecia. Sei que também não ando cuidando de mim como devo, mas isso tudo se resolverá em breve! Minha filhotinha não estará por perto para receber o tratamento que merece.

Este domingo ela já estava muito caidinha, eu fiquei com ela, no chão, rezando para que aquilo não se prolongasse, para que ela partisse em paz. Que dor a da despedida, que dor maior despedir-se com culpa... Saí de lá e disse para o Vi: "Sabe que hoje foi a última vez que vimos a Florzinha, né?". Achei que ela não chegaria ao dia seguinte. Estava serena, mas de partida.

Hoje o Vi ligou, a Flor despediu-se. Viveu muito e bem. Recebeu amor, distribuiu amor. Foi especial, e eu queria ter feito mais por ela.

Hoje faço aquilo que acho horrível, a tal homenagem póstuma, por que preciso dizer, para mim e para quem quiser ouvir, que a Flor merecia mais. Merecia melhor. E que eu sinto saudades!!

Tati.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Minha vida é verde

Já imaginava que em algum momento a cor escolhida pela Glorinha para a blogagem coletiva seria VERDE, na verdade eu desejava isso, por que é uma cor que amo. Mas quando aconteceu... deu BRANCO!
Como assim?! Em geral escrevo na própria terça ou quarta, mas agora já é sábado e eu... nada!
Então entendi por que. É que minha relação com esta cor é muito forte. Minha vida poderia ser pintada em nuances de verde. E aí ficou difícil escolher um fato ou momento ou emoção... Decidi então dar umas pinceladas em verde, para que vocês conheçam um pouquinho mais do meu mundo nesta tonalidade.

Meu guarda roupas é muito colorido, entretanto há um predomínio de verde e rosa (não sou mangueirense, hein. É só coincidência), mas as roupas favoritas são verdes. Meu vestido mais querido, e que por isso uso em ocasiões especiais, chegou a ser apelidado por meu chefe de "vestido da sorte"... hehehe. Depois dessa até deixei-o um tantinho mais no armário...

Quando fomos escolher as cores para o apartamento elegi o verde para uma parede da sala, o que faz toda a diferença no astral de nossa casa. É um verde lindo! O que não faz o menor sentido com o estofamento das cadeiras, herança da casa antiga, e que são azuis (por enquanto). Azul também são as paredes do quarto do Bê, lá, verdes são as cortinas e a colcha em alusão ao Ben 10. Como pode-se perceber (e os cariocas serão capazes de entender) moramos assim, numa espécie de Prezunic... Muito prazer!

Mas minha relação com o verde não é assim tão superficial... Já vem de longa data este namoro.

Verde é a cor da minha profissão. Aliás, não apenas da profissão, mas de toda a área de saúde. E o que eu faço? Sou Veterinária, mas não clínica, não me peçam ajuda nesta área que terei que consultar algum colega, com sorte um amigo... Minha área são as pessoas. Eu escolhi a Saúde Pública. E qual a sua cor? É verde!

Na minha festa de formatura usei um lindo vestido verde. Homenageando a carreira que abracei com todo meu amor (fico devendo a foto, não deu para escanear). Estava ali consagrando a realização de um sonho. Passei alguns períodos de mal, é verdade. Mas até entender que a veterinária que eu gosto de ser cuida de gente! E amo muuuito os animais, antes que alguém meta-se a questionar.

Verde é a paisagem que vejo de minha janela, e que me faz amar o lugar em que moro, com o visual de suas árvores e colinas.

Verde é a cor da cura, o trabalho a que me dediquei com muito amor nos tempos de trabalho no Centro. E me remete ao Reiki, que hoje não mais pratico, mas que me une ao meu marido, que abriu as portas da minha sensibilidade. Que me motiva e me alegra.

E é claro, como não posso deixar de dizer, verde me leva à natureza, berço da vida. Penso nos bosques onde levamos o Bê para passear e que ele chama de "natureza", mas não é apenas a estes lugares que a cor me remete. Me leva a pensar nas fazendas, na zona rural e em seu sofridos produtores. Também na natureza intocada. Lembro-me ainda de minha infância e das férias no interior de São Paulo, junto de meus primos. Do sapo (e este foi bem simpático) que eu e meu primo Dani catamos próximo ao milharal e colocamos para tomar banho na banheira de pé do quintal. E quase matamos nossas irmãs de susto!

Ah, verde que te quero verde. Verde dos meus temperos favoritos: salsa, cebolinha, manjericão, alho poró.

E me lembra, para finalizar, de um pequeno livrinho, de Inácio de Loyola Brandão, chamado Manifesto Verde, escrito na forma de uma carta emocionada a seus filhos. Li quando era criança, mas marcou-me profundamente. Sou, por este livrinho, tão preocupada com o meio ambiente. Com esta natureza verde que nos permite respirar, comer, beber, viver.

Verde é a cor da vida. E assim é a minha!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sapões indigestos


Tomando por ponto de partida o comentário da Glorinha no post anterior, em que ela diz que tem medo de gente falsa e mentirosa, vou começar o texto de hoje. Eu também tenho!

Descobri que virar gente grande significa aprender a comer sapos. E não estou falando de degustar suculentas patinhas de rã não... Estou falando dos sapos indigestos que aprendemos a engolir. Tem que engolir como ostras. E de preferência sem limão, que é para não comprometer ainda mais o estômago.

Na verdade nunca tinha aceitado bem isso, e cheguei mesmo a achar que jamais me submeteria a algo assim. Sou franca e verdadeira e gosto das coisas deste jeito. Adoro lidar com pessoas que sabem falar a verdade, mesmo que me digam coisas que me magoem a princípio, sou capaz de digerir, extrair o melhor e crescer. Mas sei com quem estou lidando. E quando esta mesma pessoa me elogia, sei que é de verdade, e aceito bem!

Mas quando sou obrigada a lidar com aqueles em quem não dá para confiar... Fico sem chão. Sem saber como agir. Passei um período tentando entrar no jogo, fingindo que não era comigo. Mudando mil vezes as frases de um e-mail até que ficassem suficientemente polidas, agradecendo mesmo as puxadas de tapete, como uma verdadeira dama da corte. Mas quer saber? Não sou assim. Eu falo o que penso, "eu sou do povo" e não estava nada confórtavel neste papel. Então semana passada eu virei a mesa. Eu desengasguei muitas coisas. Tudo bem que não mudou nada. Eu ainda tenho que aceitar resignada algumas coisas, para evitar brigas maiores, lavar roupa suja em público, com a direção e outros peixes grandes. Sou filhote de sardinha, né. Melhor ficar só procurando o Nemo... Mas meu humor deu uma pequena melhorada.

Bem, este falar, falar é só para dizer que estou com indigestão. Muitos sapos mal passados, mal conservados, excessivamente manipulados por mãos mal lavadas, mantidos fora da geladeira... Toxiinfecção alimentar por sapo!

Eu falei tudo o que estava sentindo. Todas as chateações, sem meias palavras. Mas quando ele deu sua resposta, foi mentirosa! É uma escolha dele. Não posso obrigar uma pessoa a ser verdadeira e sincera. Graças a Deus em breve não precisarei mais me reportar a esta pessoa. Serão apenas breves cumprimentos quando nos esbarrarmos nos corredores. Mas estas próximas duas semanas serão ainda assim... Dias de cabeça oca, dias de queimação no estômago, dias de labaredas pela boca! Coitados dos que convivem comigo. Estou tentando me manter quieta, isolada. Não tenho sido boa companhia nem para mim mesma, mas sou grudeeenta, eu tento sair fora e venho junto comigo: não consigo sair do meu lado... Uma chata!

Acho que ficou enorme e cansativo este texto, não recomendo que ninguém leia e vou entender se escasseaream os comentários. Estou mesmo uma péssima companhia.

Desculpas oferecidas, convido-os a passarem por aqui dia 20. Vou estar nova em folha e bem mais contentinha!

Beijos a todos,

Tati.

P.S.: Fiquem tranquilos que minha postagem verde NÃO será sobre sapos, ok? O tema será bem mais feliz!