Um mosaico de alegrias, costurado por tristezas.
A proposta hoje é escrever sobre FELICIDADE, na Blogagem Coletiva da Glorinha do Café com bolo. E foi a mais difícil de escrever. Os outros sentimentos e emoções podiam ser pontuados. Eu pensava em medo ou raiva e vinha uma história, mesmo algumas. Eram fatos isolados, com datas e personagens definidos.
Amo estes meninos. Motivo de ser feliz! |
Felicidade não é assim. É um tapete, um panorama. Felicidade é mais constante e, ao mesmo tempo, mais dispersa. Somos felizes quando estamos alegres, e também quando estamos tristes. Somos felizes em todos os tempos verbais: Sou feliz na cena presente, ao interagir, ao viver; no passado, ao recordar; no futuro, quando sonho.
Se folheio um álbum de fotos, sou feliz em rever cada momento. Tantas histórias são reveladas em imagens congeladas por uma câmera. As risadas ecoam na mente, o calor do abraço, a sensação daquele dia. Isso não está na foto, só quem vivenciou a cena pode saber o bom que foi.
Amigas para a vida toda, na fase mais bonita da nossa. |
De modo geral é mais fácil saber-se feliz ao recordar um momento: "Naquela época eu era tão feliz!" "Ah, bons tempos aqueles"... e outras expressões do tipo. Para ser feliz no presente é preciso uma certa tomada de consciência. Eu faço um exercício de olhar-me de cima, de fora da cena. E ali tenho a certeza do ser feliz. Lembro a primeira vez que fiz, meio sem querer. Estava rodeada por meus amigos da faculdade. Uma turma que amo, mesmo não convivendo mais. Naquele dia estávamos reunidos, brincando, rindo, contando histórias, unidos como éramos. E eu parei no tempo. Fotografei com o coração: registrei as imagens, o som das gargalhadas, o carinho que tínhamos (e temos) uns pelos outros. Este dia não me sai da lembrança. Um dia comum, sem nada que valha relatar como fato. Marcante por intensidade no sentir. Hoje quando penso nestes amigos, este dia é lembrança certa. Quase todos os nossos dias juntos eram iguais. Por algum motivo que não sei, este foi o dia da tomada de consciência. Eu nos vi por cima. Eu me vi na cena, rodeada e feliz.
Momentos simples, inesquecíveis! |
Depois desta ocasião treinei, exercitei, e hoje sou capaz de fazê-lo de forma pensada. Quando vivo um momento que me deixa feliz, paro um momento, pareço distante, pensativa... Estou fotografando com o coração. Não preciso pedir que façam xiiiiis. Os sorrisos tem movimento e som dentro de mim. Em muitas situações, quando me sinto plena, faço este movimento. Me destaco e filmo, gravo, registro.
Felicidade são as covinhas do Bê, o olhar doce e apaixonado do Vi, uma garrafa de café fumegante, a voz da minha mãe, o riso do meu pai, limpando as lágrimas de gargalhar, os braços do meu sobrinho dizendo que no meu abraço quem cabe é ele, numa brincadeira que é só de nós 2, é família reunida.
Felicidade é uma caixinha no google talk, com a palavrinha Tati no topo da mensagem. É a oportunidade de escrever este blog, de ser lida e comentada com carinho. De interagir com pessoas distantes, e que se fazem tão presentes. É também a dúvida sobre os caminhos a seguir, e saber que isto só acontece por que tenho múltiplos talentos. É a superação pessoal.
Família reunida, intensa falicidade |
Todas estas imagens somam-se a situações de dificuldades e tristezas. Elas também alimentam meu lado feliz, quando me dão oportunidade de refletir, crescer, valorizar o bom. Os contrastes são importantes para valorizarmos o que temos. Lulu Santos não errou ao dizer que não existiria som sem silêncio, nem luz sem escuridão. Ainda assim, o que mais gosto, o que me faz mais feliz nos momentos superados, é ver que cresci. Sempre crescemos mais nestas fases duras. E se crescemos, a felicidade cresce em nós.
Quando superamos algo, em especial quando superamos a nós mesmos, a felicidade jorra. Eu tenho passado por uma fase de auto-superação que tem me feito muito bem. Muitas vezes são coisas pequenas, insignificantes aos olhos desatentos. Só quem as vive sabe o valor que tem.
Meu sobrinho-filho, um dos grandes amores da minha vida. |
Ontem, após quase 3 anos, eu tive coragem de pegar no volante. Dirigi uma quadra apenas. Peguei o Bê na escola e voltei para casa. Foi uma vitória grande sobre mim mesma. Eu estou tomando posse da minha vida novamente. Este movimento pode parecer tão bobo, nem sei se vale relatá-lo aqui. Para mim, foi o passo gigante, significativo. Representa a retomada de minha vida. A ruptura com alguns nós que criei ao meu redor e me impediam de continuar. Estou saindo da crisálida, secando asas ao sol, planejando voos mais altos. Tudo se aproxima e se forma. Está ao alcance das mãos.
Sorrio, um sorriso discreto. Não há gargalhadas ou dentes expostos. Neste momento não é da alegria escandalosa que falo. Falo, sim, da felicidade. Um processo mais lento, mais calmo, aderido na alma.
Tati.