Hoje o dia está daqueles...
Já contei aqui, há algum tempo, minha dependência química e emocional de café, lembram? Pois é, hoje tive que encarar. Não havia como fazer café. Meu apartamento está em obras. Estamos trocando piso da cozinha e área. Neste momento a geladeira e o microondas estão funcionando na sala, os demais - fogão, máquina de lavar, tanque, armários, além de prateleiras, computador e todos os livros e demais materiais de escritório- estão hospedados na sala, que Graças a Deus é grande! Isso por que a obra começou no ex-quarto de empregada, atual home office (para ser mais chique e moderna).
É motivo para chateação? Não, estou muito feliz! Aguardo por esta obra há quase 2 anos, tempo em que convivi com um buraco sob minha pia (buraco mesmo, com terra e tudo). Então, com poeira e barulho o momento é de alegria. Mas hoje...
Logo de manhã recebi uma ligação de um call center. A atendente começou dizendo que meu sinal da velox estava liberado, eu toda feliz. Então ela pede confirmação de alguns dados, que ela tinha e eu só dizia se estava certo: meu nome completo, endereço, CPF. Daí me diz meu login e senha na UOL. Pera-lá. Não contratei UOL nenhuma... Perguntei para quem ela trabalhava, ela engasgou... acabou escapando dizendo que é do call center. Trabalha para a OI, mas também para UOL. Sei... Ops, já entendeu? Sim, a tal da venda casada, QUE É CRIME! Quase caí no golpe. Foi mais de uma hora no telefone com a atendente. Briga feia! Ameaças de cortar minha linha e etc. Desliguei, na marra, e liguei para Anatel. A moça escolheu a pessoa errada, no dia mais errado ainda. Enquanto eu falava com a Anatel, me liga outro atendente, agora um rapaz, identifica-se como da Velox e começa novo calvário de ameaças de corte, de pagamento disso e daquilo, blá, blá blá. Eu com a anatel no celular e o call center-multiuso no tel fixo, brincando de telefone sem fio. Vários protocolos depois, desliguei. UFA!!! Mega irritada, claro! Vamos seguir o dia.
Então, como teremos uso de maquita numa soleira que liga cozinha à sala, resolvi fazer um isolamento de lona entre os cômodos. Se tivesse um outro ser humano no local poderia ter me filmado para vídeo cassetada, por que eu sou o ser mais atrapalhado da face da terra e derrubava o plasticão, derrubava a fita gomada, às vezes quem caía era a tesoura e eu mesma quase rolei escada abaixo algumas tantas outras. Quer dizer, se tivesse outro ser humano por aqui melhor seria se me ajudasse, né?
Neste momento glamour, o Sr Jonas Pedreiro me avisa que as placas de piso estão acabando. O outro pedreiro calculou mal e não dava, precisávamos de mais uma caixa... Putz! Marido, help-me!!!
E vem meu São Vicente correndo do trabalho, para comprar nova caixa de piso... E a maratona dele não foi diferente da minha e envolve uma rua de terra batida, cheia de buracos e lotada de lama neste dia chuvoso. Ou seja, eu me acabando de trabalhar na obra e marido brincando de rally... fazer o que?
Ao mesmo tempo me chamam na administração do condomínio. Como não dava para atender o interfone sem um processo de escavação desci até o play. Lá uma vizinha super simpática, que me dá bom dia, boa tarde, boa noite olha para mim e diz, toda gentil e sorridente: eu vim fazer queixa da sua obra... É que está fazendo muita poeira... Eu limpei minha casa ontem e está entrando pó... Cara, eu não tinha o que dizer... O que se diz numa hora dessas? Desculpe, quer que eu limpe? Ou, vou interromper a obra, então, já que te incomoda? Eu sei que incomoda, é chato à beça, mas se moramos em prédio temos que ter um pouco de paciência, tolerância. Hoje sou eu, amanhã é ela. E terei que aceitar... Nem sabia o que falar. Fiquei muito chateada e a cabeça que já latejava, ardeu! Hoje, nem a Neusa resolveu meus problemas...
Marido chegou, eu quase chorando. Ele conta sua história triste e as emoções do paris-dakar sem paris, cansado e desgastado.
Aí, chega o Administrador do meu condomínio, todo bonzinho, para dizer que, semana que vem precisarão quebrar minha cozinha para a troca de uma tubulação da obra do vizinho de baixo (toda a obra da minha casa começou por este motivo - a obra do vizinho de baixo...). Tudo bem que é o condomínio que paga, mas significa que, semana que vem, quebrarão pelo menos 3 das pedras que colocamos hoje, e estas, nós pagamos!
Seria interessante ver uma foto de nossas caras de pastel neste momento... A gente se olhava, sem acreditar no dia que estávamos vivendo e eu repeti uma frase que o Bê usou ontem antes de chorar até dormir: "Acho que hoje não é o meu dia...".
Então resolvemos pedir a conta: Fomos até a casa de minha mãe, tomar um café e descontrair um pouco, enquanto Sr Jonas Pedreiro terminava a colocação do piso. E a única coisa que eu podia pedir ao garçon da vida é: um café e o dia seguinte, por favor!
Que amanhã seja só alegria, um dia de batuques, barulhos e sujeiras, mas na certeza de um espaço para testar novas receitas, conviver, cuidar. Claro que só até terça, quando começará a nova obra...
Beijos empoeirados,
Tati.