Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Da arte de perder tempo: Estaremos fazendo isso com você


- Chefe, vou precisar faltar amanhã, talvez não consiga retornar no dia seguinte também...
- Algum problema?
- Nada de grave. Preciso solicitar reparos no meu telefone e estarei à disposição do "disque-oi-tu, tu, tu...": Discarei 9, depois os últimos dígitos do meu CPF, em seguida recitarei o alfabeto musicado, então repetirei a data do meu aniversário plantando bananeiras. Nesta hora um atendente virtual dirá que não entendeu e me solicitará que repita os dados na ordem inversa e me transferirá para outro departamento. Então ouvirei uma musiquinha que já foi bonita e hoje é irritante... aguardarei heróicamente, na vã tentativa de ser atendida, até que, de maneira surpreendente, a ligação cairá. Se eu já tiver um protocolo, ligarei de novo e o digitarei, se não tiver chegado nesta fase começo o jogo todo de novo... Isso pode durar só o dia de amanhã ou estender-se por mais um. Quando eu conseguir que um atendente de carne, osso e gerúndio me atenda farei um escarcéu, ameaçarei contato com a Anatel e pode ser que eu resolva... ou não... 
- Tá liberada por uma semana. Depois, traga atestado de saúde mental, se estiver ok pode voltar ao trabalho.

Isso tudo é para dizer que ficaremos sem internet por uns dias. Resolvemos trocar de NET (por que ser um NET é quase morar na Sibéria...) para Oi FIXO e nem sei se estou satisfeita. O atendimento da NET é fácil, rápido e tranquilo, infelizmente precisava usá-lo com mais frequência do que gostaria... ô linha de telefone para dar problemas... 
O fixo da Oi (ex Telemar, ex Cetel) assim como o VELOX, são mais estáveis que os mesmos serviços da NET, mas o atendimento... sofrível!

Hoje instalaram o telefone fixo, mas não estou conseguindo CONTRATAR o oi conta total... Isso mesmo! Se comprar um serviço deles já é tão difícil fico imaginando da hora de solicitar reparos... Ligo para o 0800-285-3131, chama duas vezes, depois fica mudo. Já tenho o número do pedido, por isso não quero tentar pelo site... 

Solicitamos o cancelamento da NET, que se extinguirá à meia noite de hoje. Até que consiga o Velox estaremos sem internet, isso significa, sem blog... snif, snif... 

Espero que seja rápido, até por que internet aqui em casa é instrumento de trabalho de dois e lazer do terceiro.

Mais uma vez, volto logo, me aguardem!! Já vou com saudades...

Beijos a todos,
Tati.

eXtendendo o papo...



Isso mesmo! No post anterior eu falei da minha paixão pela Extensão Rural e, pelo Who´s.amung.us vi até que esta palavra foi copiada, imaginei que para lançar no google e descobrir do que se tratava... será?

Pois é. Quando entrei na faculdade (faz tempo, viu...) eu sabia que queria ser pesquisadora, mas como sonhar não paga pedágio, eu queria pesquisar fisiologia de golfinhos em Fernando de Noronha. Claro que eu não completaria 10 anos de formada e estaria tratando o câncer de pele adquirido no exercício profissional, sim, por que se alguém já viu alguma foto minha sabe que estação observatória em Noronha não há bloqueador solar que resolva no meu caso... Eu sou daquelas branquelas que no máximo ficam vermelhas, quase roxas... 

Não foi por isso que não segui este sonho, foi por que não consegui nem estágio nesta área, quanto mais emprego, né? Tudo bem, fui seguindo o meu caminho e talvez o meu caminho seja triste prá você...

Em determinada altura da faculdade a gente tem esta disciplina: Extensão Rural, minha professora era ótima, mas não passou a ideia exata do que seria, ficou muito filosófica, sei lá. Passei na matéria por que fiz todos os trabalhinhos, ganhei estrelinhas da tia e segui rumo ao hexa, mas não entendi do que se tratava.

Eu sempre fiz muitos estágios. Entrei no primeiro com duas semanas de aulas... kkkkk Era só felicidade!!! Me sentia a própria vet. Entendam que NUNCA foi em clínica, acho lindo, mas não para mim. Num destes estágios fui parar em uma Fazenda da família Sendas, em Magé, aqui no Rio. Lá minha vida mudou, de verdade. Lá, eu mudei! 

Foi lá que conheci o Aloisio Sturm (lembram? Do salário emocional?). Ele foi uma pessoa tão importante na minha vida que nem sei como descrevê-lo. Foi um guru, um amigo, um exemplo, foi também mola propulsora e aquela chave que muda a rota dos trilhos (sei o nome não). O Aloisio é agrônomo e administrava as fazendas. Nossa identificação foi grande e rápida, ele me escolheu para estagiária e eu aceitei! Passei anos por lá. Quando um grupo de pescadores resolveu montar uma cooperativa ele me convidou a acompanha-lo. Me encantei por aquela gente simples e sofrida, cheios de dúvidas, sonhos, esperanças. A partir desta data, não perdia uma reunião! Éramos o apoio técnico, os extensionistas, do projeto de implantação cooperativa. 

O extensionista faz a ponte entre o saber técnico, o resultado de pesquisas, e o saber local, os produtores, o povo. Tem que dominar as duas linguagens, tem que saber se portar no salto alto e na butina com a mesma naturalidade. Infelizmente a extensão rural hoje tornou-se quase uma distribuição de sementes e mudas para os produtores, mas não é este seu papel, não somente. Quando o Aloisio me apresentou aos pescadores de Magé fui absorvida, não de cara... pescadores são muito reservados, desconfiados. Aos poucos me aceitaram, no fim confiavam integralmente. Foi um tempo bom demais! Aprendi muitas coisas sobre marés, redes, defeso, injustiças e também sobre jogo de cintura, lidar com incertezas, durezas da vida e suas superações. 

Quando eu estava para me formar me sentia perdida, gostava de produção animal: de búfalos, de peixes, de gado de leite e até de jacarés. Achei que era confusa, o Aloisio me esclareceu: O tipo de produção é apenas meio, isso não é o mais importante. O mais importante são as pessoas que auxiliaremos! Não sei se sou capaz de traduzir o que isso mudou em mim. 
Uma das poucas fotos que tenho com o Aloisio, junto com Jeferson e Tinha

O Aloisio me ajudou a desenvolver este meu potencial humano, que eu nem sabia que tinha. Alguns anos depois ele assumiu como Secretário de Agricultura do município de Magé e me convidou a trabalhar com ele, num projeto de extensão que ele pretendia desenvolver. Era o governo Narriman Zito, e parecia que alguma coisa seria feita, começamos a estudar a viabilidade de um projeto de consorciação entre peixe e palmito. A paixão do Aloisio são as tilápias, e elas estavam contempladas no projeto. Sabe qual a principal atividade do extensionista? Visitar pessoas, conversar com elas, interessar-se por suas histórias, por suas necessidades, por seu saber. Não desmerece-lo por ser popular, por ser empírico. Incorporar suas práticas, mas melhorar sua qualidade de vida, suas possibilidades, sua auto estima. O extensionista precisa gostar de café, por que toma muuuuito, leva para casa presentes como: inhame, batata, cará, peixe defumado, camarão, mesmo que volte de ônibus! Ouve piadas engraçadas e outras nem tanto. Mas também precisa entender de capim, saber o que é calda bordalesa, conhecer raças de gado, a melhor aptidão para aquela terra e para aqueles produtores, e outras coisas que estudando, e vivendo, a gente descobre! 

Minha intenção era um esclarecimento, acabou virando um testamento. Nele estão descritas as previsões para os próximos anos, não apenas uma memória de um tempo passado. E aqui fica também registrada minha saudade deste amigo, que está vivo, graças a Deus, mas com o qual faz tempo que não falo... 

Se você teve paciência de chegar até aqui, neste samba do crioulo doido, meu muito obrigada!
Um beijo,
Tati.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Repensamentos

Quando montei o blog minha intenção era explorar meus questionamentos, o mundo interior, aquele que sou eu em essência. Não era um blog-de-mãe-sobre-filho, nada contra, adoooro e meu "Dèbú" no mundo blogístico foi num blog assim, lendo a Lu Brasil, que acompanhei por mais de um ano antes de adquirir espaço para as próprias ideias. Só que revendo as últimas postagens, só deu Bê!! Pode ser pelo período: a viagem, a certeza da distância me assombrando, as coisas engraçadas que vivemos nestes últimos dias (semanas...), sei lá. 

Pode ser por que os 5 anos do Bê estão reacendendo tantos momentos, tantas lembranças que eu já dava por perdidas, que estavam na penumbra da mente... Tenho revivido sensações, sentimentos, experiências. É uma coisa louca demais! Acho que minhas lembranças mais antigas datam dos 5 anos. Antes isso não acontecia, é sensação muito nova! Alguém já viveu (ou vive) coisa parecida? É bom demais, é louco demais. Tem coisas que eu nem queria lembrar... Tem sombras ruins que revisitadas agora tomam outro significado, é como se me permitissem curar certas feridas. Elas tomam outra dimensão. Agora vejo de fora, como espectadora, com mais vivência, numa posição mais confortável. Está sendo enriquecedor. Pode ser isso. O Bê, neste momento, me traz a Tati de 5 anos, e muitas coisas que sou hoje derivam do que fui antes, certo?

Mas o que quero falar é outra coisa, que tem influência da Tati de 5 anos, certamente. A viagem foi para o interior de São Paulo, terra da minha mãe e dos Pastorellos. Local onde passava as férias mais felizes e livres da minha infância. Minha tia tinha sítio, meus primos são tão especiais para mim até hoje, mesmo nos vendo a cada 5 ou mais anos... Tenho um amor tão grande por eles, e me sinto igualmente amada!

Quando chego no interior de SP (e tem que ser no interior, a capital não me traz os mesmos sentimentos) eu viro outra. Eu me sinto plena! Vejo aquela terra vermelha, o clima que é quente, mas agradável, o cheiro de mato, o farfalhar de folhas misturado com canto de pássaros, cigarras e barulho e cheiro de caminhão. Tudo isso é significativo demais em mim. Me sinto em casa! Lembrei da Glorinha falando sobre a Itália. Eu sou mais modesta, meu canto é o interior de São Paulo. Lins? Piracicaba? São José do Barreiro? Bauru? Jaboticabal? São Pedro? Nada disso importa. O que importa é o cheiro, é a terra vermelha, os milharais, gado no pasto... Isso me preenche como nada mais.

Essa viagem mudou alguma coisa em mim. Acordou um gigante adormecido. Em muitos momentos de minha vida fiz um movimento em direção a esta guinada. Ela ainda não aconteceu. Acho que terá que acontecer. O Vi se coloca favorável, meus pais? Não sei. Gostaria que nos acompanhassem. 

Isso influi diretamente na minha escolha profissional. Eu AMO o que faço, mas minha real vocação é para outra função. Eu nasci extensionista, antes mesmo de saber o que isso significava. Meu trabalho dos sonhos é na extensão rural. Meu chefe sabe disso e me delega funções onde possa exercer esta veia: entrevistas, apresentações, treinamentos, contato com pessoas... se forem simples, melhor... produtores rurais então... Aí sou pinto no lixo!

Passamos a semana no meio de pesquisadores da Embrapa, uma empresa que admiro muito. São grandes em seus papéis profissionais, mas costumam ser tão generosos, tão humildes como seres humanos. Não podemos tirar o todo por alguns, mas é assim que me sinto sobre os profissionais de lá, todos com os quais tive contato em minha vida profissional, desde meus tempos de estudante.

Se é a empresa dos meus sonhos? Pode ser tornar. Na realidade, se pudesse escolher qualquer lugar no mundo para trabalhar seria na CATI, que é de âmbito estadual, mas onde poderia exercer meu trabalho dos sonhos em algum dos municípios que me deixam equilibrada. Se ainda poderei fazer isso? Espero que sim. Me faz lembrar a paixão que tenho pela minha profissão. Quando me vejo extensionista não questiono se escolhi a profissão certa. Não há mais certa! Posso fazer alguma especialização na área de antropologia, e isso só me enriquecerá, mas ser veterinária volta a ter sentido...

Sei que não é uma função bem remunerada, ah, não é mesmo... Mas eu teria o que meu amigo Aloisio  Sturm me ensinou - teria salário emocional! Neste quesito eu estaria muito bem paga!!!

Desde o início tomei para mim que este não seria um blog para falar de trabalho. É meu espaço para alongamento, é assim que o defino. Local para falar de coisas leves, espaço para não pensar na forma, só no conteúdo, e onde, mesmo o conteúdo, é livre e sem regras. Mas neste texto não estou falando de trabalho, e sim de sonho...

Vou rezar e vou pedir. Eu sempre recebo o melhor para mim, basta acreditar! 

Beijos a todos,
Tati.


domingo, 27 de junho de 2010

Um bezerro na mala... (A saga da viagem - parte 1)

- Mãe, traz um bezerro na sua mala?

Este pedido me soou tal qual o do pequeno príncipe: "Desenha-me um carneiro?" e pensei que seria preciso uma solução tão criativa quanto a de Saint Exupéry. Lembram-se? Ele desenhou uma caixa com buraquinhos e disse que o carneiro estava lá dentro. Assim o pequeno príncipe sossegou.

Pois bem, meu pequeno príncipe fez este pedido na véspera da viagem, enquanto o colocava para dormir. Eu estava a caminho de um hotel fazenda, perguntei se o bezerro podia vir numa foto. Ele foi taxativo, assim não servia... Alguns dias para pensar na solução? Ledo engano, muito pouco tempo para pensar... A viagem foi de muito trabalho e pouquíssimo lazer.

Primeira ligação de casa, antes do embarque: "Mãe, não esqueça do meu bezerro, hein!" Ligação da noite, marido conta: "ele estava brincando e me perguntou o que bezerro come?..." Ai, estou perdida!!!

Eu tinha uma encomenda, e no último dia, já bem cansada, dei uma fugida. Consegui recrutar duas amigas, que me acompanharam em minha missão: Encontrar o bezerro! Fomos caminhando até a fazendinha, que ficava dentro do Hotel Fazenda, mas mais de 1km de distância da área que habitávamos: quartos, anfiteatros, restaurante...  

Chegamos à pequena "fazendinha": algumas cabras, cabritos e um bode, dois leitõezinhos, uma búfala, alguns cavalos um boi (que finge que era touro, tá?) e um pequeno cabritinho preto, muito bebê. Mas e o bezerro? Não tinha nenhum... Ai, e agora?
 

Comecei a criar a história (estória, na verdade), com a ajuda da Alê (mãe de 2 tem grandes idéias!!). Claro que tive que adaptar. "Quem não tem bezerro, caça com cabrito", ou qualquer coisa assim...

Demos mamadeira para os leitõezinhos e para o cabrito-bebê. Tiramos fotos! Montei um touro (não me desminta, por favor!!!).

No aeroporto procurei um bezerro: de brinquedo, de chocolate... o que fosse. Vira copos é pequeno, mas nem tão pequeno assim, só que tínhamos muito pouco tempo. Acabei encontrando um livrinho que falava sobre os bichinhos da fazenda e o que eles comiam. Tinha vaca, tá valendo!! E dei sequência ao plano.

Cheguei em casa e contei que não tinha bezerro, mas que tinha cabritinho. Que o convidei para vir comigo, mas ele queria ficar perto da mamãe dele, então agradeceu e mandou um presente, e entreguei o livrinho. Ele ficou tããão feliz que o cabrito deu o presente! Perguntou: "Quem foi mesmo que me deu o presente?" E adorou a resposta. Questão resolvida!!!

Este é o primeiro capítulo da viagem. Tem muuuitas histórias. A vontade de contar tudo para vocês era tanta que eu não largava meu caderninho e anotei várias. Não contava de encontrar o Bê dodói. Ele ainda está com febre, mas melhorando. Hoje pediu para dormir com o pai e eu corri para cá. Tanta saudade...

Em breve tem mais! Não me abandonem, tá bem?

Beijos a todos,
Tati.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Temperatura aumentando...


... e nem é do aquecimento global que estou falando...
Pois é. Cheguei ontem, e ainda não deu para chegar aqui. Na verdade estou passando rapidinho para dizer que vou ficar mais uns dias afastada. Agradecer o carinho que recebi nestes dias de ausência, dizer que estou com saudade, que a viagem foi cansativa, mas ótima...

Só que quando cheguei o Bê caiu, com febre. Alguma virose louca destas de inverno... A saudade é muito grande também e quero ficar bem juntinho dos meus meninos. Ontem e hoje foram dias de muito carinho, só que não o suficiente. Corri aqui enquanto eles dormem, mas a noite promete!

Até segunda volto à ativa: visito, comento, posto... até lá, acho que continuaremos com saudades. Dá para entender, não é?

Beijos a todos, em breve volto com força total. Estou cheeeeia de histórias para contar!

Tati.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Vida Simples - Idas e vindas


Hoje é a despedida da blogagem Vida Simples proposta pela Mila. E por muitos motivos meu tema não podia ser outro: Despedidas, ou partidas e chegadas. Isso por que, enquanto você lê este texto eu estou no avião ou no hotel ou... Sei lá. Até quinta não serei muito dona dos meus planejamentos...

Estou aqui preparando tudo para a viagem: mala semi-pronta, mas tenho que dormir com ela pronta, marquei o taxi para 6h10... Muitas máquinas de roupa lavadas, filho e marido por perto o dia todo, lanchinhos da escola separados, uniforme e material idem... Fiz o calendário com bombons, como havia comentado antes e o Bê me ajudou a montar. Colocamos a folha na porta da geladeira. Nem vou comentar que tanto a folha quanto os bombons já cairam várias vezes, já que os bombons estão pesando horrores... não sei se aguentam até quarta-quinta... ops, comentei!
 
Presos na porta da geladeira, muitos imãs para segurar ...ao menos por enquanto!
Clica que aumenta e dá para ler o dia-a-dia.

O mais importante de deixar preparado, no entanto, foi o Bê. Estava vendo que ele estava mais carinhoso e grudado, que me perguntava sobre a viagem e que, outras vezes, não queria falar no assunto. Hoje entendi. Logo após o almoço ele me falou: "Sabia que quando eu for do seu tamanho eu ainda vou ter mãe?" Eu brinquei, disse, "claro, e posso ser eu?" Mas conforme a conversa esquentou fui entendendo a complexidade da coisa. 
- A sua avó já morreu. Meu biso e minha bisa morreram, e eu estou com saudades do meu biso. Eu já não lembro mais dele... Cadê a mãe da minha avó? E assim foram as perguntas.

Ah, entendi... Quem morre, viaja para muito longe, não é? Ele já tinha dito, numa outra conversa com meu pai, que o biso tinha viajado para muito longe, tão longe que não dava para visitar, era mais longe que a Bienal (gente, a Bienal acontece no Riocentro, para quem conhece o Rio, são 15-20 minutos da minha casa. Demoramos uns 40-50 por que fomos de ônibus. Isso é o mais longe que ele consegue conceber!! hehe

Claro que se eu vou para o céu (avião) e para o céu vai quem morre; que eu vou viajar, metáfora para morte... Olha a confusão na cabecinha do meu pequeno. Mesmo eu já tendo ido outras vezes, com uma frequencia maior do que eu esperava neste último ano, e sempre voltando... É que da última viagem para agora morreram 3 pessoas na nossa família, foram seus primeiros contatos com a morte.

Agora, conversando com o Vi enquanto lanchávamos entendi tudo. Peguei o Bê no colo e simplifiquei. Falei com todas as letras, para não deixar dúvidas: "Filho, a mamãe não vai morrer. Vou numa viagem, fico no hotel e volto. Você vai poder me ligar todos os dias." Entramos no site do hotel e mostrei foto do quarto, do telefone do quarto: - Aqui, vou sentar nesta cama e te ligar deste telefone. Simulei a conversa, dizendo, "...só falta um bombom, amanhã estou chegando!" Ele riu, gostou, perguntou se podia ir junto... Combinamos que na próxima iremos juntos. E não é que iremos mesmo! Temos uma viagem para um hotel fazenda marcada para julho, aí sim, família completa: nós 3, meus pais, meu sobrinho, minha irmã e o namorado! 

A lição é simplificar. Metáforas são formas difíceis de comunicação com crianças, que costumam ser mais literais. 

Para finalizarquero contar um segredo. Não conta no aerorporto? Vem comigo...

Mais um pouco... Lembre-se do sigilo, hein! Confio em você.

Olha o que eu trouxe na bagagem!!! Será que passa no Raio-X?

hahahahaha

Hoje nos despedimos de mais uma Coletiva, novos amigos se aproximaram, laços anteriores foram estreitados, conhecemos um pouco mais dos amigos desta grande vila virtual. Mas, como diz o título: Idas e vindas, partidas e chegadas. Em breve, nova brincadeira deve ser proposta, se rolar uma conversa sobre isso já me considerem inscrita! Estou voltando...

Até sexta!!!

Beijos,
Tati.

P.S.: Sinto muito, mas desta vez não poderei ler e comentar no blog de ninguém, óbvio. Retomarei as visitas na sexta-feira. Vou aproveitar o jogo do Brasil e colocar em dia, ok? Mais beijos.

domingo, 20 de junho de 2010

A BELEZA DE SER UM ETERNO APRENDIZ


Hoje eu não estou num bom momento para escrever, por que estou iniciando uma crise de enxaqueca (unilateral, pulsante, com enjôo, fotofobia...), mas acho que não conseguirei me deitar sem falar um pouco sobre o que vivi, e as lições que aprendi.

Dia de festa junina da escola do Bê. Foi uma festa linda, grande, animada. Diferente do que estávamos acostumados, por que na outra escola (que era creche) a festa era fofa, mas pequena, muito pequena, claro!  E nós conhecíamos - e éramos conhecidos por- todos, da portaria à direção.

Esta escola vai até o segundo grau (ou seja lá o nome que tem agora ou que terá quando o Bê estiver nele...).
A dança da turma do Bê foi linda: "Boi do Ceará", os meninos dentro de seus bumba-meu-boi de caixa de guaravita, muito caprichados pelas professoras. Vou tirar fotos e mostro para vocês, mas nada disso foi tão importante quando A lição.

Foi nossa primeira oportunidade de ver, de perto, como está a adaptação do Bê à sua nova vida escolar. Faz um mês, é pouco tempo, ainda mais para quem entrou com o ano em curso... Ele está batalhando seu lugar. Se já admirava meu filho, por ser meu filho, hoje o admiro como indivíduo, e espero aprender com ele, com sua força, sua maneira de encarar a vida! Tenho aprendido muito nestes cinco anos...

Ficou claro para mim que ele ainda está sendo absorvido. Que há crianças que ainda não o aceitaram como parte do grupo. O Bê não é nada bobo, ele também percebe, mas... Ele não liga, ou se liga, segue em frente, não vacila, não desanima. Eu percebi que alguns já o aceitam bem e um dos amigos, que ainda não sei o nome, fez uma festa quando o viu e abriu um sorriso de quem estava realmente contente de encontrá-lo, mas...

Um casalzinho da turma dele estava jogando bola, ele tentou participar, ficou ao lado, chegou sorridente, o menino ia aceitar, a menina não deixou. Falou o nome dele, sabia quem ele era, mas não quis que ele brincasse. Ele tentou mais um pouco. Não deu? Foi em frente, foi até a barraquinha em que o primo estava trabalhando, falou com ele, seguiu a brincadeira. O Bê é feliz! Não adianta dizer em comentários que eu sou responsável por isso. Pode ter certeza que, por isso, não. Este mérito é dele, inerente à personalidade dele! Na verdade, eu quero aprender a ser assim!!!

Eu morro de medo de rejeição, eu não sei lidar com isso. Não intervim na hora que a menina não o aceitou na brincadeira. Se deu vontade? Se você é mãe, então sabe que deu... mas... Se eu o fizesse estaria formatando uma situação, deixando clara a exclusão. Acho que a maneira do Bê de lidar com as adversidades é melhor, mais madura e natural! Eu iria para um cantinho chorar, eu pediria para ir para casa. E por muito menos, já fiz isso. E analisando friamente, a menina tem todo o direito de escolher com quem quer brincar, mesmo que isso doa no fundo do âmago do meu ser...

Fui uma criança muito rejeitada na infância escolar. Não sei se me rejeitavam ou se eu que não me fazia presente, minha timidez era doentia. Em casa, com amigos próximos, eu me soltava. Mas na escola era o que chamam bicho do mato. Ficava sozinha, não sabia fazer amigos. Passava o recreio na fila do bebedouro, para não perceberem que eu não tinha amigos... Sentia vergonha disso também! Nunca sofri o que hoje chamam de bullying, e sei que muitos sofriam. Não tinha esse nome pomposo, mas já acontecia na minha época, com muitas crianças. Não era esse meu caso, eu era sozinha, era invisível.

O Bê não se permite invisível. Ele vive uma grande mudança. O Vi lembrou bem, na outra escola ele era o centro das atenções, era o chamado "queridinho". Da professora? Não, de quase toda a escola, entre funcionários e amiguinhos. Ele está tendo que se adaptar à função de corpo de baile, não é mais o primeiro bailarino da companhia, mas ele tira isso de letra! 

Acho que em pouco tempo ele terá conquistado seu espaço na nova escola, ele tem carisma para isso, mas até lá, o que me deixou tão orgulhosa e admirada foi a maneira como ele está conduzindo sua vida. Ele pode não ser protagonista da grande história da escola, é parte do elenco, quase figurante para o todo, mas para ele, é ator principal da própria vida. Ele não delega a ninguém a própria felicidade! E veste um grande sorriso para mudar seu status.

Ele não teve par, quer dizer, seu par foi uma tia da escola - Linda, por sinal! Não havia amiguinhas para ele dançar. De manhã ele estava na maior animação para a festa, ansioso, preocupado de atrasar, por que não podia deixar o par esperando. A menina que ele disse que era par dele, disse que era par de outro... vai saber... Mas ele dançou lindamente, sorrindo, entusiasmado, fazendo a coreografia direitinho. Olhando para nós e fazendo poses. 

Tudo o que vi hoje me fez lembrar, e lembrança é uma coisa que não sei explicar... Vai entender por que certas coisas puxam outras? Enfim, me lembrei de um período sofriiiido, quando o Bê passou 10 dias internado e o mantiveram no soro. Na primeira furada foi horrível, ele esperneava, gritava, chorava. Quando a enfermeira conseguiu eu corri para o banheiro e tive uma diarréia, de puro nervoso! Mas com o passar dos dias o Bê aceitou aquilo. E na hora que tinha que trocar o acesso, ele já dava o bracinho, olhava nos nossos olhos e esboçava um sorriso. Gente, esta criança tinha acabado de fazer 3 anos! Me emociono só de lembrar. Ele nos deu forças para superar aquela fase. Foi muito forte! A lembrança vem da grandeza dos gestos, não da dor. Hoje não foi doído, foi alegre, feliz, mas a grandeza do Bê... foi semelhante.

Meu coração está tão repleto, parece empanzinado. Sim, já viveu um empanzinamento de amor? Assim me sinto agora. Quero muito aprender, com este guerreirinho de 5 anos, a viver! E serei mais feliz, sem sombra de dúvidas, se souber aplicar suas lições na minha vida. Meu pequeno aprendiz, me ensinando tanto!!! 

Se der, quero voltar neste assunto e me explicar melhor. Sem dor de cabeça, é claro! Por que parece que foi triste, pelo jeito que falei, mas foi maravilhoso e nós chegamos em casa muito felizes (o Bê chegou dormindo...). Estou certa que sua adaptação completa, e isso inclui ser querido por amigos e professores, é só uma questão de tempo. Pouco tempo!

Beijos a todos,
Tati