Pois é, tenho andado em círculos. Na verdade vejo que minha vida foi sempre vivida em espirais. Passa um tempo, vejo o mesmo cenário, de uma rotação diferente, como se andasse sobre uma hélice (uma fita de DNA?). A certeza é de estar sempre subindo. Há aprendizados em todas as coisas. Muitas vezes me dou conta que dei uma volta enorme para chegar ao mesmo ponto, só que chego diferente de quem eu era da primeira vez, e o desenrolar da história, claro, é diferente. Por que eu sou outra, mesmo sendo a mesma.
Percebi isso há anos, e vejo que continua acontecendo. Pode ser por que meus sonhos são os mesmos, ainda que amadurecidos. Pode ser por que sou ansiosa e atropelo alguns passos, tendo que retornar para corrigi-los, não importa. Eu retorno! E retorno! E vivo algumas sensações novamente, só que tudo diferente.
Estou vivendo as mesmas emoções de pouco mais de 2 anos atrás, numa posição bem diferente e estranhamente, tudo igual. Não mudei o que queria mudar, em alguns aspectos, mas mudei tudo. Até de casa, em outros. E retorno aos sonhos desta época, por que não os esqueci, apenas guardei para mais tarde. Sei que preciso realizá-los, colocar em prática, para que não precise retornar a eles daqui a mais alguns anos. Também sei que não preciso me angustiar, se não acontecer agora, seja pelo que for, eles ficarão latentes e virão a mim em outro momento, e em outro e outro, nas suas ondas, nas circunvoluções da minha escada, até que seja o momento ideal e eu possa alcança-los. Basta saber domar a ansiedade. Basta confiar, acreditar, que vai acontecer. Sempre acontece!
Tenho a sensação de que tudo que eu peço me chega. Às vezes um pedido, às vezes uma resposta. Mas vem rápido, tão rápido que não dá tempo de esquecer. Em algumas situações, como uma grande bofetada, que me coloca no lugar certo. Mas não é bem bofetada, é como uma conversa de pai, alguém que me coloca de frente para o espelho e põe as coisas em perspectiva. E para que entendam vou relatar duas situações bizarras, mas marcantes, de minha vida.
Eu sou pequena para o tamanho que já quis ter. Hoje gosto, mas teve fase de querer ter uns centímetros a mais. Então estava num ônibus, olhando minhas pernas na calça jeans, e projetando meus joelhos na posicão em que estariam se eu tivesse os tais centímetros. Imaginava minha perna alongada, o quanto aquilo me deixaria mais proporcional e tal. E já visualizava aquela pernona, em sonhos de Ana Hickmann . Eis que entra um passageiro e senta no banco da minha frente. Ao sentar, forte e pesado, o banco moveu-se um tanto para trás. Sorte ter meus 1,63 e estar onde estava. Se meus joelhos estivessem na posição imaginada, estaria eu vendo estrelinhas, teria batido em mim e poderia me machucar. Entendi o recado na hora e agradeci meu tamanho ideal!
Na outra situação, estava em casa, dentro de meu quarto de solteira, que era equipado com aparelho de som, computador, TV e cama de casal, além de um belo guarda-roupas embutido e ar condicionado. Tudo fofo, amplo, confortável, do meu jeito, mas... meu computador era velhinho e minha impressora estava com problemas, manchava o papel, deixava tudo borrado! E eu tinha um trabalho importante para entregar no dia seguinte. Imprimia, tentava resolver, manchava... tentava limpar, imprimia de novo, puxava torto, manchava e amassava... um horror! Comecei a chorar (sou tããão dramática sempre...), maldizer o computador, que como eu poderia progredir se não tinha os equipamentos certos, que aquilo não era vida e choros, suspiros, resmungos, auto piedade... Então, do nada, no Jornal da Globo (aquele, antes do Jô Soares), uma reportagem que nunca mais encontrei: Dizia que um menino tinha ganho um computador num concurso e pedia para trocar por uma cama! Sim, isso mesmo!!!
Olhei ao meu redor e comecei a agradecer: agradeci pelo teto, pelo edredom, pela cama espaçosa, com lençois limpos e travesseiro fofo, pelo computador, que mesmo velhinho, funcionava, ... e assim foi!
Sentei na cadeira, imprimi torto e manchado, grampeei e entreguei, na manhã seguinte, o trabalho bem escrito mas mal impresso. Tive uma boa nota. Não foi um 10, mas foi boa. Onde perdi ponto? Certamente não foi nas manchas do papel...
E assim acontece sempre comigo. E agora um momento que deixei passar aparece como nova opção de vida. Faltam poucas coisas para que se encaixe, eu preciso me acalmar para aguardar por elas. Não posso ficar parada, de braços cruzados, ou vivendo o que ainda está na prateleira. Tenho que viver os pacotes abertos que já me rodeiam. E viver feliz, em paz, por que sei que estou acalentada. Que tudo vem na hora certa, e nunca deixa de vir! Estarei atenta apenas para não perder a oportunidade, por que ouvi uma vez que oportunidades nunca são perdidas, sempre há alguém que vai aproveitá-las se você deixou passar!
É isso. Um texto longo e confuso, mas que deixou minha mente mais leve e organizada. Uma reciclagem das ideias que se esparramam sem nexo, sem normas dentro de mim.
Um beijo a todos,
Tati.
A bonequinha é daqui