Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vó Didi


            Encontrei este blog, que já valeria ser lido por seu nome: “Personal Palpiter” é interessantíssimo! Mas além disso, os textos são ótimos. A Ale não conseguiu ler, disse que são tristes por que falam da velhice. Eu achei encantadores. Falam mesmo da velhice, com sensibilidade, mas sem floreios. Não “glamouriza o momento”, retrata situações internas, pela ótica do idoso. Achei lindo!
            Claro que não pude parar de pensar naqueles que fazem parte da minha vida. Em especial minha avó Didi, linda, delicada, pequenina, e eu, criança, não podia compreender a intensidade de sua condição. Minha avó teve Alzeimeher, desenvolveu após a morte de meu avô. Não agüentou conviver com a perda de seu grande amor!
            Eu só me lembro dela doente. Não tenho nenhuma lembrança dela antes disso. Por que ela morava em São Paulo e eu no Rio, nos víamos em férias. Depois disso ela morava um tempo com cada filho, um pouco em cada estado: Rio, São Paulo, Minas... É da avó que morou conosco que me lembro. Lembro de seus cabelos brancos, fininhos, lindos. De seus olhos distantes. De sua pele muito fina, tão branca, tão suave... Lembro de seus óculos, brutos demais para ela, de aros pretos. De seus vestidos estampados, das camisolinhas também floridas que as vestiam depois. Lembro do quanto ela gostava de café, um pouco lembro, um pouco armazeno o que nos foi contado em diversas conversas de família, essas coisas se confundem.
            Lembro que ríamos de suas confusões, que implicávamos com ela, que a deixávamos nervosa ao jogar bonecas para o alto, por que ela se confundia com bebês. Hoje gostaria de fazer diferente, mas eu era muito criança. Eu tinha um pouco de medo de sua loucura. Era difícil classificá-la, ela ocupava a posição de avó, mas também de irmã mais nova.
            Este blog trouxe à tona muitas imagens que havia me esquecido. Foi bom. Durante minha vida inteira sempre ouvi histórias de como meu avô era engraçado, espirituoso, sonhador. Meu vô Pastorello foi marcante na história da família. Minha avó aparece um pouco como coadjuvante, só que minha mente processa diferente, eu a vejo grande e forte nas histórias que me contaram. Ela sustentava uma casa, ela era a mente, a lógica, o chão. Numa época em que poucas mulheres ocupavam essa posição no mundo. Meu avô sonhava e minha avó agia. Trabalhava muito, ficava pouco com os filhos, por que precisava agir. Admiro muito minha avó, admiro as pessoas de fibra! Acho que porque gostaria de ser um pouco mais assim.
            Pareço mais com meu avô do que com minha avó, sou mais sonhadora. Treino e me esforço para ser um pouco mais como ela. A felicidade está do outro lado, mas a vida exige que assumamos este papel. Quando não assumimos, o estamos delegando a outros, com isso, interferimos no acesso do outro à felicidade. Se equilibramos sonho e ação temos, todos, a oportunidade do prazer e da felicidade. Será que é isso mesmo? 

Um comentário:

maria antonia demasi disse...

Oi!

Meu nome Maria Antonia. Foi minha irmã que me deu o link desse texto. Ficou feliz por encontrar alguém que entendia o meu filtro de ver a vida.
Sei que tem ente que não gosta. Não do meu blog, mas da velhice. Mas não me parece ser uma questão de gosto.Só parte da vida. e tem várias e várias maneiras de viver esse pedaço.
Agora vou ler você para entender como você filtra a vida.
E mais uma coisinha: continuo sendo uma "personalpalpiter". Só que tive problemas com o blogspot e agora meu novo endereço é: www.tonhademasi.com
Um abraço
tonha (pq é assim que minha vó me chamava...)