Hoje estou ferida de morte!
Posso ouvir de muita gente que não devo me abalar, que não devo levar a sério ou em consideração, mas quer saber? O dia em que uma coisa dita pelo Bê não me afetar, nada mais afetará. Por que não há no mundo uma pessoa que eu ame tanto e que eu queira tanto fazer feliz. Por que o abraço de ninguém faz por mim o que o dele faz, e não há covinhas de sorriso capazes de aquecer meu coração como as dele me aquecem. Quando digo que ele tem um sorriso que ilumina o mundo, quero dizer que ilumina meu mundo, e não importa se o dia esta nublado ou com chuva torrencial...
Então, quando ele me destrata de alguma forma, quando me recusa, me rejeita, isso acaba comigo sim! E nestas horas não sei como agir. Dá vontade de ter uma atitude bem madura: arrumar a mochilinha e fugir de casa! Dá vontade de me trancar no quarto e me acabar de chorar, de ficar de mal, de dizer "não sou mais sua amiga" e cortar dedinhos. Mas sou mãe e estas atitudes não são possíveis, não são permitidas no meu mundo-adulto-que-deve-agir-sempre-com-firmeza.
Tá, então me explica, na prática, como a gente age com um garotinho de 5 anos que decide que você não é mais o brigadeiro da festa? Que diz que é chato morar com você, e que fica triste quando o busca na escola? Que faz as coisas simplesmente para afrontar. Eu sei que o motivo é este, mas não sei como fingir que ele não atingiu a meta. Ele sempre atinge! Não estou dizendo daqueles dias esporádicos em que prefere dormir com o pai. Não, não é destes dias que falo.
Já haviam me contado que tinha uma tal de adolescência da infância, nesta fase entre 5 e 6 anos, que era difícil, que contestava. Achei que entenderia, afinal, sou adulta, né? Cadê?
Podem ainda me dizer que é normal, mas não foi assim que eu vi no comercial de margarina, nem em nenhum daqueles comerciais de dia das mães, com mulheres lindas, cabelos ao vento, e múltiplos sorrisos felizes. O encantamento. Ah, saudade do olhar encantado, da certeza de ser a mãe-centro-do-mundo...
Podem ainda me dizer que é normal, mas não foi assim que eu vi no comercial de margarina, nem em nenhum daqueles comerciais de dia das mães, com mulheres lindas, cabelos ao vento, e múltiplos sorrisos felizes. O encantamento. Ah, saudade do olhar encantado, da certeza de ser a mãe-centro-do-mundo...
Estou aqui, com o coração apertado, questionando se tudo o que fiz até hoje foi válido. E na certeza que ser tia é muito melhor! Tia é tudo de bom: dá presente, brinca, se joga no chão, transgride regras e coloca o indicador na frente da boca em bico, numa atitude cúmplice que diz "não conte prá mamãe que a gente fez isso, tá bem?" E a tia é um barato! Tia não manda comer legume, tia não briga para fazer lição, tia oferece sorvete, dança tchutchucão na frente da TV de uma forma engraçada, cria umas brincadeiras só dela, mas não manda pro banho no melhor da festa, não tira o direito ao computador. Tia se preocupa com o futuro do sobrinho, mas não precisa pensar no preço da mensalidade e se sobra algo para abrir uma poupança. Tia não manda dormir, aliás, tia dorme a noite toda, come comida quente com suco gelado, se serve do melhor pedaço da torta sem culpa. Tia não tem culpa! Tia viaja e traz presentes legais, tia leva ao cinema e é uma curtição, não há cobranças nem represálias ao comportamento, mesmo que não muito adequado. Ah, quero ser tia do meu filho, isso sim. Alguém quer adotá-lo nestas condições?
Hoje eu queria sumir e só voltar na próxima fase. Hoje eu queria ouvi-lo dizer algo simpático, só para amenizar os últimos dias. Hoje eu queria acreditar que estou no caminho certo e que vai passar, passar para melhor.
Será?
Beijos,
Tati.