Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sobre a rebeldia

Meus pensamentos andam tão confusos que nem meus cabelos querem mais morar em minha cabeça e andam preferindo a escuridão do saco do aspirador de pó.
Ou eu me acalmo e melhoro ou andarei sem a companhia da cabeleira que amo e que me caracteriza desde que me entendo por gente.
Como irei ocultar minha fragilidade e enorme timidez sem o véu há anos cultivado?
Será que algum soldado capilar sobrevive até 19 de maio?
Até lá: coque neles!
Beijos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O bilhete de loteria...


Alguma vez já teve a sensação de conferir os números sorteados, a certeza do prêmio máximo e se lembrar que não jogou? Estou vivendo isso agora. Um gosto do que poderia ter sido e não foi. E preciso finalizar ainda assim, meu projeto dos sonhos que não chegou aonde eu queria...

Me lembrei do ano passado quando tivemos um problema com a tubulação da água quente aqui de casa e passamos 15 dias tomando banho frio, no inverno(!). Vou te dizer, foi duro. Eu entrava no chuveiro e ficava uns minutos ensaiando a entrada. Sabia que aquela água gelada iria arder na pele e que era inevitável. Lavar os cabelos... Era inevitável! Então eu ficava ali do cantinho do box, tentando entrar e fugindo... o quanto podia... mas não podia. E entrava.

Estou neste momento. Eu sei que vai arder, mas não tenho como evitar. Minha vida profissional e todos os passos que planejei para o meu futuro dependem desta ação. Pode não ser mais o prêmio máximo, o prêmio prometido, desejado, que poderia ter sido... Mas é alguma coisa, e eu preciso enfrentar.

Ai... Onde se encontra coragem para enfrentar o que nos fere? Encerrar uma etapa e seguir em frente?

Desculpem o desabafo sem pé nem cabeça, mas pode ter certeza, foi importante para mim.

Um beijo a todos. Que semana que vem eu esteja com melhor ânimo após encerrar este trabalho que me aflige.

Tati.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Dá licença...

            Ás vezes, para não incomodar, a gente se omite. Evita, se preocupa tanto em não invadir o espaço alheio que soa displicente, desligado. E até magoa, quando a intenção é inversa.
            Não sei se outras pessoas são assim, eu sou! Eu tenho pânico de incomodar. Se estou numa conversa com você, seu telefone toca, você atende, se for possível, eu me retiro, para não parecer invasiva. Se o meu telefone que toca, eu falo rapidinho, para não incomodar. Essa é minha sensação em relação a tudo. Isso é bem desgastante; em pequena escala é fundamental.
            Pode ser que o grande inconveniente seja minha dificuldade de estabelecer intimidade. Como diz a frase: intimidade é uma m... por que com a intimidade vem os descuidos, as falhas na gentileza, na polidez. Ser polido deveria ser mais importante com quem temos intimidade do que com desconhecidos, apesar de achar que deveria ser uma constante em nossas vidas. Só que não é assim que acontece.
            Por sorte o Vi compartilha deste meu sentimento e é de uma gentileza sem limites. Nós temos intimidade, cumplicidade, mas mantemos nossos espaços resguardados. Achamos fundamental. Compartilhamos esta ideia. Claro que tem momentos inevitáveis, onde coisas inesperadas acontecem, onde o convívio conflita, mas com respeito ao espaço do outro isso é superado.
            Agora, onde está a falha nisso tudo? Esta naquelas ocasiões em que o excesso de cuidados nos coloca, ou coloca o interlocutor, pisando em ovos. Acho que eu chego a esses exageros. Eu não gosto de pedir favores, e olho mil vezes para o relógio para confirmar se o horário da ligação é adequado.
            O que isto tudo está fazendo nesta página? Estava pensando no bolo que quero fazer para o Bê, e na minha relação com minha sogra. Talvez ela queira estar mais presente, queira participar mais, só que eu me retraio, “não quero incomodar”. Pode ser que ela se retraia em retribuição: “ela não quer minha ajuda”. E o distanciamento vai acontecendo.
            Sei ser profunda em mim, mas sou piscina rasa nas interrelações. Se me der a louca, e eu te ligar para bater papo, não estranhe, aproveite. E me ajude a expulsar esse bicho do mato que habita em mim. Está na hora dele partir!
            Beijo. Que sejam de paz seus pensamentos.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Metamorfose ambulante? Nem tão ambulante assim...


Certos sentimentos são difíceis de explicar, nem sei mesmo ao certo se merecem explicação. Mas doem fundo. Quanto mais fundo eles doem, mais difícil expressa-los, e mais necessário se faz tentar. Algumas questões me empurram para aprofundar meus sentidos, quanto mais fundo mergulho, mais dói. Então entro numa fase de fuga, em que me torno mais superficial e menos intensa. Essas fases duram algum tempo e sempre encerram-se com um momento de crise que exige de mim reflexão.
Sempre percebi que pessoas menos reflexivas parecem mais felizes. Curtem samba, futebol, novela e conversa fiada e são muito alegres. Vivem rodeadas de amigos, sabem andar em bando, em grupos, são seres gregários. Não questionam nada, aceitam as coisas como estas se lhes apresentam. São boas para executar funções. É divertido conviver com elas, não são provocadoras nem instigantes, são apenas felizes sem tentar desvendar a felicidade.
Tento ser assim, diversas vezes tentei. Nunca dura muito tempo. A reflexão sempre me invade, domina todos os espaços, condena minha superficialidade, deixa claro que não tenho uma personalidade muito popular, de fácil acesso. Sou tímida, intensa, por vezes taciturna. Sou distante, questionadora até do que não se ousa questionar, sou pedra no sapato, sou cutucão na testa, julgo a todos e começo por mim.
Questiono meus amores, minhas dores, meus fracassos e também os sucessos. Questiono por questionar, como vício incontrolável. Vício que gera culpa após saciedade, ressaca do questionamento. Seria possível viver assim? Pode-se ser feliz assim? Eu sou feliz, em determinadas fases sou feliz. Sou feliz permeando tristezas, questões. Sou feliz em conjunto. Sou feliz quando ajudo alguém. Sou imensamente feliz quando o Bê está comigo, mesmo quando eu não estou com ele. Sim, isso é possível. Quantas vezes basta-me sabe-lo presente. Ouvir sua gargalhada à distância, enquanto brinca com o Vi no cômodo anexo. Basta-me pensa-lo, basta-me sabe-lo.
Por muito tempo imaginei que de tanto questionar entenderia, e que quando entendesse saberia como ser feliz. Saberia as regras do viver. Mas nada disso me aconteceu. Quanto mais questões, mais questões. Quanto mais anseios, mais dúvidas. E as fases de melancolia me acompanham, como uma amiga indesejada e sempre aguardada. São momentos em que me conheço mais. E quanto mais me conheço mais conheço as pessoas e melhor entendo como nada é tão óbvio, tão igual nem tão diferente. Rótulos não se encaixam em pessoas, mas fica fácil decifrá-las. Mais fácil do que eu gostaria. É duro entender motivações íntimas que nem os próprios percebem. Confrontá-las já foi uma prática corrente, entendi que não faz bem, de modo geral as pessoas não estão dispostas a ouvir, a pensar, a refletir. Certos espelhos não devem ser dispostos no living, se suas imagens refletem a alma. Como um retrato de Dorian Gray ninguém quer ver suas falhas reveladas em obra de arte. Isso não é arte como se pensa quando se pensa na palavra arte.
Quem sorri quando está sozinho? Quem sorri para si mesmo sem estímulo externo?
Minha resposta à pergunta: Sou feliz? É sim. Sou feliz. E tenho muitos porquês para isso. Sou feliz por que tenho família, por que tenho um amor. Por que tenho um filho lindo, saudável, inteligente, carinhoso. Sou feliz por que tenho saúde, inteligência, um trabalho que gosto, e por que gosto de com quem trabalho, sou feliz por que tenho sonhos, tenho planos futuros. Sou feliz por ter fé em Deus, por ser sua amiga íntima, por sabe-Lo presente em minha vida, mesmo questionando formas e estigmas.
Mas também sou triste (não infeliz) e aí não sei dizer bem por que. Sou triste por que choro sempre que estou sozinha, por que me sinto sozinha, por que não sei dividir meus sentimentos, por que gostaria de ser muito diferente de quem sou. Sou triste por que enxergo lugares e sentidos que não sei se gosto de enxergar sempre, mas consigo ainda assim ser feliz por este motivo. Queria questionar menos e seguir mais em frente. Ser mais ativa, menos pensamento. Ser mais concreta, menos sutil, menos etérea. Há momentos que me questiono se estou realmente aqui, e esta reflexão me leva a questionar o que é realmente e o que é aqui. E este processo nunca se encerra e perguntas não podem ser respondidas. Não com respostas, apenas com mais perguntas. Se soubessem o desgaste que isso gera... se soubessem o quanto é difícil ser questionadora. E neste momento eu entro na fase fútil e superficial, que tenta sufocar esta angústia que habita em mim, que tenta tornar-me diferente do que sou, do que tento saber ser. E vou seguindo, mais confusão que ideias, mais ideias que palavras, mais pensamentos que ações, mais ar que terra.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Nós descendemos de um herói


Esta é uma pequena homenagem que faço ao meu avô, que se despediu de nós no último domingo, dia 04 de outubro. Estou racionalizando bastante, e tentando compensar a tristeza com otimismo, com gratidão. Sim, gratidão mesmo. Por que quantas pessoas nós conhecemos que viveram todo o seu ciclo? Que tiveram a oportunidade de viver 90 anos, 62 de casados, comemorar com a família os 90 numa festa linda, conhecer 5 bisnetos, passar seu recado e deixar uma família inteira com saudades, orgulhosos por tê-lo em nossa árvore genealógica? Quantos você conhece? Eu só conheci ele!
Então, segue a homenagem, como a emoção me permitiu expressar.


Coisa freqüente e-mails e mensagens que nos dizem para nunca deixar de dizer a quem amamos que os amamos. Que são importantes para nós. Imaginava que levava essa lição à risca, por que acredito que é verdadeiramente tocante. Não guardo a melhor louça ou roupa para raras ocasiões especiais, digo a quem amo, que amo, como comidas gostosas quando sinto vontade, abraço e beijo e encho de carinho aqueles que me são caros. Mas opa, cometi um pequeno deslize nisso tudo e torço para poder reparar meu erro.
Ontem (28/09), aos 90 anos, meu avô infartou. Está internado, lúcido, mas com uma grave lesão. E no momento em que recebi a mensagem de minha mãe, do outro lado do celular, entendi isso. Entendi a importância do Vô Manel em minha vida, aliás, na vida da minha família.
Meu avô é um pernambucano arretado, forte, decidido, durão, e o elo mais forte entre nós.Você pode se questionar e dizer que o maior elo entre membros de uma família é o amor, e é isso mesmo. Meu avô é o amor em nossa família.
De uma família pobre, com muitos irmãos, no sertão de Pernambuco, veio meu avô para o Rio de Janeiro. Semi analfabeto, lutador, determinado, dotado de valores fortes e até bastante inflexíveis. Tenho muito orgulho de te-los herdado!
Apesar de ser o avô mais próximo geograficamente (morávamos todos no Rio de Janeiro, enquanto meus avós maternos moravam no interior de São Paulo e morreram quando eu ainda era criança) nossa aproximação com eles não era forte. São muitos netos, eu nunca estive entre os favoritos, entretanto agora entendo o quanto ele esteve presente dentro de mim a vida inteira. Eu sou muito parecida com ele. São deles os valores em que acredito e pelos quais me sinto valorizada. A concepção que temos de família, recebemos dele. Somos felizes e unidos. Ele é nosso elo de ligação.
Sim, estamos todos nervosos e apreensivos. Meu avô é estrutura de base, ele é exemplo a seguir. Ele é alguém que quero que saiba de minhas vitórias, de minhas conquistas. Adoro ouvir suas histórias, suas lições, seus conselhos. Falar com ele sempre me deixa feliz, mesmo quando é um pequeno bate papo por telefone. E por que quase não ligava para ele? Por que só agora isso tudo faz sentido em minha mente. Por que enquanto minha mãe, do outro lado do meu celular, me dizia o que estava acontecendo, eu tremia e sofria. E pensava nele, e pedia, mesmo sem pedir, que Deus o protegesse, cuidasse dele. O trouxesse de volta para nós.
Sim, sofro o risco de perder meu avô, a presença física de meu avô. Nunca verdadeiramente o perderei, por que ele está na minha obsessiva mania de honestidade, de verdade, de ser correta. No meu jeito duro e estúpido de ser franca, sincera. Ele está na forma como educo meu filho, com rigor, com disciplina e limites. Ele está na maneira em que lido com meu marido, buscando a harmonia familiar. Ele está no convívio com meus pais, meus tios, minhas primas...
Quando ele nos contava suas histórias, ficava difícil saber o que era realidade e o que era fantasia. Sua vida não foi fácil, teve uma infância dura, diz que matava rolinhas para levar comida para casa. Diz que veio por que era matador em Pernambuco, mas isso eu acho que era lenda, meu avô é um homem de princípios rígidos, um homem trabalhador e pacifico. Foi motorista de táxi, feirante, dono de posto de gasolina e acabou montando uma empresa de radiadores, a Radiador Mauá, cenário de muitas traquinagens da minha infância.
Eu só quero que ele fique bem, e então neste momento, irei correndo até ele dizer o que não sabia que tinha para ser dito até ontem. Que ele é um herói para mim, que o admiro e respeito. Que ele me inspira e me dá norte. Que o amo!