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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sobre pais e filhos

Não existe pior mãe do mundo. Também não existe a melhor! A melhor mãe do mundo é aquela que você pode ser, com os recursos que dispõe, sejam eles financeiros, emocionais, intelectuais, de tempo, de informação. 
Toda mãe (e pai) acerta e erra. Dá bons e maus exemplos, de forma intencional e,  muitas vezes, sem perceber. Em alguns momentos sabemos exatamente como proceder e fazemos com firmeza, determinação. Na maior parte do tempo as coisas são diferentes do que pensávamos. Situações nos surpreendem todos os dias. E como agir? Isso compete a cada mãe e não deve ser argumentado, questionado, a não ser que ela peça. Cada mãe imprime na educação dos filhos (até que se prove o contrário) o melhor de si.  E não conheço quem diga que concorda com 100% do que recebeu dos pais. Nem quem deseje criar seus filhos exatamente como foi criado. Há sempre algo a se pensar diferente, seja por que os tempos são outros ou por que aquilo não soou legal para você. Para seu irmão a leitura será diferente, com certeza. As pessoas são diferentes. E ninguém é perfeito. Exemplos ensinam o tempo todo, são ideias e ideais de conduta da criança. Às vezes achamos que estamos ensinando o significado de uma palavra, mas a criança está aprendendo um comportamento, está aprendendo aquilo que não percebemos que estamos ensinando. Nós também somos fruto do que aprendemos. E quando nos tornamos adultos? Temos livre arbítrio, capacidade de raciocínio e de mudar o que quisermos em nós, certo? Então a desculpa de "sou assim por que me criaram assim" é limitada. Eu sou como quero ser! Eu posso mudar o que quiser em mim. Eu cresci, sou responsável por mim. 

Esta é outra parte da história. Os filhos crescem. E se a gente pensa naquela frase: "Filhos são do mundo", temos que vivê-la, por mais difícil que seja na prática. Filhos vão acertar e errar. E precisam faze-lo com suas cabeças. Vai doer, vão sofrer, mas eles precisam tomar suas próprias decisões, sem interferências. A gente vai poder ajudar, é claro, desde que seja solicitado, e desde que a gente queira. A questão é bilateral. Se os filhos cresceram você já não tem mais obrigações para com ele. Ajuda se quiser, se te fizer feliz, se for sua vontade. 

Você pode tomar a decisão de proteger seus filhos do mundo, enquanto crianças, se o mundo parecer cruel demais. Se a sensação for de que aquela situação afetará sua auto estima. É você quem decide se seu filho irá ou não acreditar em papai noel e coelhinho da páscoa. Com que idade ele vai experimentar bala e pirulito. Você escolhe os valores que pretende passar para ele, e lembre-se, a prática ensina mais do que a teoria. Serão os valores que ele professará na vida adulta? Não necessariamente. Seu filho não vive em uma bolha, ele tem interferências externas e fará suas próprias escolhas, quer você queira, quer não. Ele não é um apêndice seu, é um ser integral. 

O que não pode faltar na relação de pais e filhos, na minha concepção, é amor. É preciso que esta relação seja regida por este sentimento. Todos os demais derivam deste. Se há amor a gente supera as diferenças no pensar, as invasões ocasionais que a proximidade pode desencadear. A gente não precisa concordar em tudo. Mas com amor a gente respeita as escolhas, mesmo que não sejam as nossas. A gente aceita que pais não são perfeitos e erram. A gente aceita que filhos não são perfeitos e erram. 


Aceitar que os pais são falíveis é importante para amadurecer, aceitar que os filhos são falíveis é fundamental para que eles possam crescer. Eu não quero mais ser perfeita. Não quero ser a mãe perfeita, nem a filha perfeita. Quero testar, tentar, acertar e errar, aceitar os erros dos meus pais e do meu filho. Quero ser respeitada nesta minha decisão! Quero me preocupar mais em aceitar, e muito menos em acertar. Fui percebendo que, por mais parecidas que estas palavras sejam, há uma intensa diferença em seus significados. E que aceitar já é uma forma de acerto, na maior parte das vezes. Se há aceitação, não há culpa.

Beijos a todos,
Tati.

31 comentários:

Bloguinho da Zizi disse...

Tati
quanta sabedoria!!!
Aprendo muito com você.
Aceitar, acertar.
Muito a aprender.
Gratidão

Katia Bonfadini disse...

Oi, Tati!!!! Desculpe minha correria e minha falta de visitas e obrigada pelo comentário de hoje! Você sabe que a qualquer momento pode participar do BONFA CONVIDA, né? Meu convite é vitalício e adoro a maneira como vc escreve! Agora estou fazendo um trabalho enorme, mas vou ver se consigo um tempinho no fim do dia pra te visitar! Bjs!

Eduardo Medeiros disse...

tati, texto maravilhoso, gostei muito. concordo com você. não somos perfeitos mas sempre procuramos a perfeição possível. você resume toda a questão na frase

"O que não pode faltar na relação de pais e filhos, na minha concepção, é amor."

de fato, não pode faltar amor. e essa relação de amor tem que começar desde que o bebê nasce, para que ele se "acostume" com o amor.

beijos

Misturação - Ana Karla disse...

Tati o amor tem que estar em todos os lugares a todo momento e em todos nós.
Criar filhos, sabemos que não é uma tarefa muito fácil.
Gosto dessa frase que você usou: "somos o que queremos ser", e isso é uma grande verdade.
Pais dão a educação,ensinam o melhor caminho a seguir e cabe a cada um seguir ou não.
Há também aqueles pais que não estão nem aí para a educação do filho e no entanto entre esses se destacam grandes personalidades.
E cada um é diferente do outro.
Na mesma casa a mesma criação e totalmente diferentes.
Aqui em casa, ainda hoje costumo defender o mais velho, o que já venho me policiando ao máximo para largar desse hábito. Ele tem que se virar sozinho. Damos amor, carinho, educação, mas a criança precisa andar sozinha.
Diferente do meu mais novo, totalmente independente e já "anda" sozinho.

Um texto pra gente debater diariamente.

Xeros

Cynthia Le Bourlegat disse...

Tati querida, adorei o texto! e vou te confessar que eu pareço mais errar do que acertar, pois muitas vezes acabo agindo no impulso e acabo castigando sem ter dado uma chance ou explicado direito antes. Aí, vou lá e peço perdão. Nisso dou diferente da minha mãe, que nunca pedia. Só fico torcendo pra eles considerarem mais o perdão e menos o meu erro. é isso, bom fim de semana pra vc!!! beijo

Lúcia Soares disse...

Tati, seu texto é lindo. Fui lendo e imaginando se seria seu ou no final veria algum crédito de autoria a outra pessoa.
Porque se parece com você, mas achei mais contido, mais focado, mais quase que "professoral".
Você está no caminho certo para ser uma excelente mãe, isso é sabido de quem já a lê.
Acho que o grande lance é o amor mesmo, nem de mais, nem de menos.
Porque até amor demais atrapalha, não é?
Como somos falíveis, a tarefa de colocar um filho de pé para a vida é muito árdua.
Certamente você o fará muito bem!
Beijos, amiga!

Lu Souza Brito disse...

Querida Tati,

Os pais mesmo quando erram, tinha atenção de acertar não é?
Fico pensando por que os pais se cobram tanto. Almejam a perfeição, se punem, se culpam até pelo que eles não tem responsabilidade ou controle. Você vai me dizer: "Claro que não sabe, você não é mãe."
Não sou mas já sinto esse peso, do tipo: pais que não se culpam e não tentam ser perfeitos não são bons pais.
Faz bem você em se aceitar mais e cobrar menos. Te desejo um lindo fim de semana.
Sempre aprendo muito com você viu?! Já fico feliz porque quando tiver meu pimpolho terei várias consultoras familiares para me auxiliar com conselhos, rsrsrs.

Beijos

pensandoemfamilia disse...

Oi querida
O que não pode faltar na relação de pais e filhos, na minha concepção, é amor.Esta frase é ótima, mas há pais que confundem que dar amor é superproteger e não permitem que os filhos cresçam e amadureçam.

Não há manual para ser bons pais, vamos nos erros e acertos, tendo como disse muito bem ACEITAR as individualidades , o que significa estabelecer fronteiras - quem eu sou, quem vc é.
Excelente seu texto.
bjs,

Élys disse...

Criar filhos é uma tarefa que não é muito simples, criei tres, hoje adultas. Mas você tem toda razão quando diz, o que não pode faltar é amor.
Beijos.

Anônimo disse...

Tenho muita dificuldade com uma de minhas filhas. A outra a gente geralmente resolve numa conversa simples, mas a primeira não, ela se impõe e chega a tampar os ouvidos, enfim, quase sempre preciso ser severa, me descabelar... Aff... Nunca falei disso no blog, talvez um dia fale, não sei...

Beijo na alma, querida.

Lília disse...

Lindo o texto me fez refletir muitooo.

Eu precisei realmente de muita terapia para entender que a minha mãe não era uma heroína de conto de fadas...

Obrigada pelas belas palavras.

Bjks

Élys disse...

Tati, não tenho, A Sabedoria do Evangelho e se puder enviar por email, fico feliz.

eviannagomes@yahoo.com.br

Beijos.

Wanderley Elian Lima disse...

Criar filhos é muito difícil, nunca sabemos quando estamos agindo certo. Ainda bem que não os tenho, mas vejo quanto os meus irmãos descabelam com os meus sobrinhos.
Bjux

Beatriz disse...

Oi Tati
Excelente texto sobre a linda e conflituosa relação pais e filhos! Eu ainda não os tenho, mas certamente passarei este texto à minha irmã (completamente perdida com essa estória de ser mãe!)
Beijinho,
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com

Mari Hart disse...

Tati!! Dá pra assinar embaixo!? hehe... concordo com tudinho, sem tirar nem por!

Culpa é uma coisa que não pertence apesar de tudo... nada como o tempo e maturidade!

Bjooos!

Mariana disse...

Oi Tati! Tudo bem?
Gostei muito da sua visita no meu blog! A Jaci me deu aquela oportunidade incrível de poder escrever no blog dela e eu agarrei com todas as forças!!
Mais do que isso, gostei que vc tenha gostado de lá! Fiquei muito feliz, pois tenho um carinho especial por aquele 'lugar', que é uma mistura de muitas coisas (textos, fotos!) e quando consigo agradar alguém, vejo que não estou falando para as paredes!

Quanto ao seu post, gostei mesmo. Eu, hoje, como filha, vejo pontos em que meus pais falharam. Mas não falhas intencionais, claro, e sim aquelas causadas por uma superproteção. Ter consciência disso me dá a chance de ver os MEUS erros e poder mudar isso hoje, pois sei que eles fizeram tudo que poderiam ter feito e do modo como achavam que seria o melhor. Ótimo texto =)!

Beijinhos!!!

Desconstruindo a Mãe disse...

Tatiii,

Como não se emocionar com teus textos? - Não tenho comentado, mas continuo lendo, vibrando, sentindo muito e concordando também...

...Drika disse...

Olá... estive navengando e encontrei o seu blog... muito bom!

Abraço no coração!

chica disse...

Estás certa mesmo. Eu tenho 4 filhos, todos criados juntos e da mesma maneira, mas nunca são iguais e fazem o que a cabeça manda e isso é bom,...Por isso NA BASE e SEMPRE, deve estar o amor e a certeza que podem contar consco. beijos,chica

Adriana Alencar disse...

Tati, esse é um dos melhores textos sobre a relação pais e filhos que já vi. Gostaria de pedir a sua permissão para colocar um link que direcione para ele em uma das minhas postagens do meu blog, pois acho que palavras tão sábias devem ser divulgadas o mais possível.
Aguardo a sua resposta!
Beijo
Adri

Nilce disse...

Oi Tati

Já estava com saudades de teus textos. Parfeito!

Quando você fala sobre deixá-los viver por mais que errem, sofram, pois precisam disso para crescer, penso no meu mais novo.
Ninguém é igual, muito menos nossos filhos. Sei que sou super protetora, mas os outros "desmamaram" e o caçula não.
Pior de tudo Tati é que sei que ele precisa crescer mesmo que sofra, e isso eu ouço todo dia do marido e dos meus outros filhos. Mas ele me faz chantagem emocional, tipo eu vou para qualquer lugar que você queira mas vai acontecer.......
Chantagem pura. Assim o tempo vai passando e eu sofrendo, pois sei que dependendo de mim a vida toda, não digo financeiramente, ele não pode ser.
Mas tenho aprendido tanto por aqui que já consegui mudar bastante.

Bjs no coração!

Nilce

Unknown disse...

Excelente texto!!! Muito boa tua visão sobre esse assunto. Reclamo muito da minha mãe que não abre as asas para os pintos saírem debaixo. Eu saí, porque me rebelei com ela e fui fazer o que queria fazer, fui trabalhar aos 13 anos de idade contra a vontade dela porque queria ter dinheiro pras minhas coisinhas de menina e sabia que ela não teria pra me dar e assim por diante. Mas pra mim foi mais fácil, era a mais velha e meus irmãos eram bem pequenos. Em compensação eles "sofrem" com a interferência dela até hoje. O mais novo já é trintão, já é pai, mas continua debaixo da asa dela. É sufocante. Mas como você disse no início do texto, cabe à ela como mãe decidir o que é certo ou não na maneira de educar seus filhos, da mesma forma que cabe aos filhos decidirem se aceitam ou não essa interferência toda. Eu me rebelei contra, meus irmãos aceitam na boa. Como diz meu pai: cadum, cadum... (cada um, cada um).

Abraços

Débora disse...

Oi :)
Passeando por aí, de blog em blog de pessoas amigas, acabei chegando ao seu. E que grata surpresa. Gostei muito, e sei que poderá me ajudar bastante pois sou mãe de uma pré-adolescente, como ela mesma faz questão de ser chamada, e tratada rsrsr, então é maravilhoso poder ler textos tão elucidativos quanto esse seu.
Parabéns, viu?
Beijo meu.
Angel.

Chris Ferreira disse...

Oi Tati,
que delícia ter um tempo para vir aqui, ler o seu texto e aprender com você. Quanta sabedoria.
As minhs filhas sempre dizem que eu sou a melhor mãe do mundo. E eu digo que sou a melhor mãe do mundo para elas. Outro dia ela me perguntou quem é a pior mãe do mundo. E eu respondi que não existe a pior mãe do mundo. Toda mãe é a melhor para o seu filho.
Não somos perfeitas, erramos sim. E isso é muito importante pois damos a oportunidade deles aprenderem com os nossos erros.
Aceitação e respeito são tudo.
Amei o texto.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

Anônimo disse...

Adorei o seu post. Conheci o seu blog através do blog "caixinha da Adri"
Realmente um dia quando nossos filhos crescerem ele será independente terá que fazer as suas próprias escolhas mas se levar as ferramentas certas (ou aquelas que nos pais achamos ser as mais certas :) ) será certamente mais fácil para ele viver, analisar a vida e tornar-se um adulto digno e capaz. E o nosso exemplo é essencial.

Gostei muito do blog
Um beijo

Aline Queirós disse...

Que lindo o blog de você e que palavras sábias e maravilhosas vocês escrevem. Entrei em um blog e por um acaso tinha um lick para o seu e sem dúvida foi uma excelente leitura. Nossa, como seu blog transmite paz, virei aqui com frequencia, sem dúvida. Já estou te seguindo, afinal de contas tudo o que é bom merece ser seguido!!! Bjão***


http://www.aguademaismataplanta.blogspot.com/

Priscila Rodrigues disse...

Há casos e casos, por fim, se resumem em tudo que vc escreveu. Eu fui criada em parte pelo meus pais e outra parte pela minha avó, colhi o que precisada deles..

Me ensinaram certas coisas, que são bem uteis hoje, mas na maioria das vezes tive que aprender sozinha, por um lado foi de uma forma dura, por outro amadureci cedo.

Pai e Mãe são Pai e Mãe com seus defeitos e qualidades, se o filho distorceu o caminho pode ser "culpa" ou não.. é relativo.

Adorei seu post e seu blog, vim do blog da Dri e passo a segui-la hoje.

Beijão.

Anônimo disse...

Cheguei aqui pelo blog da Adri, amei o texto, parabéns!
BjoBjo;)
Celina Alves

Nina disse...

oi, tbm vim da Adri.
Que bom teu texto, Tati. Imagino q tu tenha filhos e eles devem ja estar grandinhos? sim?

eu tenho 3 e dois sao adolescentes, percebo o qt vc tem razao com essas palavras tao cheias de sabedoria, é assim mesmo, eu queria ser perfeita qd eles eram pequenos, hj vejo o qt errei e erro todo dia, e sao eles q vao me ensinando... outro dia minha filha disse q sou mae paranoica, porque se eles chegam minutos atrasados ja fico desesperada, foi duro ouvir isso, quase chorei, mas foi assim que reconheci essa minha "loucurinha" basica e tenho tentado melhorar, pegar mais leve, soltar mais... difícil querida, difícil...

um bj e obrigada pelo texto cabeca :-)

Anônimo disse...

Oi Tati!
Eu que nem te conhecia, já virei sua fã! Muito bom esse post, nossa, muito bom e verdadeiro! E pertinente tb!

Cheguei aqui através da Adri, e só tenho a agradecer a ela por ter indicado sua postagem para que pudessemos ler tb.

Muito maduras suas colocações. Ainda não consigo fazer tais afirmações com tta clareza, mas refletindo sobre isso já considero um bom começo ;)

Grande beijo
Ju

http://milfacesdejuliana.blogspot.com

Beth Blue disse...

Que texto ma-ra-vi-lho-so! E que palavras sábias para uma mãe tão jovem!

Eu só posso dizer que concordo plenamente. A gente cria os filhos pro mundo, né?