Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Maturidade?

Quem somos nós? 
Um texto que li no blog do Cacá me fez expressar em palavras o que venho pensando faz um tempo. 
Era assim:
"Com o passar dos anos vou vivendo em busca de um meio termo entre assumir um conservadorismo que não me atrofie e procurando negar uma adesão sem críticas às modernidades sem substância que querem me arrebatar de arrastão". E o título é Maturidade! Mais aqui


Eu me sinto assim, numa corda bamba sem fim. Esta corda bamba gera tantos conflitos...
Eu sei que não é exatamente sobre isso que fala o Cacá, mas na hora em que li, o pensamento ganhou forma, e fazia tempo que queria expressá-lo, não apenas senti-lo. 

Eu me sinto diferente, sempre me senti. Não fisicamente, que neste quesito sou muito igual. Comum até. Mas no pensamento, na maneira de ver o mundo eu sou muito diferente. Desde sempre. Meus gostos não combinam com o da maioria das pessoas, meu jeito de ver as coisas também não. E como não ser um ET neste mundo? Por que quando a gente está aqui tem que fazer parte da sociedade, certo? E eu quero! Quero me sentir aceita, integrada, parte. Mas para isso eu preciso me adequar. E me adequar é um longo processo.

Eu nasci aqui, sempre vivi aqui, mas não me sinto adequada. Para isso estou sempre criando freios que me coloquem na mesma posição. Quando digo freios não estou me colocando acima, estou me colocando diferente. Acho que eu ando em um caminho paralelo, sei lá. Sou uma estrangeira na minha própria terra. Eu penso azul enquanto todos pensam amarelo! E isso é uma angústia constante! É o assumir o conservadorismo. Agir como esperam que eu aja, por que é o certo a se fazer. Então eu decido que pensarei amarelo, e me cerco das coisas mais triviais possível. E consigo viver refreada assim por um tempo, quase acredito que já faço parte. Mas daí chega o dia em que me sinto sufocada. Em que meu pensamento azul quer voar, quer vir à superfície. E eu fico mal. Por que eu gosto de pensar azul. Eu enxergo coisas que quero expressar, deixar vir à tona, mas que não encaixam na ordem vigente. 

Será que publicar este texto fará com que as pessoas me vejam como uma louca? Será que meu medo a vida inteira foi este? Ser vista como louca? O que é a loucura?

Engraçado que quanto mais louco o meu pensamento, mais comum eu me torno. Quem me conhece, convive comigo, me acha pacata, tranquila, convencional, certinha demais. O que escondo sempre é a loucura das minhas ideias. Por que acho que ninguém nunca as compreenderá. Por que tenho medo do julgamento, da exclusão. Nossa! Como tenho medo da rejeição!!! 

Será que é assim mesmo? Será que todos temos um pouco disso? Será que louco é meu pensamento ou esta nossa maneira insana e egoísta de existir? De ter? De ignorar alguém que passa fome na rua e dirigir para um banquete de Páscoa? De achar que gente vale mais do que animais? De fingir que gosta de alguém que detesta? De cumprir regras com as quais não concorda por que "está na lei"? São tantas questões... Eu me adequo, eu cumpro o protocolo, mas no meu pensamento não há regras da sociedade que possam mandar. Ainda bem!  

Eu estou muito tentada a publicar este texto. Posso me arrepender, mas estou numa fase boa, tranquila, de encontro. E estou buscando esta tal maturidade que o Cacá cita, mas de uma forma que eu possa participar da sociedade sem anular quem sou. Algumas coisas estão acontecendo e tem dado certo. Vamos ver o que o futuro reserva, não é?
Foi muito confuso? Muito non sense? Fiz sentido? 
Beijos a todos,
Tati.

17 comentários:

Thaís leão disse...

Tati, a beleza da gente está nas diferenças!
Eu não acho que vc tenha que ser igual a todo mundo para se adequar,não. Acho que o que faz vc sobressair é justamente o seu modo de enxergar as coisas do seu jeito, com um olhar só seu.
Eu detesto ser igual aos outros, tenho pavor.
O que seria do verde se todos gostassem do amarelo? não tem uma frase assim? Então!
beijos

She disse...

Sim, Tati, faz todo sentido... Acredite você não está sozinha nessa forma de ser, as ideias podem ser diferentes, as pessoas diferentes, os questionamentos outros, os contra-argumentos com uma intensidade num tom maior ou menor, mas você não está sozinha no mundo com essa maneira de ser. A grande diferença é que nem todos assumem ou se assumem e é aí que vc entra, que vc é especial. ;)
Beijo, beijo querida!
She

chica disse...

Ficou lindo esse teu texto colocando exatamente como te sentes e vês as coisas.

Gostei e é assim mesmo que dve ser.Vamos crescendo e modificando os olhares...beijos,chica e lindo dia!

Bordados e Retalhos disse...

Tati, chamo isso de andar na contra mão. Fico pensando em quantas vezes me sinto assim. Por exemplo: sou contra a pena de morte quando uma grande maioria é a favor, defendo os diereitos humanos num tempo cada vez mais desumano, detesto ginástica num mundo que cultua o corpo...e por aí vai. Mas vc sabe, os grandes homens e mulheres andaram na contra mão também: Ghandi, Jesus Cristo, o Dalai Lama...A gente precisa mesmo se adequar ao meio que a gente vive mas nunca permitindo que essa adequação negue os nossos valores e aquilo que acreditamos. Você olha o mundo diferente, vê azul quando a maioria vê amrelo, porque é uma pessoa muito especial, que enxerga além do olhar.
P.S. Está me devendo a receita e aquele momento em qua a partilhamos, realmente está guadado na CMS. Pode pegar emprestado pra vc também a caixinha, tenha certeza que ter uma faz um bem enorme.
Bjs para você, o Vi e o Bê. Vitor manda abraços e diz que agora está ocupadíssimo preparando a coroação de Nossa Senhora que apresentaremos no final de maio.

Caca disse...

Tati, tudo isso faz muitíssimo sentido. (Ah, primeiramente, obrigado por ter uma reflexão minha instigado-a a desenvolver umas proposições tão bacanas). Ontem mesmo eu estava lendo sobre o conceito de INDIVIDUAÇÃO de Jung e tudo, tudíssimo casa-se com o que você pondera aqui. Também, se enveredar pela maiêutica Socrática, você pontua tudo muito consistentemente. Se você se considerar louca, troque por filósofa (e das boas).rsrs. Eu me encantei pelo seu texto. aliás, nessa rica troca que você sugere aqui (mesmo que não seja intencionalmente), me inspirei a escrever sobre a forma como nós lidamos com nosso eu. As influências exteriores, do meio, até onde superam o nosso próprio construir de uma personalidade? Isso vai renderhehehe! OBRIGADO, Tati. Abração. paz e bem.

Misturação - Ana Karla disse...

Confuso nada Tati.
Claríssimo e compreensível.
Pois pessoas que agem assim como você, me faz pensar que estão certas por não compactuar com as tristezas e destrezas desse mundo.
Eu costumo dizer aqui, que ando na contramão. Justamente por quase não concordar com tudo, ou nada!
Confundi? kkkkkkk
Xeros

Cissa Branco disse...

Tati,

Ainda sou muito imatura, ainda quero que o mundo me engula como sou, acho que nunca fui do tipo de me adequar as coisas e pessoas, pelo contrário, luto para mudar o meio para que pessoas como eu sejam consideradas normais. Na realidade, tenho o maior orgulho de ser considerada revolucionária, louca varrida, e qualquer outro adjetivo que demonstre que não quero e não posso me enquadrar, pelo menos por enquanto, pelo menos até a maturidade chegar.
Uma coisa é certa, se vc já está usando o Bem Capaz! é porque entendeu perfeitamente como funciona, rs, aliás, essa é uma expressão ótima para passar uma imagem mais normal, ninguém entende ao certo o que estou querendo dizer e ainda posa de intelectual, rs. Viajei??!
Grandes beijos e ótima semana

Nilce disse...

Somos todos diferentes Tati.
Alguns aceitam seguir as regras, outros não e acho que estes sim têm esse medo de rejeição, por isso vivem o que não são.
Você é franca, direta, e sabe dizer não ao tudo igual. Você está certa, Tati, somos livres e pensar diferente, ter atitudes diferentes é normal.

Bjs no coração!

Nilce

Macá disse...

Tati
Que saudades de você! Mas vou ser sincera: fiquei um pouco triste pela sua ausência no encontro. É claro que você deve ter tido seus motivos, mas é que eu queria muito te conhecer pessoalmente. Mas gostei muito de conhecer a todas que participaram.
Quanto a ser ou pensar diferente. Eu por exemplo, às vezes me acho muito igual a todo mundo e outras, bem diferente. Já fui a ovelha-negra da família entre 7 irmãos que agiam da mesma forma e eu lá para contestar. Hoje, a maturidade me faz aceitar muito mais coisas e um dia, daqui há MUITO tempo ainda, você talvez acomode um pouco seus pensamentos.
Mas você é especial, pra todos que te leem, por ser assim como você é.
um beijo grande

Manuela Freitas disse...

Olá Tati,
Gostei muito deste teu questionamento...este dilema de ir com o rebanho e ter a vontade de afirmar uma ideia, um gosto, qualquer coisa de diferente...acontece-me muitas vezes...algo que incomoda as pessoas, mas que eu sinto que é importante, porque afirmo a minha autenticidade...
Beijos,
Manu

Betty Gaeta disse...

Oi Tati,
Eu não sou uma pessoa perfeitamente adequada as formas sociais e muitas pessoas me criticaram por determinados comportamentos meus, mas eu sempre fui muito coerente para comigo mesma e para com as pessoas que me rodeiam (às vezes sou irritantemente coerente), e com o tempo muitas pessoas acabaram por me confessar que eu estava certa.
Bjkas e uma 3ª-feira maravilhosa para vc.

www.gosto-disto.com

pensandoemfamilia disse...

Tati
Cada um traz seus próprios conflitos, pois somos mesmo diferentes. Adequar-se a sociedade é necessário, mas não a ponto de anular o nossso eu para ser parte."'Às vezes precisamos optar por nós ou pelos outros. Quando conseguimos ficamos fortalecidos. Para nos individualizarmos entramos em choque, às vezes somos olhados torto, mas o melhor é ser quem se É.
Em Terapia de família esta é uma parte muito importante para ajudarmos no crescimento pessoal (individuação).
Viu como tudo faz sentido.
bjs.

Minhas Minimulheres disse...

Oie! Tati lendo seu post acabei me vendo... De uma forma ou outra eu sou diferente dos demais, penso diferente, ajo de uma forma diferente, ou seja sou toda diferente. Muitos sim me acham de louca, até me atacam com palavras ríspidas, outros me elogião e assim sigo minha vida... Não faço questão em mudar para agradar a ninguém, se sou o que sou é pq Deus me fez assim e não por fingimento.

O que faço é mostrar minha gentileza e carinho, se eu vejo que a pessoa não quis saber eu paro e não volto mais a repetir o mesmo.

Tati seja feliz e continue sendo o que é, as pessoas tem que te aceitar e gostar de vc como és e não do jeito que eles querem.

Que Deus te mantenha assim até o dia que Ele quiser.
Beijokasss

✿Hanan Mustafa e as Florzinhas✿
www.trakinandocommamae.blogspot.com

Lúcia Soares disse...

Tati, nem li os comentários acima, pra não me influenciar.
Não vou desanimar você, que é absolutamente normal, apenas um ser pensante que questiona essa vida louca.
Essas perguntas nunca lhe serão respondidas. O conflito com nós mesmos é constante. Fui assim, sou assim, desde que em conheço por gente!
Faz parte da vida.
Quem se acomoda, sem sair em busca de respostas para conflitos interiores está apenas tapando o sol com peneira. Pode acreditar!
Beijo!

Edson Marques disse...

Tati,

Acabei de ler o post sobre plágio de texto teu, em 02.03.11.
Que horror!

Quero que você veja, quando puder, o caso do Paulo Coelho com frase minha no Twitter e Facebook, sem citar autoria.

Abraços,

Maria Célia disse...

Oi Tati
Como você escreve bem, gosto de todos os seus textos. Às vezes uma coisinha aqui, outra ali não concordo, mais ainda assim sou sua fã.
Entendi perfeitamente sua colocação, e você fez muito sentido.
Bjo

Eduardo Medeiros disse...

oi tati, beleza?

olha, o que você sente creio ser comum a muitas pessoas.sempre haverá alguma área da vida em que você não irá bater com o padrão. até o mais conservador desliza em alguma coisa fora da sua normalidade.

de perto, todo mundo é meio louco. rsss