Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tem fantasma no Censo


Hoje recebi um e-mail de uma amiga, que o recebeu da FEB (Federação Espirita Brasileira). O Vi já havia comentado o assunto comigo. Diz que quando o recenceador perguntar por religião devemos dizer Kardecista, e não Espírita, por que eles esqueceram de incluir este item. Eu não sei o que responderei... Por que já não sei se hoje sou espírita.

Católica tenho certeza que não sou, apesar de ter feito encontro de casais - e adorado!!- ter trabalhado numa igreja aqui de perto, e ter sido muito bem recebida por eles. Nunca nos sentimos um deles... E não é preconceito, é só uma sensação, de ser convidados numa casa querida, e não moradores, entendeu? Também já não ando me sentindo mais apenas Espírita... E também não me sinto sem religião... Só que não é este o assunto de agora O tema hoje é outro.

Ainda assim, a espírita que fui explica: É que espíritas não gostam de ser chamados de Kardecistas. E a explicação é simples. Somos (somos?)  espíritas cristãos. Acreditamos em Deus, em Cristo. Seguimos o evangelho (novo testamento). Kardec é considerado o decodificador da doutrina. Ou seja, é como um evangelista (não tomem ao pé da letra, ok?). Ninguém é considerado Mateusista, Luquista, Marquista, certo? É a mesma coisa. É assim que os espíritas cristãos pensam!

Só que as pessoas envolvidas no censo não sabiam. Também não perguntaram (nem mesmo ao google). Devem ser homens, homens detestam pedir informação!!

Só para esclarecer, no espiritismo há um estudo das manifestações espirituais sim, mas esta não é a base do espiritismo (a brincadeira lá do título/ figurinha é só brincadeira, viu?). O que é mais pregado, estudado, defendido é a reforma íntima, ou seja, nossa modificação pessoal. Aceitarmos que cometemos erros, e buscar melhorar como pessoas. E aceitar a caminhada individual, aceitando que isso é feito em várias etapas, para isso a reencarnação. E outras coisas que não é intenção deste post esclarecer. Para isso há sites e mais sites especializados e muitos livros. Saibam ainda que espíritas não são caça-fantasmas... Incrível como ainda tem gente que pensa assim...

Onde sinto que já não me enquadro? São várias coisas. Uma que me incomodava, pelo menos no centro que eu frequentava, é a mania que alguns (NÃO TODOS) tem de achar que A VERDADE está com o espiritismo, e que UM DIA os nossos irmãozinhos menores descobrirão isso. Que o espírita está acima, mais esclarecido, e que por isso tem que ter paciência e compreensão com os demais. Ok, encontrei isso também na igreja católica... E antes que alguém que não gosta de religião replique, eu gosto muito! Também sei que é administrada por pessoas, e por isso, tem falhas. Mas acredito muito em Deus, em energia, em sua força. 

A ideia inicial era um pequeno esclarecimento do termo kardecista x espírita cristão e avisar aos amigos espíritas sobre a nota da FEB. Coloquei-a aqui, caso queiram lê-la na íntegra (é curta!).

Para encerrar e esclarecer quero dizer que não me sinto melhor do que ninguém. E que nenhuma religião pode fazer isso por quem quer que seja. Quanto mais segregamos, menos somos... Também não me sinto pior. Sou igual. Tão filha de Deus quanto um católico, um evangélico, um espírita, um muçulmano, e até que um ateu...hehehe (esta foi prá Glorinha!!! kkkk).


É isso, não pretendo me alongar no assunto. É cedo para alguns, mas o dia, hoje, já vai longe para mim. Mais tarde, se der, volto com novas histórias. Tem uma macaquice que quero contar. Louco é quem rasga dinheiro? Aguardem a maluca aqui!!

Beijos a todos,
Tati.

sábado, 14 de agosto de 2010

Os bastidores da lembrança


Quando estava montando a postagem da Quem me quer - Quem eu quis - fui ao google imagens procurar fotos da boneca. Consegui encontrar tanto a minha quanto a da minha irmã. Sim, a história é baseada em fatos reais! hehehe
  

Nas buscas acabei parando no Mercado Livre, onde descobri uma infinidade de bonecas Quem me quer, e outras tantas, sendo vendidas. Uma Quem me quer chega a custar R$ 350,00. Achou caro? Eu daria, se tivesse!! Olhando as fotos senti uma vontade tãããão forte de abraçar a minha de novo... senti até o cheirinho dela, acreditam? A textura da pele... Ai... que saudade da minha boneca favorita, gente!! hehehe

Mas nem era isso que eu queria falar não... É que na busca, quando vi estas bonecas à venda, vi que muitas ainda estavam nas caixas, algumas lacradas!! Como assim? Aí lembrei da tristeza do Pete Fedido, lembram dele? Do Toy Story 2? E sua frustração por ter sobrado, por nunca ter sido tirado da caixa... A gente repete esta frase à exaustão aqui em casa (filme preferido da família, diga-se de passagem): "Nuuunca foi abertaa..."

E aí fiquei com uma peninha delas... Daquelas bonecas que foram produzidas para serem abraçadas, queridas... para fazerem parte das histórias e lembranças de uma criança e... não foram abertas, para não estragar...

Lembrei também de umas amiguinhas de infância, que moravam na casa em frente ao nosso prédio: Márcia e Renata. Elas tinham um husky siberiano liindo, o Micha, e tinham também tantos, mas tanto brinquedos... Uma vez, brincando na casa delas, a mãe abriu um armário e havia uma infinidade de bonecas nas caixas, numa prateleira que a gente não alcançava. Acho que ela guardava para dar de presente em aniversários, sei lá. Na época não me questionei. Só registrei a imagem por que era uma visão do paraíso! Imagine o cheirinho de todas aquelas bonecas novinhas... Cabelos sedosos... Roupas que farfalhariam... Brincadeiras virgens por acontecer... Será que são estas bonecas, aquelas fadadas a morar no fundo do armário durante a infância das meninas da casa, as que vemos hoje expostas no Mercado Livre? 

E se pensassem, o que sentiriam estas bonecas? Seriam felizes por estarem ainda montadas, todas trabalhadas no estilo "não saí da caixa"? Ou estariam tristes por não terem vivido?

As nossas bonecas não sobreviveram a nós. Não tenho nenhuma para contar a história. A última, uma Susi com calça cigarrete de tecido brilhoso e casaco de pele, foi destruída por uma boxer louca que tivemos, a Chalaninha. As demais, acabaram-se em brincadeiras. Não acho ruim. Não faço questão que os brinquedos do Bê sobrevivam à passagem do tempo. Se eles resistirem às brincadeiras, ótimo, desde que as brincadeiras sejam seu porto, e não a conservação.

Minha mãe conseguiu que uma de suas bonecas resistisse ao tempo, era linda! Eu e minha irmã, duas traças de brinquedos, destruímos a coitada. Não precisamos chegar a este ponto, né? É possível um uso cuidadoso,  desde que um USO. Sei lá, é minha visão para os brinquedos. Não todos, é claro! Há aqueles que são produzidos para colecionadores. Sua energia é diferente. Eles são mais esnobes. Na verdade, se olharmos em seus olhos perceberemos que nem mesmo gostam de crianças... Eles torcem o nariz quando elas chegam perto... Não sou muito fã deles não... Uns metidos!

Lembrei também do aniversário de 1 ano do Bê. Dentre tantos e tantos presentes lindos, em suas caixas e laços de fita, um chegou numa bolsinha despretensiosa. Minha querida amiga Lilith, um daqueles tesouros que papai do céu me deu, levou um presente de loja, embrulhado como os demais, e também esta bolsinha, com "Os 7 atchins". Sabe quem eram? Os 7 anões, de borracha. Qual seu valor? Foram dela, quando criança, e ela os quis passar para meu filho. E se você acha que esta história já era encantadora aqui, não sabe o desfecho. Estes atchins tornaram-se o brinquedo favorito do Bê. Até hoje estão aqui em casa. De tempos em tempo damos uma geral nos brinquedos e separamos os que não são mais usados para doar. Quando chegamos nos atchins, ele os segura por um tempo, pensa... e diz, um tanto contrariado: "Tá beeem, mãe. Pode dar"... Na sequência, disfarça e os pega de volta! Agora já nem os incluo mais neste grupo de possíveis doações. Serão guardados, tal qual Woody, Buzz e Jessie. Quem sabe serão ainda os favoritos dos meus netos? Ou retornarão aos filhos da Lilith, quando estes forem encomendados? Isso ainda não sei... Sei que estes podem se dizer brinquedos felizes. Fazem parte de um ciclo de amor. 

Será que 1.425.569 vezes assistindo à série Toy Story me afetou? Pode ser. O mais provável é que ter este filme como predileto, dentre as animações maravilhosas que temos por aí, venha de uma grande identificação com brinquedos e brincadeiras. Tenho um arquivo maravilhoso em meu baú da memória para contar a vocês, só que aos poucos, tem que ter paciência com tantas e tantas histórias. 

Me aguardem!

Beijos a todos,
Tati.

P.S.: Só para esclarecer: Existiam duas coleções de bonecas, ambas da estrela, uma a Bem me quer e outra, a Quem me quer. A minha era a Quem me quer, são as bonecas das fotos acima e do post anterior (a última, de cabelo arrepiado, não. É uma imitação, é que foi a única que encontrei descabelada... A Bem me quer é a boneca da foto ao lado. Pronto, acharam que eu tenho boa memória? Precisa ver a do Google!! Mais beijos.


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quem eu quis

Esta é minha participação na blogagem coletiva proposta pela Glorinha, do Café com bolo, Emoções e Sentimentos. 

Prato do dia:  Inveja. 


No meu tempo de pequena as coisas não eram como hoje. Brinquedos eram presentes no dia das crianças e no Natal. No dia das crianças, uma lembrancinha, no Natal, o melhor presente de todos! No aniversário não tinha presente dos pais, tinha uma festa, que também não era como as festas de hoje. Era um bolo com a família e amigos mais chegados, na própria casa ou apartamento. E era ótimo! 

De todos os brinquedos que ganhei nenhum foi mais especial que a Quem me quer. Nem mesmo a bicicleta cecizinha azul, linda e com cestinha foi mais querida que a Quem me quer. Aquela foi a boneca dos meus desejos! E foi um presente de Natal. 

De modo geral minha mãe, que adora criar clima de magia, escondia os presentes, mas eu sempre achava, mesmo que sem querer. É que curiosidade é talvez o traço mais marcante de minha personalidade. Achei a bicicleta no quartinho de empregada e até a coleção das Moranguinhos embaixo de poltronas e sofás...

Desta vez, não sei explicar por que (perguntem a ela), nós escolhemos a boneca. Lembro da vitrine, com vários modelos : roupas e cabelos diferentes, uma imensidão de cores. Tinha também menino Quem me quer. Lembro do comercial na televisão, com a música e os diversos modelos sendo apresentados. Cada uma mais linda que a outra. Era uma loja grande, ou eu que era pequena? E as bonecas todas ali, iluminadas, de braços abertos, com aquela carinha encantadora. Se fosse nos dias de hoje, faríamos a coleção da Quem me quer. Naquele tempo, não! Tinha que escolher uma. 

 Eu me apaixonei pela que tinha cabelos rosa, rabo de cavalo e uma camisola verde água. Ah, eu amava verde água, achava a cor mais linda de todas as cores... Só que ... eu tenho uma irmã mais nova. Nesta época, tudo o que eu queria era o que ela queria. E eu odiava isso! Acho que até hoje sou assim, gosto do que ninguém gosta, do que é diferente, por causa disso. Sempre gostei de me diferenciar. Pronto! Estava armada a confusão. Dentre tantos modelos de Quem me quer minha irmã queria a que eu escolhi! Ai, que raiva!!!

Bati pé, reclamei, ela fez beicinho, chorou... Minha irmã sempre soube conduzir melhor as coisas. Eu endurecia, ela adocicava. Eu ficava irritada, ela, chorosa. Daí vinha aquela conversa antiga e atual, de que eu era a mais velha, que já era uma mocinha, que sabia entender e tal... Tá, tá bem... Escolho outra! Mas aí ela não pode trocar!!!

Olhei, olhei. Um tanto decepcionada. Até que aquela linda boneca, com cabelos acastanhados, vestidinho azul com avental e cabelos em maria chiquinha conseguiu me convencer de que era a boneca ideal para mim. Me rendi a seu charme.

Ah, que boneca querida! Como queria uma dessas de novo em meus braços... Que fim levou minha boneca tão amada? Não me lembro... Lembro que brincávamos muito com elas, que eram nossas filhinhas fofas, e mesmo com a paixão pela minha, sempre olhei de soslaio para a da minha irmã...Até que, bonecas gastas, cansadas, muito brincadas... perderam suas presilhas de cabelo.

As maria-chiquinhas desfeitas da minha boneca renderam-lhe uma cabeleira cheia, vasta, bela. A de minha irmã, ao perder seu rabo de cavalo, desnudou uma ampla calvície, estilo coroa de padre, e um cabelo ralo e irregular, que ficava muito comprido na parte de baixo e mais curto em cima, nada parecido com um cabelo em camadas, diga-se de passagem. Uma coisa horrível!

E se naquela hora, algum olhar atento se virasse em minha direção, veria uma menina disfarçando um quase sorriso vitorioso, preso no canto da boca...

Beijos a todos,
Tati.


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Uma campanha maravilhosa

Clique e conheça a história do Oliver

Muitas vezes, quando a coisa aperta e parece que estamos perdidos, percebemos o quanto de colo, apoio, carinho e acolhimento nós temos. Este é o caso o Oliver. Eu soube que o filho de uma profissional de onde trabalho - mas que só conheço de nome, por que é conhecida no meio - estava doente (mas eu não sabia o que era). De repente, minha cunhada me manda um e-mail com uma campanha por doação de medula. Hoje, vejo duas postagens na sequência. Uma, da querida Sandra Ronca e outra da intrépida Mimirabolante, as duas aderiram à campanha por doação de medula para o Oliver Kligerman. Reportagem aqui

As postagens das meninas me deram uma sacudida. Como assim, eu ainda não fiz nada? Resolvi me mexer então. Primeiro, postar a campanha. Você já se cadastrou como doador de medula? Sabe que com algo muito simples pode salvar a vida de alguém? 

Em segundo, resolvi que irei ao Hemocentro mais perto de minha casa (que não será o de Niterói, é claro!) e me cadastrarei. Sempre fui doadora de sangue, a última vez que tentei doar estava com anemia e não pude. Nunca mais retornei. Isso não pode continuar! Somos todos um, lembram-se? Hoje o Oliver, que não conheço, amanhã eu, ou você. Ninguém está imune. Sejamos solidários. Se não for por outro motivo, que seja por que a vida é cíclica.

Semana que vem contarei como foi o cadastramento. A doação só ocorre se houver compatibilidade. 

Um beijo a todos,
Tati.

FLORESCENDO - Repostagem

Olá amigos, 

Dentre os textos que postei no início do blog este talvez seja um dos meus favoritos. É ainda da fase em que não tinha coragem de escrever textos para postar e postava o que já havia escrito há tempos.  Espero que gostem tanto quanto eu gosto, ou que gostem pelo menos um pouquinho... Cheguei à conclusão que ando escrevendo mais do que lendo e isso é um erro gravíssimo para alguém que se pretende escritora. Vou resolver este porém, o que tomará um pouquinho mais de meu tempo. Há livros acumulando-se nas prateleiras, ansiosos por me contarem muitas histórias. 


Vou abastecer a mente e voltarei com o tanque de ideias tinindo, sem cometer as falhas de escrita que venho comentendo. Não percebeu? Que bom para mim, eu vi, vi sim... É isso! Claro que amanhã tem texto da inveja e sempre que a lotação estiver esgotada passarei por aqui e dividirei com vocês as histórias que me povoam. Hoje, fiquem com o Florescendo... (mexi em poucos pedacinhos...)

Oi! Achei este texto remexendo arquivos (virtuais, do word...). Me pareceu bastante atual, até por que o que se passa em nosso interior é atemporal, certo? Talvez por isso eu seja tão ruim com relógios e calendários... hehehe Mais uma coisa para mudar!

daqui
"Sou um ser emocional. Sensibilidade à flor da pele, sempre. Tentando dar vazão a tudo isso que sinto e nem sei bem o que é. Preciso ser mais racional, é o que o mundo me exige a todo instante. Quando sou assim, sou bem menos eu, e acabo me perdendo. Por que não posso ser quem eu sou? Por que não ser exatamente este ser de pura emoção? É que quando somos assim, tão sentimento, acabamos ficando pouco ação, e a vida é movida por ações. Estagnamos fisicamente, por mais que a produção interior aconteça.

Sinto que, quando me permito, eu voo, vou tão longe que quando retorno, nem sei por onde passei. Chego, aterriso e me pergunto, onde estive até agora? E sinto-me mais leve, mais inteira, mesmo sem consciência do que andei fazendo.

A música me ajuda a liberar toda essa explosão que existe dentro de mim. Explosão é um termo engraçado para definir este sentimento, por que apesar de intenso é suave. É uma certa nuvem, um florescer.

Florescer faz mais sentido, quando uma flor desabrocha é um movimento tão intenso quanto lento e silencioso, a ação não é perceptível, seu resultado, sim. Assim são meus rompantes emocionais.

Já tentei me tornar uma pessoa-ação, acabo sempre me contradizendo, me embolando em ideias, tropeçando naquela que insiste em continuar dentro de mim, e me governa. Sou eu em essência. Neste momento, essência inadequada. Não me encaixo. Esse sentimento de inadequação me acompanhou a vida inteira. Eu luto contra ele, que mais cedo ou mais tarde retorna, cada vez com mais força. Eu preciso assumir meu ritmo, e aceitar. Também preciso estar na hora nos compromissos agendados, e conviver com pessoas diferentes, no ritmo que a vida dita.

Já tentei agir com naturalidade entre pessoas que repetem convenções como se fosse o mais correto a se fazer. Pode ser o mais óbvio. Esta monotonia de raciocínio me desconcerta. Eu preciso pensar, criar, formular teorias, questionar. Detesto idéias pré-concebidas, repetidas como lei natural simplesmente por terem sido proferidas por grandes nomes. Quem são os grandes nomes? Homens como todos os outros, que por alguma razão (muitas vezes por mérito, não quero desmerecer ninguém) tiveram projeção e oportunidade de expor seus pensamentos.

Como controlar esta força feroz que arde dentro de mim e me impele a seguir meus instintos? Instintos de pensar... Porque preciso me fixar em uma linha e segui-la cegamente? Não sou cega, não sou míope. Tenho olhos de lince e quero mostrar ao mundo o que vejo. A diferente sou eu, nem por isso sou eu a errada. Estou certa em meu íntimo. Para estar em consonância com a sociedade tenho que estar em desacordo comigo. O que é mais importante? Mentir para si ou para uma comunidade inteira? Não encontro a resposta, ou a resposta que encontro não me satisfaz? 05/10/07

Como da outra vez que fiz uma repostagem muitos me perguntaram o que mudou de lá para cá. Vou dizer: Aqui, encontrei voz a meus sentimentos, encontrei pessoas que pensam parecido e já não me sinto mais tão diferente assim. Isso é ótimo! Crescer? Não cresci muito não... ou não sinto este crescimento. Pode até ser este desabrochar de flor, que a gente só percebe lá na frente... quem sabe? Estou em busca, ainda no caminho, e sei que há muita estrada pela frente. Adoro minha própria companhia, sei também que para aprender, precisamos dos demais. E amo conviver com pessoas, cada coisa no seu tempo. E se puder ser no meu tempo, melhor! hehehe


Enquanto eu escrevia este texto recebi uma notícia que me fez sentir muuuuita vontade de colocar os pés no chão e deixar meu lado racional atuar um pouquinho mais. Peço a torcida de todos, me coloquem em suas orações. É coisa muito boa, não se preocupem. Conto assim que estiver resolvido! 

Beijos a todos,
Tati.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A luz do convívio


Hoje, minha querida-amiga-espelho Alê veio trabalhar aqui em casa. Foi ótimo e reduziu aquela sensação horrível de solidão. Caprichei no cardápio, que ela disse que é comida de festa. Fiz com muito, muito carinho! E ela acha até que é receita para postar aqui, só tem um porém, não sei dar receita, por que coloco um pouco disso, o tanto que tem na casa daquilo, e assim vai... Fica difícil desse jeito, né? Outro dia pego a receita original e conto para vocês, tá bem?

O que quero contar é de onde vem todo este vazio que me acompanha... Querem saber? Senta que lá vem a história...

Então, antes eu morava em um condomínio que parecia uma vila, onde fiz amigos muito queridos, uma delas, a Mônica, me ensinou a receita que fiz hoje. Lá era uma delícia. Resolveu preparar um prato e falta uma cebola? Pega na Pati. Outro dia a Ana aparece precisando de um limão, e assim vai.Tantas festas surpresa nós fizemos que um dia deixou de ser surpresa e já era festa esperada! E para cada festa, pelo menos 2 enterros dos ossos.

Certa vez, acordei, desci as escadas e recebi bom dia da minha vizinha, que tirou a cabeça de minha geladeira para isso! É que ela estava descongelando a própria geladeira e pediu ao Vi para usar a nossa. A cena foi engraçada e caímos na gargalhada!

Uns cuidavam dos filhos dos outros, minha casa vivia cheia. Tinha pipoca pelo chão e brinquedos espalhados, mas também tinha música e risadas. Muitas risadas! A Pati tem um filho, o Arthur, 6 meses mais velho que o Bê, e herdamos todo o guarda roupas. Não cabia mais no Arthur? Entrava lá em casa pela porta ou pela janela, dependia de quanto tempo nós tínhamos para prosear: roupa, sapato, casaco liiiiindo da Zara, uma infinidade de coisas. 

 Claro que tinha a parte chata. A invasão de privacidade era inevitável, e alguns, mesmo queridos, não eram muito cuidadosos. Nós, que somos tão fofos quanto reservados, nunca soubemos lidar bem com isso... Além disso a casa era pequena, e não tinha muito espaço para crescer. A gente precisava de um escritório, já que tanto eu quanto o Vi trabalhamos muito de casa e não tinha onde. Daí surgiu a ideia de mudar para um apartamento. Eu achava que seria fácil: quando quisermos silêncio e recato - casa, na hora da interação - playground. Se alguém aqui mora em prédio sabe que não é bem assim. O play, pelo menos no meu prédio, é mais frequentado nas férias e por meninos maiores. Acho que os pais não tem muita paciência de descer... E os adultos não interagem muito. Não conheço (a não ser de bom dia, boa tarde, sua obra faz sujeira) os vizinhos do meu andar!! Não sei o nome de ninguém!!  

Outro dia faltou luz no prédio. Eu sozinha... já contei que tenho medo de escuro? Então, de noite, sozinha e no escuro (o que me salvava era a luz do note, que acabaria em menos de 1 hora...). Ouvi barulho no corredor e fui até lá para ver o que acontecia. O prédio não estava totalmente sem luz, só os apartamentos. Eu não tinha como acessar meu interfone por que foi durante a obra. Minha vizinha abriu a porta, percebeu que os elevadores funcionavam, foi interfonar para a portaria. E... me deu tchau! Fechou a porta. Ficou no escuro!!! Fiquei tentando entender aquilo. Tinha luz no corredor, uma vontade enorme de puxar uma cadeira e prosear por lá. Isso aqui é impossível, corredor é local de passagem e não de convívio. Eu seria uma louca, vizinha inconveniente, se o fizesse. Entrei em casa e me recolhi à minha insignificância.

E fiquei me lembrando de uma noite de apagão, no verão de 2006, próximo à festa de 1 ano do Bê, em fevereiro, no Torino. Todos saímos, sentamos no chão ou em cadeiras e bancos e batemos papo. Não havia por que ficar trancados dentro de casa no escuro e no calor. Batemos papo, comemos biscoito. Numa certa altura a Pati teve a ideia de dar banho de mangueira nos meninos e foi uma farra! A luz só voltou no meio da madrugada, já dormíamos nesta hora. As lembranças que tenho são tão claras, tão iluminadas. Por que havia convívio, carinho, amizade.

Gosto do lugar que moro hoje. Sinto muita saudade dos amigos que lá deixei... Lá, eu não me sentia sozinha, só se eu quisesse (às vezes, nem quando eu queria...). É uma pena não ter feito amigos aqui. Quando eu me mudar, a saudade será só do espaço físico (triste, né?)

Um beijo a todos, 
Tati.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Amor ao silêncio

Este texto está escrito há bastante tempo. Comecei a atualizar as datas, mas o descaracterizaria demais, então, apenas explico aqui e mantenho-o como estava. Acho que foi escrito em abril ou maio... nem sei... mas ele traduz tão bem meu estado de espírito (menos a enxaqueca, que Gracias, não me acompanha hoje):
No centro onde trabalhávamos havia uma frase em um mural: "Se suas palavras não forem mais bonitas que o silêncio, prefira o silêncio". Achava-a maravilhosa. E olha que sou uma tagarela! Mas sou uma tagarela em reabilitação, tentando silenciar não apenas a boca, principalmente a mente.

Hoje é domingo e fiquei em casa por que acordei com enxaqueca (aliás, estou em crise desde sexta-feira). Marido e filhote foram curtir o dia na casa da sogra e eu fiquei. Não pense que me dei bem, longe disso! Adoro a casa da minha sogra. Ela nos recebe muito bem, é muito carinhosa, e como a família é grande, a reunião de cunhados e sobrinhos é sempre uma festa. Hoje perdi de curtir um momento gostoso em família.

Fiquei em busca de silêncio e tranquilidade, mas em pleno domingo algum vizinho sentiu-se no direito de escolher a trilha sonora do quarteirão. Então, com o pouco de capacidade que resta a alguém com dor de cabeça e no meio de uma boate arbitrária, fiquei pensando no medo que as pessoas tem do silêncio.

Por que temos tanto medo de silenciar? Por que, quando estamos entre amigos, há a necessidade de emitirmos palavras o tempo inteiro? Com quantos amigos somos capazes de nos sentar em silêncio e ainda assim estar em sintonia?

Se estamos em casa sozinhos ligamos a TV ou o rádio, nem que seja apenas para "fazer barulho". O silêncio está relacionado à solidão? Sei que não existe solidão maior do que aquela que sentimos em meio à multidão.

Será que o medo maior é da nossa consciência? Não aquela consciência clássica, juíza do certo e errado, mas a consciência pura e simples: nossa capacidade de estar consciente da realidade? É este o momento em que as grandes questões nos invadem? As temíveis questões: "O que você está fazendo da sua vida?" "Você é feliz?" "Por que está aqui?" "Qual seu compromisso com a vida?"

Estar em silêncio nos permite um íntimo contato com quem somos de verdade. E isso é assustador! Neste estado somos capazes de enxergar aquilo que ocultamos de diversas formas. Temos medo do ruim em nós, de enfrentar nossas falhas, com isso perdemos de nos conhecer um pouco mais. 

Vivi momentos inesquecíveis, sem que uma unica palavra fosse emitida. Para certos momentos, qualquer palavra é menor. Não há palavras capazes de traduzir determinadas emoções e situações. Um abraço, um encostar nos ombros. Olhos nos olhos sob as estrelas... Que palavra pode ser dita?

Eu também tenho medo do meu silêncio, e de qualquer silêncio. Amo momentos assim, mas ligo, no mínimo, o computador. Preciso de companhia. Neste período que tenho trabalhado muito de casa e passo o dia inteirinho sozinha... Tem horas que dá angústia. Achava que adoraria esta situação. Sempre quis um pouco mais de solidão. Adoro estar comigo mesma, mas nesta fase estou assim tempo demais, e sinto falta do compartilhar. Os dias ficam longos demais. Não há interação, troca. A energia fica estagnada, e água parada, apodrece. 

Sem silêncio e solidão a escrita não acontece (pelo menos para mim). Só que solidão demais começa a me deprimir em algum ponto. Eu vou fechando a concha de tal forma que chega uma hora, mesmo que eu queira, não consigo abrir. Acho que é o que está acontecendo agora. Tenho ficado tempo demais só, comigo mesma. Gosto da companhia, mas sinto falta dos demais, do convívio, e quando tenho a oportunidade... esqueci como interagir. Fico quieta, distante. Não gosto quando estou assim. E sei que é hora de retornar à superfície. 

Este texto estava guardado nos rascunhos e o encontrei agora, numa semana que começo com muito a dizer, mas com conchas cerradas, o esforço para abri-la é intenso, não só por que eu acho que preciso, mas por que quero! Quero estar com as pessoas, participar do mundo. Solidão e silêncio são bons, mas quando são voluntários. Neste momento já não é mais assim para mim. Nestas horas penso em Cecília Meireles, não me comparando à sua escrita, entendam bem, mas à sua solidão profunda, e sei que não quero chegar tão longe. Os textos podem ser ótimos e inspiradores, podem traduzir nossa alma, mas este mergulho em apnéia é doloroso demais. Acho que não estou disposta a arriscar. Tenho muito a perder!

Um grande beijo,
Tati.