Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Minha carta para Julieta

Tenho tantas coisas a dizer que nem sei por onde começar. Estou trabalhando com tantas coisas, montando meu site e outros tantos projetos. Mas acho que vou falar sobre o medo, que de certa forma está presente em quase todos os temas. Medo de crescer, ser feliz, se aventurar, envelhecer, morrer...
Tudo implica perda, até quando ganhamos. Pois ao ganharmos algo, necessariamente temos que abrir mão de outra coisa. É assim quando a criança cresce e abre mão de ser bebê ou quando o adolescente abre mão de ser criança. Tudo isso demanda trabalho psíquico. O nosso desenvolvimento está muito além do desenvolvimento biológico ou etário. Implica amadurecer afetivamente, ser feliz com o que se tem, se perdoar nas dificuldades ou mesmo nos fracassos e continuar crescendo. Escutei de um médico amigo meu que falando sobre o desenvolvimento mental, comparou o cérebro de um chimpanzé com o de um ser humano. Ele afirma que os dois são muito parecidos anatomicamente. Contudo, a diferença é que o cérebro deste animal é capaz de aprender muitas coisas até uma certa idade, depois deste período ele não aprende mais nada, conservando apenas o que foi aprendido. Nós somos capazes de aprender por toda a nossa vida. Aprendemos sempre e com isso temos a capacidade de nos superar todo o tempo. Um outro exemplo é olharmos para uma criança pequena. Ela não seleciona seus interesses, ela quer saber sobre tudo. Quando crescemos nossas censuras nos impedem de conhecer muita coisa.
Nosso grande desafio é superar nossas próprias barreiras: medos, traumas, inibições...
Não quero, com isso afirmar que nossos limites são impostos apenas por nós mesmos. Temos sim nossos limites culturais, sociais, financeiros... Neste ponto concordo com Marx. Cheguei a uma conclusão pessoal de que Marx e Freud se complementam. Nem tudo pode ser considerado consequencia do Modelo de Acumulação Capitalista e nem tudo pode ser colocado como uma questão do Sujeito. Entretanto, acredito que mesmo levando em consideração todos estes limites externos, há um conflito interno.
Dirigir, por exemplo, pode significar para muitos, ser livre, ir onde quiser, ter autonomia. Mas também implica ter responsabilidade, se expor, deixar de ser apenas um acompanhante. E sabemos que há vários ganhos secundários em se colocar em segundo plano. Sentar numa máquina, dominá-la e dar partida tem outros tantos significantes. Por isso, torna-se algo tão difícil para alguns. Este é um exemplo simples do quanto somos complexos.
Parei de escrever neste ponto e fui assistir ao filme " Cartas para Julieta". Nossa! O filme tinha tudo a ver com a idéia deste texto. Fala de coragem, busca, perseverança, encontros e desencontros. É a história de uma pessoa que escreveu uma carta, outra pessoa a achou, respondeu e tais atos mudaram a vida de ambas.
Toda mudança implica conflito e temos muita resistência em mudar. Eu definiria este comportamento, comum a todos nós, como algo que beira o biológico. Então, que tal se encher de coragem e mudar. Mudar o cabelo, aprender outro idioma, fazer ginástica, dirigir, pedir ajuda, encontrar um amor, ou mesmo ser feliz com a família e o amor que se tem.
Beijos e carinhos no coração de todos.

Alessandra

7 comentários:

Tatiane Garcia disse...

Texto mto verdadeiro!! são tantos medos nesta vida, que uma hora precisamos dar um basta pra poder seguir em frente!!
bjobjo

Analice disse...

primeiro, muito inteligente as ideias neste texto...

segundo é sempre bom ter ciencia da nossa condição humana, heim...

entender os controles sociais - cientificos - ideologicos -biologicos tb... nos faz menos " maior" do que muitas vezes pensamos ser...

enfrentamento e medos sao iguais em valor ou nao, dependerá do grau de consciencia desses elementos citados...

é mas mesmo assim... é bom mesmo viver e se pudesse escrever uma carta a Deus... falaria d aminha condição e os conflitos citados...

bjs e um otimo dia.........

Beth/Lilás disse...

Muito interessante seu texto Alessandra, parabéns!
Realmente, a vida é isso, mesmo quando pensamos que estamos livres, temos algum grau de responsabilidade, principalmente com a gente mesmo.
Vi este filme também e amei. Uma estória que faz com que não desistamos daquilo que sempre quisemos, de ir em frente, de não desistir.
beijos cariocas

Anônimo disse...

É Alessandra,
Lembrei até de um livro que li, e que gosto muito, chama-se "Perdas Necessárias" da Judith Viuorst. Ela aborda exatamente esse tema, as nossas perdas e ganhos ao longo da vida. É é isso mesmo, um ganho = uma perda; uma perda = um ganho. E vamos seguindo.
Parabéns pelo texto. Fiquei interessada no filme. Bjssssss

Eduardo Medeiros disse...

muito bom seu texto, concordo com ele. vindo de nós mesmos ou do meio que nos cerca, o que não falta são barreiras que precisam ser transpostas.

abraços

Beth/Lilás disse...

Meninas, queridas!
Preciso de sua ajuda lá no meu pedaço, passem por lá rapidinho, ok.
beijos cariocas

Nilce disse...

Parabéns Alessandra!

Mais um texto reflexivo e espetacular.

Bjs no coração!

Nilce