Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

Mostrando postagens com marcador nostalgia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador nostalgia. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A dona da história

BOM DIAAA!!!

Eu tinha programado esta postagem (na verdade, repostagem) para o dia 7 de maio, véspera dos dia das mães. Mas sabe-se lá o que aconteceu, por que o blog está com a data de 7/5 em 2/5... rsrs
De qualquer forma posso usá-la então para iniciar a SEMANA DAS MÃES. Por que concordo que dia da mulher e dia das mães e dia do índio é todo dia!!! 


Não dava para passar esta semana sem falar DELA!
Minha mãe é uma mãe aquariana, e apesar d´eu não ter conhecimentos aprofundados sobre isso (ajudem-me Astrid, Antônio e Marcelo), ela é uma mãe aquariana típica e formou um pouco do que vocês tem conhecido de mim.

Minha mãe é aquele ser que transforma o cotidiano em algo mágico. Não era uma mãe muito típica em certos aspectos. Ela não era daquele tipo que se preocupava com unhas cortadas, dentes escovados, cabelos penteados. Não, isso era muito pequeno para sua mente futurista. Minha mãe nos ensinava a sonhar.

Ela contava histórias ótimas, também lia livrinhos, mas gostávamos mesmo era das que inventava e pedíamos assim:
- Mãe, conta uma história da sua cabeça?
E até esta história ela contou. De como sua cabeça foi crescendo, de grão de ervilha até melão ou melancia, em todas as fases, com todas as esferas que conseguiu se lembrar.

Mas o melhor de minha mãe foi sempre a maneira que nos estimulou a criar, a pensar, a ter ideias, a expressá-las. Minha mãe é bem coruja. Nisso é tão típica como todas as mães (quem já viu comentários dela pelo blog?). E muito culta também. Lá em casa (casa de mãe é para sempre, né?) tem uma biblioteca imensa, com grandes clássicos e pensadores que leio desde adolescente. Ela nunca regulou. Pelo contrário, o estímulo era total!

Nossa casa sempre foi a Central de Encontro dos amigos. Todos queriam estar lá. Iam mesmo depois da escola, muitas vezes sem avisar, e ficavam até o cair da tarde. Pensa que ela reclamava? Que nada, inventava mais alguma coisa para o almoço e comíamos todos juntos, numa grande festa. Sempre à mesa. Isso em casa era sagrado e trouxe para minha casa. Nada de prato no colo em frente à TV. Refeições são horas de interação. Momentos felizes para compartilhar. E até hoje, após as refeições de domingo, passamos muito tempo sentados à mesa rindo, brincando, conversando.

Uma vez, num fim de tarde, muitos amigos em casa, nem sei dizer quantos, toca a campainha. No carro: a diretora da escola, a coordenadora, a psicóloga...  enfim, uma junta educacional completa. Nós não tinhamos telefone na época e uma aluna não tinha voltado para casa. A mãe ligou para a escola. Informando-se por lá alguma professora deu a dica. Deve estar no "clube". Isso mesmo, foi assim que a professora referiu-se à casa de meus pais. Foram todas, e realmente, a amiga estava confortavelmente instalada em uma almofada na sala.

Muitas outras histórias deste tipo. Minha mãe me ensinou a ter asas! A acreditar nos meus sonhos, e a sonhar. Quantos de vocês tiveram a oportunidade de levar seu amado cachorro para cantar parabéns no seu aniversário? Eu pude. Quem tinha medo teve que se afastar. Na hora do parabéns ela deixou que eu o trouxesse, cantou parabéns juntinho dela e depois tiramos foto. Só então voltou para seu cantinho, na área de serviço do apartamento, até que a festa acabasse. É disso que falo quando digo que ela alimentava (e ainda alimenta) meus sonhos.

Sua maneira de estudar conosco era maravilhosa. As associações que criava para que eu não esquecesse Estados e Capitais: Se é um Rio Grande ele precisa de um Porto Alegre, para o desembarque; O que oferecemos para Santa? Flores, então, Florianópolis só pode ser em Santa Catarina... e assim aprendi todas! Só desta cabecinha iluminada poderiam surgir tantas ideias!

Fazia gincanas, com pistas escondidas pela casa inteira, embaixo de sofá, sobre prateleiras, em cada cantinho uma informação de história, ciências, geografia, um bis ou outro doce e novas pistas. Só éramos capazes de adivinhar a pista seguinte com a informação da matéria, mas nada decorado. Tudo entendido! Ao final, na última pista, uma barra de chocolate ou outro prêmio desejado, para TODOS, não apenas para o que chegou primeiro. Já havia em nossa casa um jogo de cooperação, destes que se tem falado hoje em dia... Minha mãe é do futuro!

Posso passar o resto dos meus dias contando momentos assim sobre minha mãe e a maneira deliciosa como nos educou. Eu e minha irmã somos pessoas de muita sorte.

Quando eu era mais nova ficava aborrecida por que, quando ía na casa de minhas amigas elas eram paparicadas pela própria mãe e eu era só uma amiga, mas quando as amigas estavam na minha casa elas eram super paparicadas pela minha mãe. Tirando o exagero escorpiano, eu não entendia que minhas amigas eram paparicadas por serem queridas para mim, e pelo amor enorme que existe nesta mulher que amo tanto.Assim também todos os namorados (meus e de minha irmã) sempre foram tratados como filhos. E precisa ver como ela mima meu marido, preparando seus pratos favoritos, comprando presentinhos ou apenas com palavras! Eu choro daqui já sabendo que ela vai chorar de lá. E vou encerrar por que a quero viva por muito tempo ainda.


Não posso finalizar antes de dizer que, depois de ser esta mãe maravilhosa, ela tornou-se uma avó como nem Dona Benta soube ser. Ela é puro amor, puro açúcar. O Bê e o João são abençoados em poder contar com ela.

E vou contar uma cena inesquecível e ilustrar: Quando o Bê era muito pequenininho eu tive alguns problemas para amamentar (história para outro momento) e minha mãe esteve ao nosso lado o tempo inteiro. Um dia, por fome, cólica, refluxo... nem sei, ele não parava de chorar. Eu, desesperada, já não sabia mais o que fazer. Ela o pegou, olhou em seus olhinhos e começou a conversar. Ele não tinha nem 2 meses. Parou de chorar e ficou olhando para ela, num olho no olho emocionante que eu fotografei, e nem precisava. A imagem é clara em minha mente, e muito mais rica em cores e sabores. Certos momentos são melhor fotografados com o coração.
 

Hoje repito a postagem do ano passado por um motivo muito simples. É a ela que desejo homenagear. Homenageá-la é uma forma de homenagear a todas as mães (inclusive a mim mesma) pela doação, pelo amor, pela presença, por nos apoiarem em nossos primeiros passos e nos seguintes, enquanto seus olhos podem acompanhá-los e mais além.

FELIZ DIA DAS MÃES!
Beijos a todos,

Tati.

sábado, 14 de agosto de 2010

Os bastidores da lembrança


Quando estava montando a postagem da Quem me quer - Quem eu quis - fui ao google imagens procurar fotos da boneca. Consegui encontrar tanto a minha quanto a da minha irmã. Sim, a história é baseada em fatos reais! hehehe
  

Nas buscas acabei parando no Mercado Livre, onde descobri uma infinidade de bonecas Quem me quer, e outras tantas, sendo vendidas. Uma Quem me quer chega a custar R$ 350,00. Achou caro? Eu daria, se tivesse!! Olhando as fotos senti uma vontade tãããão forte de abraçar a minha de novo... senti até o cheirinho dela, acreditam? A textura da pele... Ai... que saudade da minha boneca favorita, gente!! hehehe

Mas nem era isso que eu queria falar não... É que na busca, quando vi estas bonecas à venda, vi que muitas ainda estavam nas caixas, algumas lacradas!! Como assim? Aí lembrei da tristeza do Pete Fedido, lembram dele? Do Toy Story 2? E sua frustração por ter sobrado, por nunca ter sido tirado da caixa... A gente repete esta frase à exaustão aqui em casa (filme preferido da família, diga-se de passagem): "Nuuunca foi abertaa..."

E aí fiquei com uma peninha delas... Daquelas bonecas que foram produzidas para serem abraçadas, queridas... para fazerem parte das histórias e lembranças de uma criança e... não foram abertas, para não estragar...

Lembrei também de umas amiguinhas de infância, que moravam na casa em frente ao nosso prédio: Márcia e Renata. Elas tinham um husky siberiano liindo, o Micha, e tinham também tantos, mas tanto brinquedos... Uma vez, brincando na casa delas, a mãe abriu um armário e havia uma infinidade de bonecas nas caixas, numa prateleira que a gente não alcançava. Acho que ela guardava para dar de presente em aniversários, sei lá. Na época não me questionei. Só registrei a imagem por que era uma visão do paraíso! Imagine o cheirinho de todas aquelas bonecas novinhas... Cabelos sedosos... Roupas que farfalhariam... Brincadeiras virgens por acontecer... Será que são estas bonecas, aquelas fadadas a morar no fundo do armário durante a infância das meninas da casa, as que vemos hoje expostas no Mercado Livre? 

E se pensassem, o que sentiriam estas bonecas? Seriam felizes por estarem ainda montadas, todas trabalhadas no estilo "não saí da caixa"? Ou estariam tristes por não terem vivido?

As nossas bonecas não sobreviveram a nós. Não tenho nenhuma para contar a história. A última, uma Susi com calça cigarrete de tecido brilhoso e casaco de pele, foi destruída por uma boxer louca que tivemos, a Chalaninha. As demais, acabaram-se em brincadeiras. Não acho ruim. Não faço questão que os brinquedos do Bê sobrevivam à passagem do tempo. Se eles resistirem às brincadeiras, ótimo, desde que as brincadeiras sejam seu porto, e não a conservação.

Minha mãe conseguiu que uma de suas bonecas resistisse ao tempo, era linda! Eu e minha irmã, duas traças de brinquedos, destruímos a coitada. Não precisamos chegar a este ponto, né? É possível um uso cuidadoso,  desde que um USO. Sei lá, é minha visão para os brinquedos. Não todos, é claro! Há aqueles que são produzidos para colecionadores. Sua energia é diferente. Eles são mais esnobes. Na verdade, se olharmos em seus olhos perceberemos que nem mesmo gostam de crianças... Eles torcem o nariz quando elas chegam perto... Não sou muito fã deles não... Uns metidos!

Lembrei também do aniversário de 1 ano do Bê. Dentre tantos e tantos presentes lindos, em suas caixas e laços de fita, um chegou numa bolsinha despretensiosa. Minha querida amiga Lilith, um daqueles tesouros que papai do céu me deu, levou um presente de loja, embrulhado como os demais, e também esta bolsinha, com "Os 7 atchins". Sabe quem eram? Os 7 anões, de borracha. Qual seu valor? Foram dela, quando criança, e ela os quis passar para meu filho. E se você acha que esta história já era encantadora aqui, não sabe o desfecho. Estes atchins tornaram-se o brinquedo favorito do Bê. Até hoje estão aqui em casa. De tempos em tempo damos uma geral nos brinquedos e separamos os que não são mais usados para doar. Quando chegamos nos atchins, ele os segura por um tempo, pensa... e diz, um tanto contrariado: "Tá beeem, mãe. Pode dar"... Na sequência, disfarça e os pega de volta! Agora já nem os incluo mais neste grupo de possíveis doações. Serão guardados, tal qual Woody, Buzz e Jessie. Quem sabe serão ainda os favoritos dos meus netos? Ou retornarão aos filhos da Lilith, quando estes forem encomendados? Isso ainda não sei... Sei que estes podem se dizer brinquedos felizes. Fazem parte de um ciclo de amor. 

Será que 1.425.569 vezes assistindo à série Toy Story me afetou? Pode ser. O mais provável é que ter este filme como predileto, dentre as animações maravilhosas que temos por aí, venha de uma grande identificação com brinquedos e brincadeiras. Tenho um arquivo maravilhoso em meu baú da memória para contar a vocês, só que aos poucos, tem que ter paciência com tantas e tantas histórias. 

Me aguardem!

Beijos a todos,
Tati.

P.S.: Só para esclarecer: Existiam duas coleções de bonecas, ambas da estrela, uma a Bem me quer e outra, a Quem me quer. A minha era a Quem me quer, são as bonecas das fotos acima e do post anterior (a última, de cabelo arrepiado, não. É uma imitação, é que foi a única que encontrei descabelada... A Bem me quer é a boneca da foto ao lado. Pronto, acharam que eu tenho boa memória? Precisa ver a do Google!! Mais beijos.


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quem eu quis

Esta é minha participação na blogagem coletiva proposta pela Glorinha, do Café com bolo, Emoções e Sentimentos. 

Prato do dia:  Inveja. 


No meu tempo de pequena as coisas não eram como hoje. Brinquedos eram presentes no dia das crianças e no Natal. No dia das crianças, uma lembrancinha, no Natal, o melhor presente de todos! No aniversário não tinha presente dos pais, tinha uma festa, que também não era como as festas de hoje. Era um bolo com a família e amigos mais chegados, na própria casa ou apartamento. E era ótimo! 

De todos os brinquedos que ganhei nenhum foi mais especial que a Quem me quer. Nem mesmo a bicicleta cecizinha azul, linda e com cestinha foi mais querida que a Quem me quer. Aquela foi a boneca dos meus desejos! E foi um presente de Natal. 

De modo geral minha mãe, que adora criar clima de magia, escondia os presentes, mas eu sempre achava, mesmo que sem querer. É que curiosidade é talvez o traço mais marcante de minha personalidade. Achei a bicicleta no quartinho de empregada e até a coleção das Moranguinhos embaixo de poltronas e sofás...

Desta vez, não sei explicar por que (perguntem a ela), nós escolhemos a boneca. Lembro da vitrine, com vários modelos : roupas e cabelos diferentes, uma imensidão de cores. Tinha também menino Quem me quer. Lembro do comercial na televisão, com a música e os diversos modelos sendo apresentados. Cada uma mais linda que a outra. Era uma loja grande, ou eu que era pequena? E as bonecas todas ali, iluminadas, de braços abertos, com aquela carinha encantadora. Se fosse nos dias de hoje, faríamos a coleção da Quem me quer. Naquele tempo, não! Tinha que escolher uma. 

 Eu me apaixonei pela que tinha cabelos rosa, rabo de cavalo e uma camisola verde água. Ah, eu amava verde água, achava a cor mais linda de todas as cores... Só que ... eu tenho uma irmã mais nova. Nesta época, tudo o que eu queria era o que ela queria. E eu odiava isso! Acho que até hoje sou assim, gosto do que ninguém gosta, do que é diferente, por causa disso. Sempre gostei de me diferenciar. Pronto! Estava armada a confusão. Dentre tantos modelos de Quem me quer minha irmã queria a que eu escolhi! Ai, que raiva!!!

Bati pé, reclamei, ela fez beicinho, chorou... Minha irmã sempre soube conduzir melhor as coisas. Eu endurecia, ela adocicava. Eu ficava irritada, ela, chorosa. Daí vinha aquela conversa antiga e atual, de que eu era a mais velha, que já era uma mocinha, que sabia entender e tal... Tá, tá bem... Escolho outra! Mas aí ela não pode trocar!!!

Olhei, olhei. Um tanto decepcionada. Até que aquela linda boneca, com cabelos acastanhados, vestidinho azul com avental e cabelos em maria chiquinha conseguiu me convencer de que era a boneca ideal para mim. Me rendi a seu charme.

Ah, que boneca querida! Como queria uma dessas de novo em meus braços... Que fim levou minha boneca tão amada? Não me lembro... Lembro que brincávamos muito com elas, que eram nossas filhinhas fofas, e mesmo com a paixão pela minha, sempre olhei de soslaio para a da minha irmã...Até que, bonecas gastas, cansadas, muito brincadas... perderam suas presilhas de cabelo.

As maria-chiquinhas desfeitas da minha boneca renderam-lhe uma cabeleira cheia, vasta, bela. A de minha irmã, ao perder seu rabo de cavalo, desnudou uma ampla calvície, estilo coroa de padre, e um cabelo ralo e irregular, que ficava muito comprido na parte de baixo e mais curto em cima, nada parecido com um cabelo em camadas, diga-se de passagem. Uma coisa horrível!

E se naquela hora, algum olhar atento se virasse em minha direção, veria uma menina disfarçando um quase sorriso vitorioso, preso no canto da boca...

Beijos a todos,
Tati.


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A luz do convívio


Hoje, minha querida-amiga-espelho Alê veio trabalhar aqui em casa. Foi ótimo e reduziu aquela sensação horrível de solidão. Caprichei no cardápio, que ela disse que é comida de festa. Fiz com muito, muito carinho! E ela acha até que é receita para postar aqui, só tem um porém, não sei dar receita, por que coloco um pouco disso, o tanto que tem na casa daquilo, e assim vai... Fica difícil desse jeito, né? Outro dia pego a receita original e conto para vocês, tá bem?

O que quero contar é de onde vem todo este vazio que me acompanha... Querem saber? Senta que lá vem a história...

Então, antes eu morava em um condomínio que parecia uma vila, onde fiz amigos muito queridos, uma delas, a Mônica, me ensinou a receita que fiz hoje. Lá era uma delícia. Resolveu preparar um prato e falta uma cebola? Pega na Pati. Outro dia a Ana aparece precisando de um limão, e assim vai.Tantas festas surpresa nós fizemos que um dia deixou de ser surpresa e já era festa esperada! E para cada festa, pelo menos 2 enterros dos ossos.

Certa vez, acordei, desci as escadas e recebi bom dia da minha vizinha, que tirou a cabeça de minha geladeira para isso! É que ela estava descongelando a própria geladeira e pediu ao Vi para usar a nossa. A cena foi engraçada e caímos na gargalhada!

Uns cuidavam dos filhos dos outros, minha casa vivia cheia. Tinha pipoca pelo chão e brinquedos espalhados, mas também tinha música e risadas. Muitas risadas! A Pati tem um filho, o Arthur, 6 meses mais velho que o Bê, e herdamos todo o guarda roupas. Não cabia mais no Arthur? Entrava lá em casa pela porta ou pela janela, dependia de quanto tempo nós tínhamos para prosear: roupa, sapato, casaco liiiiindo da Zara, uma infinidade de coisas. 

 Claro que tinha a parte chata. A invasão de privacidade era inevitável, e alguns, mesmo queridos, não eram muito cuidadosos. Nós, que somos tão fofos quanto reservados, nunca soubemos lidar bem com isso... Além disso a casa era pequena, e não tinha muito espaço para crescer. A gente precisava de um escritório, já que tanto eu quanto o Vi trabalhamos muito de casa e não tinha onde. Daí surgiu a ideia de mudar para um apartamento. Eu achava que seria fácil: quando quisermos silêncio e recato - casa, na hora da interação - playground. Se alguém aqui mora em prédio sabe que não é bem assim. O play, pelo menos no meu prédio, é mais frequentado nas férias e por meninos maiores. Acho que os pais não tem muita paciência de descer... E os adultos não interagem muito. Não conheço (a não ser de bom dia, boa tarde, sua obra faz sujeira) os vizinhos do meu andar!! Não sei o nome de ninguém!!  

Outro dia faltou luz no prédio. Eu sozinha... já contei que tenho medo de escuro? Então, de noite, sozinha e no escuro (o que me salvava era a luz do note, que acabaria em menos de 1 hora...). Ouvi barulho no corredor e fui até lá para ver o que acontecia. O prédio não estava totalmente sem luz, só os apartamentos. Eu não tinha como acessar meu interfone por que foi durante a obra. Minha vizinha abriu a porta, percebeu que os elevadores funcionavam, foi interfonar para a portaria. E... me deu tchau! Fechou a porta. Ficou no escuro!!! Fiquei tentando entender aquilo. Tinha luz no corredor, uma vontade enorme de puxar uma cadeira e prosear por lá. Isso aqui é impossível, corredor é local de passagem e não de convívio. Eu seria uma louca, vizinha inconveniente, se o fizesse. Entrei em casa e me recolhi à minha insignificância.

E fiquei me lembrando de uma noite de apagão, no verão de 2006, próximo à festa de 1 ano do Bê, em fevereiro, no Torino. Todos saímos, sentamos no chão ou em cadeiras e bancos e batemos papo. Não havia por que ficar trancados dentro de casa no escuro e no calor. Batemos papo, comemos biscoito. Numa certa altura a Pati teve a ideia de dar banho de mangueira nos meninos e foi uma farra! A luz só voltou no meio da madrugada, já dormíamos nesta hora. As lembranças que tenho são tão claras, tão iluminadas. Por que havia convívio, carinho, amizade.

Gosto do lugar que moro hoje. Sinto muita saudade dos amigos que lá deixei... Lá, eu não me sentia sozinha, só se eu quisesse (às vezes, nem quando eu queria...). É uma pena não ter feito amigos aqui. Quando eu me mudar, a saudade será só do espaço físico (triste, né?)

Um beijo a todos, 
Tati.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Saudade da Flor


A Flor era minha gatinha de estimação. Na verdade acho que eu era bem mais humana de estimação dela... De qualquer modo, nos estimávamos muito.

Há pouco tempo ela despediu-se de nós, mas há bem mais tempo já tínhamos nos despedido. Desde que ela foi morar na casa de minha sogra nossa relação deixou de ser tão próxima. E eu me sentia em dívida com ela.

De qualquer modo a saudade existe. Foram 15 anos, desde que ela era um bebezinho pouco maior que minha mão, até a fase em que ela era uma senhora gorda, de abdomen flácido que balançava quando ela corria, encerando-se com uma senhorinha miúda, tão sem carnes quanto sem energias, minada pela idade, pela falência renal e por desordens que eu não investiguei.

Mas hoje, com muita saudade, quero contar fatos engraçados de nossa história. A Flor era uma figura! Quando fui morar com o Vi avisei que só iria se ela fosse, ele torceu um pouco o nariz, mas aceitou, por que queria que eu fosse. No final, os dois estavam tão unidos que eu sobrava nas brincadeiras.

Um dia foi a faxineira lá em casa. E eu Vi, despojados, nem aí para a arrumação. Trabalhávamos a semana toda, mas a faxineira só podia ir sábado. Um dia que era nosso, de regalo, acabava perdido. Eu nunca fui, nem nunca serei, do tipo que passa os dedinhos no móvel para ver se não restou poeira. Não tenho tempo a perder com este tipo de coisas. Olhei, parece limpo, está limpo!

Umas 5h da tarde a faxineira terminou e partiu. Eu e Vi, felizes, naquele "enfim sós", nos jogamos no sofá, sorridentes. Então, do segundo andar desce a Flor, com aquele olhar investigativo apertadinho, orelhinhas para trás, muito desconfiada... Entrou na cozinha, que era grande, em formato quadrado, sentou-se no centro e iniciou a inspeção. Isso mesmo! Levantamos do sofá, incrédulos, e fomos até a porta da cozinha.

Ela olhava móvel por móvel, cantinho por cantinho. Caímos na gargalhada, por que era a cara da Florzinha fazer isso! Mal humorada, controladora, cri-cri!

Hoje eu queria aquela bola pesada, zangada, carinhosa, no meu colo. Esfregando na minha mão aquele canino que me machucava, mas sabia que era carinho. Pura demonstração de afeto (e de posse), da minha dona Flor.

Um beijo a todos,
Tati.

terça-feira, 8 de junho de 2010

HOMENAGEM, AINDA QUE TARDIA


 

Odeio homenagens póstumas, parece coisa de quem perdeu o bonde. Para mim, homenagens devem ser feitas enquanto o homenageado está vivo, presente, pode receber todo aquele afeto. Depois, para quem é a homenagem? Claro que lembrar de quem já partiu é necessário, que falar de quem já foi é uma forma de trazê-lo de volta à vida... mas homenagens são sempre mais generosas quando podem ser apreciadas pelo homenageado! É assim que eu penso e pronto!

Só que hoje vou morder a lingua. E vou dizer o motivo de minha homenagem póstuma: CULPA!!
Sim, muita culpa. Hoje, minha gatinha, minha filhotinha linda, minha japonesa, minha gorda, minha neném partiu. Ela já não era um neném há muito tempo. Estava velhinha, doentinha, magra... E também já não era minha há muito tempo. Eu dizia que era minha "filha casada", pois morava em outra casa - a da minha sogra - que a acolheu com muito carinho e por isso serei eternamente grata!

A Florzinha é uma gatinha vira-lata tricolor, por quem me apaixonei nos idos de 1995, quando a vi, junto com seu irmão amarelinho, dentro de uma gaiola de pássaros, na porta de uma pet shop. Estavam ali à espera de alguém que os adotasse. Não resisti, levei os dois para casa. Inventei uma história maluca, que minha tia-avó tinha me dado de presente e que não pude recusar (meu pai ODIAVA gatos). Os dois foram morar no meu quarto. Eram tão pequenos!! Ela era menor que ele, e queria imitá-lo em tudo, só que se atrapalhava, caía... Ela era meu alter-ego desde sempre: estabanada, de lua, mal humorada, agitada, preguiçosa, manhosa... Passava horas do dia observando-os.

Recebi um ultimato: dois não dava! Ok, vou escolher um dos dois. Fiquei com ela!! Não dava para ser diferente! Coisa mais linda, fofa, levada e muito, muito engraçada.

Vivemos grandes aventuras. Havia tanta intimidade e cumplicidade. Primeiro cio, a bichinha enlouqueceu. Miava, gritava, esfregava-se por tudo. Tentei manter as portas fechadas, ela era ainda uma criança, não podia deixá-la solta, um gato mal intencionado podia comprometer-lhe a reputação! Não deu certo, minha adolescente fugiu e voltou grávida. Assumi meus netos: 4! Ela teve uma gravidez tranquila, e me aguardou chegar do cursinho (sim, pré-vestibular na época...) para ter seus bebês: Cheguei, ela pulou no meu colo, rompeu a bolsa, molhou meu jeans. Fomos para seu ninho no meu quarto. Sentei ao lado dela e fiquei lá até o último filhote. Minha mãe levou lanche para mim, ela não queria que eu saísse de seu lado. Tive que correr para o pipi, minha mãe disse que ela ficou ansiosa, me procurando. Não saí mais! Foi mágico e intenso!

Foi ótima mãe, mas tinha clara predileção por um dos filhos. Um macho amarelo, muito sabido, que ganhou o nome de Simba da família que o acolheu.

Vivemos grandes histórias, muitas e muitas ao longo de sua vida. Quando o Vi me chamou para morar com ele avisei, sou pacote completo! Ela foi morar com a gente. Aos poucos o conquistou de tal forma que quem ficava de fora das brincadeiras era eu! Era a ele que ela cumprimentava primeiro quando chegávamos.

E onde está a culpa nisso tudo? Foi a primeira mordida de lingua! Quando estava grávida ouvi muitas vezes: "agora você precisa se desfazer da gata..."  gente, sou veterinária. Sei que toxoplasmose tem muito menos a ver com o gato do que com carne mal passada. E eu nem comia carne!!! Para pegarmos toxoplasmose do gato temos que engolir fezes de gato ou carne de gato, e isto nunca fez parte do cardápio lá em casa.

Só que quando o Bê nasceu começaram as crises de asma, cada vez mais fortes. Fui pensando no assunto, me fortalecendo e num dia, numa consulta pediátrica de urgência, no meio de uma crise horrível, tomei coragem e perguntei para a médica dele: "A gata pode estar agravando o problema?" Sim, pelo de gato é muito fininho, pode e muito piorar o problema, além disso, saliva de gato é extremamente alergênica... Well, o que fazer? Minha gata já tinha mais de 10 anos, era uma senhora madura, gorda, castrada, linda, mas idosa. Como entregar minha filha assim? Chorei horrores e procurei uma casa que eu confiasse. Na da minha mãe não podia mais, pois o Bê ficava com ela durante o dia, enquanto eu trabalhava.

Minha sogra, de forma muito generosa, aceitou abrigá-la. Mora em uma casa enorme, com quintal idem, sempre tem gente em casa. Para a Flor foi melhor, eu acho. Lá em casa era uma vila, casa pequena, sem quintal, ficava presa e sozinha o dia inteiro... Mas e a saudade? E os laços criados?

No início mantive a compra da ração premium que era seu cardápio gourmet, visitava com mais frequência, ainda assim não era a mesma coisa, não tinha mais aquela coisa de carinho no colo, no sofá da sala... Aos poucos, vida corrida, comecei a vê-la apenas quando íamos à minha sogra (quase todo final de semana). Então veio nossa grande recessão e parei de comprar sua ração. Minha sogra assumiu o papel de provedora. A idade começou a pesar, ela ficou doente algumas vezes (entendam, sou veterinária, mas NUNCA fui clínica), precisava levá-la ao clínico. Como? De verdade, não tinha recursos para isso. Chorei algumas vezes a raiva da indignidade que isso representa. Queria poder oferecer-lhe coisa melhor, naquele momento não podia. Liguei para alguns amigos, consultas por telefone, o que sabemos não é o mesmo. Sei que não cuidei dela como devia, como ela merecia. Sei que também não ando cuidando de mim como devo, mas isso tudo se resolverá em breve! Minha filhotinha não estará por perto para receber o tratamento que merece.

Este domingo ela já estava muito caidinha, eu fiquei com ela, no chão, rezando para que aquilo não se prolongasse, para que ela partisse em paz. Que dor a da despedida, que dor maior despedir-se com culpa... Saí de lá e disse para o Vi: "Sabe que hoje foi a última vez que vimos a Florzinha, né?". Achei que ela não chegaria ao dia seguinte. Estava serena, mas de partida.

Hoje o Vi ligou, a Flor despediu-se. Viveu muito e bem. Recebeu amor, distribuiu amor. Foi especial, e eu queria ter feito mais por ela.

Hoje faço aquilo que acho horrível, a tal homenagem póstuma, por que preciso dizer, para mim e para quem quiser ouvir, que a Flor merecia mais. Merecia melhor. E que eu sinto saudades!!

Tati.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Branco em muitas cores

Queridos,

Fiquei com medo de não conseguir escrever, mas vício é fogo!!! Ainda bem que ideia desconhece agenda, horário, cronograma e chega assim, sem avisar ninguém e não espera ser anunciada... Não quis perder a oportunidade. Na terça-feira, no banho, me lembrei de um dos brancos mais mágicos da minha vida. E torna-se ainda mais especial pelo momento que vivemos esta semana.


A gente aprende na escola que branco não é ausência de cores e sim a união delas, né? E é bem difícil entender isso quando a folha inicial, aquela que será preenchida por cores e imagens, é branca! Parece sempre que o branco é ponto de partida.

Quando eu era criança meus avós tinham um apartamento em São Lourenço, MG e viviam mais lá do que aqui. O pensamento que me veio à mente, na terça, no banho, é que imagino que tenham sido os anos mais felizes da vida deles (lembrem-se, foram 62 anos de casados. Não sei quantos eles viveram em S.L, por que eu era criança e contabilizar tempo não tinha a menor importância nesta época).

Nós íamos muito para lá em períodos de férias. A maioria das vezes fui com meus pais, uma única vez fui sozinha com meus avós. Muitas vezes meus primos e tios também iam e as lembranças de São Lourenço tem muito mais cor e sabor do que águas de todos os tipos.

Mas e a lembrança branca? Pois é. No Parque das Águas, além da fonte Vichy, que eu achava a mais linda, mas acho que o que eu mais gostava era dos cisnes (brancos)... tinha uma máquina de pintura, que tem estrutura verde e não branca. Não sei quem conhece esta máquina e nem sei se existe em mais algum lugar do mundo. Não sou tão viajada quanto gostaria... Mas a questão é que esta máquina funciona assim: Coloca-se o papel (branco) numa espécie de vitrola e tem um monte de bisnaguinhas de tintas variadas (é como se você colocasse mostarda e catchup multicoloridos no papel). A gente despejava a tinta aleatóriamente e liberava para o cara ligar a máquina, que girava tão rápido que toda aquela tinta multicolorida ficava... BRANCA! Sim, as muitas cores, quando giravam e se somavam, ficavam brancas!! Quando a máquina parava a gente via uma "pintura abstrata", muitas vezes estilo mandalas (Viu, Dalla!), e levávamos nossa obra de arte para casa felizes demais. Queríamos fazer muitas e muitas vezes. Criança é tudo Tele Tubbie...


Onde está o mais especial de toda esta história? Na lembrança de meus avós. Já falei em postagens mais antigas que não tínhamos uma relação muito próxima, mas eles eram meus avós, eram os pais de meu pai e fizeram parte de muitos e muitos momentos de minha vida, principalmente na infância. Em outubro meu avô fez "a viagem", como ele costumava dizer. E na quarta-feira, minha avó despediu-se de nós.

Os dois, em 2007, comemorando 60 anos de casados.

A sorte é termos boas lembranças para guardar no coração e lembrarmos deles com carinho. São Lourenço, para mim, representa a felicidade maior dos meus avós, então imagino agora que eles estejam se reencontrando e que o cenário seja esta linda cidade, que lá eles posam voltar a ser felizes e saudáveis. A família que ficou sentirá saudades, mas permanecerá de pé, unida, forte.

Eu achei que estivesse tranquila, mas foi muito duro lidar com esta foto agora...

Que a gente aprenda que o branco, no luto, tem mais a ver com acreditar na imortalidade da alma, na sobrevivência do espírito e que ele seja sereno, emissor de paz. Vamos substituir o preto em nossos corações por uma imagem branca, de todas as cores em movimento. A vida precisa ser feliz, aprendendo a conviver com perdas e mudanças!


 Esta é a última semana da blogagem coletiva proposta pela Glorinha do Café com bolo. Foram 7 semanas maravilhosas (eu perdi a primeira - amarela). Apesar de já ter agradecido muitas vezes, espero que eu não seja chata em repetir OBRIGADA Glorinha, sua ideia foi mais do que colorida, foi ILUMINADA!!! Que a despedida seja um luto branco, de renovação, renascimento. Que as amizades aqui descobertas solidifiquem-se, cresçam. Estaremos juntos na Blogagem da Mila - Vida Simples, e em outras que surgirão pelo caminho. 
Foi um grande prazer. Obrigada a todos que passaram e deixaram comentários fofos, aos que ao menos leram o que escrevi, aos que escreveram postagens que alegraram ou fizeram pensar, e também aos que emocionaram e até fizeram chorar. Sentirei saudades e me lembrarei com carinho deste período.


Beijos a todos,

Tati.

.

sábado, 15 de maio de 2010

Memória de Mamute...


Por que elefante perde...

Vou usar um dos rascunhos que tinha guardado para matar o comichão... Que vício bom este de blogar... Dá uma saudade de escrever para vocês, de ler o que vocês escrevem, de comentar e ser comentada... Ai, saudade!! Então, não me levem a mal. Estava guardado por que eu tinha vergonha de mostrar tanta sandice!!

Tenho uma memória abençoada, às vezes passo até vergonha, por que me lembro do amigo do tio do colega da vizinha da moça que vende salgado e eu vi uma vez na esquina da casa do amigo da irmã da sobrinha... entendeu? Claro que não lembram de mim. Mas eu sei quem é, eu sei onde conheci e até sobre o que conversamos. Algumas vezes lembro inclusive uma frase ou outra na íntegra. Mas não é sempre assim tá, por que coerência não é meu forte e guardar coisas importantes e úteis é bem mais difícil...

Lembro assim de tudo e de todos? Não, algo tem que ter marcado o momento, mas não pense que sou normal, por que já desmenti esta parte antes... então, lembro por que a pessoa usava uma blusa linda, ou por que a blusa era cafonéééérrima, ou por que fiquei com pena de alguém que tropeçou, chorou... ou por que o indivíduo (a) cospe quando fala... Coisas assim bem lógicas... hehehe

Guardo também momentos e canções que todos já esqueceram.

Então hoje vou contar duas lembranças do tipo: que-bom-que-lembrança-não-ocupa-espaço-senão-teria-que-jogar-fora-por-total-falta-de-utilidade.


A primeira, eu tinha uns 9 anos de idade, mais ou menos. Meu pai tinha uma empresa de radiadores - A Radiador Mauá. A gente morava em uma casa enorme, com uma cozinha que ocupava 3/4 da casa, de verdade! Era muito grande. E lá ficava ligado um radinho o dia inteiro, sobre uma prateleira. Um dia, todos atentos ao radinho, ouvimos o anúncio: "Chopp é gelado, mulato é quente, mas radiador é Mauá". Nossa!! Fiquei encantada! A empresa do meu pai soou como celebridade na minha casa, afinal, quem aparece na rádio é cantor, é famoso! Faz ideia do que era para uma menininha ouvir na voz do locutor da rádio o nome da nossa empresa? Me senti na crista da onda! E nunca esqueci. Outro dia cheguei na casa dos meus pais recitando os versinhos e demos muitas risadas por eu ainda me lembrar disso...

A outra história aconteceu no colégio que eu estudava que se chamava Jacobina. Por briga de família ou coisa assim a dona foi obrigada a mudar o nome e escolheu Don Quixote. Eu estava na quinta série, nós do alto de nosso 12 anos não podíamos tolerar aquilo. Como poderiam mudar um nome tão pomposo para algo tão infantil (?! Cervantes? Infantil?) que nos soava como nome de jardim de infância?

Então, as futuras cara-pintadas resolveram fazer seu protesto pacífico e sentadas num banco sob uma frondosa mangueira no pátio do lindo e amplo colégio compusemos o sambinha:

"Não é Don Quixote não, nem Jacobina, Instituto Fênix no embalo das meninas... (tem que cantar como aquele samba... "tã nã nã nã, nã, nã, nem Zé Pereira... lá lá lá lá... entenderam?)

E aí? Sentem-se mais cultos para continuar o dia? Estão se questionando como puderam viver até aqui sem dominar estas informações?

Tudo bem... não precisa agradecer...

Beijos,

Tati

P.S.: Se eu demorar a dar sinal é por que internaram A LOUCA!! kkkk

P.S2: Antes que questionem, eu não uso droga nenhuma, nem remédio para dormir... O que será que tinha no café hoje de manhã? tsc... tsc...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O casamento da Susi

Quando era pequena tinha uma Susi linda e querida. A gente não tinha tantos brinquedos quanto nossos filhos tem hoje, e essa boneca era especial!

Eu morava, com meus pais e minha irmã, em um prédio pequeno, com 2 apartamentos por andar. Nós no 301, nossa melhor amiga no 302 (e somos amigas até hoje, mas agora a distância não é de um corredor, e sim da ponte-aérea). Nem é preciso dizer que três meninas entre 6 e 8 anos não se desgrudavam, né? Quando não estávamos na casa de uma, estávamos na da outra. As portas viviam abertas.

Um dia, no meio da brincadeira, nem sei quem teve a "brilhante" ideia, minha Susi foi pedida em casamento pelo Feijãozinho da minha melhor amiga. Lisonjeada, a Susi aceitou e começaram os preparativos para o grande evento, com participação de nossas mães. Minha mãe costurou um vestido de noiva para minha boneca!! (não se fazem mais mães como antigamente...). Tia Ima, mãe da Rê, fez o bolo. Foi um longo período de noivado, até por que o vestido precisava ficar pronto. Enquanto isso, o feijãozinho original morreu (perdeu o enchimento) e tivemos que trocar por outro, que eu achava até mais fofo, mas era careca. Quer dizer, se tirasse o chapéu, ficava careca.

Este período do noivado foi importante para avaliar se o amor era verdadeiro. Eu olhava para o noivo e pensava: "Como minha filha tão bem criada e educada poderia ter escolhido este traste para marido?" "Que noivo mais molenga" E outros pensamentos que passam pela cabeça de uma sogra.

Até que, na data marcada, a sogra da noiva (que não tinha uma Susi para chamar de sua) resolve fazer um adendo ao contrato de casamento: "Depois de casados não poderemos separá-los. Um dia ele dormirá na sua casa e no outro dia ela dormirá aqui!". Peralá! Como assim?! Você quer dizer que minha boneca favorita não será mais minha? Ah, não... Aquela pequena que sofri as dores de tirar as travas de segurança da caixa? Quem ira pentear seus cabelos dourados? Quem dormirá com ela aos pés da cama? Quem experimentará roupinhas de croché feitas pela vovó? Quem irá alimentá-la com as delícias de vento servidas em pratos de plástico da China? Ah, não...

E foi assim que uma brincadeira de criança inspirou Holywood, quando minha Susi tornou-se a "Noiva em fuga".

Claro que comemos o bolo, mas desta vez, não houve casamento! Este aconteceu apenas anos mais tarde, quando a linda boneca apaixonou-se perdidamente por um moreno alto, bonito e sensual. Sarado, como  diríamos hoje, com um abraço protetor e acolhedor. E o melhor, era da minha irmã, assim, continuariam morando no mesmo armário de brinquedos, só mudariam de prateleira! O príncipe consorte desta vez era o Peposo, um lindo ursão de pelúcia!

E viveram felizes para sempre.




Um beijo a todos.

* As imagens são do Google. Fotos eram artigo de luxo! Estariam restritas à cerimônia, que não chegou a acontecer...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Blogagem Coletiva - O pássaro azul

Esta postagem faz parte da blogagem coletiva proposta pela Glorinha do Café com bolo. Serão 8 segundas-feiras, cada uma com uma cor. Já foram o rosa e o amarelo. Esta semana é o azul.

Quando era criança assisti este filme numa sessão da tarde qualquer, mas não foi um filme qualquer. Ele deixou um gosto em mim que não saberia explicar. Partes deste filme ainda vivem em mim.


Meu avô morreu ano passado e o Bê questiona muito a falta do biso. Numa destas oportunidades ele perguntou: "O biso nunca mais vai viver?" E minha resposta foi: "Ele estará vivo sempre que você se lembrar dele". Esta frase é deste filme, quando as crianças encontram os avós já falecidos. Na hora não me dei conta, percebi quando pensava no tema para esta postagem e decidi falar do azul mais importante que já vivi. Tem uma outra passagem linda, quando encontram o irmãozinho que ainda vai nascer, num céu que prepara as crianças para este momento. Na foto abaixo, o cachorro, a menina e a gata. Lembrem-se que eu era criança e a ideia dos animais de estimação virarem gente e conversarem conosco era maravilhosa!


O filme é de 1940 e apresenta Shirley Temple em seu primeiro papel. Eu vi colorido, portanto, depois do technicolor. O pássaro azul que dá nome ao filme é a felicidade e, se não me engano, a lição final é que deve ser mantido livre, que estará sempre por perto. Não tenho certeza. Nunca mais vi este filme. Durante muito tempo sonhei vê-lo novamente na T.V., não aconteceu.


Hoje ele existe em DVD, custa mais de R$ 180,00. É caro, eu sei, mas amo tanto que seria capaz de pagar. Sabe por que não o faço? Tenho receio de vê-lo e perder o encanto. Tem uma frase do Bentinho de Machado de Assis que adoro, quando ele descreve alguma cena com exagero e diz: "(...) se entendermos que a audiência aqui não é das orelhas, senão da memória, chegaremos à exata verdade". Então é isso. Eu fotografei com o coração. Hoje aquela menina romântica e sonhadora ainda habita em mim, mas de forma diferente, com novas vivências. Pode ser que o encantamento se perca caso eu me permita assistir novamente. É como aquela comida da infância que tentamos e tentamos e nunca mais sentimos o gosto, por mais que se repita a receita. O momento passou!


O pássaro azul talvez seja o filme da minha infância, um dos filmes da minha vida. Associa o azul com a felicidade, o que acho bárbaro e tenho certeza, muitos concordarão. Pode ser que ele já tenha me dado o que preciso, quando assisti da primeira vez. Pode ser que daqui há alguns anos eu queira mostrá-lo para o Bê, e pode ser ainda que ele não ache a menor graça, afinal os recursos de 1940 ficaram há muito ultrapassados.


De qualquer forma o pássaro azul me fez feliz. E não era esta sua proposta? Então entendo o recado e sei que não preciso correr atrás dele, que sempre estará ao meu lado! Quem sabe não me animo a usar mais o Twitter?


Um beijo azul, de muita felicidade,
Tati.

domingo, 7 de março de 2010

A casa dos sonhos

Eu estava pensando em responder os comentários direto no campo de comentários, então me deparei com uma mensagem de uma amiga querida e ex-vizinha, e percebi que tudo o que esta mensagem representa para mim merece mais do que uma resposta em comentário, merece uma postagem!

Há dois anos nós nos mudamos para um apartamento. É ótimo e espaçoso, tem uma vista que amamos e é bem confortável. Só que neste processo deixamos para trás um lugar muito especial, que não saiu de mim.

Morávamos em uma casinha de bonecas. Sim, era essa a impressão que se tinha ao chegar lá. Um condomínio com clima de vila e vizinhos maravilhosos! Foi nesta casa que dei o primeiro beijo no Vi (ele já morava lá quando me conheceu) e foi lá que o Bê nasceu. Nossa casa, depois da chegada do Bê, vivia recheada de crianças, o que significa dizer que tinha sabor de gargalhadas, pipoca (inclusive pelo chão), sucos e mate gelado em muitos copinhos coloridos... Tinha brinquedo espalhado pela sala, brigadeiro, gelatina, e pavê de chocolate para o João Vitor. Mas mais que tudo isso, tinha solidariedade de vizinhos!

Lá um bolo assado na casa ao lado vinha morar, em grossas fatias, na sua casa. A cebola se mudava para a casa em frente e o limão chegava, salvando a receita. O Bê conhecia a todos pelo nome e, não sei explicar como, conhecia cada casa (mesmo elas sendo todas iguais e ele não sabendo ver números...).

A mudança foi uma decisão nossa, bastante pensada e da qual não me arrependo. Só que não imaginava que traria dentro de mim tantas e tão queridas pessoas. Queria tê-los mais perto novamente... Como diz a Alice (outra vizinha que se mudou pouco depois de nós): Ah, se desse para trazer os vizinhos para a casa nova... Eu também penso assim!! Muitas saudades, muitas histórias, muita gratidão... muito amor por estas pessoas que fizeram o Torino inesquecível!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vó Didi


            Encontrei este blog, que já valeria ser lido por seu nome: “Personal Palpiter” é interessantíssimo! Mas além disso, os textos são ótimos. A Ale não conseguiu ler, disse que são tristes por que falam da velhice. Eu achei encantadores. Falam mesmo da velhice, com sensibilidade, mas sem floreios. Não “glamouriza o momento”, retrata situações internas, pela ótica do idoso. Achei lindo!
            Claro que não pude parar de pensar naqueles que fazem parte da minha vida. Em especial minha avó Didi, linda, delicada, pequenina, e eu, criança, não podia compreender a intensidade de sua condição. Minha avó teve Alzeimeher, desenvolveu após a morte de meu avô. Não agüentou conviver com a perda de seu grande amor!
            Eu só me lembro dela doente. Não tenho nenhuma lembrança dela antes disso. Por que ela morava em São Paulo e eu no Rio, nos víamos em férias. Depois disso ela morava um tempo com cada filho, um pouco em cada estado: Rio, São Paulo, Minas... É da avó que morou conosco que me lembro. Lembro de seus cabelos brancos, fininhos, lindos. De seus olhos distantes. De sua pele muito fina, tão branca, tão suave... Lembro de seus óculos, brutos demais para ela, de aros pretos. De seus vestidos estampados, das camisolinhas também floridas que as vestiam depois. Lembro do quanto ela gostava de café, um pouco lembro, um pouco armazeno o que nos foi contado em diversas conversas de família, essas coisas se confundem.
            Lembro que ríamos de suas confusões, que implicávamos com ela, que a deixávamos nervosa ao jogar bonecas para o alto, por que ela se confundia com bebês. Hoje gostaria de fazer diferente, mas eu era muito criança. Eu tinha um pouco de medo de sua loucura. Era difícil classificá-la, ela ocupava a posição de avó, mas também de irmã mais nova.
            Este blog trouxe à tona muitas imagens que havia me esquecido. Foi bom. Durante minha vida inteira sempre ouvi histórias de como meu avô era engraçado, espirituoso, sonhador. Meu vô Pastorello foi marcante na história da família. Minha avó aparece um pouco como coadjuvante, só que minha mente processa diferente, eu a vejo grande e forte nas histórias que me contaram. Ela sustentava uma casa, ela era a mente, a lógica, o chão. Numa época em que poucas mulheres ocupavam essa posição no mundo. Meu avô sonhava e minha avó agia. Trabalhava muito, ficava pouco com os filhos, por que precisava agir. Admiro muito minha avó, admiro as pessoas de fibra! Acho que porque gostaria de ser um pouco mais assim.
            Pareço mais com meu avô do que com minha avó, sou mais sonhadora. Treino e me esforço para ser um pouco mais como ela. A felicidade está do outro lado, mas a vida exige que assumamos este papel. Quando não assumimos, o estamos delegando a outros, com isso, interferimos no acesso do outro à felicidade. Se equilibramos sonho e ação temos, todos, a oportunidade do prazer e da felicidade. Será que é isso mesmo? 

domingo, 3 de janeiro de 2010

Aos amigos

Quero apenas registrar o quanto ontem foi um dia especial.
Amigos são pessoas que renovam nossas energias pela troca, pelo sorriso que geram, espontaneamente, em nossas almas. Eu tenho amigos assim, e ontem tive a oportunidade de encontrar alguns. Duas de minhas melhores amigas. Uma está morando na Costa Rica e vem apenas uma vez por ano aqui.
A outra, morou muitos anos no Pará e retornou agora (há um ano) para o Rio. E a gente ainda não tinha se encontrado.
Foi uma tarde maravilhosa, com nossas famílias participando.
É indescritível a emoção de um filho nosso brincando e compartilhando com os filhos de amigos da época em que éramos só filhos. Só quem já passou por esta experiência pode entender o que estou falando.
Amo demais estas amigas. Estar com elas me fez muito bem.
Agora quero fazer mais vezes!!
Um beijo aos poucos (que tornem-se muitos) leitores,
Tati.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Nós descendemos de um herói


Esta é uma pequena homenagem que faço ao meu avô, que se despediu de nós no último domingo, dia 04 de outubro. Estou racionalizando bastante, e tentando compensar a tristeza com otimismo, com gratidão. Sim, gratidão mesmo. Por que quantas pessoas nós conhecemos que viveram todo o seu ciclo? Que tiveram a oportunidade de viver 90 anos, 62 de casados, comemorar com a família os 90 numa festa linda, conhecer 5 bisnetos, passar seu recado e deixar uma família inteira com saudades, orgulhosos por tê-lo em nossa árvore genealógica? Quantos você conhece? Eu só conheci ele!
Então, segue a homenagem, como a emoção me permitiu expressar.


Coisa freqüente e-mails e mensagens que nos dizem para nunca deixar de dizer a quem amamos que os amamos. Que são importantes para nós. Imaginava que levava essa lição à risca, por que acredito que é verdadeiramente tocante. Não guardo a melhor louça ou roupa para raras ocasiões especiais, digo a quem amo, que amo, como comidas gostosas quando sinto vontade, abraço e beijo e encho de carinho aqueles que me são caros. Mas opa, cometi um pequeno deslize nisso tudo e torço para poder reparar meu erro.
Ontem (28/09), aos 90 anos, meu avô infartou. Está internado, lúcido, mas com uma grave lesão. E no momento em que recebi a mensagem de minha mãe, do outro lado do celular, entendi isso. Entendi a importância do Vô Manel em minha vida, aliás, na vida da minha família.
Meu avô é um pernambucano arretado, forte, decidido, durão, e o elo mais forte entre nós.Você pode se questionar e dizer que o maior elo entre membros de uma família é o amor, e é isso mesmo. Meu avô é o amor em nossa família.
De uma família pobre, com muitos irmãos, no sertão de Pernambuco, veio meu avô para o Rio de Janeiro. Semi analfabeto, lutador, determinado, dotado de valores fortes e até bastante inflexíveis. Tenho muito orgulho de te-los herdado!
Apesar de ser o avô mais próximo geograficamente (morávamos todos no Rio de Janeiro, enquanto meus avós maternos moravam no interior de São Paulo e morreram quando eu ainda era criança) nossa aproximação com eles não era forte. São muitos netos, eu nunca estive entre os favoritos, entretanto agora entendo o quanto ele esteve presente dentro de mim a vida inteira. Eu sou muito parecida com ele. São deles os valores em que acredito e pelos quais me sinto valorizada. A concepção que temos de família, recebemos dele. Somos felizes e unidos. Ele é nosso elo de ligação.
Sim, estamos todos nervosos e apreensivos. Meu avô é estrutura de base, ele é exemplo a seguir. Ele é alguém que quero que saiba de minhas vitórias, de minhas conquistas. Adoro ouvir suas histórias, suas lições, seus conselhos. Falar com ele sempre me deixa feliz, mesmo quando é um pequeno bate papo por telefone. E por que quase não ligava para ele? Por que só agora isso tudo faz sentido em minha mente. Por que enquanto minha mãe, do outro lado do meu celular, me dizia o que estava acontecendo, eu tremia e sofria. E pensava nele, e pedia, mesmo sem pedir, que Deus o protegesse, cuidasse dele. O trouxesse de volta para nós.
Sim, sofro o risco de perder meu avô, a presença física de meu avô. Nunca verdadeiramente o perderei, por que ele está na minha obsessiva mania de honestidade, de verdade, de ser correta. No meu jeito duro e estúpido de ser franca, sincera. Ele está na forma como educo meu filho, com rigor, com disciplina e limites. Ele está na maneira em que lido com meu marido, buscando a harmonia familiar. Ele está no convívio com meus pais, meus tios, minhas primas...
Quando ele nos contava suas histórias, ficava difícil saber o que era realidade e o que era fantasia. Sua vida não foi fácil, teve uma infância dura, diz que matava rolinhas para levar comida para casa. Diz que veio por que era matador em Pernambuco, mas isso eu acho que era lenda, meu avô é um homem de princípios rígidos, um homem trabalhador e pacifico. Foi motorista de táxi, feirante, dono de posto de gasolina e acabou montando uma empresa de radiadores, a Radiador Mauá, cenário de muitas traquinagens da minha infância.
Eu só quero que ele fique bem, e então neste momento, irei correndo até ele dizer o que não sabia que tinha para ser dito até ontem. Que ele é um herói para mim, que o admiro e respeito. Que ele me inspira e me dá norte. Que o amo!