Esta é minha participação na blogagem coletiva proposta pela Glorinha, do Café com bolo. O tema hoje é perdão, e não podia ser mais oportuno para mim. Aproveito a ocasião para um mea culpa.
Vocês conhecem esta historinha? Eu já conhecia e já até a li algumas vezes para os assistidos de um trabalho que eu participava. A gente lia e interpretava, claro!
Que fofo, né? Leia e depois conversamos:
Havia um menino que tinha um temperamento difícil.
Seu pai deu-lhe um saco de pregos e disse-lhe que, a cada vez que perdesse a paciência, pregasse um prego na cerca dos fundos de sua casa.
No primeiro dia o menino pregou 37 pregos na cerca.
Então foi diminuindo gradualmente. Ele descobriu que era mais fácil conter seu temperamento do que bater pregos na cerca.
Finalmente chegou o dia em que o menino não perdeu mais a paciência.
Ele contou isso ao seu pai, que sugeriu que agora o menino tirasse um prego da cerca para cada dia que ele conseguisse conter seu temperamento.
Os dias foram passando e o menino pôde, finalmente, contar a seu pai que não havia mais pregos na cerca.
O pai pegou o filho pela mão, levou-o até a cerca e disse:
-"Você fez bem, meu filho, mas veja os buracos na cerca. A cerca nunca mais será a mesma. Quando você fala coisas ruins, ofende, elas deixam uma cicatriz como estas. Você pode enfiar uma faca em um homem e tira-la. Não importa quantas vezes você diga que sente muito, a ferida continuara lá. Uma ferida verbal é tão ruim quanto uma física".
Pois é. Li e reli tantas vezes... Pensa que eu aprendi? Coisa nenhuma...
Ontem eu magoei uma pessoa. E me sinto péssima por isso. Magoei por que julguei, por que interpretei tão mal uma situação... Criei um bicho, fui contra o bom senso. Se eu prestasse mais atenção ao que esta pessoa demonstra, jamais a colocaria em xeque.
Eu não tenho a menor dificuldade em pedir desculpas. Este tipo de orgulho besta não me assola. No entanto eu me exponho muitas vezes ao expor as pessoas a isso. Se desse um tempo às questões, se as colocasse em perspectiva, poderia evitar muitos aborrecimentos. Existe um exercício, que eu conheço, apesar de não ter feito, de pensar no que um fato afetaria sua vida daqui há uma semana, um mês, um ano. Era algo que não afetaria minha vida depois de poucos dias. Em uma semana seria passado, pior do que isso, nem era verdade!

Minha atitude foi mesmo mesquinha e desnecessária. A mesma conversa poderia ter acontecido de outra forma se eu partisse do melhor. Eu optei por partir do pior, do julgamento. Do MAU julgamento. Não à toa para ser juíz é necessário muitos anos de estudo, de dedicação. Ainda assim, há acusação e defesa, testemunhas, provas, às vezes juri... Tantas e tantas coisas antes de se condenar alguém. Quem sou eu para dizer isso ou aquilo de outra pessoa, seja ela quem for? E se a pessoa em questão sempre foi doce e generosa, não apenas comigo, mas com as pessoas em geral, ao seu redor? É, ontem me senti pequena por que estava mesmo pequena. E hoje vou me perdoar, por que preciso, mas preciso, mais que isso, aprender.
É a primeira vez que erro feio assim? Não, nem a segunda. Eu tenho um instinto impulsivo que me irrita. Achei que estava sob controle, dei bobeira e ele se manifestou. Que vergonha senti de mim mesma quando percebi o quanto estava equivocada.
Um antigo chefe meu dizia que, quando apontamos um dedo para alguém estamos, de forma simultânea, apontando 3 para nós mesmos, e um para o chão (baixando o nível ou o padrão). Ouvi está frase há muitos anos. Guardei, só não apliquei. Disfarcei de "quero entender" quando na verdade estava julgando. Está lá, por escrito. Eu reli e percebi que me sentiria mal se lesse algo assim. Agora já foi, e me arrependo. Tirei o prego e deixei o furo na madeira. Se tivermos oportunidade, podemos tratá-la, lixar, polir, envernizar... Isso o tempo mostrará. Por enquanto sinto que perdi um amigo, e que a responsabilidade está comigo. Ou eu cresço ou mais situações como estas acontecerão.
Para não terminar tão entregue e derrotista, lembrei de uma frase do Emmanuel, dita por Chico Xavier em uma situação pior do que esta (quando descobriu que seu sobrinho estava cobrando por lugares na fila para o atendimento):
"Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."
Com erros e acertos, nossa história continua. É isso, hoje não sei como encerrar. Ainda estou triste comigo.
Um beijo a todos,
Tati.