Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Saudade da Flor


A Flor era minha gatinha de estimação. Na verdade acho que eu era bem mais humana de estimação dela... De qualquer modo, nos estimávamos muito.

Há pouco tempo ela despediu-se de nós, mas há bem mais tempo já tínhamos nos despedido. Desde que ela foi morar na casa de minha sogra nossa relação deixou de ser tão próxima. E eu me sentia em dívida com ela.

De qualquer modo a saudade existe. Foram 15 anos, desde que ela era um bebezinho pouco maior que minha mão, até a fase em que ela era uma senhora gorda, de abdomen flácido que balançava quando ela corria, encerando-se com uma senhorinha miúda, tão sem carnes quanto sem energias, minada pela idade, pela falência renal e por desordens que eu não investiguei.

Mas hoje, com muita saudade, quero contar fatos engraçados de nossa história. A Flor era uma figura! Quando fui morar com o Vi avisei que só iria se ela fosse, ele torceu um pouco o nariz, mas aceitou, por que queria que eu fosse. No final, os dois estavam tão unidos que eu sobrava nas brincadeiras.

Um dia foi a faxineira lá em casa. E eu Vi, despojados, nem aí para a arrumação. Trabalhávamos a semana toda, mas a faxineira só podia ir sábado. Um dia que era nosso, de regalo, acabava perdido. Eu nunca fui, nem nunca serei, do tipo que passa os dedinhos no móvel para ver se não restou poeira. Não tenho tempo a perder com este tipo de coisas. Olhei, parece limpo, está limpo!

Umas 5h da tarde a faxineira terminou e partiu. Eu e Vi, felizes, naquele "enfim sós", nos jogamos no sofá, sorridentes. Então, do segundo andar desce a Flor, com aquele olhar investigativo apertadinho, orelhinhas para trás, muito desconfiada... Entrou na cozinha, que era grande, em formato quadrado, sentou-se no centro e iniciou a inspeção. Isso mesmo! Levantamos do sofá, incrédulos, e fomos até a porta da cozinha.

Ela olhava móvel por móvel, cantinho por cantinho. Caímos na gargalhada, por que era a cara da Florzinha fazer isso! Mal humorada, controladora, cri-cri!

Hoje eu queria aquela bola pesada, zangada, carinhosa, no meu colo. Esfregando na minha mão aquele canino que me machucava, mas sabia que era carinho. Pura demonstração de afeto (e de posse), da minha dona Flor.

Um beijo a todos,
Tati.

6 comentários:

Yo Neris disse...

Cães e gatos são, muitas vezes, mais humanos do que alguns "humanos"
Bjo

Flávia Batista disse...

Oi Tati!
é muito ruim perder animais de estimação. NUnca tive gatos ou cães, tenho passarinhos. Já tive 32, sabia o nome de todos e tirava uma hora do dia para passar um tempinho com eles. Pegava eles nas mãos e tudo mais.
Muitos morreram, por conta da idade - ficaram passarinhos vovôs - hauhauahuah - atualmente tenho só 6, mas morro de saudade dos tempos que meu viveiro era cheissimo!

bjss

Isadora disse...

Oi Tati embora a saudade seja diária, em alguns ela dói ou bate mais forte mesmo.
Que ela de lá esteja olhando para vocês e rindo das peraltices que vocês três andam fazendo por aqui.
Um beijinho

Victor Zanata (Exilados do Paraíso) disse...

Puxa, que bonita homenagem... = )

Macá disse...

Olá Tati
Muito fofa a sua Flor, quer dizer, sua investigadora de espaços limpos. Sabe que eu sou como você, fecho os olhos pra um monte de coisas.Graças a Deus tenho uma pessoa que está comigo há 15 anos, mas mesmo assim, se ela deixa de fazer alguma coisa, ou faz de uma maneira que não seria a minha, deixo pra lá, não crio casos e também não me aborreço.
um beijo

Beth/Lilás disse...

Dizem que os gatos são muito sensitivos, conhecem bem o seu pedaço e seus donos. Ela foi checar realmente se a mulher havia feito tudo direitinho, se estava tudo como antes no seu castelo.
Deve estar no reino dos céus dos bichinhos.
bjs cariocas