Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Quando o coletivo torna-se humano!


Oi pessoal,


Hoje vou passar bem rapidinho, o dia está cheio-cheio, mas eu queria contar uma coisa que aconteceu ontem, enquanto eu ía para o trabalho.

Quando eu ainda não tinha atravessado a rua, vi o ônibus que eu pego. Ele estava no ponto e eu atravessei parando os carros, assoviando, plantando bananeira e assim o motorista me esperou. Que gentileza! Foi a gentileza nº 1. Entrei e seguimos, via Linha amarela. Ônibus cheio (isso é pleonasmo?). Fui em pé o caminho todo, isso é o normal mesmo, pelo menos ontem o inspira-expira estava garantido(meu meio-metro quadrado era só meu) e uma pessoa gentil segurou minha bolsa!

Então, passamos o pedágio e... paramos. O ônibus, de vez em quando, para ali por causa de fiscal ou sei lá. Nisso, um rapaz que estava em pé lá atrás, perto da porta grita: "motorista, abre aí, é rapidinho". Eu entendi que ele iria descer ali, que trabalhava no pedágio, sei lá. Mas não. Ele desceu e o motorista ficou esperando. Sim!!! Esperando!!! Isso aconteceu de verdade, ontem!

Eu não sei se o rapaz estava apertado para ir ao banheiro, se viu alguém que devia dinheiro para ele, se a namorada trabalha no pedágio e ele quis dar um beijo rápido, de surpresa. Sei lá. Isso ele não contou prá gente. Ele só desceu, seguiu correndo para um lugar que não dava para ver. Claro que eu tentei ver, eu e os muitos passageiros do ônibus, afinal, o que de melhor nós tinhamos para ver?

Uma parte dos passageiros revoltou-se, queria que o motorista seguisse. O rapaz demorou um bom tanto (se era banheiro, digamos que foi o nº 2, ok?), nisso o motorista pensou em arrancar. Um rapaz que, sortudo, estava sentado lá atrás gritou. "Espera motorista, ele deixou a mochila aqui". Enfim, não podíamos partir com a mochila do angustiado passageiro. O motorista então andou mais para a frente, sei lá por que, acho que para dar uma lição do moço: "ai, ai, ai, não faça mais isso, hein?".

Ficamos a bem dizer uns 20 minutos nesta brincadeira. Eu estava atrasada para uma reunião no trabalho. Não estaria se tivesse saído mais cedo, certo?

Mas quando ía ficar irritada com o comportamento do motorista comecei a pensar (o que me restava naquela situação?). Tudo bem, atrasamos muitos por causa de um, mas não foi um gesto grandioso, generoso, o do motorista? E se fosse eu precisando resolver uma causa urgente assim, não gostaria que me esperassem? Quando estamos de carro o motorista nos espera, somos pacientes com alguém que precisa "dar uma paradinha ali para... what ever... ". Por que não nos coletivos? Isso também não é pensar no outro? Na coletividade? Por que, só pelo fato de sermos levados como caminhão de batatas, não podemos ser também indivíduos?

No final das contas senti que era mais interessante aplaudir o motorista do que criticá-lo. Ele foi humano, na função de um profissional que costuma brutalizar-se. E não foi sobre o oposto que já falei outro dia aqui? Então ele retornou ao ônibus, e acho que minha vontade de aplaudir o motorista contagiou os demais passageiros-pacientes, e eles aplaudiram e bradaram, mas, opa! Não o motorista, e sim o aliviado passageiro que retornava aos braços de sua amada mochila, aquela que o salvou de ser abandonado fora do ponto!

É isso, não me estenderei em análises dos fatos por que preciso seguir para a batalha diária. Para hoje temos muuuuuitos dragões. Prometo encontrar um moleskine, assim as grandes histórias não se perderão nos caminhos da vida.

Beijos,
Tati.

23 comentários:

Taia Assunção disse...

Que bacana Tati...nem sempre é fácil, mas temos que exercitar nossa paciência. Realmente gentileza gera gentileza...beijocas!

Renata disse...

Tem certeza que isso aconteceu no Brasil? kkkkk!!! será que estamos nos tornando civilizados? Aplausos para o motorista! E para seus passageiros!

Pra vc um abraço,
Bom dia!

Regina Coeli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
josi stanger disse...

Oi Tati... lembrei-me do Profeta Gentileza... sabe eu quase choro quando ouso a música da Marisa Monte e também quando vejo o clip... sinto medo de a gentileza esteja em extinção... e num exemplo como este que você deu... reascende uma "esperança"... talvez eu devesse ter menos esperança, pois esse sentimento remete a algo que pode não acontecer... quem sabe o sentimento mais adequado, seja "confiança"... confiança de que a Gentileza" prevalecerá.
Beijinho
Josi

disse...

Tati, que história legal!!! Acredito que são muitas dessas perdidas por aí. Situações que alimentam exemplos de gentilezas, solidariedades, testam a paciência e a tolerância, mas que muitas vezes não atingem bons índices de audiência como a propagação do lado contrário. Fico sempre atenta aos bons exemplos, com fé de que se tornem mais comuns, do que raros. Bjos no coração.

She disse...

Oi querida, acho que vou ser interpretada mal por aqui, mas mesmo assim vou falar... tudo bem que o motorista foi gentil, mas como tinha a mochila lá, ng iria mesmo deixar ele seguir a viagem... e seja lá o que esse moço tenha ido fazer eu achei de um egoísmo sem tamanho... gente era um ônibus com várias pessoas e seus afazares independente das necessidades desse moço aí que desceu rapidinho pra ir ali fazer não sabemos o quê... aff!
Engraçado, vc sabia que na sexta-feira apareceu exatamente isso na Globo? Só não prestei atenção exatamente aonde que foi, mas o ônibus parou assim, um cara desceu e fez xixi rapidinho e voltou... nossa um absurdo! E aí agora eu leio esse seu post, ai meu Deus será que vai virar moda isso por aqui no RJ? Só faltava mais essa! Mas olha não briguem comigo não...rsrs eu concordo que diante de tanta grosseria e falta de educação desses nossos motoristas de ônibus esse foi mesmo gentil!
Beijo, beijo!
She.

Paula Betzold disse...

Oi Tati, que lindo!!! Pois é, isso deveria acontecer sempre, como nao acontece a gente se surpreende com pessoas boas, né!? Pelo menos existe ainda gente assim, e é o que vale!!! beijos

Mila Olive disse...

Muito bom, Tati!!! Penso que não só a gentileza do motorista, mas a grande estrela foi a mochila salvadora! Afinal, o que será que ele foi fazer fora do ônibus que demorou tanto? rsrs

beijos

Regina Coeli disse...

Olá Menina Tati,

São de atitudes como essas que estamos precisando para humanizar mais esse nosso mundo tão brutalizado como temos notícias todos os dias.
O Poeta tinha razão quando afirmou: GENTILEZA GERA GENTILEZA!!!
Quem sabe não podemos praticar gestos como esses no nosso quotidiano...
Da minha parte já estou adotando essa alternativa já faz um bom tempo...
Abração carinhoso e parabéns pelo post.
Regina Coeli

Irene Moreira disse...

Tati
Até que enfim encontrei alguém colocando com os mínimos detalhes o que passo também diáriamente e que dia abençoado quando temos alguém que segura nossa bolsa e que os nossos pés pdem estar confortáveis no chão. Dia cheio de Gentilezas mesmo... e muita mesmo!!!
Beijos

Cris França disse...

lindo menina de brilho raro. lindo!

a gente vive tão apressado hoje em dia que não temos quase tempo de sermos humanos e pensarmos na condição do outro.

te aplaudo, que tenhamos mais momentos de poder ver gentileza no mundo.

merecemos isso


bjão

Socorro Melo disse...

Tati,

Conheci o seu Blog por indicação da Glorinha, do Café com Bolo. Vi a história do boneco Francisco e fiquei emocionada. Também visitei a Regina, que me fez um lindo comentário.
Quanto a história do motorista, achei bem interessante. É muito bom não deixarmos que o stress nosso de cada dia não ofusque os gestos e as atitudes humanas, de respeito e solidariedade.
Bom te conhecer.
Beijos
Socorro Melo

Isadora disse...

Tati, eu com certeza ficaria meio irritada. Só entenderia se fosse um motivo extremamente justo para que ficássemos parados por vinte minutos. Aí dana-se o horário, mas confesso que foi um gesto bom, mas o principal foi ver que você precisava pegar aquele ônibus e o motorista esperar, isso me surpreende.
Um beijinho

Bordados e Retalhos disse...

Tati, fiquei pensando se eu iria aplaudir o motorista. Acho que a coletividade nesses casos vem primeiro. Aqui se um ônibus fica parado 20 minutos desse jeito acho que o motorista levaria uma boa multa e perderia até o emprego. Mas a sua mensagem é divina e especial e é isso que importa. Bjs

Glorinha L de Lion disse...

Oi Tati, tanto a Giovanna e a She tem razão, como vc tb! Tem 2 lados nessa estorinha linda que contou...uma, pela ótica das pessoas indo pro trabalho, outra pela ótica de um motorista fora dos padrões que se prontificou a esperar uma pessoa pq ela pediu...não é nada comum vermos casos assim hj em dia...por outro lado, e quem se atrasou pro trabalho e levou esporro do chefe por causa de uma pessoa? Teve gentileza de um lado e falta de gentileza do outro...os dois lados de uma moeda que se chama ser humano. Aliás, aprendi na vida e levando muita bordoada que toda estória tem dois lados...Bjs

Fátima disse...

Por falar em gentileza,

Silvia Masc disse...

Olá Tati, o seu post foi a antítese do meu, como você disse lá, existiam muitas coisas para serem citadasm mas eu ando egoísta, centrada no meu umbigo, que hoje é a minha reforma. E quando a gente lê esse fato que vc relatou, nos dá esperança de que as coisas, podem ter jeito.

Aos poucos irei retomando a vida normal, com boas surpresas e bordoadas.

beijinho

Françoise disse...

Caramba Tati, este motorista estava de bem com a vida ??? Nem se compara com aquele mau humorado que descreveu dias desses.
Mas este moço da mochila também é folgado hein? O que será que ele foi fazer, estranho.... Tá certo que o motorista foi gentil mas o segundo mocinho tinha que pensar na coletividade também, é mais vamos indo....até que não tá de tudo ruim , não vamos desistir....

*Adoro seu jeito de narrar os fatos, me divirto....ehhhh

Beijos

Unknown disse...

Tati
Adorei.
Lembrei de Cuba.
Nos anos 69/71, que estive por lá, aprendi muito com o povo cubano. Aprendi muito de civilidade, companheirismo, prestatividade e amor ao próximo.
Minha condução era a "guagua", como eles chamam os ônibus, e, não havia o nível de informação que temos hoje. Pegava um ônibus e perguntava onde deveria descer para chegar a determinado lugar. A pessoa que estava do meu lado começava a me responder, o vizinho, que havia ouvido se metia no papo e dizia que o melhor era descer no outro ponto que ficaria mais próximo, um terceiro entrava na conversa e já dava uma terceira opinião, em pouco tempo todos davam sua opinião a respeito, gesticulando, querendo fazer sua opinião ser melhor aceita, já que, na sua visão, seria o melhor para mim. Era ótimo.
Havia um fato interessante que trago para análise.
O motorista, durante a corrida, parava, ia num barzinho e pedia seu refrigerante e sanduiche, (sem entrar na fila, já que ele estava trabalhando) sentava, comia tranquilamente e depois retornava à direção do veículo, os passageiros não faziam nenhum comentário a respeito, era normal, afinal, se o motorista parou para fazer um lanche é por que estava com fome e, tinha todo o direito de parar e se alimentar. Os passageiros que estavam conversando sobre a "pelota" (baseball), política interna ou externa, último projeto de lei que estava em discussão, ou outro assunto menos polêmico, continuavam a sua discussão como se tudo estivesse no trajeto sem interrupções.
Simples assim.
Meu horário é as 08:00h no trabalho, chego entre 07:00/07:30h, se houver algum imprevisto, é bem provável que ainda chegue a tempo.
Como responsável pela minha área, entenderia muito bem uma desculpa de um funcionário que chegasse atrasado e me contasse a estória da paradinha para a necessidade do colega de condução.
Viva a humanização (no bom sentido).
Pereira:.

♕Miss Cíntia Arruda Leite ღ disse...

Tati querida!!
Obrigada pela força na semana anterior, é muito bom saber que temos amigas por perto, mesmo que virtual... que Deus te abençoe grandemente.

Domingo é o niver do Guilherme, por isso estou sumida, tentando dar contas dos preparativos e dos vários pedidos do pequeno.

Tenha um fim de semana maravilhoso!!

beijos

Carmem Tristão disse...

ui! possobilidade acontecer de 1 em um milhão! felizarda você!

diariodumapsi disse...

Querida Tati,
Obrigado pela visita e comentário no meu blog...
Quanto ao post, fico muito feliz quando vejo histórias tão boas sobre o ser humano, esse ser que a cada dia vem se desumanizando, não se preocupando com o outro e muito menos sendo gentil.

Beth/Lilás disse...

Tatiii,
Que história esta!
Fiquei mais impressionada de isso acontecer na Linha Amarela, Rio de Janeiro, Brasil, planeta Terra.

Genteeeeeeeeee, o Rio é isso aí, tem de tudo, por isso ainda é o lugar do Brasil mais falado, comentado, criticado, pixado, elogiado e amado.

Fiquei feliz depois de ler esta história, mesmo tendo os dois lados que a amiga Glorinha observou bem.

bjs cariocas