Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

eXtendendo o papo...



Isso mesmo! No post anterior eu falei da minha paixão pela Extensão Rural e, pelo Who´s.amung.us vi até que esta palavra foi copiada, imaginei que para lançar no google e descobrir do que se tratava... será?

Pois é. Quando entrei na faculdade (faz tempo, viu...) eu sabia que queria ser pesquisadora, mas como sonhar não paga pedágio, eu queria pesquisar fisiologia de golfinhos em Fernando de Noronha. Claro que eu não completaria 10 anos de formada e estaria tratando o câncer de pele adquirido no exercício profissional, sim, por que se alguém já viu alguma foto minha sabe que estação observatória em Noronha não há bloqueador solar que resolva no meu caso... Eu sou daquelas branquelas que no máximo ficam vermelhas, quase roxas... 

Não foi por isso que não segui este sonho, foi por que não consegui nem estágio nesta área, quanto mais emprego, né? Tudo bem, fui seguindo o meu caminho e talvez o meu caminho seja triste prá você...

Em determinada altura da faculdade a gente tem esta disciplina: Extensão Rural, minha professora era ótima, mas não passou a ideia exata do que seria, ficou muito filosófica, sei lá. Passei na matéria por que fiz todos os trabalhinhos, ganhei estrelinhas da tia e segui rumo ao hexa, mas não entendi do que se tratava.

Eu sempre fiz muitos estágios. Entrei no primeiro com duas semanas de aulas... kkkkk Era só felicidade!!! Me sentia a própria vet. Entendam que NUNCA foi em clínica, acho lindo, mas não para mim. Num destes estágios fui parar em uma Fazenda da família Sendas, em Magé, aqui no Rio. Lá minha vida mudou, de verdade. Lá, eu mudei! 

Foi lá que conheci o Aloisio Sturm (lembram? Do salário emocional?). Ele foi uma pessoa tão importante na minha vida que nem sei como descrevê-lo. Foi um guru, um amigo, um exemplo, foi também mola propulsora e aquela chave que muda a rota dos trilhos (sei o nome não). O Aloisio é agrônomo e administrava as fazendas. Nossa identificação foi grande e rápida, ele me escolheu para estagiária e eu aceitei! Passei anos por lá. Quando um grupo de pescadores resolveu montar uma cooperativa ele me convidou a acompanha-lo. Me encantei por aquela gente simples e sofrida, cheios de dúvidas, sonhos, esperanças. A partir desta data, não perdia uma reunião! Éramos o apoio técnico, os extensionistas, do projeto de implantação cooperativa. 

O extensionista faz a ponte entre o saber técnico, o resultado de pesquisas, e o saber local, os produtores, o povo. Tem que dominar as duas linguagens, tem que saber se portar no salto alto e na butina com a mesma naturalidade. Infelizmente a extensão rural hoje tornou-se quase uma distribuição de sementes e mudas para os produtores, mas não é este seu papel, não somente. Quando o Aloisio me apresentou aos pescadores de Magé fui absorvida, não de cara... pescadores são muito reservados, desconfiados. Aos poucos me aceitaram, no fim confiavam integralmente. Foi um tempo bom demais! Aprendi muitas coisas sobre marés, redes, defeso, injustiças e também sobre jogo de cintura, lidar com incertezas, durezas da vida e suas superações. 

Quando eu estava para me formar me sentia perdida, gostava de produção animal: de búfalos, de peixes, de gado de leite e até de jacarés. Achei que era confusa, o Aloisio me esclareceu: O tipo de produção é apenas meio, isso não é o mais importante. O mais importante são as pessoas que auxiliaremos! Não sei se sou capaz de traduzir o que isso mudou em mim. 
Uma das poucas fotos que tenho com o Aloisio, junto com Jeferson e Tinha

O Aloisio me ajudou a desenvolver este meu potencial humano, que eu nem sabia que tinha. Alguns anos depois ele assumiu como Secretário de Agricultura do município de Magé e me convidou a trabalhar com ele, num projeto de extensão que ele pretendia desenvolver. Era o governo Narriman Zito, e parecia que alguma coisa seria feita, começamos a estudar a viabilidade de um projeto de consorciação entre peixe e palmito. A paixão do Aloisio são as tilápias, e elas estavam contempladas no projeto. Sabe qual a principal atividade do extensionista? Visitar pessoas, conversar com elas, interessar-se por suas histórias, por suas necessidades, por seu saber. Não desmerece-lo por ser popular, por ser empírico. Incorporar suas práticas, mas melhorar sua qualidade de vida, suas possibilidades, sua auto estima. O extensionista precisa gostar de café, por que toma muuuuito, leva para casa presentes como: inhame, batata, cará, peixe defumado, camarão, mesmo que volte de ônibus! Ouve piadas engraçadas e outras nem tanto. Mas também precisa entender de capim, saber o que é calda bordalesa, conhecer raças de gado, a melhor aptidão para aquela terra e para aqueles produtores, e outras coisas que estudando, e vivendo, a gente descobre! 

Minha intenção era um esclarecimento, acabou virando um testamento. Nele estão descritas as previsões para os próximos anos, não apenas uma memória de um tempo passado. E aqui fica também registrada minha saudade deste amigo, que está vivo, graças a Deus, mas com o qual faz tempo que não falo... 

Se você teve paciência de chegar até aqui, neste samba do crioulo doido, meu muito obrigada!
Um beijo,
Tati.

11 comentários:

Desconstruindo a Mãe disse...

Oi,

Quando entrei na faculdade de biologia também pensava em ver golfinhos em Noronha, embora viajasse na maionese pensando que estaria nas minhas mãos a cura para distrofia muscular que meu irmão tem, se fosse para a genética a minha escolha profissional.

Assim, entre vários estágios e monitorias, acabei ficando na ecologia de borboletas, hehehe, nada a ver com as milhares de idéias iniciais.

Terminei o curso como licenciada plena, ou seja, me tornei professora e das mais apaixonadas... Fiz mestrado em educação na seqüência e fui trabalhar em escola pública, depois faculdades, até que a maternidade me deu tempo e espaço para pensar.

Seguido sonho com meus professores, especialmente os que conheci nos anos de escola, que são uma grande referência e seguido encontro pelas ruas de Porto Alegre, uma verdadeira bênção!

Hoje uso os conhecimentos e experiências de outras formas, mas os gurus, ah... continuam tendo muita influência na minha vida como um todo!

Beijo, parabéns por saber reconhecer quem ajudou a escrever a tua história!

Ingrid

Taia Assunção disse...

Época boa da faculdade...tantos sonhos deixados pelo caminho e tantos outros conquistados. Sucesso sempre! Beijocas!

Isadora disse...

Oi Tati, claro que cheguei ao final. Gosto muito da forma que você escreve e do que você escreve. Muitas vezes, na faculdade não temos real noção de algumas cadeiras estudadas, o que é uma pena, pois ali pode estar nossa grande paixão, mas que bom que você de alguma forma ficou mais próxima do que tanto gosta. Quem sabe, esse post um pouco saudosista não seja para relembrá-la?
Um beijinho e mlehoras para o Bê. Ele ainda está com febre?

Edno Stanger disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
josi stanger disse...

Oi Tati... fui deixar um comentário e saiu com o nome do Edno, meu marido... hehehe então aqui está o meu...
"Oi Tati... cheguei ao final e fiquei surpresa em saber a sua área profissional... confesso que não fazia idéia...hehehe mas e agora? no que vc trabalha?
beijinhos pra vcs aí... e sucesso!"

Ontem ele me contou todo feliz que vc também está seguindo o blog dele!

Até mais... e conte mais...!

chica disse...

São recordações e experiências que passamos nas nosas vidas e ainda , pessoas como esse teu amigo, que nunca será esquecido,não é?beijos,tudo de bom,chica

Macá disse...

Tati
Cheguei ao final sim, cadê o resto? quero ler...... Você escreve muito gostoso, bom de ler.
Que vivência essa sua heim? Eu sempre assisto o Rolando Boldrin e adoro os casos que ele conta. Quando dá, assisto com meu marido esses programas rurais. Nós dois gostamos dessa gente simples mas com tanta sabedoria. Você deve achar falta de tudo isso, não?
Ah! e já ligou para o Aloisio?
beijos

Luma Rosa disse...

Você pode realizar esse sonho de estudar golfinhos aqui no Estado do Rio de Janeiro, onde abrigamos várias espécies. Ou teria que ser especialmente a espécie que vive em Fernando de Noronha?
A foto do meu avatar foi tirada no Rio Grande do Sul com golfinhos 'trunsiops truncatus'. É sempre emocionante, quando eles aparecem para brincar! Eu não conto que mergulho com lulas para alimentá-los!! (rs*)

Gostei do tom nostalgico do post e de quebra fiquei sabendo um pouquinho mais da sua experiência de vida e seu modo de ser.

Persiga seu sonho! Beijus,

Yo Neris disse...

Tati querida,
Que saudades! Sei.Sou eu que tenho andado sumida mas estou tentando manter o ritmo,rs.
Sua experiência foi mesmo muito interessante.Dessas que sem dúvida, deixam saudades.
Beijão

Lu Souza Brito disse...

Eita Tati que você é arretada mesmo né?
Sei não mas sua vida tá com cara de mudanças hein, pelo tom que esta deixando em alguns posts, rsrsr.
Eu sempre gostei de turismo, sempre trabalhei com isso e já perambulei por eventos, hotelaria, secretarias de turismo e aprei no agenciamento, qe é o que gosto de fazer. É maravilhoso trabalhar com o que a gente gosta.
mas confesso que ando balanceada: Tô pensando em fazer Comercio Exterior.
Adorei saber mais sobre você e claro que li o post timtim por timtim.
Beijokas

Mimirabolante disse...

oi,agradeço a sua visita....vim retribuir,já estou te seguindo e te achei super interessante!!!uma dica bem mimirabolantes:tenha uma sacola de pano bem dobradinha dentro da sua bolsa........em qq momento vc irá usá-la e demonstrar todo o seu amor pelo Planeta!!!!mil bjcas