Hoje eu não estou num bom momento para escrever, por que estou iniciando uma crise de enxaqueca (unilateral, pulsante, com enjôo, fotofobia...), mas acho que não conseguirei me deitar sem falar um pouco sobre o que vivi, e as lições que aprendi.
Dia de festa junina da escola do Bê. Foi uma festa linda, grande, animada. Diferente do que estávamos acostumados, por que na outra escola (que era creche) a festa era fofa, mas pequena, muito pequena, claro! E nós conhecíamos - e éramos conhecidos por- todos, da portaria à direção.
Esta escola vai até o segundo grau (ou seja lá o nome que tem agora ou que terá quando o Bê estiver nele...).
A dança da turma do Bê foi linda: "Boi do Ceará", os meninos dentro de seus bumba-meu-boi de caixa de guaravita, muito caprichados pelas professoras. Vou tirar fotos e mostro para vocês, mas nada disso foi tão importante quando A lição.
Foi nossa primeira oportunidade de ver, de perto, como está a adaptação do Bê à sua nova vida escolar. Faz um mês, é pouco tempo, ainda mais para quem entrou com o ano em curso... Ele está batalhando seu lugar. Se já admirava meu filho, por ser meu filho, hoje o admiro como indivíduo, e espero aprender com ele, com sua força, sua maneira de encarar a vida! Tenho aprendido muito nestes cinco anos...
Ficou claro para mim que ele ainda está sendo absorvido. Que há crianças que ainda não o aceitaram como parte do grupo. O Bê não é nada bobo, ele também percebe, mas... Ele não liga, ou se liga, segue em frente, não vacila, não desanima. Eu percebi que alguns já o aceitam bem e um dos amigos, que ainda não sei o nome, fez uma festa quando o viu e abriu um sorriso de quem estava realmente contente de encontrá-lo, mas...
Um casalzinho da turma dele estava jogando bola, ele tentou participar, ficou ao lado, chegou sorridente, o menino ia aceitar, a menina não deixou. Falou o nome dele, sabia quem ele era, mas não quis que ele brincasse. Ele tentou mais um pouco. Não deu? Foi em frente, foi até a barraquinha em que o primo estava trabalhando, falou com ele, seguiu a brincadeira. O Bê é feliz! Não adianta dizer em comentários que eu sou responsável por isso. Pode ter certeza que, por isso, não. Este mérito é dele, inerente à personalidade dele! Na verdade, eu quero aprender a ser assim!!!
Eu morro de medo de rejeição, eu não sei lidar com isso. Não intervim na hora que a menina não o aceitou na brincadeira. Se deu vontade? Se você é mãe, então sabe que deu... mas... Se eu o fizesse estaria formatando uma situação, deixando clara a exclusão. Acho que a maneira do Bê de lidar com as adversidades é melhor, mais madura e natural! Eu iria para um cantinho chorar, eu pediria para ir para casa. E por muito menos, já fiz isso. E analisando friamente, a menina tem todo o direito de escolher com quem quer brincar, mesmo que isso doa no fundo do âmago do meu ser...
Fui uma criança muito rejeitada na infância escolar. Não sei se me rejeitavam ou se eu que não me fazia presente, minha timidez era doentia. Em casa, com amigos próximos, eu me soltava. Mas na escola era o que chamam bicho do mato. Ficava sozinha, não sabia fazer amigos. Passava o recreio na fila do bebedouro, para não perceberem que eu não tinha amigos... Sentia vergonha disso também! Nunca sofri o que hoje chamam de bullying, e sei que muitos sofriam. Não tinha esse nome pomposo, mas já acontecia na minha época, com muitas crianças. Não era esse meu caso, eu era sozinha, era invisível.
O Bê não se permite invisível. Ele vive uma grande mudança. O Vi lembrou bem, na outra escola ele era o centro das atenções, era o chamado "queridinho". Da professora? Não, de quase toda a escola, entre funcionários e amiguinhos. Ele está tendo que se adaptar à função de corpo de baile, não é mais o primeiro bailarino da companhia, mas ele tira isso de letra!
Acho que em pouco tempo ele terá conquistado seu espaço na nova escola, ele tem carisma para isso, mas até lá, o que me deixou tão orgulhosa e admirada foi a maneira como ele está conduzindo sua vida. Ele pode não ser protagonista da grande história da escola, é parte do elenco, quase figurante para o todo, mas para ele, é ator principal da própria vida. Ele não delega a ninguém a própria felicidade! E veste um grande sorriso para mudar seu status.
Ele não teve par, quer dizer, seu par foi uma tia da escola - Linda, por sinal! Não havia amiguinhas para ele dançar. De manhã ele estava na maior animação para a festa, ansioso, preocupado de atrasar, por que não podia deixar o par esperando. A menina que ele disse que era par dele, disse que era par de outro... vai saber... Mas ele dançou lindamente, sorrindo, entusiasmado, fazendo a coreografia direitinho. Olhando para nós e fazendo poses.
Tudo o que vi hoje me fez lembrar, e lembrança é uma coisa que não sei explicar... Vai entender por que certas coisas puxam outras? Enfim, me lembrei de um período sofriiiido, quando o Bê passou 10 dias internado e o mantiveram no soro. Na primeira furada foi horrível, ele esperneava, gritava, chorava. Quando a enfermeira conseguiu eu corri para o banheiro e tive uma diarréia, de puro nervoso! Mas com o passar dos dias o Bê aceitou aquilo. E na hora que tinha que trocar o acesso, ele já dava o bracinho, olhava nos nossos olhos e esboçava um sorriso. Gente, esta criança tinha acabado de fazer 3 anos! Me emociono só de lembrar. Ele nos deu forças para superar aquela fase. Foi muito forte! A lembrança vem da grandeza dos gestos, não da dor. Hoje não foi doído, foi alegre, feliz, mas a grandeza do Bê... foi semelhante.
Meu coração está tão repleto, parece empanzinado. Sim, já viveu um empanzinamento de amor? Assim me sinto agora. Quero muito aprender, com este guerreirinho de 5 anos, a viver! E serei mais feliz, sem sombra de dúvidas, se souber aplicar suas lições na minha vida. Meu pequeno aprendiz, me ensinando tanto!!!
Se der, quero voltar neste assunto e me explicar melhor. Sem dor de cabeça, é claro! Por que parece que foi triste, pelo jeito que falei, mas foi maravilhoso e nós chegamos em casa muito felizes (o Bê chegou dormindo...). Estou certa que sua adaptação completa, e isso inclui ser querido por amigos e professores, é só uma questão de tempo. Pouco tempo!
Beijos a todos,
Tati
21 comentários:
Olá Tati, uma lágrima correu. Que momento mágico você descreveu, você escreve uma biografia linda do seu filho, ele terá tanto orgulho quando crescer. Tenho enxaqueca e sei o quanto é difícil, descanse. Estarei aqui aguardando a continuação. Bjos
Em tudo que foi dito dou meu aval. O Bê é o que chamamos "O Cara".
Os pais, de modo geral, carregam a idéia que seu filho é capaz de tudo e eu desejo o mesmo pra o Bê.
O texto mostra o quanto você é corajosa Tati. Falar das próprias imperfeições desta forma é, para mim, uma grande demonstração de maturidade. Encarar esta atitude é para mim um desafio, mais eu chego lá.
Parabéns
Todos os Beijos
Vi
Oi Rê, a princípio não era essa a proposta do Blog. Era um espaço para questionamentos, mas o Bê me faz revisitar espaços esquecidos na memória, me faz rever minhas ações, minhas convicções. Tem sido uma grande escola. E não há nada que eu ame mais neste mundo! Então, fica cada vez mais fácil escrever!
Obrigada pelo carinho, viu!
Beijos
Anjo,
Esta oportunidade é nossa, mais do que de qualquer pessoa. Não à toa ele veio para nossa casa, insistiu em vir! Ele sabia tudo o que podia ensinar para nós, basta sermos bons alunos, e também bons professores. O caminho está aberto à nossa frente! Te amo. Beijos.
Tati querida,
Eu não disse que o Bê iria tirar isso de letra? Ele conhece a vida, garota!!! Ele sabe das coisas. Trate de aprender com ele!!! A gente aprende tantas coisas com os filhos. Pois não é que eu agora estou aprendendo com os netos? Que bom, é sinal que estamos vivas. Sabe Tati, as crianças não são um papel em branco que a gente escreve. Não mesmo, nem se iluda. O ambiente influi, más só isso, influi. Bjsssss
Vamos fazer uma corrente contra a enchaqueca? Xô enxaqueca,xô.
Oi Tati espero que você melhore logo, pois enxaqueca é de matar. Volta e meia sou acometida por uma.
Tenho certeza que em breve, o Bê estará super bem adaptado, até porque pelo que você escreve ele parece ter um temperamento fácil, daqueles que vai chegando e fazendo amigos, apenas com um largo sorrido. A mudança da creche para uma escola maior, não é fácil, principalmente, para os pais. Na creche, todos nos conhecem, você pode ligar para recepcionista e só falar seu nome que já sabem de quem você é mãe. Em um colégio é diferente, mas temos que passar por isso.
Não sei quando você viaja, mas vai com Deus e volta logo.
Um beijinho e bom domingo para vocês
Tati, estou aqui chorando de emoção! Que coisa mais linda são as cianças, com sua enorme, imensa sabedoria!
Que aula que o Bê mais querido, mais fofo com esse sorrisão do tamanho da sua alegria nos deu hj...e não só à vcs, seus pais, mas a mim e acredito a todos que leram e lerão esse post! Auto confiança. se saber amado, ser feliz por isso, saber qual é seu lugar no mundo, que afinal é representado pelo micro cosmos que é uma escola. Realmente, crianças são sábias...e creio que vem ao mundo para nos ensinar com deveríamos ser. Paixonei por seu Bê e por vcs terem esse meninozinho gigante aí com vcs! Sejam felizes! Beijos e beijos a todos e um especial nesse lindinho.
OI Tati,
O Bê é lindo! Temos tanto a aprender com as crianças... E as nossas às vezes nos surpreendem em geral para melhor.
Parabéns pelo príncipe e pela maneira que ele encarou as situações que foram se apresentando.
Bjkas e uma ótima semana para vc.
Olá minha Querida Menina,
Esse NETINHO do coração é um presente divino!!!
Felizes somos nós em poder desfrutar e aprender com ele...
Ser feliz é muito simples nós é que muitas vezes complicamos as relações.
Beijo carinhoso para você e em especial para o Menino BERNARDO.
Vovó Regina Coeli
Oi Tati, parabéns a você por nos contar com anta delicadeza e emoção esse aprendizado. Você aprende com ele, e ele terá muito pra aprender com vocês e o melhor do amor é a troca. Que vcs sejam sempre abençoados por momentos felizes. Um beijão e um abraço bem apertado com todo carinho que couber nesse nosso encontro virtual! um bom fim de domingo e uma semana bem produtiva!
beijinhos
Josi
Tati,
Ao ler o se post parecia que eu estava vivendo tudo o que falava..
Quanto orgulho minha querida! Nossos filhos nos dão lição de vida a cada dia.Nas fotos seu filho transparece uma alegria só! Que lindo!
Gd beijo
Ah, querida, essa semana é o meu pimpolho quem entra em adaptação, no auge de seu 1 ano e 5 meses e falando dadáaaai, dedeeeei e nem lembrando a mana que falava tudo quando tinha essa idade e começou a vida escolar.
Confesso que será bem antes do que eu previa e gostaria, mas acho que as crianças nos mostram do seu jeito que também sabem escolher - nesse caso o Caio só foi brincar com a profe da única escola em que eu pensei que o colocaria, entre muitas que visitei - será que a intuição dele e a minha estavam afinadas?
Com a Larissa a escolha da escola onde está agora, que também vai até o ensino médio, a voz dela foi importante na hora da decisão em família. E não nos arrependemos, ela é muito feliz lá. Chega a cantar "não há lugar melhor que o Champagnat!"
Que bom ver que nossos anjinhos mostram que têm uma sabedoria interna bacana, né?!
Beijos,
Ingrid
Tati,
Teu filhote é mesmo lindo e especial, muito extrovertido, até nas fotos dá pra se ver isso.
Ele é tão seguro do que é e do que passa, por isso não chora nem se descabela, vai ajeitando com seu jeitinho maroto e conquistador.
Já notou que todas nós viramos fã dele, né! hehe
Muito encantador o Bê.
bjs cariocas
Tati
Muito lindo e emocionante tudo que contastes. Tenha certeza que a vida nos ensina a cada dia, mas com quem mais aprendemos é com nossos filhos.
Tenha certeza que também o amor de seus pais é válvula mestra para que ele siga em frente e seja esse exemplo de vida.
Amiga grande beijo e um boa semana.
PS. Queria te avisar que estou te indicando pela M@myrene para a Promoção da Amizade promovida pela Elaine de Um piuco de mim. Depois passe lá e veja a minha postagem.
Querida Tati vc me emociona e esse seu post eu me emocionei muito, as lágrimas escorreram de verdade, e eu nem sou mãe, então não tenho conhecimento de causa de tudo isso, mas mesmo assim me transportei para um futuro materno que é o meu maior sonho na vida... o seu filhote de sorrisão lindo é um pequeno anjo guerreiro, ele é lindo e especial... show de post, querida, parabéns, tenha uma linda semana e boa viagem!
Beijo, beijo!
She
Tati minha amiga querida,
Fiquei muito comovida com suas palavras e com a sua emoção, que transborda os limites do texto.
Filhos são mesmo presentes divinos.
Até hoje eu aprendo com as minhas (duas mulheres) e com o meu pequeno João,que ainda está descobrindo o mundo assim como o pequeno Bê.
Beijão
Tati, eu te entendo, pq sempre fui mega timida na escola, eu tibha vergonha de estar ali, de nao ter muitos amigos, ou nenhum, aquelas pessoas pensavam totalmente diferente de mim, e eu fazia de tudo pra nao ser notada, exatamente por isso, muitas vezes era... e acabava sendo alvo de algumas brincadeirinhas... odiava e evitava festas de amigos, e etc. enfim, passou...
agora, eu discordo de vc, claro que mta coisa do q vc falou é merito do be, sim, mas se ele nao tivesse a certeza de quanto ele é amado pela familia, tudo seria mto mais dificil...
beijocas!
Olá Tati
Espero que melhore.
Seu testemunho foi de felicidade e de plenitude por ser mãe. Os filhos nos ensinam muito e um tesouro em nossas vidas. Pena que as vezes nossas expectativas possam inibir o que realmente são.
Parabéns pela bela experiência e aprendizado.
Oi!
Menina, não sei se ando à flor da pele ou é vc que anda querendo fazer todo mundo ficar emocionado.
Que simples e linda sua narrativa! Eu não sou mãe ainda, mas tenho dois sobrinhos que eu juro que entraria na boca de um leão para salvá-los e quanto ao Bê, só de olhar as fotos, desde o início eu percebi uma coisa diferente, uma felicidade pura e contagiante. Eu tbém percebi uma grande cumplicidade entre vcs dois.
Parabéns por esse anjinho que desperta tanta coisa boa na gente daqui de longe!
Bjão à vc e ao caipirinha mais charmoso que já vi!
Bjo, bjo, bjo!
Olá Tati,
O Bê é realmente especial. Não são todas as crianças que tem esta maturidade e segurança não. Eu também não lidava bem com a rejeição. Sempre tive muitos amigos sim, mas era excluida da turma dos bonitos e "ricos". Eu era a feinha mais pobre da escola, ahahah. Mas por outro lado era a aluna nota 10 e por isso, tinha um monte amigos interesseiros.
Enfim, cresci com complexo de inferioridade e até hoje sou bastante insegura por conta disso.
Ahhh, e ele tá um encanto nestas fotos. Dá pra perceber a felicidade e confiança pelo sorriso dele.
* Enxaqueca? Ontem foi meu dia, tve até que sair do trabalho mais cedo. Quase morri. Convivo vom isso semanalmente, posso dizer. É dureza!
Tati,
Sou de formação católica. Mas sei que há uma corrente de pensamento que diz que crianças assim são almas antigas, sábias, que vêem ao mundo para ensinar pois na essência já estão prontas.
Será que Deus permite que anjos nasçam em corpo humano? Sei lá, mas conheço uma criança assim como seu filho, e lendo seu post fiquei pensando nisso, sobre pessoas que parecem já terem nascido sábias, como se já tivessem visto e vivenciado muitas coisas...
Ficou confuso, né?
Mas seu post me fez pensar.
De toda forma parabéns pelo filho e mesmo que você não admita tem sim muito de você nele, e talvez seu auto controle em não interferir seja fator decisivo no amadurecimento dele.
Beijosssss
Postar um comentário