Desde que vendi meu carro, há quase 2 anos, descobri um monte de coisas. Algumas boas e interessantes, outras nem tanto...
Por exemplo, descobri que a expressão "gastar sola de sapato" não é alegoria, não é figura de linguagem. Quando se anda a pé - e se anda muito- a sola, e o resto do sapato, se gastam mesmo, e quando vemos, já era mais um. A renovação precisa aumentar!
Descobri também o valor de descer do salto, e neste caso vale a metáfora e o sentido literal da frase. Sim, por que foi só depois que vendi o carro que aprendi o valor de uma rasteirinha e de uma sapatilha. Antes, saltos eram meus companheiros de jornada. Hoje, sinto que perco muito tempo com eles, e que me canso mais. Na hora de escolher um sapato, se terei que ir andando, dá uma preguiiiiiça compriiiiiiida de por salto, e acabo optando por algo bem, bem perto do chão. Eu chego mais rápido!
Mas disse que também desci do salto no sentido metafórico, lembram? Pois é, perdi a vergonha de pedir carona. Gente, sou um ser tão orgulhoso, uma sortuda de não ter nascido com nariz arrebitado, mas o nariz da minha alma é muito, muito arrebitado, mais que a Narizinho de Lobato! Se você mora em cidade grande como eu, e depende de transporte público, sabe que tem mais chances de chegar no horário naquela reunião se pedir carona ao colega. Transportes públicos não tem muito compromisso com horário... E a surpresa disso tudo é que a colega distante que te dá carona pode tornar-se uma grande amiga! E isso você só descobre por que ficou sem carro e perdeu a vergonha - desceu do salto! São as compensações da vida.
Claro que tem coisas chatas, muitas coisas, mas não é sobre elas que quero falar agora, tá bem? Estou feliz hoje e quero continuar assim. Quero pensar nas coisas boas que vieram daí.
Logo que vendemos o carro eu comentei com marido: agora eu encontro as pessoas! Isso mesmo, por que andando pelas ruas do bairro, a todo momento encontramos pessoas queridas, mas com as quais não temos contato. Nos esbarramos em esquinas, tropeçamos na porta de uma loja, atravessamos no mesmo sinal, às vezes em sentidos opostos, mas o sorriso que trocamos é suficiente para iluminar o coração naquele momento. Lembramos e somos lembrados. O vidro filmado do carro e toda aquela ferragem colorida, nos oculta. Somos o automóvel e não mais o indivíduo.
E era isso que eu queria falar. Queria contar que entendi o tal do fecha uma porta e abre uma janela. Basta estarmos dispostos a olhar do jeito certo: copo meio cheio ou meio vazio?
Estas alegrias não me impedem de sonhar com um carro novo, que virá em breve, na hora certa. E claro que há momentos em que ser Polyanna é mais difícil, seja por TPM, por estresses do dia-a-dia, por restrições que nos acabam impostas, mas hoje meu copo está meio cheio, e meu coração está transbordando. E é assim que mais gosto de estar.
Então vamos lá, de sapato baixo e sorriso aberto, fortalecer as pernas e o coração!!! (Josi Stanger).*
Beijos a todos,
Tati.
* Eu pensei, pensei e não consegui encontrar A FRASE para finalizar minha postagem. Lancei de qualquer jeito, com uma pergunta retórica que não me agradou, mas queria postar logo e pronto. Aí, veio o primeiro comentário, da Josi, que eu adoro (e estava lendo e comentando enquanto ela me lia e comentava... ehhe) e AMEI como ela finalizou. Era tudo que eu queria concluir e faltaram ideias. Então, cara de pau, roubei! Mas honesta que sou, dei os créditos! Não conhece a Josi? Não sabe o que está perdendo... segue o
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Mais beijos. FUI!