Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Sobre Amar

Amor é via de mão dupla, ou não. Amor é sentimento, também é ação. Como medir? Como graduar? Por que medir? Por que testar?
O que exatamente é amar? Em que momento sabemos que amamos?
É possível amar uma pessoa, um ser, um alguém, e negar tudo ao redor? Será isso amor? Sendo mais óbvia e franca: Se amo de forma avassaladora os meus filhos, mas não me perturbo com crianças outras em situações de conflito, dificuldades, fome, frio. Será isso amor real?
Um dia para pensar em Holly, em Chicory. Quem é este amor que te habita? O que te faz crer que é amor? Quais as sensações?
Existe amor com aflição? Rima, na prática, com dor? É ainda assim amor?
Amor acolhe. Amor pode ser abandono?
Por que acreditar em rejeição quando dentro de nós somos compostos de amor? Cada célula de nossos corpos existe por amor, para amar. Assim sendo, como pode alguém ser rejeitado? Lembre-se de reconectar-se à essência. Naquele lugar intangível onde somos nossa fonte e esta fonte é amor. Lá não há abandono, não há rejeição, não há dúvida.
Amor expande sem invadir.
Amor inspira. Amor pode julgar?
Sendo luz, pode cegar?
Hoje são apenas perguntas o que tenho a oferecer em resposta.
Quem nos diz o que é amar?
Dizem que quando definimos, então não é amor.
Que se faça presente em todos nós, nos envolva e preencha, que se propague. Amor estagnado estraga. Há tanta vida no amor que, quando podre, contamina.
Exercite amor, amor é movimento. É força na suavidade, delicadeza combativa,
Amor alimenta, preenche, aquece, conforta.
Seja amor ao seu redor, sem olhar a quem. Com alegria e gratidão, e então saberá que é AMADA/O!


quinta-feira, 11 de maio de 2017

Somos todas, somos uma - Noções pessoais sobre o feminismo


Imagino que, sendo mulher, as questões feministas te avassalam de alguma forma. 
Sim, já fui daquelas que temiam o feminismo. E não entendia por que. Claro, há as questões sobre a forma como o feminismo é mistificado na sociedade machista e patriarcal, entretanto sendo uma pessoa questionadora seria simplista e ingênuo achar que era só este o fator. Eis que agora me percebo e quanto mais assumo a vida e a liberdade, mais me dou conta.
O feminismo me diz que sou livre, que posso ser o que eu quiser, que toda mulher tem os mesmos direitos que os homens. Isso contraria as noções sobre mim que me foram passadas quando criança, quando fui criada dentro de uma redoma de cuidados, com estigmas de frágil e delicada representando a feminilidade. A força da mulher relacionada à dedicação aos demais, aos pais, marido, filhos. Como romper com estas amarras que me libertam da responsabilidade por minhas próprias escolhas? 
É preciso estar muito determinada para assumir-se feminista. É preciso ter raça, é preciso ter gana sempre! 
Numa época convivi com um grupo de feministas, elas (sim, elas) se articulavam em um grande grupo de trabalho ao qual eu jamais fui incorporada. As participações estavam relacionadas à representação de organizações ou experiências. Eu não fazia parte. A experiência de ser mulher simplesmente não me habilitava a estar lá. E olha, se há uma coisa que representa a experiência de ser mulher é a dificuldade em participar das organizações e experiências. Em tempos de crise somos as primeiras a serem cortadas. Não nego que eram mulheres poderosas, porretas! Queria muito ter tido a oportunidade do convívio.  Naquela época não me reconhecia naquele espaço. Eu era feminista, só não sabia disso. Se soubesse o que sei hoje teria batalhado por meu espaço. Agora teria bons argumentos. 
Foi durante a gravidez do meu segundo filho que comecei a despertar para esta potência. E entendi a expressão que diz que certas portas só se abrem por dentro. Foi exatamente assim! Ouvindo, refletindo e... de repente... um clique. A porta estava aberta, escancarou-se aos poucos. Fui entendendo, me apropriando e sim, SOU FEMINISTA! COM ORGULHO E ARDOR! COM ÔNUS E BÔNUS! Quanto ônus... Fica difícil tolerar aquelas famosas "só uma piada", "só uma brincadeira". Perceber as correntes que nos prendem não é tarefa leve, mas é necessário nos movimentarmos ainda assim, ou principalmente por isso. Salve Rosa Luxemburgo! 
Nesta caminhada um pequeno grupo de mulheres se juntou, se reconheceu. Juntas temos trilhado um caminho tão bonito, que diria utópico se não o estivesse vivenciando na prática. Somos quase 20, apoiamos as dores e conquistas umas das outras. Somos uma aldeia! Não há disputas, não há hierarquia (há algo mais patriarcal do que a noção de hierarquia?). Somos acolhedoras, presentes, há delicadeza e verdade no convívio, no apoio. Com elas tenho vivenciado a experiência da empatia, da sororidade. Não são abstrações teóricas. São a práxis. 
Há muito a absorver, entender e incorporar melhor as noções de feminismo interseccional, que grupo de mulheres brancas que somos, ainda que nos sensibilize e também seja assunto de pauta, segue nas aspirações teóricas. Cadê representatividade? 
Quero finalizar dizendo que estas mulheres tem me dado suporte, e eu a elas. Tenho aprendido a amar aquilo que entendia como fraquezas femininas como parte do que sou, e muitas vezes, minhas fortalezas inexploradas. A maternidade é uma vivência plena com nossas reflexões em conjunto. Com o acolher dos prantos e risos. 
Toda mulher é feminista, algumas não sabem ou não estão dispostas a arcar com a força de sua própria liberdade. Suas asas estão podadas. E não é possível empoderar ninguém. Cada mulher empodera a si mesma. O que podemos é mostrar, pelo exemplo, que é possível viver um outro padrão. Aos poucos, cada uma no seu tempo e do seu jeito, vão se chegando. 

We can do it! 

Tati


quinta-feira, 4 de maio de 2017

Hotel Fazenda


Em tese um final de semana para quebrar a rotina, nos aproximar e gerar boas lembranças enquanto família, dar descanso e liberdade às crianças com experiências ao ar livre. Estes objetivos foram alcançados. Mas... Em meio ao planejamento (por que classe média precisa planejar com antecedência estas coisas) eis que surge uma greve. Uma greve muito necessária! Por que surge assim? Por que resolveram colocar em votação uma mudança absurda nas leis trabalhistas. A tal da reforma trabalhista, sem falar na temida reforma da previdência, que significam retrocesso e enormes perdas para a classe trabalhadora. Sim, classe média também está incluída aí, mesmo que não queira se enxergar neste lugar. E não é só isso. Somos parte de um todo. Ainda que não afetados diretamente há muitas pessoas que serão. Como ficar alheia a isso? 

Muita ponderação entre ir ou não ir. Vamos aderir à greve. Isso é certo! Mas como aderir e viajar para um hotel fazenda? Como não ir quando já está reservado e pago? Que difícil decisão... Fomos! Não sem dor na consciência. Liberamos nossa faxineira, com o dia pago. Hoje é dia de greve! As crianças não foram à escola. Hoje é greve! Nós não trabalhamos, estamos em greve. Mas... Demos trabalho aos funcionários do Hotel. Incoerências humanas.

E não sei se por que estamos mais sensíveis a estas questões, mas o final de semana foi bom e ao mesmo tempo de extremo desconforto. Ok, da outra vez que fomos já havíamos sentido isso, só que de forma mais branda. Desta vez o incômodo foi real, quase palpável.

O hotel é ótimo, comida deliciosa, atrações agradáveis, funcionários extremamente gentis, atenciosos, disponíveis, mas... EPA! Café da manhã servido a partir das 7h30 e equipe já a postos no trabalho. Seguem no almoço e no jantar, que vai até 21h. Quem está lá? Trabalhando, sorrindo, nos servindo? Os mesmos! As mesmas encantadoras e gentis pessoas. Mais de 14 horas, todos os dias. De sexta a segunda. Enquanto ficamos cansados de brincar e nos divertir eles trabalham sorrindo. Não há revezamento, não há turnos. Há uma equipe sempre a postos. Como dormem? Como comem? Quando descansam? Quando estão com suas famílias? O pior é perceber que a greve é para que não haja perda de direitos que parecem sequer ter chegado a este lugar! *

Fiz então um exercício que recomendo a todos, que é necessário ainda que não agradável: O teste do pescoço (conhece? clica aqui para mais). E quer saber? 90% (sem cálculos, só estimativa pelo olhar) dos hóspedes são brancos. 99% dos funcionários são negros. Sim, região do Vale do Paraíba. Herança do ciclo do café. Que difícil encarar meu privilégio branco, meu privilégio classe média. E agora? O que fazer com isso?

Daí vem a maior questão. A gente consegue perceber nosso privilégio. E dói na pele. Não tanto quanto deve doer não ter privilégios, nem sequer ter tido oportunidade de se questionar sobre não ter. Mas o que fazer com isso? Estamos dispostos a abrir mão dele em prol da equidade e justiça social?

Voltei com a ferida aberta. Ser simpática e respeitosa com estas pessoas que ali estavam a nosso serviço, mais de 12h por dia não é ser empática. Não há empatia se aceito que elas vivam assim, há? E o que fazer a respeito? Como mudar isso? Simplesmente não indo? Boicotando este tipo de turismo? Seria este o caminho? O que a gente conseguiria desta forma? Como mudar as leis trabalhistas? Não piorando o que já não era bom, o que questiono é como batalhar por leis mais justas, com a necessária reparação?

Sei que o que parecia um final de semana de relaxamento tornou-se um período de mergulho interno e intensa reflexão. Considero este desconforto bastante salutar. Queria estendê-lo aos demais hóspedes de alguma forma. Queria estendê-lo  aos demais brasileiros de alguma forma.

Então me lembrei desta ferramenta há tanto tempo esquecida e empoeirada. E pensei que talvez seja um ponto inicial. Abrir o espaço para conversa. Repensar quem nós somos, e o que pretendemos como sociedade. De igual para igual. De alguém que não tem este aprofundamento político nem esta leitura sociológica complexa, mas que sonha em mudar o mundo. E que pretende sair da utopia fútil, da ilusão classe média de “mais amor por favor dançando ciranda com comida orgânica na mesa do meu apartamento”.

Alguém mais quer conversar sobre isso?

O nome deste blog nunca fez tanto sentido para mim:  Perguntas em resposta. É tudo o que tenho neste momento e quero explorar mais isso na intenção de questionar e desconstruir.


Sejam bem vindas de volta! Sejam bem vindas as novas pessoas que se chegarem. Vamos juntas! 

Tati

*A não identificação do Hotel foi proposital. Não pretendo apontar um lugar específico quando imagino que esta seja uma prática comum a este tipo de ambiente. E que permeia nossa sociedade como um todo. Somos nós! 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Por que a gente vai, mas um dia a gente volta. E então, tudo é novo!


Um dia a fonte secou. E as palavras já não saiam da mesma forma.
"Por que para a nova planta brotar a semente precisa se romper..."
Minha mente estava tão tumultuada, hora de buscar mudanças intensas, que as frases não se consolidavam, nem mesmo para mim faziam sentido.
E a folha ficou branca! Por longos períodos, folha branca!
No papel, listas de compras e afazeres, nada mais.
E as mudanças se somando. Tantas que poderia dizer que uma nova vida começou, mas ainda nesta vida, rodeada pelos mesmos, de uma forma completamente diferente. Incrível!
Então ontem, no trabalho, que faz parte do novo em minha vida, eu não conseguia escrever um texto. Era simples, mas o vocabulário me faltava. E me senti desconfortável, com a sensação de perder uma habilidade que poderia até me definir: facilidade com as palavras.
Cheguei à conclusão que estava na hora de voltar.
Daí abri o blog, abandonado, esquecido, e li algumas das postagens. Umas bem antigas, de quando estava ativo. Outras que tirei dos rascunhos já na fase de aposentadoria, apenas para arejar as ideias. E fiquei feliz em ler o que escrevia! Gostei de me ler!
Bom, todo este preâmbulo é para dizer que estou pensando em voltar com o Perguntas em resposta.
Pensei em mudar de nome, em começar um blog novo, por que, né? Agora sou nova! Mas quer saber? Estou numa vida nova sim, com ideias renovadas, só que minha percepção de mundo depende de quem eu fui antes. Vivências não se apagam. Então é isso.
Sobre as páginas do passado começarei a escrever a nova história. Contar o que é esta "transição agroecológica" que vem acontecendo em minha vida nos últimos anos, e que tão bem tem me feito. Cuidado! Ela é contagiosa! O que é bom, por que faz um bem danado para a alma!
Novos ou antigos, sejam bem vindos a este espaço!
Beijos a todos,
Ainda que nova, a mesma Tati.

domingo, 11 de agosto de 2013

Bê de visita

Um pouco mais deste figurinha que é o Bê

Eu e Bê na casa de uma grande amiga. Enquanto a gente conversava, ele brincava com o filho dela e mais uns amiguinhos no sofá. De repente, vai até a cozinha e abre a geladeira para "procurar uma coisa".
Fui até ele, recriminei. Expliquei que não pode abrir a geladeira na casa de outras pessoas, e todo aquele blá blá blá.
Daí arrematei:
- Como a gente tem intimidade, você pode ir até a tia Alessandra e falar: "Tia Alessandra... E pedir o que você quer. Entendeu?"
- Entendi. 
E lá foi ele.
- Tia Alessandra, abre a porta da geladeira para eu escolher o que eu quero, por favor?
rsrsrs
E não é que ele fez exatamente o que falei? E aí? Ainda quer nos convidar para ir à sua casa? Pensa bem... rsrs
Beijos a todos,
Tati.

Todos fortes somos juntos

Já contei algumas vezes aqui o quanto aprendo com este pequeno sabido aqui em casa, não é?
Desta vez a lição foi tão linda que quero dividir com vocês. Até por que a lição é mesmo sobre compartilhar.
O Bê ganhou um Wii de aniversário (em fevereiro) e é um jogo muito divertido. Nós sempre fomos contra Play Station e outros joguinhos que entorpecem as crianças. Vez ou outra permitimos que ele jogue no computador, mas este é mais fácil de controlar. O Wii é diferente, por que é interativo, exige movimentos. É uma espécie de simulador.

E nós três nos encantamos pelo brinquedo. O Vi está fera e sempre ganha da gente! rsrs
Vez ou outra ligamos o Wii durante a semana, de noitinha, e jogamos os três juntos. É bem divertido e damos boas risadas. Tem um jogo que a gente gosta mais, que é o frisbee golfe. Uma mistura destas duas modalidades. Para variar quem ganha é o Vi, eu e Bê nos revezamos no papel de último lugar.

Mas o Bê sempre quer jogar como time e a gente sempre quer fazer solo. Neste dia ele que preparou o jogo e quando cheguei para jogar ele já tinha me colocado como equipe dele. Ok, aceitei e começamos. Não é que justo neste dia nós ganhamos de goleada do Vi? Foi a única vez! Tá, depois disso nós já tentamos a estratégia do time e perdemos, mas o que ficou como lição, neste dia, é que unidos temos mais força. Então eu comecei a cantar a musiquinha dos Saltimbancos trapalhões (todos juntos somos fortes, não há nada prá temer).

O Bê, muito feliz com a conquista e com a lição que nos tinha passado, cantou comigo:
"Todos fortes somos juntos, não há nada prá TREMEEER"

kkkkkkkkkkkkkkkk

Pois é, por que lição do Bê tem que vir com uma carga forte de risadas!

Beijos a todos,
Tati.

Devotos de São Umbigo

Se pararmos para pensar, todos somos um pouco (ou um muito!). Sim, não se engane, ainda somos muito autocentrados. Salvo raras exceções... Mesmo quando assumimos algum trabalho voluntário, quando nos dedicamos aos filhos ou a alguma causa... tudo passa, invariavelmente, pelo EU!

Se sou contrariada, me magoo. Isso por que o EU não foi atendido. trânsito mostra bem isso. Todos buzinam se você está na frente, e todos atravancam a frente do outro em algum momento. É engraçado como as justificativas são diferentes dependendo da posição em que você se encontra. E sempre justificamos o NOSSO lado.

Eu sei que o EU fala muito alto em mim. Luto contra ele muitas vezes, mas assumo. Ainda sou uma umbigólatra. Nunca por escolha. Então um dia, faz bastante tempo já, me ocorreu um pensamento. Já pensou como seria se nosso campo de visão não fosse no rosto, no centro de nós mesmos? Como seria se nos víssemos de cima? Se nos víssemos efetivamente na cena?

A questão é o quanto o fato de nos vermos de dentro, tendo-nos como centro, faz com que sejamos mais individualistas, egocêntricos. Será que é a isso que chamam mundo tridimensional? Quando atingiremos o patamar para que possamos atuar de fora do corpo? Nesta posição perceberemos que somos uma célula do todo e não o centro. E por que precisamos passar por esta experiência? Será que a intenção é exercitarmos nossa individualidade e experimentarmos a humildade da forma mais difícil? Por que é muito mais difícil ser humilde quando se está no centro de seu ponto de vista, não é?

Eu sou uma devota de São umbigo, mas não quero ser. Quero exercitar mais meu amor ao outro, parar de me orbitar. Pensar mais no outro, não por que isso me trará recompensas futuras ou satisfação pessoal, mas por que o outro precisa e pronto, entende?

É um árduo caminho! Alguém sabe por onde se começa?

Beijos a todos,
Tati.