Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Faz um ano...

Hoje o blog está completando um ano como Perguntas em resposta. Isso por que eu o criei em fevereiro de 2009, como Cartas ao Vento, mas o mantive inativo. Apenas em 2010, também em fevereiro, passei a escrever no blog com menos medo, e então em março, dia 03, mudei seu nome e passei a escrever da maneira como vocês veem hoje em dia.

Quer dizer, na verdade fui me soltando aos poucos. Eu tinha pavor da tal da exposição. A ideia de que um texto escrito por mim estaria disponível para qualquer um ver era assustadora! Tudo bem, eu duvidava muito que alguém perderia seu tempo com minhas palavras e ideias loucas, mas... aos poucos os amigos foram chegando, se manifestando na forma de comentários, e o medo foi se dissipando. Quanto mais eu expunha ideias, sentimentos, maior a reciprocidade. Eu percebia que relatar minhas experiências podia ajudar algumas pessoas a se libertarem ou a se enxergarem, e também me ajuda a me entender. Isso foi uma coisa muito boa, mas não a única coisa boa do blog. Neste primeiro ano conheci pessoas incríveis, histórias ímpares, novas culturas, brasileiros confrontados com novas visões de mundo, vivendo em outros países, extrangeiros, em geral de lingua portuguesa, mas que vieram acrescentar tanto, me ensinam tanto... Amigos, de mundos tão diferentes que eu provavelmente jamais conheceria se não fosse a blogosfera. Ganhei presentes, mas mais que tudo, ganhei amigos. Coisa que eu não procurava quando aqui cheguei.

Incrível que o mundo que se descortinou para mim não era em nada o que tinha procurado aqui, mas era muito melhor. Não nego que atingi meus objetivos, perder o medo de ser lida (vocês não fazem ideia do pavor, da vergonha, que eu tinha disso!), só que agora o blog é outra coisa para mim: É um espaço de trocas, um mundo tão encantador que precisamos estar sempre vigilantes, para não deixar que domine todos os nossos espaços. 

Ontem, quando me preparava para escrever este texto de aniversário, e por isso entrei na ferramenta de estatísticas do blogger, me deparei com uma triste surpresa. Foi bem desconfortável. Só que, para não variar, a rede de apoio formada por vocês, os amigos que se chegam, que apóiam, participam, defendem, fez com que tudo mudasse de figura. De triste e chateada passei a um estado de gratidão, uma sensação de amparo. Ontem, vocês transmutaram uma energia em mim: de raiva para amor!

Então as palavras que tenho para este dia tão especial para mim (data de comemorar este novo mundo que se abriu) são de agradecimento. Obrigada por todo o carinho, por mostrarem outro lado, por tomarem as dores, não apenas ontem, mas em todo este tempo. Obrigada pelos comentários, pelos e-mails, por senti-los preocupados, cuidadosos do outro lado, como se aqui estivessem. Muitas vezes, quando estou triste ou sozinha, tenho em vocês o amparo. Quando estou muito feliz, quero também compartilhar. Vocês já são uma parte muito importante de minha vida.

Obrigada. Mil vezes obrigada!! Também quero dizer: É um prazer conhecê-los.

Há tanto a mais para dizer, mas nada pode ser maior do que a gratidão que sinto neste momento.

Beijos a todos,
Tati.

quarta-feira, 2 de março de 2011

PLÁGIO - Atualizado

Pessoal,

Hoje descobri uma coisa que me deixou estarrecida.
Encontrei um texto meu publicado em outro blog, como se fosse da pessoa.
Estou arrasada, de verdade. Sabia que as pessoas faziam coisas assim, mas encontrar meu texto copiado foi um balde de água fria. Está aqui, assinado como se dela fosse.
Pensei em escrever um comentário solicitando que tire do ar. Claro que estou com raiva, quem não estaria?
Vontade de tirar meus textos do ar, sei lá. Vi agora de manhã e ainda não sei o que fazer.
Escrevi um comentário sobre o fato. Vou aguardar o desenrolar da coisa. Mas que a sensação é muito estranha, ah, isso é!

Atualizando: Quero agradecer o apoio dos amigos. Já denunciei ao google e pretendo sim, se for necessário, tomar medidas mais drásticas, mas a princípio vou aguardar que ela se pronuncie e se retrate. A única coisa que peço, de coração, é que não ofendam. Agradeço que se posicionem sim, que me ajudem a descobrir como agir neste caso. Me sinto amparada. Mas não agridam. Quando fazemos isso perdemos toda e qualquer razão.

Beijos,
Tati.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mãe insuficiente?

Chegou a hora de contar uma história muito difícil. Só quem já passou (ou está passando) por isso sabe do que se trata. Já ensaiei muitas vezes falar no assunto, mas sempre mudava de ideia. Por que há situações em nossas vidas que nos machucam de tal maneira... 

O Bê nasceu prematuro, mas com bom peso, como já contei outras vezes. E foi para casa no dia correto, junto comigo. Eu acalentei sonhos de amamentação, de ser uma vaca leiteira. Aliás, eu morava ao lado de uma amiga que jorrava leite mesmo com protetor de seio. Minha irmã, que tinha menos seios que eu, tinha amamentado até 2 anos. Meu sobrinho cresceu forte, saudável, só no peito. Ela doava leite para uma maternidade pública. Um orgulho! Eu também sonhei com isso. Afinal, a boa mãe, a mãe esclarecida, amamenta, não é? Só que a realidade pode ser um pouco diferente.

Entendam que meu texto NÃO é contra amamentação. Sou super favorável a ela, adoraria ter amamentado meu filho e vê-lo engordar SÓ com meu leite. A realidade não foi assim e quase matei meu filho por isso.

Quando eu tinha 16 anos fiz uma redução de mama. Eu tinha seios gigantes em uma época em que isso não era "moda", dificílimo encontrar sutiãs e eu era esportista, magrinha de seios enormes, que me atrapalhavam no esporte que era minha vida. Tenho certeza que se me contassem o que eu viveria aos 29 anos eu teria feito mesmo assim (eu tinha 16!).

A questão é: quando o Bê nasceu eu segui todas as instruções, ele mamava e dormia, eu feliz. Então fomos para a primeira consulta, de uma semana. E ele tinha perdido peso demais. A primeira pediatra - uma louca! - resolveu passar suplemento e umas pílulas para diluir nele, que depois fiquei sabendo é uma espécie de anabolizante. Comprei, mas não usei. Trocamos de pediatra. 

O novo pediatra se envolveu na minha luta para amamentar, e consegui chegar aos 8 meses, mas não somente. Tive que suplementar. Até me convencerem a usar a mamadeira, e devo isso ao Dr Mario (pediatra) meu filho quase morreu. Quase morreu de fome! Dói contar isso. Mas eu fiz pelo melhor. Eu queria muito fazer a coisa certa. Sou pesquisadora, fui em busca de respostas. Não saía de casa, mas internet ajuda, existem muitos materiais técnicos, científicos nela. Em todos, as únicas respostas que encontrei diziam coisas assim: "Não existe leite fraco"; "toda mãe tem o leite necessário para seu filho" "filho que mama no peito sente-me mais amado, é mais inteligente, desenvolve-se melhor, fala mais cedo...". Existem quadrinhos comparatórios entre os dois tipos de criança e a criança suplementada é quase o cocô do cavalo do bandido... A mãe? Ah, difícil não sentir-se como eu me sentia: mãe insuficiente. Tenho alguns textos-desabafo bem fortes escritos nesta época, mas fica para outra ocasião.

Deixei muitas vezes o Bê no colo do Vi, após mamadas frustrantes, para chorar angustiada, sentindo-me a pior mãe do mundo por não ser capaz de uma coisa tão natural. Se toda mãe tem o leite suficiente e eu, apesar dos esforços, não conseguia, que tipo de mãe era eu?

Todos os esforços mesmo! Mate da leite? Litros e litros. Canjica da leite? toneladas! Plasil aumenta o leite? Três dias seguidos a cada duas semanas (por recomendação do pediatra, que fique claro). Até cápsulas de alfafa eu tomei, na intenção de parecer-me com uma vaca, por suposto... Ah, e tome de aspirar ocitocina!

O que sei é que tomei aversão à latinha de leite, como se ela fosse minha rival, minha inimiga. Ela era capaz de fazer pelo meu filho o que eu não fazia. Ela era melhor mãe que eu, mesmo que todo o resto ficasse para mim. Por que não há símbolo maior da maternidade do que a amamentação. A birra acirrou-se de tal forma que o Vi assumiu as mamadeiras. Duas diárias, o resto do tempo eu lutava para mantê-lo no peito. Não sei se foi bom, por que foi sofrido demais. Se hoje tivesse outro filho relaxaria e daria leite em pó sim, de forma mais feliz e relaxada. Não sofreria na véspera de consultas semanais como sofri por 4 meses, como se estivesse diante de um exame para o qual não estudei. O medo da balança, do Bê não ter atingido o peso estipulado, era aterrorizante!  Me tirava o sono. O período na sala de espera do pediatra era um calvário, sempre na expectativa que ele aumentasse o número de mamadeiras no período, que reprovasse ainda mais meu leite. 

Hoje uma amiga está passando por situação semelhante e eu queria dizer isso para ela. Dizer o que ninguém me disse, muito menos quem deveria informar: Meu filho sabe-se amado, falou mais cedo que a maioria, inclusive que o vizinho que só mamou no peito, aquele cuja mãe jorrava leite, é feliz, inteligente, magro, mas saudável, por que é um dos mais altos da turma. Não tem qualquer problema de dicção. Teve uma única gastroenterite em toda sua vida, aos três anos de idade, por um vírus que pegou no hospital. Hoje vejo que estas pesquisas, que direcionam à amamentação, e são válidas, são alarmistas, sim! Elas excluem mães que, como eu ou como a Rosi, em seu Mundinho Particular, não tiveram condições de amamentar exclusivamente. Existe leite fraco, existe leite insuficiente, não devemos tornar uma mãe insuficiente só por isso. A gente pode suprir esta falta de leite materno com mamadeiras oferecidas com amor, com tempo para nos dedicarmos ao filho. Há outras muitas formas de sermos boas mães. Um filho RN já é estresse suficiente para criarmos novos. Podemos encontrar mais leveza nesta nova fase de nossas vidas. Dedicarmo-nos mais à parte boa, ao aconchego, à felicidade que está ali. 

Talvez eu não esteja contando esta história da maneira como gostaria. Ela foi uma luta tão intensa, quando poderia ter sido algo mais leve. Eu poderia ter matado meu filho, que muitas vezes chorou de fome! Fazem ideia do que é isso? Claro que na época eu não entendia. Eu colocava no peito, por duas, três horas seguidas. E repetia: "não existe leite fraco" para todos que tentassem me dissuadir desta insanidade: Minha mãe, o Vi. Eu tinha certeza que assim que eu sucumbisse, que passasse para a mamadeira, encontraria a resposta, e não teria como voltar atrás. Por que há quem diga que criança que experimenta mamadeira desiste do peito. Com a gente não foi assim. Em casa o Bê mamava nos dois, e só dispensou meu peito, aos 8 meses, quando já nem gota saía direito. A mamadeira ele largou mais tarde, aos três anos. Mas aí ela já era minha aliada.

A parte boa de tudo isso? O Vi "amamentou" o Bê. Com isso, tornou-se um pãe. Estreitou laços, fortaleceu a relação. A intimidade entre os dois não deve em nada à intimidade mãe-filho. Hoje estou falando sobre isso, mesmo sem refletir mais e amadurecer o texto por que estou solidária à Rosi. Sei exatamente o que ela está vivendo por que vivi na pele. E tudo que eu queria, naquela época, era uma pessoa que me dissesse que tudo ficaria bem, que meu filho não perderia em nada por ser suplementado. Que eu era uma grande mãe em cuidar dele da melhor forma que eu tinha, com amor.

Rosi, você é uma grande mãe. E o Dudu tem sorte em tê-la ao lado dele. Não é o peito que nos faz mães, não é a amamentação que passará valores, qualidades, entendimentos. Há outras formas de exercer nosso amor aos filhos, tão ricas quanto o leite. Estou a seu lado. Conte comigo para o que puder te ajudar!

Beijos a todos,
Tati.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sem sonhar não se é

Hoje a querida Liliane propôs uma blogagem coletiva para comemorar o aniversário de um ano de seu blog: Sonhar e Ser. É um espaço encantador, que faz pensar e onde já me emocionei muitas vezes. Parabéns Lili, que seu blog seja um sucesso maior a cada dia. Você merece!! Estarei sempre por lá! Não conhece? Segue o link! Quer participar? Ainda está em tempo. É só avisar a Liliane nos comentários. Válido de 22 a 25/02.

O tema proposto foi o nome do blog: Sonhar e ser. Achei que veio a calhar e vou contar um pouco do que experimentei por estes tempos.

Quando matamos os sonhos dentro de nós?
daqui
Quem acompanha o blog sabe que eu não vinha numa fase muito boa. Não que tenha sido a mais difícil em questões práticas, mas é que uma sucessão de fatos atrapalhados ou mal sucedidos fizeram com que eu parasse de sonhar, de acreditar. E isso tira toda a razão de ser. 

Se não sonhamos, não visualizamos futuro. Se não acreditamos mais no futuro, se não investimos nos sonhos, fica impossível suportar as dificuldades do dia-a-dia. Qualquer obstáculo torna-se intransponível: não vale o esforço. É entregar o jogo. 

Quando vivi este momento veio o mal humor, a falta de paciência, a angústia, a insônia. E eu não entendia, nada disso se mostrava tão claro assim para mim. Eu só via que "não deu", "foi em vão", "não vale à pena" entre outras entregas. 

Daí um sábado já acordei  sem vontade de levantar, levantei pela obrigação de fazê-lo. Não sabia explicar as sensações. Família em casa, sol brilhante, um dia feliz pela frente, repleto de possibilidades e nenhuma vontade de tentar. Mal humor!!! Todas as tarefas eram obrigações enfadonhas.  

Fui para a cozinha, me isolei, e aproveitei para me questionar. Tanto a me perguntar, tanto a me responder... Então caí no choro! Chorei até não poder mais. Vi, sem entender nada, se perguntando o que fez de errado, me olhando com um ar triste de quem não sabe mais o que fazer, de quem não entende o que está se passando. Entrou na cozinha, minhas lágrimas não eram de cebola. Eu o abracei e me entreguei a um choro sofrido, tão intenso quanto vazio. Já era a segunda vez que acontecia, mas da primeira não entendi. Caí no choro quando ele disse que estava com saudades de mim. Meu pensamento foi: "eu também" e desatei a chorar. Desta vez eu consegui expressar melhor, eu consegui entender e colocar em palavras:
- Eu deixei de acreditar. Não existem mais sonhos em mim. Não consigo fazer planos... Matei a menina sonhadora que sempre fui. Afoguei-a em frustrações. Em desejos e vontades não atendidas, adiadas indefinidamente.

Naquele momento de conversa uma coisa muito importante aconteceu. Eu entendi que a questão a ser resolvida era entender como se sonha. Pontual (apesar de não tão óbvio). Isso eu sei fazer! 

Foi nisso que me foquei: O que me falta para sonhar? Quais foram os sonhos dos quais abri mão? Por que? Deixaram de ser importantes? Quero/ não quero mais? O que preciso para voltar a investir? Como voltar a acreditar?

E assim foi meu processo de reconstrução. Está sendo. Concordo que com terapia seria mais fácil, mas nesta fase da minha vida não dá. Analistas são pagos, não é? Eu estou desempregada desde dezembro. E este assunto me leva de volta aos sonhos, ou à negação de muitos deles.

Nestes questionamentos percebi que nunca tive dúvidas do que quero, que nunca deixei de querer, mesmo quando as frustrações são muitas. Lembra do "quem desdenha quer comprar?" Eu faço isso quando meu objetivo fica muito distante. Desdenho por medo de não chegar lá. Neste momento em especial algumas decepções doeram demais e me anestesiei por um tempo.

Daí veio a decisão de viver um dia de cada vez. E de reaprender a sonhar. Começar em etapas. Sonhar com um sorvete no fim de tarde ao invés de uma viagem à Nova Zelândia (tinha esquecido deste sonho!). Não dá para consertar o piso? Que tal algumas fotos na parede? Enfim, comecei com estes sonhos pequenos, sendo feliz hoje. Sonhar com uma comida gostosa, com uma boa noite de sono, com carinho do Vi, com sorrisos do Bê. Então fui tomando coragem. Coloquei só o dedinho na água por medo de ser fria e fui percebendo que estava agradável. Fui retomando sonhos maiores e estou tentando. Tem dias mais fáceis e dias mais difíceis. Para os mais difíceis ligo para amigas próximas, tomo um banho gelado, leio um livro, ouço muitas músicas. Mas estou aprendendo. Me conhecendo, me perdoando e tentando. Errando e aprendendo. 

Vejo portas entreabertas e já não tampo os ouvidos, achando que vão bater. Aceno para dentro, na certeza que oportunidades vão aparecer e me convidar a entrar. Estou voltando a sonhar, e o horizonte me parece mais luminoso, os obstáculos já não são tão grandes. Agora consigo dormir e, nestas horas, também sonho!

Beijos a todos em especial à Liliane. Está sendo um prazer comemorar com você este primeiro aniversário. Sonhe com muitos outros. Estarei a seu lado, para aplaudi-la, sonhando também. 

Tati. 

P.S.: Estarei ausente toda a terça-feira, mas volto rapidinho, assim que der, para retribuir as visitas. Ainda estou atrasada com os lindos comentários pelo aniversário do Bê. 'Guenta aí que estou chegando! Mais beijos.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Há 6 anos ele sorri, e o mundo gira


Inevitável não pensar em tudo que vivemos juntos. No primeiro dia, na clínica, aguardando o resultado e nos perguntando: "somos dois ou três?" e rindo nervosos. Inevitável lembrar que neste dia, no carro, de volta para casa, a ideia de chamá-lo de Bernardo, caso fosse menino, já se fez presente. E cada enjoo, cada momento de ansiedade, o medo de não ser capaz de amar como dizem que as mães devem fazer. O medo de não ser capaz de dar conta... Então tudo muda! Ele nasce, um medo maior ainda, o parto antes da hora, a bolsa estourada na cama, durante a madrugada, e a prece silenciosa, suplicando que seja xixi, que eu não tenha mais controle sobre esfíncters, mas que meu bebê esteja protegido. Lembro perfeitamente do caminho para a materidade, o silêncio da madrugada na cidade, o silêncio de um casal apreensivo, a dor das contrações, a dor do medo... A história de um quase ariano que tornou-se aquariano. Então a entrada, o quarto sem mala, sem plaquinha na frente da porta. Aguardar o amanhecer para ligar para a família. Como fazê-lo? Três dias tão penosos, mas a preocupação de sorrir, de parecer calmos. Os dois na mesma situação, cuidando um do outro. Quando penso nestes três dias me dou conta do valor do meu casamento. Era um momento em que podíamos assumir uma posição de exigir cuidados, estávamos - os dois - frágeis. Mas fomos fortes, um pelo outro. Os dois por ele, nosso pequeno que chegava apressado. Sede de vida! 

Então o parto, a frase que me desarmou: "Está tudo bem. Ele não será transferido". Sim, ele não iria para a UTI neonatal. Nasceu forte como um urso, um Bernardo, é este o significado de seu nome. Não podia ser mais apropriado.

Os primeiros meses são cansativos, assustadores, tudo é novo, são tantas primeiras vezes. Nós não nos conhecemos. Visitas proibidas no primeiro mês favoreceram o entrosamento, aumentaram minha super proteção. O laço é forte. Choros, cólicas, icterícia, refluxo. Primeiro sorriso, descobriu os pés, sustentou a cabeça, balbuciou palavrinhas. Olhar o homem que eu amo como pai, seus cuidados com o filho tão amado. Trocar fraldas, não saber o que fazer, não saber como agir. Fingir que sabe, tentar, na prática. Não há escapatória. Primeiros passos, primeiras palavras, brincadeiras, carinho, descobrir que seu sorriso é meu maior tesouro. Amigos por perto, amigos que chegam mais perto! Voltar a trabalhar. O primeiro dia longe é uma entrevista de empregos: Unhas por fazer, cabelo mal cuidado, leite no sutiã, saudades do pequeno, aos cuidados da vovó Mirian. Certeza do amor que existe e que parece que sempre existiu, como se seu lugar em nossas vidas estivesse marcado desde sempre. 

O primeiro aniversário, uma festa especial, perto do carnaval. Nada de Mickey ou Circo, é preciso ser criativo. Ele não é uma criança convencional. Seu primeiro aniversário foi um baile de carnaval, uma festa à fantasia - O Bloco do Bê-. Que barato foi organizar cada detalhe, as madrugadas em par montando centros de mesa e lembrancinhas, o apoio das amigas-vizinhas para montar a mesa LINDA, o estandarte, as Barbies  e Kens de toda a vizinhança usando fantasias. Mais um dia marcante, para uma coleção que inclui momentos simples: olhares, carinhos, a imagem de mãozinhas tão pequenas, de dentes apontando, de chorinhos, gargalhadas, gritinhos. Um pé gordinho bem ali, bom de apertar e morder. Olhar para aquele lindo bebê e descobrir que seu sorriso ilumina o mundo!

Cada conquista: primeiro dia de aula, seus 7 atchins tão queridos, a Montanha Russa, seu cheiro, o calor de tê-lo nos braços, o calor da febre, as noites sem dormir. As noites em que, ao dormir, ele seguia ao meu lado, nos sonhos, sua primeira formatura e o olhar de orgulho e confiança que nos emocionou, a maneira linda e divertida como este menininho descobre e interpreta a vida, o tanto que me ensina, que me motiva a ser uma pessoa melhor. Dois, três, quatro, cinco... seis anos! São muitas histórias. Dores e alegrias que reforçam o amor. Um vínculo que não sei explicar.

Há dias tento escrever este texto. Não sai. Nada explica, nada da conta de tanto sentir. Mas como passar direto? Como não tocar no assunto? Dia 18/02 é o aniversário do Bê, é nosso aniversário como pais e também é aniversário da nossa família. Tudo já tinha começado, mas depois que ele chegou eu entendi que nada fazia sentido antes de sua presença. Tudo é muito mais agora. 

FELIZ ANIVERSÁRIO, MEU AMOR!
 
Eu não soube escolher as palavras certas, mas eles souberam. No aniversário de 1 ano escolhi esta música para acompanhar o clipe do DVD. Então ela virou cantiga de ninar, um momento especial entre nós e virou a "nossa música". Não consegui importar o clipe do aniversário. Segue com um You tube emprestado. Estaremos ausentes, a sexta feira é dele! 




Beijos a todos, 
Tati.




segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Por que hoje é hoje...

Por que hoje é dia 14/02, Valentines day em muitas partes do mundo (aqui, não, mas se importamos o halloween, por que não o dia dos namorados?);
Por que celebrar o amor é sempre uma ótima ideia.
Por que hoje é uma segunda feira com sol brilhando (ardendo) do lado de fora da janela;
Por que já recebi, e desejei, feliz dia dos namorados para o querido Antônio Rosa no facebook e também quero desejar a você, amigo (a) daqui, por que Valentine´s day também é uma oportunidade de reverenciar os amigos.
Por que, segundo nosso amigo Alê, hoje é dia de oferecer chocolates aos homens lá no Japão e eu acho que ele merece muitos Giri-choko. Os demais amigos deste blog também sintam-se presenteados. 
As mulheres, aguardem dia 14/03, que é nosso dia. Leiam mais no link (se já não leram). Enquanto isso a gente aproveita as dicas da dieta coletiva e entra em forma, ou não!

E também por que uma receita que deu errado pode ser apenas mais um ingrediente da receita que dará certo. E quando der certo você pode ouvir seu filho dizer: "Ah, mãe, mas da outra vez vamos deixar transbordar de novo? Eu me diverti!". E entender que nem sempre os momentos mais certos são os melhores. Que os melhores são aqueles em que você consegue aproveitar, do jeito que vier, com alegria. 

Por que sim e também... Ah, por que não?

É isso. Hoje acordei com muita vontade de ser feliz, de aproveitar o dia, de celebrar a vida.
Amanhã? Não sei. Quem se importa. Quero saber de hoje, ser feliz hoje. 
Então eu fui, mas volto logo. Esta é uma semana especial (sexta é aniversário do Bê) e quero falar mais sobre isso. 

Beijos a todos,
Tati.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sobre pais e filhos

Não existe pior mãe do mundo. Também não existe a melhor! A melhor mãe do mundo é aquela que você pode ser, com os recursos que dispõe, sejam eles financeiros, emocionais, intelectuais, de tempo, de informação. 
Toda mãe (e pai) acerta e erra. Dá bons e maus exemplos, de forma intencional e,  muitas vezes, sem perceber. Em alguns momentos sabemos exatamente como proceder e fazemos com firmeza, determinação. Na maior parte do tempo as coisas são diferentes do que pensávamos. Situações nos surpreendem todos os dias. E como agir? Isso compete a cada mãe e não deve ser argumentado, questionado, a não ser que ela peça. Cada mãe imprime na educação dos filhos (até que se prove o contrário) o melhor de si.  E não conheço quem diga que concorda com 100% do que recebeu dos pais. Nem quem deseje criar seus filhos exatamente como foi criado. Há sempre algo a se pensar diferente, seja por que os tempos são outros ou por que aquilo não soou legal para você. Para seu irmão a leitura será diferente, com certeza. As pessoas são diferentes. E ninguém é perfeito. Exemplos ensinam o tempo todo, são ideias e ideais de conduta da criança. Às vezes achamos que estamos ensinando o significado de uma palavra, mas a criança está aprendendo um comportamento, está aprendendo aquilo que não percebemos que estamos ensinando. Nós também somos fruto do que aprendemos. E quando nos tornamos adultos? Temos livre arbítrio, capacidade de raciocínio e de mudar o que quisermos em nós, certo? Então a desculpa de "sou assim por que me criaram assim" é limitada. Eu sou como quero ser! Eu posso mudar o que quiser em mim. Eu cresci, sou responsável por mim. 

Esta é outra parte da história. Os filhos crescem. E se a gente pensa naquela frase: "Filhos são do mundo", temos que vivê-la, por mais difícil que seja na prática. Filhos vão acertar e errar. E precisam faze-lo com suas cabeças. Vai doer, vão sofrer, mas eles precisam tomar suas próprias decisões, sem interferências. A gente vai poder ajudar, é claro, desde que seja solicitado, e desde que a gente queira. A questão é bilateral. Se os filhos cresceram você já não tem mais obrigações para com ele. Ajuda se quiser, se te fizer feliz, se for sua vontade. 

Você pode tomar a decisão de proteger seus filhos do mundo, enquanto crianças, se o mundo parecer cruel demais. Se a sensação for de que aquela situação afetará sua auto estima. É você quem decide se seu filho irá ou não acreditar em papai noel e coelhinho da páscoa. Com que idade ele vai experimentar bala e pirulito. Você escolhe os valores que pretende passar para ele, e lembre-se, a prática ensina mais do que a teoria. Serão os valores que ele professará na vida adulta? Não necessariamente. Seu filho não vive em uma bolha, ele tem interferências externas e fará suas próprias escolhas, quer você queira, quer não. Ele não é um apêndice seu, é um ser integral. 

O que não pode faltar na relação de pais e filhos, na minha concepção, é amor. É preciso que esta relação seja regida por este sentimento. Todos os demais derivam deste. Se há amor a gente supera as diferenças no pensar, as invasões ocasionais que a proximidade pode desencadear. A gente não precisa concordar em tudo. Mas com amor a gente respeita as escolhas, mesmo que não sejam as nossas. A gente aceita que pais não são perfeitos e erram. A gente aceita que filhos não são perfeitos e erram. 


Aceitar que os pais são falíveis é importante para amadurecer, aceitar que os filhos são falíveis é fundamental para que eles possam crescer. Eu não quero mais ser perfeita. Não quero ser a mãe perfeita, nem a filha perfeita. Quero testar, tentar, acertar e errar, aceitar os erros dos meus pais e do meu filho. Quero ser respeitada nesta minha decisão! Quero me preocupar mais em aceitar, e muito menos em acertar. Fui percebendo que, por mais parecidas que estas palavras sejam, há uma intensa diferença em seus significados. E que aceitar já é uma forma de acerto, na maior parte das vezes. Se há aceitação, não há culpa.

Beijos a todos,
Tati.