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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Ingredientes soltos, traduzidos em coisa alguma...

Não sei se vocês se sentem assim, mas tem dias que sinto como se eu fosse apenas ingredientes... Sou farinha, ovos, manteiga, leite, fermento, açúcar e até chocolate. Isso não faz de mim um bolo, certo?

Hoje eu sou apenas ingredientes, e não uma receita. É possível ainda que não me torne receita de bolo e sim de pão, por que preciso ficar quietinha nestas horas, senão a massa não cresce. 

Tentei juntar letras de todas as formas. Há coisas importantes que eu gostaria de dizer, só que as frases, os argumentos, não se formam. Vou ficar quietinha, no meu canto. Em breve tudo isso passa. Sei que estes momentos só acontecem quando coisas grandes vão acontecer, quando alguns saltos se insinuam. O forno está aquecendo, o tabuleiro, sendo untado. Em breve participarei do banquete. Me ajuda a pôr a mesa? 

Neste estado, sem boas palavras que expliquem, encontrei esta música, da nova Sandy, que admiro por que é uma mulher que se reconstrói, e me identifico em muitas de suas facetas. Parece frágil, superprotegida, só que há força interior, algo que não é palpável, tangível. Está apenas ali. Em mim também!

Acho melhor ouvirem a música. Se eu continuar neste papo vão achar que estou usando drogas, ou bebendo... sei lá. Caso seja importante frisar, sou careta, careta, está bem? A confusão é apenas uma faxina mental...

Aproveitem a Sandy. Escolhi um clipe com letra, por que é a letra que interessa neste momento... pelo menos para mim! Não explica nada, mas é isso...

Beijos a todos,
Tati.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Era fácil ser Platão com Sócrates como tutor...


Fico me perguntando onde foram parar os grandes tutores. Não estes dos famosos EADs, nem aqueles das monitorias, mas os tutores de vida mesmo. Que acompanhavam os passos de seus discípulos (finge que você não sabe que Sócrates odiava o termo discípulo, tá bem?)

Ontem eu tive uma reunião com aquele que posso chamar de Mestre, com maiúscula. Foi meu professor na graduação e o procuro sempre que o caldo desanda ou que a dúvida aperta. Tivemos uma conversa ótima, agradável, sobre a minha vida. Ele estava ali para isso naquela hora. Ele se dispôs, como um amigo. Amigo profissional, não aquele amigo com quem a gente senta numa mesa de bar, nem daqueles que convidamos para o almoço. Há mais reverência e menos descontração. Nem por isso é menos agradável. Ele me disse que estou no caminho certo. Ouvir isso de alguém que admiramos como profissional e como ser humano é incrível! Muda o dia e o rumo da prosa.

Foi bom, voltei renovada para casa. Ele não me disse claramente qual o próximo passo, fez as perguntas que eu tenho que me responder, sem impor suas vontades e ideias pessoais. Por que o que é bom para o outro pode não ser o melhor para mim, por mais que este outro pense que me conhece. Ofereceu-se para me ajudar a abrir alguns caminhos, iniciar os contatos. O que pode ser a diferença entre um sim e um não.

Saí de lá com algumas diretrizes e bases, com um sorriso leve, de quem aliviou o fardo. Algumas questões desanuviaram. Simples assim. Com ele tratei de uma parte da minha vida profissional. Não entrei em outras questões, não há espaço para tanto. Ele não é meu tutor, é um profissional requisitado, atarefado, bem resolvido, que atendeu uma aluna, sua eterna aluna e aprendiz. 

Gratidão em meu coração, leveza em minha mente. Muitas coisas a resolver, a colocar em prática. Quando eu for a profissional que imagino que serei, quero me lembrar deste dia, destas ocasiões, das palavras do professor Serra-Freire que tão fundo me marcaram, não apenas ontem, nos últimos 14 anos. Quero poder oferecer a oportunidade que ele me deu, de ouvir conselhos exclusivos. De poder dizer a alguém: Você está no caminho certo. Segue em frente! E mudar o astral desta pessoa.

Hoje há tanto a digerir e tanto a aplicar... Que os passos dados me levem ao destino ansiado. 

Beijos a todos,
Tati.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Hoje eu chorei...

... foi de felicidade. Daquelas impalpáveis, sabe?
É que hoje o primeiro comentário que li, antes das 7h da manhã, na minha caixa de e-mails, dizia assim:
Salvador Dali
"Tati, quando sai o livro de contos, crônicas ou romance???
Não pode desperdiçar esse talento, por favor!!!
De verdade, fui lendo e, completamente envolvida, ri de mansinho, antecipando o que viria, ri alto e gostoso, reli algumas frases pq a-do-rei...e depois, reli TUDO, simplesmente pq é delicioso "ler vc"!! 
Uma ótima quinta pra vc, adorável escritora!
Bjossss ".


Quem escreveu foi a Denise, do Tecendo Idéias. Uma amiga encantadora, que eu conheci aqui e amo por ser toda esta doçura em forma de pessoa. Ela sempre me joga lá para cima, e pega de volta (não me deixa cair no chão...). 

Por que eu chorei? Emoção. Ela tocou no fundo do fundo do mais fundo em mim. Enquanto eu lia suas palavras fui na sala de aula do meu colégio mais querido e revi os olhos satisfeitos de minha professora de literatura (que é uma escritora e uma professora que admiro) ao ler minhas redações; Revi textos elogiados pela família, as cartas que escrevi em nome de amigas, a pedido delas, para namorados, pais, outros amigos... E fui revendo tantos momentos em que a escrita foi meu norte e me definiu. As situações em que fui afagada por escrever bem. Lembrei da homenagem pelos 90 anos do meu avô e o quanto meu texto emocionou os convidados, e que depois soube pela minha tia, meu avô pedia a ela que lesse sempre, e naquele momento saboreava e perguntava: "É isso mesmo que pensam de mim? Nossa!". E foi nesta hora que eu soube que ele não morreu sem que tivesse a oportunidade de dizer o quanto me era importante.

A escrita sou eu. Na primeira série, com 6 ou 7 anos, escrevi meu primeiro livro. Chamava-se 7 vidas, e eu ainda espelhava o 7. Era um calhamaço de folhas A4 dobradas ao meio, na forma de livrinho, e grampeada no meio, escrito com lápis ou caneta, com desenhos de garrancho (esta arte eu não domino...). Contava a história de um gatinho. Não o tenho mais, não sei que fim levou. Sonho ser escritora desde sempre.


Amo cada livro que passou por minha vida, e que muitos ainda passem. E que alguns sejam escritos por mim,  publicados por alguém e lidos por mais alguns...

Hoje a Denise mexeu num gigante sonolento, no sonho que mais me inspira, no trabalho que eu faria como lazer. Escrever, para mim, é divertido, agradável, feliz. Este sonho é sempre empurrado com a barriga. Ainda não sei como colocá-lo em prática. Como os escritores chegam lá? Já enviei meu primeiro original (só as cópias, claro! heheh) para muitas editoras, todas o recusaram. Tiveram a gentileza de devolvê-lo ou, ao menos, de avisar que não o publicariam. É um livro infantil. Amo este universo. Não desisti, estou apenas me fortalecendo, me inspirando para novas incursões. Dói receber a carta recusando...

A generosa e sábia Sandra Ronca me deu uma mãozinha e as sugestões dela foram ótimas. Eu a chamei de minha Rilke (por causa do Cartas a um jovem poeta)! Estou maturando.É que escrever, para mim, é como produzir vinho, precisa de longos tempos no barril... Algumas coisas não, sento aqui e saem, como esta sopa de letrinhas que agora produzo para vocês. Sei que conforme for lendo, algumas coisas vão sendo mudadas. Quem lê primeiro lê um pouco (ou bem) diferente do último... 

O que quero é apenas agradecer. Por que sinto que está acontecendo, ainda que não tenha a ação concreta em minhas mãos. Sinto-a sendo desenhada em nuvens, o campo sendo preparado. A jornada já começou. E eu choro, com as palavras da Denise, que me dizem exatamente isso. Obrigada, minha amiga. 

Quero depois contar aqui sobre a Sandra Ronca, uma ilustradora e autora de livros infantis, há um post sendo produzido sobre ela, na verdade, sobre meu carinho por ela. Em breve, na sua programação bloguística!! hehe


Que nossos sonhos, aqueles que nos tornam nós, sejam realizados.


Atualizando: Ainda conectada, recebo uma mensagem da Cris França, para que visite seu Canto de Contar Conto. E ela dedica uma canção, que sou eu em essência (apesar de não ter narizinho nada arrebitado fisicamente). Disse a ela que me leu nas entrelinhas. Minha mãe já cantou esta música para mim. Sempre soube que eu era assim e Reinações de Narizinho já foi meu livro de cabeceira quando era uma menina-fada-sonhadora... Obrigada querida Cris França. 


Aos demais amigos, por favor, se quiserem me agradar, deixem para amanhã, tá bem? É que não estou sendo acompanhada pelo cardiologista! hehehehe


Um beijo a todos,





Tati.


sábado, 14 de agosto de 2010

Os bastidores da lembrança


Quando estava montando a postagem da Quem me quer - Quem eu quis - fui ao google imagens procurar fotos da boneca. Consegui encontrar tanto a minha quanto a da minha irmã. Sim, a história é baseada em fatos reais! hehehe
  

Nas buscas acabei parando no Mercado Livre, onde descobri uma infinidade de bonecas Quem me quer, e outras tantas, sendo vendidas. Uma Quem me quer chega a custar R$ 350,00. Achou caro? Eu daria, se tivesse!! Olhando as fotos senti uma vontade tãããão forte de abraçar a minha de novo... senti até o cheirinho dela, acreditam? A textura da pele... Ai... que saudade da minha boneca favorita, gente!! hehehe

Mas nem era isso que eu queria falar não... É que na busca, quando vi estas bonecas à venda, vi que muitas ainda estavam nas caixas, algumas lacradas!! Como assim? Aí lembrei da tristeza do Pete Fedido, lembram dele? Do Toy Story 2? E sua frustração por ter sobrado, por nunca ter sido tirado da caixa... A gente repete esta frase à exaustão aqui em casa (filme preferido da família, diga-se de passagem): "Nuuunca foi abertaa..."

E aí fiquei com uma peninha delas... Daquelas bonecas que foram produzidas para serem abraçadas, queridas... para fazerem parte das histórias e lembranças de uma criança e... não foram abertas, para não estragar...

Lembrei também de umas amiguinhas de infância, que moravam na casa em frente ao nosso prédio: Márcia e Renata. Elas tinham um husky siberiano liindo, o Micha, e tinham também tantos, mas tanto brinquedos... Uma vez, brincando na casa delas, a mãe abriu um armário e havia uma infinidade de bonecas nas caixas, numa prateleira que a gente não alcançava. Acho que ela guardava para dar de presente em aniversários, sei lá. Na época não me questionei. Só registrei a imagem por que era uma visão do paraíso! Imagine o cheirinho de todas aquelas bonecas novinhas... Cabelos sedosos... Roupas que farfalhariam... Brincadeiras virgens por acontecer... Será que são estas bonecas, aquelas fadadas a morar no fundo do armário durante a infância das meninas da casa, as que vemos hoje expostas no Mercado Livre? 

E se pensassem, o que sentiriam estas bonecas? Seriam felizes por estarem ainda montadas, todas trabalhadas no estilo "não saí da caixa"? Ou estariam tristes por não terem vivido?

As nossas bonecas não sobreviveram a nós. Não tenho nenhuma para contar a história. A última, uma Susi com calça cigarrete de tecido brilhoso e casaco de pele, foi destruída por uma boxer louca que tivemos, a Chalaninha. As demais, acabaram-se em brincadeiras. Não acho ruim. Não faço questão que os brinquedos do Bê sobrevivam à passagem do tempo. Se eles resistirem às brincadeiras, ótimo, desde que as brincadeiras sejam seu porto, e não a conservação.

Minha mãe conseguiu que uma de suas bonecas resistisse ao tempo, era linda! Eu e minha irmã, duas traças de brinquedos, destruímos a coitada. Não precisamos chegar a este ponto, né? É possível um uso cuidadoso,  desde que um USO. Sei lá, é minha visão para os brinquedos. Não todos, é claro! Há aqueles que são produzidos para colecionadores. Sua energia é diferente. Eles são mais esnobes. Na verdade, se olharmos em seus olhos perceberemos que nem mesmo gostam de crianças... Eles torcem o nariz quando elas chegam perto... Não sou muito fã deles não... Uns metidos!

Lembrei também do aniversário de 1 ano do Bê. Dentre tantos e tantos presentes lindos, em suas caixas e laços de fita, um chegou numa bolsinha despretensiosa. Minha querida amiga Lilith, um daqueles tesouros que papai do céu me deu, levou um presente de loja, embrulhado como os demais, e também esta bolsinha, com "Os 7 atchins". Sabe quem eram? Os 7 anões, de borracha. Qual seu valor? Foram dela, quando criança, e ela os quis passar para meu filho. E se você acha que esta história já era encantadora aqui, não sabe o desfecho. Estes atchins tornaram-se o brinquedo favorito do Bê. Até hoje estão aqui em casa. De tempos em tempo damos uma geral nos brinquedos e separamos os que não são mais usados para doar. Quando chegamos nos atchins, ele os segura por um tempo, pensa... e diz, um tanto contrariado: "Tá beeem, mãe. Pode dar"... Na sequência, disfarça e os pega de volta! Agora já nem os incluo mais neste grupo de possíveis doações. Serão guardados, tal qual Woody, Buzz e Jessie. Quem sabe serão ainda os favoritos dos meus netos? Ou retornarão aos filhos da Lilith, quando estes forem encomendados? Isso ainda não sei... Sei que estes podem se dizer brinquedos felizes. Fazem parte de um ciclo de amor. 

Será que 1.425.569 vezes assistindo à série Toy Story me afetou? Pode ser. O mais provável é que ter este filme como predileto, dentre as animações maravilhosas que temos por aí, venha de uma grande identificação com brinquedos e brincadeiras. Tenho um arquivo maravilhoso em meu baú da memória para contar a vocês, só que aos poucos, tem que ter paciência com tantas e tantas histórias. 

Me aguardem!

Beijos a todos,
Tati.

P.S.: Só para esclarecer: Existiam duas coleções de bonecas, ambas da estrela, uma a Bem me quer e outra, a Quem me quer. A minha era a Quem me quer, são as bonecas das fotos acima e do post anterior (a última, de cabelo arrepiado, não. É uma imitação, é que foi a única que encontrei descabelada... A Bem me quer é a boneca da foto ao lado. Pronto, acharam que eu tenho boa memória? Precisa ver a do Google!! Mais beijos.


terça-feira, 10 de agosto de 2010

Amor ao silêncio

Este texto está escrito há bastante tempo. Comecei a atualizar as datas, mas o descaracterizaria demais, então, apenas explico aqui e mantenho-o como estava. Acho que foi escrito em abril ou maio... nem sei... mas ele traduz tão bem meu estado de espírito (menos a enxaqueca, que Gracias, não me acompanha hoje):
No centro onde trabalhávamos havia uma frase em um mural: "Se suas palavras não forem mais bonitas que o silêncio, prefira o silêncio". Achava-a maravilhosa. E olha que sou uma tagarela! Mas sou uma tagarela em reabilitação, tentando silenciar não apenas a boca, principalmente a mente.

Hoje é domingo e fiquei em casa por que acordei com enxaqueca (aliás, estou em crise desde sexta-feira). Marido e filhote foram curtir o dia na casa da sogra e eu fiquei. Não pense que me dei bem, longe disso! Adoro a casa da minha sogra. Ela nos recebe muito bem, é muito carinhosa, e como a família é grande, a reunião de cunhados e sobrinhos é sempre uma festa. Hoje perdi de curtir um momento gostoso em família.

Fiquei em busca de silêncio e tranquilidade, mas em pleno domingo algum vizinho sentiu-se no direito de escolher a trilha sonora do quarteirão. Então, com o pouco de capacidade que resta a alguém com dor de cabeça e no meio de uma boate arbitrária, fiquei pensando no medo que as pessoas tem do silêncio.

Por que temos tanto medo de silenciar? Por que, quando estamos entre amigos, há a necessidade de emitirmos palavras o tempo inteiro? Com quantos amigos somos capazes de nos sentar em silêncio e ainda assim estar em sintonia?

Se estamos em casa sozinhos ligamos a TV ou o rádio, nem que seja apenas para "fazer barulho". O silêncio está relacionado à solidão? Sei que não existe solidão maior do que aquela que sentimos em meio à multidão.

Será que o medo maior é da nossa consciência? Não aquela consciência clássica, juíza do certo e errado, mas a consciência pura e simples: nossa capacidade de estar consciente da realidade? É este o momento em que as grandes questões nos invadem? As temíveis questões: "O que você está fazendo da sua vida?" "Você é feliz?" "Por que está aqui?" "Qual seu compromisso com a vida?"

Estar em silêncio nos permite um íntimo contato com quem somos de verdade. E isso é assustador! Neste estado somos capazes de enxergar aquilo que ocultamos de diversas formas. Temos medo do ruim em nós, de enfrentar nossas falhas, com isso perdemos de nos conhecer um pouco mais. 

Vivi momentos inesquecíveis, sem que uma unica palavra fosse emitida. Para certos momentos, qualquer palavra é menor. Não há palavras capazes de traduzir determinadas emoções e situações. Um abraço, um encostar nos ombros. Olhos nos olhos sob as estrelas... Que palavra pode ser dita?

Eu também tenho medo do meu silêncio, e de qualquer silêncio. Amo momentos assim, mas ligo, no mínimo, o computador. Preciso de companhia. Neste período que tenho trabalhado muito de casa e passo o dia inteirinho sozinha... Tem horas que dá angústia. Achava que adoraria esta situação. Sempre quis um pouco mais de solidão. Adoro estar comigo mesma, mas nesta fase estou assim tempo demais, e sinto falta do compartilhar. Os dias ficam longos demais. Não há interação, troca. A energia fica estagnada, e água parada, apodrece. 

Sem silêncio e solidão a escrita não acontece (pelo menos para mim). Só que solidão demais começa a me deprimir em algum ponto. Eu vou fechando a concha de tal forma que chega uma hora, mesmo que eu queira, não consigo abrir. Acho que é o que está acontecendo agora. Tenho ficado tempo demais só, comigo mesma. Gosto da companhia, mas sinto falta dos demais, do convívio, e quando tenho a oportunidade... esqueci como interagir. Fico quieta, distante. Não gosto quando estou assim. E sei que é hora de retornar à superfície. 

Este texto estava guardado nos rascunhos e o encontrei agora, numa semana que começo com muito a dizer, mas com conchas cerradas, o esforço para abri-la é intenso, não só por que eu acho que preciso, mas por que quero! Quero estar com as pessoas, participar do mundo. Solidão e silêncio são bons, mas quando são voluntários. Neste momento já não é mais assim para mim. Nestas horas penso em Cecília Meireles, não me comparando à sua escrita, entendam bem, mas à sua solidão profunda, e sei que não quero chegar tão longe. Os textos podem ser ótimos e inspiradores, podem traduzir nossa alma, mas este mergulho em apnéia é doloroso demais. Acho que não estou disposta a arriscar. Tenho muito a perder!

Um grande beijo,
Tati.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ri melhor quem ri... mais tempo


Ano passado participei de um Congresso em Recife, num período que incluiu o feriado de finados. Cidade lotada!!! Não conhecia e aproveitei para visitá-la. Um dia fomos a Olinda. Que é lindíssima!! Pegamos um taxi até o alto da Sé e fomos descendo, caminhando. Era este dia, 2 de novembro. 

O governo de Pernambuco está fazendo um ótimo trabalho de estímulo ao turismo na cidade, que é muito pobre. Meninos são treinados para atuarem como guias, e conhecem todos os pontos turisticos. Fomos alertadas para tomar cuidado, por que eles se valem da esperteza e te guiam sem você pedir, depois cobram! Ai... jeitinho brasileiro... quando você vai acabar?

Muitas casas antigas, tombadas, são transformadas em atelies, com belos artesanatos da terra. Vimos coisas lindas! Outros tornaram-se restaurantes. Em muitos a sala é o ateliê e atrás é residência. Umas amigas contaram que foram comprar algum souvenir e, enquanto a mulher as atendia, um homem, atrás, sentado no sofá cortava as unhas... cena bizarra!! kkk

Mas o que quero contar, e que me faz pensar até hoje, quase um ano depois, foi uma situação experimentada lá. Muitos dos atelies estavam fechados neste dia, vários restaurantes também. Inclusive o melhor, aquele que nos fora ultra recomendado. Andamos até ele, pelas ladeiras e... fechado!! Acabamos almoçando em outro, bem gostoso também. Uma casa simples, aconchegante, limpa, decorada com arte local. Super agradável.

Andávamos muito, e tantas coisas fechadas... Existe uma casa que é de apoio ao turista. Fomos até lá, rindo, na dúvida se estaria aberta ou não. Chegando lá (estava aberta!), perguntei à atendente por que tantas casas fechadas e ela, com uma voz que dizia o óbvio:
É que hoje é fÉriado... 
- Ah, é... como não pensei nisso antes

hahaha
Dei risada por longo tempo daquela situação. Quer dizer que as casas que vendem para turistas fecham no feriado? kkkkk

Estes momentos tem cor, cheiro e som
Agora, outro dia, brincando com o Vi, tornei a falar neste assunto. E... um clique!
Peraí! Quem será que está errado? Será mesmo que a melhor forma de pensar é esta nossa, de cidade grande, de gente estressada, sem tempo para curtir família e casa, sempre lotados de tarefas, sem espaço na agenda para o que realmente importa? Como se aquela frase "o trabalho enobrece o homem" fizesse mesmo tanto sentido...

Quem enobrece o homem são os laços de amor que constrói, suas relações, a sua capacidade de distribuir alegria, de ser solidário, generoso... E quando vivemos contra o relógio nada disso é possível! A maneira como lidamos com o trabalho é atrasada, resquicios de um discurso pela riqueza do país. Como assim? Quem disse que quero acabar com minha vida para enriquecer o Brasil? Para encher os bolsos e as cuecas daqueles que viajam e aproveitam o que EU produzo de riquezas? Esse discurso precisa ser repensado. Quem o proferiu? E para quem foi proferido?

Me lembrei de quantas vezes vi alguém que gosto, relativamente próximo em uma rua, e passei direto, com medo de ser vista, por que estava atrasada. Atrasada para quê? Vou viver quando? Esperar ter 70-80 anos e dias à espera do fim? Como assim? Perder a oportunidade do abraço em uma amiga querida, da risada, do bate papo alegre... por tarefas enfadonhas?

Quantas vezes recusei encontros com amigos por estar lotada de coisas a fazer? Cadê estas tarefas? Por que elas não me deixam assim, tão repleta? Quando penso em coisas que me fazem sorrir, não penso nas tarefas. Penso nos momentos com amigos e família, nos sorvetes no fim de tarde, na água gelada do mar molhando meus pés... E por que sempre negligencio esta parte por aquelas de urgência e emergência, que descem no ralo da mente? 

Ontem eu não vi o Bê. Ele saiu dormindo para a escola, fiquei em casa, muito trabalho para fazer, só parei na hora de preparar o jantar. Quando os meninos chegaram, Bê chegou dormindo. E foi até hoje de manhã... Estou arrasada daqui. Tive pesadelos com ele que nem quero contar, por que dói só de pensar... E pelo que? Onde este trabalho todo se reverterá em boas lembranças?

Ops... De repente, o jeito de pensar daquela gente simples fez sentido em mim. Hoje, eu prefiro curtir o fÉriado. Aproveitar o tempo com aqueles que eu amo, que fazem diferença em minha vida e me fazem uma pessoa feliz! Ainda não consegui achar o ponto de equilibrio, mas estou em busca dele...

E você? Como tem vivido sua vida?

Beijos a todos,
Tati.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Brincando de filosofar



Antes que eu seja obrigada a trocar o nome do Perguntas em resposta para Muro de lamentações, resolvi mudar o rumo desta prosa.

Aproveitando a deixa de minha amiga Yoyo Pizi, do Efeitos e Conceitos, que me chamou de sua filósofa favorita, senti segurança para compartilhar com vocês uma das grandes questões que me afligem, e que podem mudar o rumo da humanidade. Mas primeiro dei lingua para Platão, Sócrates, Aristóteles, Descartes e Nietzsche, que me olharam com ares de inveja!

Estão preparados para a grande revelação? Para ampliar sua visão de mundo e especular sobre questões mais complexas do que "quem vem primeiro: ovo? galinha?". Então aguentem...

Examinarei, do ponto de vista filosófico, alguns dos grandes temas que permeiam a reflexão dos homens há séculos: Se eu lavar roupa na sala, encherei a máquina com baldes? Encherei o balde no chuveiro? e deixarei a máquina desaguar na varanda? Que tal minha brilhante ideia? 

Terei bons resultados? Alagarei meu apartamento? O apartamento do vizinho? Ouvirei reclamações de outros moradores? Usarei roupas cheirosas, limpinhas e lavadas por mim? Inventei o tanquinho de 9 litros?

Pode ser considerado um pequeno passo para mim, mas um grande passo para o trabalho doméstico acumulado!!! 

E então? As conversas de botequim nunca mais serão as mesmas? Amanhã voltamos com nossa programação normal! hehehe

E só para esclarecer, estamos felizes com a reforma, que dará um upgrade no ap., mas eu não posso perder a oportunidade de fazer piada, é que minha maneira de fazer piada é assim... dramática! Para quem ainda não me conhece pessoalmente (a maioria, infelizmente) esta faceta de minha personalidade ainda não está bem desvendada. Mas isso se resolve com pequenas explicações? Será?! 

Então vá lá: Eu sou boba em tempo integral, meu povo!!!! hehehehe Não precisam preocupar-se, achar que estou deprimida, arrasada, devastada... que tomarei um frasco de pilulas... o máximo que posso fazer é comer um pacote inteiro de jujubas! Se eu disser que estou ferida de morte, é puríssimo eufemismo, por que se eu fosse um personagem de Machado de Assis, não seria Capitú, com seus olhos de ressaca, nem mesmo Bentinho, apesar de ter também minhas casmurrices, eu seria o agregado José Dias, adoro muitíssimo um superlativo! De qualquer forma, agradeço a preocupação dos amigos, mas não me levem tão a sério... nem eu me levo!! hehehe (mas a-do-rei o carinho!!!)

Beijos a todos,
Tati.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Ainda sobre o mesmo


Pois é, tenho andado em círculos. Na verdade vejo que minha vida foi sempre vivida em espirais. Passa um tempo, vejo o mesmo cenário, de uma rotação diferente, como se andasse sobre uma hélice (uma fita de DNA?). A certeza é de estar sempre subindo. Há aprendizados em todas as coisas. Muitas vezes me dou conta que dei uma volta enorme para chegar ao mesmo ponto, só que chego diferente de quem eu era da primeira vez, e o desenrolar da história, claro, é diferente. Por que eu sou outra, mesmo sendo a mesma. 

Percebi isso há anos, e vejo que continua acontecendo. Pode ser por que meus sonhos são os mesmos, ainda que amadurecidos. Pode ser por que sou ansiosa e atropelo alguns passos, tendo que retornar para corrigi-los, não importa. Eu retorno! E retorno! E vivo algumas sensações novamente, só que tudo diferente.

Estou vivendo as mesmas emoções de pouco mais de 2 anos atrás, numa posição bem diferente e estranhamente, tudo igual. Não mudei o que queria mudar, em alguns aspectos, mas mudei tudo. Até de casa, em outros. E retorno aos sonhos desta época, por que não os esqueci, apenas guardei para mais tarde. Sei que preciso realizá-los, colocar em prática, para que não precise retornar a eles daqui a mais alguns anos. Também sei que não preciso me angustiar, se não acontecer agora, seja pelo que for, eles ficarão latentes e virão a mim em outro momento, e em outro e outro, nas suas ondas, nas circunvoluções da minha escada, até que seja o momento ideal e eu possa alcança-los. Basta saber domar a ansiedade. Basta confiar, acreditar, que vai acontecer. Sempre acontece!

Tenho a sensação de que tudo que eu peço me chega. Às vezes um pedido, às vezes uma resposta. Mas vem rápido, tão rápido que não dá tempo de esquecer. Em algumas situações, como uma grande bofetada, que me coloca no lugar certo. Mas não é bem bofetada, é como uma conversa de pai, alguém que me coloca de frente para o espelho e põe as coisas em perspectiva. E para que entendam vou relatar duas situações bizarras, mas marcantes, de minha vida.

Eu sou pequena para o tamanho que já quis ter. Hoje gosto, mas teve fase de querer ter uns centímetros a mais. Então estava num ônibus, olhando minhas pernas na calça jeans, e projetando meus joelhos na posicão em que estariam se eu tivesse os tais centímetros. Imaginava minha perna alongada, o quanto aquilo me deixaria mais proporcional e tal. E já visualizava aquela pernona, em sonhos de Ana Hickmann . Eis que entra um passageiro e senta no banco da minha frente. Ao sentar, forte e pesado, o banco moveu-se um tanto para trás. Sorte ter meus 1,63 e estar onde estava. Se meus joelhos estivessem na posição imaginada, estaria eu vendo estrelinhas, teria batido em mim e poderia me machucar. Entendi o recado na hora e agradeci meu tamanho ideal! 

Na outra situação, estava em casa, dentro de meu quarto de solteira, que era equipado com aparelho de som, computador, TV e cama de casal, além de um belo guarda-roupas embutido e ar condicionado. Tudo fofo, amplo, confortável, do meu jeito, mas... meu computador era velhinho e minha impressora estava com problemas, manchava o papel, deixava tudo borrado! E eu tinha um trabalho importante para entregar no dia seguinte. Imprimia, tentava resolver, manchava... tentava limpar, imprimia de novo, puxava torto, manchava e amassava... um horror! Comecei a chorar (sou tããão dramática sempre...), maldizer o computador, que como eu poderia progredir se não tinha os equipamentos certos, que aquilo não era vida e choros, suspiros, resmungos, auto piedade... Então, do nada, no Jornal da Globo (aquele, antes do Jô Soares), uma reportagem que nunca mais encontrei: Dizia que um menino tinha ganho um computador num concurso e pedia para trocar por uma cama! Sim, isso mesmo!!! 

Olhei ao meu redor e comecei a agradecer: agradeci pelo teto, pelo edredom, pela cama espaçosa, com lençois limpos e travesseiro fofo, pelo computador, que mesmo velhinho, funcionava, ... e assim foi!
Sentei na cadeira, imprimi torto e manchado, grampeei e entreguei, na manhã seguinte, o trabalho bem escrito mas mal impresso. Tive uma boa nota. Não foi um 10, mas foi boa. Onde perdi ponto? Certamente não foi nas manchas do papel... 

E assim acontece sempre comigo. E agora um momento que deixei passar aparece como nova opção de vida. Faltam poucas coisas para que se encaixe, eu preciso me acalmar para aguardar por elas. Não posso ficar parada, de braços cruzados, ou vivendo o que ainda está na prateleira. Tenho que viver os pacotes abertos que já me rodeiam. E viver feliz, em paz, por que sei que estou acalentada. Que tudo vem na hora certa, e nunca deixa de vir! Estarei atenta apenas para não perder a oportunidade, por que ouvi uma vez que oportunidades nunca são perdidas, sempre há alguém que vai aproveitá-las se você deixou passar!

É isso. Um texto longo e confuso, mas que deixou minha mente mais leve e organizada. Uma reciclagem das  ideias que se esparramam sem nexo, sem normas dentro de mim. 

Um beijo a todos,

Tati.

A bonequinha é daqui

sábado, 10 de julho de 2010

Sobre afinidades


Sabe aquela pessoa que sempre te ronda, você percebe que ela quer fazer amizade, mas... seu santo não cruza? E você nem sabe explicar bem por que? Parece implicância, mas muitas vezes nem é...

Eu tento me domar, investir, quebrar minhas resistências... mas tem vezes que não há o que me demova de minhas antipatias ou apatias. Pois é, muitas vezes nem chega a ser uma antipatia marcada, mas uma apatia. Você simplesmente não consegue se afinizar com a pessoa. O espiritismo tem muitas explicações para isso. Eu acho que é mais uma questão de energias ou interesses diferentes. Sei lá. Nem sei se quero saber. 

Claro que acontece o mesmo comigo. tem gente que eu gosto, procuro, tento me aproximar, mas percebo que não me abre a guarda. Possivelmente pelo mesmo motivo exposto acima. Temos que respeitar. Ninguém é obrigado a simpatizar com a gente. Se não são indelicados, está bom para mim. Eu me afasto de fininho, deixo o  caminho livre, fico na minha... às vezes (sou brasileira e não desisto nunca), depois de um tempo, tento novamente uma aproximação. Algumas vezes muda, outras não.

Isso acontece no contato direto, dizem que é uma questão de pele, mas também acontece no mundo dos blogs, por que aqui não é nada diferente da dinâmica das relações humanas como as conhecemos. 

E por que falei sobre tudo isso? Por que acontece comigo. Há pessoas que visito com frequência, que gosto, que comento, e que me ignoram. Algumas eu vejo que até passaram por aqui, por que aparece uma estrela marcando seus cantinhos, mas não se manifestam. Provável que não gostem do meu jeito de escrever, ou das coisas que escrevo, ou mesmo que não tenham sentido-se estimuladas por mim. Não há simpatia.

Eu, do meu lado, faço o mesmo. E com alguns crio mais laços que com outros. Não há problemas em mim, não há problemas no outro. É assim a vida, e são assim as afinidades. Amarelo combina com azul, mas não fica muito bom com vermelho, ou não! Depende de quem combine, depende de quem olha, depende do dia, do produto, da intenção.

Um dia, seremos grandes. Neste dia, gostaremos de todos por que nos reconheceremos neles. Ainda falta muito tempo para chegar lá, mas vamos nesta caminhada. O destino vale à pena!

Este texto não é direcionado a ninguém em especial. São apenas constatações e reflexões. Faço ainda um mea culpa, por que não me excluo deste grande balaio, ou da Quadrilha de Drummond, que Marli citou hoje em sua postagem Servidão Humana.

Beijos a todos

Tati.

terça-feira, 8 de junho de 2010

TEMPOS MODERNOS


Às vezes me pego pensando no que ganhamos e no que perdemos com a tecnologia. Nem preciso ficar detalhando o que ganhamos, né? Computadores, conexões, blogagens... Impressoras, scaner, DVD, I-pod... Celular, wireless... enfim, lista enooorme...

Mas o objetivo da postagem é falar do outro lado da moeda. Sempre tem, pelo menos, dois lados (uma história, não a moeda, ok?).

No dia das chuvas aqui no Rio, "aquelas", eu estava assistindo Globo News pela manhã e aquela noticiazinha que fica em uma caixa dizia: "Tempo bom no Rio". Aquela caixinha fica tempo demais na tela. Eu olhava pela varanda, tudo nublado, tempo muito encoberto, e aquela notícia dizendo o contrário... Como moro em um bairro distante da zona sul, e por isso não é considerado Rio de Janeiro para muitos, me conformei e imaginei: do outro lado da cidade deve estar sol!

Mais tarde, quais as notícias? Nem é bom lembrar, né mesmo...

Então fiquei pensando... Meteorologista tem tantos equipamentos para olhar, que não olha mais para o céu. De repente (pode ser até devido ao mal tempo... hohoho) o sistema deles caiu... ou entrou um vírus H1N1 na máquina... sei lá. E nesta hora eles acharam que o dia estava bom. Acho que sala de meteorologista não tem janela... Estudam tanto o tempo que não tem tempo de olhar para o céu. Coitados...

Aí, volto lá na Faber Castell, e uso o que a Cris comentou: Departamento de marketing não consome? Claro, o departamento não, mas até onde sei, departamentos são compostos por pessoas (ou pessoa, em alguns casos). Será que com tanta modernização, temos tantas normas e regras a cumprir que esquecemos do elementar: usar nossa experiência? nossa intuição? Como se vive assim? Ou não se vive mais?

Marketing bom deveria seguir menos palestras motivacionais e mais aos reais anseios das PESSOAS! Os profissionais de diversas esferas esqueceram-se que o ponto de partida (e de chegada) é a pessoa a que ele quer atingir?

E sabe onde erramos mais? Nós aceitamos isso. Aceitamos que comercial de margarina dite a família perfeita, que comercial de cigarro (graças a Deus não existe mais) diga o que é radical, que comercial de remédio diga como devemos nos cuidar... Comercial de banco diz COMO SER FELIZ!! Gente, ninguém sabe menos como fazer alguém feliz do que um banco!!!! De modo geral (entendam bem, MODO GERAL), bancos são péssimos com seus funcionários e com seus clientes. Banco só faz o banqueiro feliz, mais ninguém.

Eu não preciso ler um livro que me ensine: "Como ser uma escorpiana com ascendente em aquário". Eu já sou!! Não há livro que possa me ensinar a ser melhor mãe, melhor esposa, melhor filha. Claro que muitos pensamentos podem nos levar à reflexão, mas não são receita de bolo nem de coisa nenhuma. Não há receita com medidas graduadas de ingredientes para a vida. Cada um é do seu jeito, no seu tempo. E neste parágrafo quero chamar atenção para uma coisa: não estou falando contra os livros, meus amados amantes e companheiros de jornada. Aprendi e aprendo muito com eles. Estou questionando aqueles com títulos que começam com: "Saiba como ser/ fazer/ ter..." .

Que tal tentarmos olhar pela janela para saber como está o tempo? Usar nossa experiência de vida para aprender como ser determinadas coisas, sem copiar do livro de auto-ajuda? Ser mais do que ter ou aparentar? Tratar o outro como gostaríamos de ser tratados? E lembrar que clientes estão incluídos na categoria "os outros"?

O que podemos fazer, na nossa profissão, para humanizá-la? Para simplificá-la? Tecnologia é bom, mas conviver é muito melhor!!!

Já sigo na tentativa. Quem me acompanha?

Beijos,

Tati.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Uma caverna Wireless, por favor.


Estou muito determinada a manter esta visão positiva da vida. Estou confiante, alegre, decidida, entusiasmada! As adversidades não são mais capazes de me derrubar.

Claro que isso dura até a próxima TPM... quando o mundo deixará de me amar, os carrascos me perseguirão, minha vida não funcionará e nada dará certo para mim...

Como pode? Sou uma mulher moderna, bem resolvida, produtiva, inteligente, um cérebro pensante. Ou quase, por que na verdade quem manda neste ser são os hormônios... Eles conseguem me definir. Eu posso tomar a resolução que for, quando vai chegando aquela semana... Não tem reza forte que mude meus pensamentos...

Que horror!! Ao me dar conta disso, percebo que eu posso usar muito bem um computador, posso dividir tarefas domésticas com marido, posso engrossar o mercado de trabalho em uma função antes masculina, ou qualquer coisa que me defina como mulher do século XXI. Quando vou menstruar descubro que não há diferença daquela mulhosapiens de origem ... Sou guiada por "instintos" primitivos...

Então, já sabendo disso, tento marcar reuniões importantes e outras coisas para a semana boa, evitando a semana má. Sim, a vida se processa deste jeito: semana boa, semana mais ou menos, semana mais para menos e semana MÁ. Como não tenho toda essa autonomia sobre minha vida profissional (manda quem pode, obedece quem tem juízo, mesmo que de TPM), nem sempre consigo. Aliás, acho que há uma conspiração astral que coloca o calendário de eventos tensos e inadiáveis para esta semana. Adivinha quando cairá minha defesa?!

Sou apenas uma mulher das cavernas habitando um apartamento... moderníííssimo, por sinal!

Beijos felizes da semana mais feliz do mês!
Tati.

terça-feira, 20 de abril de 2010

As oportunidades que não agradecemos


Sabe aquelas coisas que acontecem em nossas vidas e parecem problemas? Muitas vezes elas estão nos salvando. Quase nunca temos a oportunidade de descobrir isso. Poucos são aqueles que não embarcam no avião que irá cair, ou que são poupados de situações que vão virar notícias e aí sim, saberão que foram agraciados.
Nem sempre são situações tão graves assim, mas elas ocorrem aos montes em nosso dia a dia e nem nos damos conta. E reclamamos delas ainda!
Vou contar uma que tem data certa. Não há como esquecer.
Estávamos na casa de minha mãe. Tivemos uma reunião e buscávamos o Bê. Era uma terça-feira, quase 10h da noite. Então, quando já no portão, a fechadura caiu na mão de meu marido. Como deixar a casa de minha mãe com o portão escancarado a noite inteira? À luz de lanterna, com muito custo, meu marido conseguiu recolocar a fechadura. Eu, que sou uma mal-humorada e detesto contratempos, fiquei dali, reclamando da sorte. Louca para chegar em casa, carregada de bolsa, mochila, criança dormindo no colo...
Tarefa cumprida, fomos para casa, que é relativamente perto. Quando estávamos na entrada de nosso prédio, faltou luz. Tivemos que subir 9 lances de escada. Que azar, né?
Era o dia 10 de novembro do ano passado. Dia do apagão que deixou nosso país às escuras por mais de 6 horas.
E onde está a oportunidade a se agradecer? Se não fosse a fechadura caindo nas mãos de meu marido teríamos ficado presos no elevador. É ou não é para agradecer?
Agora tento me lembrar desta história, e de tantas que nos contam, e reagir positivamente aos imprevistos. Tem dias que esqueço disso, é bom estar sempre me lembrando!
Um beijo a todos,
Que o acaso continue nos protegendo enquanto andamos distraídos...
Tati.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Blogagem Coletiva - O pássaro azul

Esta postagem faz parte da blogagem coletiva proposta pela Glorinha do Café com bolo. Serão 8 segundas-feiras, cada uma com uma cor. Já foram o rosa e o amarelo. Esta semana é o azul.

Quando era criança assisti este filme numa sessão da tarde qualquer, mas não foi um filme qualquer. Ele deixou um gosto em mim que não saberia explicar. Partes deste filme ainda vivem em mim.


Meu avô morreu ano passado e o Bê questiona muito a falta do biso. Numa destas oportunidades ele perguntou: "O biso nunca mais vai viver?" E minha resposta foi: "Ele estará vivo sempre que você se lembrar dele". Esta frase é deste filme, quando as crianças encontram os avós já falecidos. Na hora não me dei conta, percebi quando pensava no tema para esta postagem e decidi falar do azul mais importante que já vivi. Tem uma outra passagem linda, quando encontram o irmãozinho que ainda vai nascer, num céu que prepara as crianças para este momento. Na foto abaixo, o cachorro, a menina e a gata. Lembrem-se que eu era criança e a ideia dos animais de estimação virarem gente e conversarem conosco era maravilhosa!


O filme é de 1940 e apresenta Shirley Temple em seu primeiro papel. Eu vi colorido, portanto, depois do technicolor. O pássaro azul que dá nome ao filme é a felicidade e, se não me engano, a lição final é que deve ser mantido livre, que estará sempre por perto. Não tenho certeza. Nunca mais vi este filme. Durante muito tempo sonhei vê-lo novamente na T.V., não aconteceu.


Hoje ele existe em DVD, custa mais de R$ 180,00. É caro, eu sei, mas amo tanto que seria capaz de pagar. Sabe por que não o faço? Tenho receio de vê-lo e perder o encanto. Tem uma frase do Bentinho de Machado de Assis que adoro, quando ele descreve alguma cena com exagero e diz: "(...) se entendermos que a audiência aqui não é das orelhas, senão da memória, chegaremos à exata verdade". Então é isso. Eu fotografei com o coração. Hoje aquela menina romântica e sonhadora ainda habita em mim, mas de forma diferente, com novas vivências. Pode ser que o encantamento se perca caso eu me permita assistir novamente. É como aquela comida da infância que tentamos e tentamos e nunca mais sentimos o gosto, por mais que se repita a receita. O momento passou!


O pássaro azul talvez seja o filme da minha infância, um dos filmes da minha vida. Associa o azul com a felicidade, o que acho bárbaro e tenho certeza, muitos concordarão. Pode ser que ele já tenha me dado o que preciso, quando assisti da primeira vez. Pode ser que daqui há alguns anos eu queira mostrá-lo para o Bê, e pode ser ainda que ele não ache a menor graça, afinal os recursos de 1940 ficaram há muito ultrapassados.


De qualquer forma o pássaro azul me fez feliz. E não era esta sua proposta? Então entendo o recado e sei que não preciso correr atrás dele, que sempre estará ao meu lado! Quem sabe não me animo a usar mais o Twitter?


Um beijo azul, de muita felicidade,
Tati.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Nós não somos ilhas



Esta postagem será curtinha, mas do fundo do coração. Quando escrevi minha postagem ontem não tinha noção  da amplitude do ocorrido. Não fazia ideia do alcance das chuvas no Rio. Foi um dia de intimidade na minha casa, que moro num apartamento em uma rua que não alaga. E se excluirmos os rápidos picos de luz frequentes e a tarde sem internet, não tive nem um mínimo transtorno. Mas aqui em casa a televisão passa a maior parte do tempo no Discovery Kids e não acompanhei de perto o noticiário. Imaginei que eram questões pontuais. Claro que sabia que era uma chuva mais forte do que o normal, mas não dei a devida importância. Não imaginei que envolvesse tantas mortes, tantas faltas. Sei lá. Fui fútil e superficial. E preciso me retratar. Pedir desculpas sim, por que não?


Não é desta forma que costumo encarar a vida  e não acho possível ser feliz sobre a tristeza de outros. 


Seguem abaixo endereços que podem ser úteis. 



Abrigos
Seguindo a determinação do Prefeito Eduardo Paes, as Vilas Olímpicas da cidade estão preparadas para receber os desabrigados da chuva que atinge o Rio há mais de 24 horas. As primeiras pessoas já começaram a chegar à Vila Olímpica Oscar Schmidt (em Santa Cruz) . Pessoas desabrigadas pelas chuvas ou que estejam em locais com risco de deslizamentos podem de dirigir as Vilas nos seguintes endereços:
 
 
Vila Olímpica da Maré - Rua Tancredo Neves, s/n - Maré Vila Olímpica da Gamboa - Rua União, s/n - Gamboa Vila Olímpica Carlos Castilho - Estrada do Itararé, 460 - Complexo do Alemão Vila Olímpica Mestre André - Rua Marechal Falcão s/nº - Padre Miguel Vila Olímpica Clara Nunes - Pedro Jório, s/nº - Fazenda Botafogo - Acari Vila Olímpica Ary de Carvalho - Rua Paulino do Sacramento, s/nº - Vila Kennedy  Vila Olímpica Oscar Schmidt - Rua do Matadouro, s/nº - Santa Cruz Greip da Penha - Rua Santa Engracia, 440 - Penha Centro Esportivo Miécimo da Silva - Rua Olinda Ellis, 470 - Campo Grande Cidade das Crianças - Estrada Rio Santos, km 01 - Santa Cruz Parque das Vizinhanças Dias Gomes - Estrada do Camboatá, s/n - Deodoro
Onde fazer doações
A Prefeitura e a Guarda Municipal promovem uma campanha de arrecadação de donativos para auxiliar os desabrigados atingidos pela chuva na cidade do Rio de Janeiro. A intenção é arrecadar colchonetes, alimentos não-perecíveis, água, além de roupas para serem doados aos necessitados. Ao todo, dez unidades da Guarda Municipal receberão os donativos. Veja abaixo os endereços:
Rua Afonso Cavalcanti, 455, em Cidade Nova 
Avenida Pedro II, 111, em São Cristóvão 
Rua Bambina, 37, em Botafogo 
Avenida Ayrton Senna, 2001, na Barra da Tijuca 
Rua Armando Cruz, s/nº, em Madureira 
Praça Barão da Taquara, 9, em Jacarepaguá 
Rua Prof. Abelardo Lobo, s/nº, na Lagoa 
Rua Biarritz, s/nº, em Bangu 
Rua Conde de Bonfim, 267, na Tijuca 
Rua Minas Gerais, 200, em Campo Grande 

Um beijo a todos. Que o Rio se reestabeleça.

sábado, 3 de abril de 2010

BBB Auschwitz


Preciso escrever no calor do sentimento, ainda ouvindo a música do final do filme.
Hoje, pela primeira vez, tive coragem de assistir A lista de Schindler. Com certeza um dos melhores filmes que já vi, sobre o pior tema que se pode supor. Imaginar que seres humanos como nós foram capazes daquilo...

Enquanto sobreviventes ou seus descendentes colocavam pedrinhas sobre o túmulo de Oskar Schindler eu chorava e rezava. Pedia a Deus que não permitisse mais que situações como esta acontecessem. Mas claro que não! As pessoas hoje em dia são diferentes, certo? Será mesmo? Será que mudaram? Então me lembrei de algo muito recente. Tão recente que encerrou-se nesta semana (ou na passada... tanto faz).

Esta semana encerrou-se o BBB 10. E sabem quem foi o vencedor? Um homem com uma suastica tatuada no braço, e que gerou um movimento estranho, que senti ao andar pela rede em sites, blogs, páginas de orkut. Um tal de "orgulho dourado", uma tal de "máfia dourada", algo que sugere um grito de guerra que, se não me engano, é força e honra. Sim, honra de representar um homem indisfarçadamente preconceituoso, orgulhoso de seu machismo, de ser um ogro. Um homem parecido com aqueles que guardavam campos de concentração, apenas em outro contexto, o que o mantinha contido. Mas há nele aquela mesma força, aquela mesma agressividade. É só olhar e ver, sem precisar acompanhar o programa.

E quando penso nisso, sinto medo. Medo que situações como esta tornem a acontecer. Começam pequenas, uma loucura branda, que vai tomando corpo e torna-se coletiva.

Tenhamos cuidado, todos nós. Não acho que os judeus estão na mira desta vez. Quais os grupos ameaçam a força e a honra? Quais os grupos podem ser comparados a ratos, vermes, piolhos? Quais podem ser mortos com total consentimento, sem qualquer análise crítica?

Todos nós estamos vulneráveis. Todos podemos incomodar de alguma forma. Intelectuais incomodam, por que mostram que devemos pensar, que refletir é importante. Isso pode ir contra a Grande Ordem, contra a vontade da "máfia dourada". E pior que isso. Todos nós podemos, em algum momento e de alguma forma, ser contaminados pela fagulha, pela loucura. E dominados por ela, parar de pensar, e seguir seu curso sem questionar. E só depois que a loucura está feita, depois que somos confrontados, descobertos, desnudados, perceber a besteira que fizemos. Cuidado a todos nós!

Para onde estamos indo? Não tenho mais o que dizer... Nada do que eu diga fará diferença...