Por que há questões que são melhor respondidas com novas indagações!

Mostrando postagens com marcador crescendo e aprendendo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador crescendo e aprendendo. Mostrar todas as postagens

sábado, 10 de julho de 2010

Sobre afinidades


Sabe aquela pessoa que sempre te ronda, você percebe que ela quer fazer amizade, mas... seu santo não cruza? E você nem sabe explicar bem por que? Parece implicância, mas muitas vezes nem é...

Eu tento me domar, investir, quebrar minhas resistências... mas tem vezes que não há o que me demova de minhas antipatias ou apatias. Pois é, muitas vezes nem chega a ser uma antipatia marcada, mas uma apatia. Você simplesmente não consegue se afinizar com a pessoa. O espiritismo tem muitas explicações para isso. Eu acho que é mais uma questão de energias ou interesses diferentes. Sei lá. Nem sei se quero saber. 

Claro que acontece o mesmo comigo. tem gente que eu gosto, procuro, tento me aproximar, mas percebo que não me abre a guarda. Possivelmente pelo mesmo motivo exposto acima. Temos que respeitar. Ninguém é obrigado a simpatizar com a gente. Se não são indelicados, está bom para mim. Eu me afasto de fininho, deixo o  caminho livre, fico na minha... às vezes (sou brasileira e não desisto nunca), depois de um tempo, tento novamente uma aproximação. Algumas vezes muda, outras não.

Isso acontece no contato direto, dizem que é uma questão de pele, mas também acontece no mundo dos blogs, por que aqui não é nada diferente da dinâmica das relações humanas como as conhecemos. 

E por que falei sobre tudo isso? Por que acontece comigo. Há pessoas que visito com frequência, que gosto, que comento, e que me ignoram. Algumas eu vejo que até passaram por aqui, por que aparece uma estrela marcando seus cantinhos, mas não se manifestam. Provável que não gostem do meu jeito de escrever, ou das coisas que escrevo, ou mesmo que não tenham sentido-se estimuladas por mim. Não há simpatia.

Eu, do meu lado, faço o mesmo. E com alguns crio mais laços que com outros. Não há problemas em mim, não há problemas no outro. É assim a vida, e são assim as afinidades. Amarelo combina com azul, mas não fica muito bom com vermelho, ou não! Depende de quem combine, depende de quem olha, depende do dia, do produto, da intenção.

Um dia, seremos grandes. Neste dia, gostaremos de todos por que nos reconheceremos neles. Ainda falta muito tempo para chegar lá, mas vamos nesta caminhada. O destino vale à pena!

Este texto não é direcionado a ninguém em especial. São apenas constatações e reflexões. Faço ainda um mea culpa, por que não me excluo deste grande balaio, ou da Quadrilha de Drummond, que Marli citou hoje em sua postagem Servidão Humana.

Beijos a todos

Tati.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

eXtendendo o papo...



Isso mesmo! No post anterior eu falei da minha paixão pela Extensão Rural e, pelo Who´s.amung.us vi até que esta palavra foi copiada, imaginei que para lançar no google e descobrir do que se tratava... será?

Pois é. Quando entrei na faculdade (faz tempo, viu...) eu sabia que queria ser pesquisadora, mas como sonhar não paga pedágio, eu queria pesquisar fisiologia de golfinhos em Fernando de Noronha. Claro que eu não completaria 10 anos de formada e estaria tratando o câncer de pele adquirido no exercício profissional, sim, por que se alguém já viu alguma foto minha sabe que estação observatória em Noronha não há bloqueador solar que resolva no meu caso... Eu sou daquelas branquelas que no máximo ficam vermelhas, quase roxas... 

Não foi por isso que não segui este sonho, foi por que não consegui nem estágio nesta área, quanto mais emprego, né? Tudo bem, fui seguindo o meu caminho e talvez o meu caminho seja triste prá você...

Em determinada altura da faculdade a gente tem esta disciplina: Extensão Rural, minha professora era ótima, mas não passou a ideia exata do que seria, ficou muito filosófica, sei lá. Passei na matéria por que fiz todos os trabalhinhos, ganhei estrelinhas da tia e segui rumo ao hexa, mas não entendi do que se tratava.

Eu sempre fiz muitos estágios. Entrei no primeiro com duas semanas de aulas... kkkkk Era só felicidade!!! Me sentia a própria vet. Entendam que NUNCA foi em clínica, acho lindo, mas não para mim. Num destes estágios fui parar em uma Fazenda da família Sendas, em Magé, aqui no Rio. Lá minha vida mudou, de verdade. Lá, eu mudei! 

Foi lá que conheci o Aloisio Sturm (lembram? Do salário emocional?). Ele foi uma pessoa tão importante na minha vida que nem sei como descrevê-lo. Foi um guru, um amigo, um exemplo, foi também mola propulsora e aquela chave que muda a rota dos trilhos (sei o nome não). O Aloisio é agrônomo e administrava as fazendas. Nossa identificação foi grande e rápida, ele me escolheu para estagiária e eu aceitei! Passei anos por lá. Quando um grupo de pescadores resolveu montar uma cooperativa ele me convidou a acompanha-lo. Me encantei por aquela gente simples e sofrida, cheios de dúvidas, sonhos, esperanças. A partir desta data, não perdia uma reunião! Éramos o apoio técnico, os extensionistas, do projeto de implantação cooperativa. 

O extensionista faz a ponte entre o saber técnico, o resultado de pesquisas, e o saber local, os produtores, o povo. Tem que dominar as duas linguagens, tem que saber se portar no salto alto e na butina com a mesma naturalidade. Infelizmente a extensão rural hoje tornou-se quase uma distribuição de sementes e mudas para os produtores, mas não é este seu papel, não somente. Quando o Aloisio me apresentou aos pescadores de Magé fui absorvida, não de cara... pescadores são muito reservados, desconfiados. Aos poucos me aceitaram, no fim confiavam integralmente. Foi um tempo bom demais! Aprendi muitas coisas sobre marés, redes, defeso, injustiças e também sobre jogo de cintura, lidar com incertezas, durezas da vida e suas superações. 

Quando eu estava para me formar me sentia perdida, gostava de produção animal: de búfalos, de peixes, de gado de leite e até de jacarés. Achei que era confusa, o Aloisio me esclareceu: O tipo de produção é apenas meio, isso não é o mais importante. O mais importante são as pessoas que auxiliaremos! Não sei se sou capaz de traduzir o que isso mudou em mim. 
Uma das poucas fotos que tenho com o Aloisio, junto com Jeferson e Tinha

O Aloisio me ajudou a desenvolver este meu potencial humano, que eu nem sabia que tinha. Alguns anos depois ele assumiu como Secretário de Agricultura do município de Magé e me convidou a trabalhar com ele, num projeto de extensão que ele pretendia desenvolver. Era o governo Narriman Zito, e parecia que alguma coisa seria feita, começamos a estudar a viabilidade de um projeto de consorciação entre peixe e palmito. A paixão do Aloisio são as tilápias, e elas estavam contempladas no projeto. Sabe qual a principal atividade do extensionista? Visitar pessoas, conversar com elas, interessar-se por suas histórias, por suas necessidades, por seu saber. Não desmerece-lo por ser popular, por ser empírico. Incorporar suas práticas, mas melhorar sua qualidade de vida, suas possibilidades, sua auto estima. O extensionista precisa gostar de café, por que toma muuuuito, leva para casa presentes como: inhame, batata, cará, peixe defumado, camarão, mesmo que volte de ônibus! Ouve piadas engraçadas e outras nem tanto. Mas também precisa entender de capim, saber o que é calda bordalesa, conhecer raças de gado, a melhor aptidão para aquela terra e para aqueles produtores, e outras coisas que estudando, e vivendo, a gente descobre! 

Minha intenção era um esclarecimento, acabou virando um testamento. Nele estão descritas as previsões para os próximos anos, não apenas uma memória de um tempo passado. E aqui fica também registrada minha saudade deste amigo, que está vivo, graças a Deus, mas com o qual faz tempo que não falo... 

Se você teve paciência de chegar até aqui, neste samba do crioulo doido, meu muito obrigada!
Um beijo,
Tati.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Repensamentos

Quando montei o blog minha intenção era explorar meus questionamentos, o mundo interior, aquele que sou eu em essência. Não era um blog-de-mãe-sobre-filho, nada contra, adoooro e meu "Dèbú" no mundo blogístico foi num blog assim, lendo a Lu Brasil, que acompanhei por mais de um ano antes de adquirir espaço para as próprias ideias. Só que revendo as últimas postagens, só deu Bê!! Pode ser pelo período: a viagem, a certeza da distância me assombrando, as coisas engraçadas que vivemos nestes últimos dias (semanas...), sei lá. 

Pode ser por que os 5 anos do Bê estão reacendendo tantos momentos, tantas lembranças que eu já dava por perdidas, que estavam na penumbra da mente... Tenho revivido sensações, sentimentos, experiências. É uma coisa louca demais! Acho que minhas lembranças mais antigas datam dos 5 anos. Antes isso não acontecia, é sensação muito nova! Alguém já viveu (ou vive) coisa parecida? É bom demais, é louco demais. Tem coisas que eu nem queria lembrar... Tem sombras ruins que revisitadas agora tomam outro significado, é como se me permitissem curar certas feridas. Elas tomam outra dimensão. Agora vejo de fora, como espectadora, com mais vivência, numa posição mais confortável. Está sendo enriquecedor. Pode ser isso. O Bê, neste momento, me traz a Tati de 5 anos, e muitas coisas que sou hoje derivam do que fui antes, certo?

Mas o que quero falar é outra coisa, que tem influência da Tati de 5 anos, certamente. A viagem foi para o interior de São Paulo, terra da minha mãe e dos Pastorellos. Local onde passava as férias mais felizes e livres da minha infância. Minha tia tinha sítio, meus primos são tão especiais para mim até hoje, mesmo nos vendo a cada 5 ou mais anos... Tenho um amor tão grande por eles, e me sinto igualmente amada!

Quando chego no interior de SP (e tem que ser no interior, a capital não me traz os mesmos sentimentos) eu viro outra. Eu me sinto plena! Vejo aquela terra vermelha, o clima que é quente, mas agradável, o cheiro de mato, o farfalhar de folhas misturado com canto de pássaros, cigarras e barulho e cheiro de caminhão. Tudo isso é significativo demais em mim. Me sinto em casa! Lembrei da Glorinha falando sobre a Itália. Eu sou mais modesta, meu canto é o interior de São Paulo. Lins? Piracicaba? São José do Barreiro? Bauru? Jaboticabal? São Pedro? Nada disso importa. O que importa é o cheiro, é a terra vermelha, os milharais, gado no pasto... Isso me preenche como nada mais.

Essa viagem mudou alguma coisa em mim. Acordou um gigante adormecido. Em muitos momentos de minha vida fiz um movimento em direção a esta guinada. Ela ainda não aconteceu. Acho que terá que acontecer. O Vi se coloca favorável, meus pais? Não sei. Gostaria que nos acompanhassem. 

Isso influi diretamente na minha escolha profissional. Eu AMO o que faço, mas minha real vocação é para outra função. Eu nasci extensionista, antes mesmo de saber o que isso significava. Meu trabalho dos sonhos é na extensão rural. Meu chefe sabe disso e me delega funções onde possa exercer esta veia: entrevistas, apresentações, treinamentos, contato com pessoas... se forem simples, melhor... produtores rurais então... Aí sou pinto no lixo!

Passamos a semana no meio de pesquisadores da Embrapa, uma empresa que admiro muito. São grandes em seus papéis profissionais, mas costumam ser tão generosos, tão humildes como seres humanos. Não podemos tirar o todo por alguns, mas é assim que me sinto sobre os profissionais de lá, todos com os quais tive contato em minha vida profissional, desde meus tempos de estudante.

Se é a empresa dos meus sonhos? Pode ser tornar. Na realidade, se pudesse escolher qualquer lugar no mundo para trabalhar seria na CATI, que é de âmbito estadual, mas onde poderia exercer meu trabalho dos sonhos em algum dos municípios que me deixam equilibrada. Se ainda poderei fazer isso? Espero que sim. Me faz lembrar a paixão que tenho pela minha profissão. Quando me vejo extensionista não questiono se escolhi a profissão certa. Não há mais certa! Posso fazer alguma especialização na área de antropologia, e isso só me enriquecerá, mas ser veterinária volta a ter sentido...

Sei que não é uma função bem remunerada, ah, não é mesmo... Mas eu teria o que meu amigo Aloisio  Sturm me ensinou - teria salário emocional! Neste quesito eu estaria muito bem paga!!!

Desde o início tomei para mim que este não seria um blog para falar de trabalho. É meu espaço para alongamento, é assim que o defino. Local para falar de coisas leves, espaço para não pensar na forma, só no conteúdo, e onde, mesmo o conteúdo, é livre e sem regras. Mas neste texto não estou falando de trabalho, e sim de sonho...

Vou rezar e vou pedir. Eu sempre recebo o melhor para mim, basta acreditar! 

Beijos a todos,
Tati.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Vida Simples - Idas e vindas


Hoje é a despedida da blogagem Vida Simples proposta pela Mila. E por muitos motivos meu tema não podia ser outro: Despedidas, ou partidas e chegadas. Isso por que, enquanto você lê este texto eu estou no avião ou no hotel ou... Sei lá. Até quinta não serei muito dona dos meus planejamentos...

Estou aqui preparando tudo para a viagem: mala semi-pronta, mas tenho que dormir com ela pronta, marquei o taxi para 6h10... Muitas máquinas de roupa lavadas, filho e marido por perto o dia todo, lanchinhos da escola separados, uniforme e material idem... Fiz o calendário com bombons, como havia comentado antes e o Bê me ajudou a montar. Colocamos a folha na porta da geladeira. Nem vou comentar que tanto a folha quanto os bombons já cairam várias vezes, já que os bombons estão pesando horrores... não sei se aguentam até quarta-quinta... ops, comentei!
 
Presos na porta da geladeira, muitos imãs para segurar ...ao menos por enquanto!
Clica que aumenta e dá para ler o dia-a-dia.

O mais importante de deixar preparado, no entanto, foi o Bê. Estava vendo que ele estava mais carinhoso e grudado, que me perguntava sobre a viagem e que, outras vezes, não queria falar no assunto. Hoje entendi. Logo após o almoço ele me falou: "Sabia que quando eu for do seu tamanho eu ainda vou ter mãe?" Eu brinquei, disse, "claro, e posso ser eu?" Mas conforme a conversa esquentou fui entendendo a complexidade da coisa. 
- A sua avó já morreu. Meu biso e minha bisa morreram, e eu estou com saudades do meu biso. Eu já não lembro mais dele... Cadê a mãe da minha avó? E assim foram as perguntas.

Ah, entendi... Quem morre, viaja para muito longe, não é? Ele já tinha dito, numa outra conversa com meu pai, que o biso tinha viajado para muito longe, tão longe que não dava para visitar, era mais longe que a Bienal (gente, a Bienal acontece no Riocentro, para quem conhece o Rio, são 15-20 minutos da minha casa. Demoramos uns 40-50 por que fomos de ônibus. Isso é o mais longe que ele consegue conceber!! hehe

Claro que se eu vou para o céu (avião) e para o céu vai quem morre; que eu vou viajar, metáfora para morte... Olha a confusão na cabecinha do meu pequeno. Mesmo eu já tendo ido outras vezes, com uma frequencia maior do que eu esperava neste último ano, e sempre voltando... É que da última viagem para agora morreram 3 pessoas na nossa família, foram seus primeiros contatos com a morte.

Agora, conversando com o Vi enquanto lanchávamos entendi tudo. Peguei o Bê no colo e simplifiquei. Falei com todas as letras, para não deixar dúvidas: "Filho, a mamãe não vai morrer. Vou numa viagem, fico no hotel e volto. Você vai poder me ligar todos os dias." Entramos no site do hotel e mostrei foto do quarto, do telefone do quarto: - Aqui, vou sentar nesta cama e te ligar deste telefone. Simulei a conversa, dizendo, "...só falta um bombom, amanhã estou chegando!" Ele riu, gostou, perguntou se podia ir junto... Combinamos que na próxima iremos juntos. E não é que iremos mesmo! Temos uma viagem para um hotel fazenda marcada para julho, aí sim, família completa: nós 3, meus pais, meu sobrinho, minha irmã e o namorado! 

A lição é simplificar. Metáforas são formas difíceis de comunicação com crianças, que costumam ser mais literais. 

Para finalizarquero contar um segredo. Não conta no aerorporto? Vem comigo...

Mais um pouco... Lembre-se do sigilo, hein! Confio em você.

Olha o que eu trouxe na bagagem!!! Será que passa no Raio-X?

hahahahaha

Hoje nos despedimos de mais uma Coletiva, novos amigos se aproximaram, laços anteriores foram estreitados, conhecemos um pouco mais dos amigos desta grande vila virtual. Mas, como diz o título: Idas e vindas, partidas e chegadas. Em breve, nova brincadeira deve ser proposta, se rolar uma conversa sobre isso já me considerem inscrita! Estou voltando...

Até sexta!!!

Beijos,
Tati.

P.S.: Sinto muito, mas desta vez não poderei ler e comentar no blog de ninguém, óbvio. Retomarei as visitas na sexta-feira. Vou aproveitar o jogo do Brasil e colocar em dia, ok? Mais beijos.

domingo, 20 de junho de 2010

A BELEZA DE SER UM ETERNO APRENDIZ


Hoje eu não estou num bom momento para escrever, por que estou iniciando uma crise de enxaqueca (unilateral, pulsante, com enjôo, fotofobia...), mas acho que não conseguirei me deitar sem falar um pouco sobre o que vivi, e as lições que aprendi.

Dia de festa junina da escola do Bê. Foi uma festa linda, grande, animada. Diferente do que estávamos acostumados, por que na outra escola (que era creche) a festa era fofa, mas pequena, muito pequena, claro!  E nós conhecíamos - e éramos conhecidos por- todos, da portaria à direção.

Esta escola vai até o segundo grau (ou seja lá o nome que tem agora ou que terá quando o Bê estiver nele...).
A dança da turma do Bê foi linda: "Boi do Ceará", os meninos dentro de seus bumba-meu-boi de caixa de guaravita, muito caprichados pelas professoras. Vou tirar fotos e mostro para vocês, mas nada disso foi tão importante quando A lição.

Foi nossa primeira oportunidade de ver, de perto, como está a adaptação do Bê à sua nova vida escolar. Faz um mês, é pouco tempo, ainda mais para quem entrou com o ano em curso... Ele está batalhando seu lugar. Se já admirava meu filho, por ser meu filho, hoje o admiro como indivíduo, e espero aprender com ele, com sua força, sua maneira de encarar a vida! Tenho aprendido muito nestes cinco anos...

Ficou claro para mim que ele ainda está sendo absorvido. Que há crianças que ainda não o aceitaram como parte do grupo. O Bê não é nada bobo, ele também percebe, mas... Ele não liga, ou se liga, segue em frente, não vacila, não desanima. Eu percebi que alguns já o aceitam bem e um dos amigos, que ainda não sei o nome, fez uma festa quando o viu e abriu um sorriso de quem estava realmente contente de encontrá-lo, mas...

Um casalzinho da turma dele estava jogando bola, ele tentou participar, ficou ao lado, chegou sorridente, o menino ia aceitar, a menina não deixou. Falou o nome dele, sabia quem ele era, mas não quis que ele brincasse. Ele tentou mais um pouco. Não deu? Foi em frente, foi até a barraquinha em que o primo estava trabalhando, falou com ele, seguiu a brincadeira. O Bê é feliz! Não adianta dizer em comentários que eu sou responsável por isso. Pode ter certeza que, por isso, não. Este mérito é dele, inerente à personalidade dele! Na verdade, eu quero aprender a ser assim!!!

Eu morro de medo de rejeição, eu não sei lidar com isso. Não intervim na hora que a menina não o aceitou na brincadeira. Se deu vontade? Se você é mãe, então sabe que deu... mas... Se eu o fizesse estaria formatando uma situação, deixando clara a exclusão. Acho que a maneira do Bê de lidar com as adversidades é melhor, mais madura e natural! Eu iria para um cantinho chorar, eu pediria para ir para casa. E por muito menos, já fiz isso. E analisando friamente, a menina tem todo o direito de escolher com quem quer brincar, mesmo que isso doa no fundo do âmago do meu ser...

Fui uma criança muito rejeitada na infância escolar. Não sei se me rejeitavam ou se eu que não me fazia presente, minha timidez era doentia. Em casa, com amigos próximos, eu me soltava. Mas na escola era o que chamam bicho do mato. Ficava sozinha, não sabia fazer amigos. Passava o recreio na fila do bebedouro, para não perceberem que eu não tinha amigos... Sentia vergonha disso também! Nunca sofri o que hoje chamam de bullying, e sei que muitos sofriam. Não tinha esse nome pomposo, mas já acontecia na minha época, com muitas crianças. Não era esse meu caso, eu era sozinha, era invisível.

O Bê não se permite invisível. Ele vive uma grande mudança. O Vi lembrou bem, na outra escola ele era o centro das atenções, era o chamado "queridinho". Da professora? Não, de quase toda a escola, entre funcionários e amiguinhos. Ele está tendo que se adaptar à função de corpo de baile, não é mais o primeiro bailarino da companhia, mas ele tira isso de letra! 

Acho que em pouco tempo ele terá conquistado seu espaço na nova escola, ele tem carisma para isso, mas até lá, o que me deixou tão orgulhosa e admirada foi a maneira como ele está conduzindo sua vida. Ele pode não ser protagonista da grande história da escola, é parte do elenco, quase figurante para o todo, mas para ele, é ator principal da própria vida. Ele não delega a ninguém a própria felicidade! E veste um grande sorriso para mudar seu status.

Ele não teve par, quer dizer, seu par foi uma tia da escola - Linda, por sinal! Não havia amiguinhas para ele dançar. De manhã ele estava na maior animação para a festa, ansioso, preocupado de atrasar, por que não podia deixar o par esperando. A menina que ele disse que era par dele, disse que era par de outro... vai saber... Mas ele dançou lindamente, sorrindo, entusiasmado, fazendo a coreografia direitinho. Olhando para nós e fazendo poses. 

Tudo o que vi hoje me fez lembrar, e lembrança é uma coisa que não sei explicar... Vai entender por que certas coisas puxam outras? Enfim, me lembrei de um período sofriiiido, quando o Bê passou 10 dias internado e o mantiveram no soro. Na primeira furada foi horrível, ele esperneava, gritava, chorava. Quando a enfermeira conseguiu eu corri para o banheiro e tive uma diarréia, de puro nervoso! Mas com o passar dos dias o Bê aceitou aquilo. E na hora que tinha que trocar o acesso, ele já dava o bracinho, olhava nos nossos olhos e esboçava um sorriso. Gente, esta criança tinha acabado de fazer 3 anos! Me emociono só de lembrar. Ele nos deu forças para superar aquela fase. Foi muito forte! A lembrança vem da grandeza dos gestos, não da dor. Hoje não foi doído, foi alegre, feliz, mas a grandeza do Bê... foi semelhante.

Meu coração está tão repleto, parece empanzinado. Sim, já viveu um empanzinamento de amor? Assim me sinto agora. Quero muito aprender, com este guerreirinho de 5 anos, a viver! E serei mais feliz, sem sombra de dúvidas, se souber aplicar suas lições na minha vida. Meu pequeno aprendiz, me ensinando tanto!!! 

Se der, quero voltar neste assunto e me explicar melhor. Sem dor de cabeça, é claro! Por que parece que foi triste, pelo jeito que falei, mas foi maravilhoso e nós chegamos em casa muito felizes (o Bê chegou dormindo...). Estou certa que sua adaptação completa, e isso inclui ser querido por amigos e professores, é só uma questão de tempo. Pouco tempo!

Beijos a todos,
Tati

sábado, 19 de junho de 2010

Aprendendo a ler


O Bê está naquela fase de fascínio pela escrita-leitura, e amante das palavras que sou, fico encantada!
Hoje de manhã ele já estava naquela: como escreve...? Fomos brincando, eu ía cantando as letras e ele escrevia, depois eu lia as sílabas para ele, que, óbvio, ainda não sabe ler, mas vai identificando sem perceber.

Resolvi escrever uma frase que ele conhece, para ele se sentir lendo. Então escrevi: BERNARDO EU TE AMO. Ele leu e ficou animadíssimo.

Seguiram-se outras palavrinhas sem êxito, ele reconhecia a primeira letra e chutava qualquer palavra que começasse com ela, então MAMÃE virou vovó MIRIAM e PAPAI virou PEDRO, entre outras palavras.

Na sequência escrevi uma palavra que imaginei que ele reconheceria, o nome da antiga escola: BAMBALALÃO. Ele chutou uma palavra qualquer com B e o Vi resolveu ajudar.

- Bê, você já conhece as primeiras letras, junta o B com A e sabe que dá BA, aí é só juntas as outras...

E o Bê, que entendeu o recado responde:

- Daí é só juntar M com B!!!

Dããã
Para onde foi o Vovó Viu a Uva?

Caímos na gargalhada, claro!!! Paulo Freire revirou-se no túmulo com estes alfabetizadores soltos por aí!! kkk

Beijos.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

EU VOU!!

Amigos,

Vim agradecer o carinho, dizer que tudo está resolvido e que irei viajar. Vou tentar agendar algumas postagens para esta semana. Não sei se terei acesso à internet de lá. Estarei no meio do mato. A sorte de tudo é que o evento é em um lindo Hotel Fazenda, e vou aproveitar para dar uma descansada, abraçar umas árvores, colocar o pé na terra, sentir cheiro de mato, cavalo, vaca,... Tem até búfalos! ... Coisas que AMO!!!
Não sei se dará muito tempo para lazer. Lembrem-se, estarei a trabalho, mas algum há de ter, né?

Na volta conto como foi. Minha postagem do Vida Simples será programada e com isso não conseguirei deixar comentário para a Milla, acho que não poderei participar do sorteio... paciência... fica para a próxima, mas já estou pensando no meu texto. Na volta, prometo atualizar as leituras e voltar para pertinho de vocês, pessoas que me cativaram e tornaram-se muuuuito importantes na minha vida.

Quanto ao Bê, senti que ele estava um pouco tenso, sem entender quando eu ia, quando eu voltava. Ele fica um pouco confuso e como já foi ao meu trabalho acha que estarei lá. Depois fica sem entender quando voltarei... Ficamos conversando ontem à noite, deixei ele falar, perguntar, questionar... Disse que sentirei saudades e que volto rapidinho. Combinei que farei uma folha (tipo calendário, com 4 dias) e que em cada dia colocarei um bombom, assim, quando acabarem os bombons ele ficará feliz, por que estou chegando! Contamos nos dedinhos e ele me pediu. "Ah, fica só três... Eu vou sentir saudades...". Ok, chorei, mas foi só de lagriminha que caiu do canto do olho... E ele ficou agitado e mais de 23h ainda não tinha conseguido pegar no sono (deitamos antes de 21h...).

Há um misto de emoções, mas a gente aguenta! É conquista, eu sei, e estou feliz ao mesmo tempo que sinto falta, mesmo antes de ir! Sei que a ida é sempre melhor, e que o caminho da volta parece uma eternidade... Sinal fechado parece engarrafamento de kms... Ai... a volta... ! Presentes na mala, cansaço, roupas e mais roupas sujas, abraços se coçando para sair dos meus braços para outros braços, para compartilhar calor... É isso!

Este fim de semana ainda tentarei dar uma passada por aqui. Hoje teve paralisação no meu trabalho e vou aproveitar para colocar a vida em dia, adiantar o que der, deixar tudo mais fácil para o Vi, começar a montar mala... Final de semana tem festa junina da escola nova e olimpíadas na escola velha, nem sei como operacionalizar o tempo, mas vamos conseguir, maratona já está virando o esporte da família. Vamos que vamos...

E quanto às cornetas, me recuso a falar o nome novo por que não quero intimidade com esse tipinho... tomara que lá seja proibido...  Rá!

Beijos a todos,

Tati.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A festa de "amigos para sempre"

Quando o Bê saiu da escola, e nós saímos junto, percebi que estávamos deixando nossa família para trás. É como a experiência da Fran, em viver nova vida, em novo local, longe dos seus. É bom, mas é duro. A despedida no dia em que fomos conversar com a coordenadora foi difícil para nós e para ela, há uma relação de confiança, de amizade, e o medo de perdê-la. E como só fomos eu e Vi ficou faltando a despedida do Bê. Combinamos então uma festa de despedida. Na verdade a ideia não era de uma festa padrão, mas uma oportunidade de confraternizar, dele estar mais uma vez naquele ambiente, já sabendo que não faria parte da rotina.

Lá as festas acontecem às quartas-feiras, sempre. Como havia eventos marcados para as 2 quartas seguintes e querendo que o Bê já estivesse mais adaptado ao novo ambiente (para perceber que mais ganhou do que perdeu), dexamos o tempo passar. Um mês depois, eis que fizemos a festa.

Inspirada pelas amigas blogueiras que criam coisas lindas por aqui, resolvi me aventurar. Vocês criaram um monstro!!! E junto com marido, fiz uma lembrancinha pra os coleguinhas de turma, com uma tag (chique demais) de algo que chamei de craft fake (sim, tudo photoshop, não há colagens). Na tag (ui!) coloquei nossos contatos, todas as formas de mantermos alguma relação: endereço, telefone, e-mails, orkut do Bê. Só não coloquei Twitter e Facebook, por que, apesar de ter, não sei usar direito e seria uó não conseguir responder... Por favor, entendam a arte a gracinha como obra de iniciante!

  

E fizemos também algo semelhante para as professoras. As fotos estão toscas, basta dizer que eu terminava os caderninhos ontem às 13h, quando a festa era às 15h... Pouco tempo para fotos produzidas, certo? Mas queria muito contar para vocês tudo que estávamos vivendo e também por que prometi para marido, que queria ver como ficou pronto. Ele participou da parte gráfica, do design (alguém me leva tão a sério quanto eu?), mas não viu nem mesmo impresso, por que nossas 2 impressoras entraram em greve, e nem foi por falta de cartucho... 
  
A sequência: imagem jpg, colada no caderninho (caderneta) e embalada, em celofane, com um bombom. 

Apesar de simples, fez sucesso. Os textos são meus, marido mudou a ordem de algumas frases e achei que ficou melhor. Deu para presentear quem nos presenteou por tanto tempo, entre professoras, auxiliares, funcionárias.

A festa foi muito legal. Na verdade um lanche em companhia dos amigos: batata frita, suco, brigadeiro, bolo. O Bê, tão eufórico, que estava difícil controlar. A emoção era nova e assustava, eu acho. Ele foi recebido com tanto carinho, sabia que não podia ser diferente, quando a gente sente é especial.

Já na entrada tanta festa, tanto abraço, tantos sorrisos. Tia Regina da secretaria abraçou, beijou, e ele cheio de sorrisos. Depois tia Natércia, da limpeza. E aí as professoras, tia Sônia da cozinha... e assim por diante. Ele foi prestigiado por todos, até que... chegou na sua turma! Acabamos com a aula da tia Dani, todos eufóricos e felizes, os 15 da sala mais o Bê. Tentei tirá-lo de lá, não consegui. Ele foi incorporado à aula do dia, até o horário do lanche. A brincadeira rolou solta e ele estava muito feliz. A foto diz tudo, aquele sorriso pleno que só podemos dar abraçados com o melhor amigo. Este é o melhor amigo nº 1 que ele tem no mundo! hehehe 

O Bê estava tãããão feliz!! E eu fiquei também. A Elaine, como sempre, nos recebeu muito bem, com aquele carinho que lhe é peculiar. Como me sinto em casa na Bambalalão!! Vou sentir muitas saudades. Ontem consegui voltar para casa de alma lavada, finalmente me senti leve. As amizades aqui cultivadas mantém-se muro afora.

E o presentinho deu certo. De noite, na própria quarta, o melhor amigo ligou e eles se falaram por muito tempo no telefone, já combinando o passeio. Eu e a mãe do amigo já conversamos, sabemos da responsabilidade de mantermos esta amizade, que é linda e pura. Eu tenho uma amiga desde os 5 anos e mesmo a distância não nos separou. Ontem, outra amiguinha, a Bia, também ligou. O pai disse que ela está tristinha desde que o Bê saiu da escola, sentindo muita saudade. É que meu pimentinha é muito cativante, gente!
Está difícil escrever esta história, foi mais sensação do que palavras, foi bom demais de viver, não sei como descrever. Entendam que é 100% emoção e carinho, que lá sabemos que estamos em casa, mesmo que esta não seja mais nossa casa de fato (ou seria de direito?). Que torço para que muitos laços criados possam ser mantidos, não apenas com amiguinhos do Bê, com os amigos que nós fizemos e que incluem a coordenadora, professoras, funcionários e mães de alunos.

Despeço-me com a foto da turma toda. Como estavam felizes... meu coração quase explode com tal demonstração de amor ao loirinho...

Tenho a certeza de ter feito a coisa certa. Saí mais tranquila e o Bê também, agora ele entendeu que não perdeu: ganhou novos amigos e mantém os antigos. A vida é assim! 

É muito gratificante quando conseguimos encerrar um ciclo sem fechar as portas. Estamos plenos!

Beijos a todos,

Tati.

P.S.: Amei a participação de vocês na pegadinha de português e vou escrever sobre isso na sequência, tá bem? Não esqueci. Adianto apenas que a maioria acertou. Foi um barato, e dei gargalhadas com algumas respostas!!

Mais beijos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A mãe que eu fui...


A mãe que fui tirava um sábado por mês, às vezes, 15 dias, para lavar os brinquedos. Lavava um por um, com escova e detergente, lavava também a caixa de brinquedos. Deixava-os todos expostos ao sol e monitorava: extinguindo-se a última gota d´água, voltavam para dentro, para que a poeira não os atacasse! Era algo que eu fazia com grande empenho e dedicação, gostava daquilo.

A mãe que eu fui frequentava o andar de baixo da casa com filho dormindo no de cima, mas jamais conseguiu subir as escadas com filho sozinho no de baixo. Vai que alguém o roubava? Tesouro precioso!

A mãe que eu fui levava e buscava filho na escola e não abria mão do ritual. Não o delegava a ninguém. Chegava 15, mais tardar 10 minutos antes do horário da saída e o aguardava, feliz, conversando sobre o tempo frio/ quente com outras mães, até ouvir o famoso mããããeeee, comprido e surpreso, como se aquele dia fosse o primeiro, e eram todos tão únicos quanto repetitivos.

A mãe que eu fui saiu da maternidade com seu pacotinho no bebê conforto, comprado no 5º mês de gestação, curtindo o manual de instruções junto com marido. Trocou o bebê conforto pela cadeira adequada aos 7 meses do pequeno, e registrou na memória este mágico momento, de um princepezinho em seu trono, olhando o mundo do alto, pela janela do carro, pela primeira vez.

A mãe que eu fui não andava de carona. Não dava carona para mais do que duas pessoas, por que não abria mão da cadeirinha nem para ir à padaria da esquina. A mãe que eu fui não abria mão da segurança do filho. E passava por neurótica ou antipática, na certeza de fazer o melhor.

Então vendi meu carro e agora ando de carona, com filho no colo, ao lado, solto no banco de trás de alguém.
Coloquei filho na condução, sendo transportado por um desconhecido no qual tive que confiar da noite para o dia, simplesmente por que foi indicado por alguém. O transporte atrasava com frequência a buscar e a mãe que eu fui contorcia-se em casa, aguardando que chegassem, enquanto a lua chegava na frente.

A mãe que eu fui sabia o nome de cada amiguinho da turma, sabia quem era novo e os mais antigos, os mais queridos e os desafetos. A mãe que eu fui paparicava professoras, não perdia reunião de pais e adorava o convívio com a escola.

A mãe que eu sou teve que trocar filho de escola de repente, procurou pouco (e deu sorte, graças a Deus). Ainda não conhece muitos de seus amigos, não busca mais na escola, delegou a tarefa à vovó, sabe das histórias que a vovó conta ou que filhote conta "do seu jeito".


A mãe que eu fui tinha o telefone da creche registrado no celular e num imã de geladeira, mas nem precisava pois sabia o número de cor e salteado. 


A mãe que eu sou esqueceu de mandar a pasta com trabalhinho do filho e precisou procurar na internet o  telefone da escola para avisar. A mãe que eu sou ainda não anotou este número em lugar nenhum...

A mãe que eu sou concorda com a lei das cadeirinhas, mas não sabe o que fará quando precisar de caronas. Não poderei mais pegar carona com o filhote? Agora só de ônibus? A mãe que sou não acredita que ônibus é um transporte seguro. A mãe que sou precisa adaptar-se às novas situações.

A mãe que sou sente saudades da mãe que fui. Estressada? Cansada? Sobrecarregada? Sinto que estes adjetivos me afetam mais hoje do que no tempo em que podia cuidar do meu filho da maneira que acho mais adequada. Quando eu sentia que podia protegê-lo, preservá-lo. Sinto saudades de ser assim e é o que busco neste momento. Não entendam como culpa, não me sinto culpada. Sei que no momento é o que posso oferecer, mas como já estive em outra posição sei que pode ser melhor, e quero voltar a isso.

Quando estudei percepção de riscos não imaginei que minha vida daria uma volta que me colocaria em posição experimental. Agora entendo que não é apenas uma questão de perceber os riscos; que negligenciar riscos é algo muito mais profundo do que podemos explicar num trabalho científico. Que riscos e perigos só podem ser percebidos/ prevenidos a partir de determinada classe social (econômica, na verdade). Fui a campo, estudei, li tanto, escrevi tanto e a vida me ensinou muito mais. Já aprendi, agora pode fechar o capítulo, tá bem? Quero ir para o próximo.

Se não entendeu, me perdoe, é um desabafo que eu precisava fazer à vida.

Beijos a todos,

Tati.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Um quartinho abençoado



Já contei em algum lugar do carinho que temos por Francisco de Assis. Ele é quase um quarto morador da casa. Tem vaga cativa! Só não tem a chave por que não precisa disso para entrar.
De certa forma atuou como cupido entre a gente. O Vi levou um livro contando a história dele de presente quando eu estava doente, conversávamos sobre nossa simpatia por sua história (é o protetor dos animais, não se esqueçam!) e conversa vai, conversa vem fomos para outros temas menos sacros e... casamos! hehehe
Quando estávamos grávidos ganhamos da minha irmã uma pintura linda para o quarto do Bê (não, minha irmã não pinta. Ela contratou a pintora). Assim conhecemos a Dettinha, uma pessoa que apenas reencontramos nesta vida e hoje é uma amiga querida e profissional de primeira. 
 


Dettinha, querida, no primeiro dia, dando formas ao sonho


O quarto todo foi pintado em dois dias. Só vi o primeiro, entrei em trabalho de parto nesta madrugada e só vi o quarto pronto com o Bê nos meus braços (acho que ele quis ver com os próprios olhinhos o que me fazia sentir aquela emoção que chegava a ele pelo cordão umbilical). Isso fez com que ele chegasse beeeem antes da hora - 33 semanas! Mas isso é outra história...


   
Bê, desfrutando de seu cantinho 

Tudo o que desejávamos para o Bê era um cantinho de paz, tranquilidade, onde ele soubesse o quanto era amado e desejado. Fazendinha? Mar? Zoo? Não era bem isso... queríamos algo diferente. Então a ideia que passamos para a Dettinha foi: Queremos um quarto inspirado em Francisco de Assis, mas não no santo. Queremos "Nosso amigo Francisco" em meio à natureza que o representa. E assim foi feito!
 
Muitos animais e natureza, a água e os peixes tão queridos por ele e o próprio, rodeado por pássaros e coelhinhos (tinha ainda cavalinho, porquinho, borboletas e muitos pássaros, mas não dá para por todas as fotos).
  


O quarto ficou meio psicodélico, sem seguir muito uma escala de tamanhos para os animais, mas eu gostei demais. Tinha também um trenzinho, que apesar de fugir da proposta "ambiente natural" foi uma homenagem que quis fazer ao Vi, que é Ferroviário (filho, neto, irmão e cunhado de ferroviários, entendeu? - Não maquinistas, hein!)
 
Quando nos mudamos da casa foi uma das coisas mais difíceis de deixar para trás. Deu vontade de serrar as paredes e trazer junto. Juro que cheguei a pensar em desistir de vender a casa para não me desfazer das paredes. Este quarto tinha uma aura especial. Era um lugar para onde gostava de ir para me tranquilizar. A luz era diferente e todas aquelas figuras... Não tinha como não se sentir feliz naquele espaço. Ele tinha um sol particular! De verdade (ou de pintura).
   
Uma curiosidade foi este gato, com o rabo na tomada. A ideia não era maltratar um animal, mas deixar claro para o Bê, desde os primeiros momentos de berço, que dava choque. Eita mãe neurótica!!! Acabou que o gato virou uma brincadeira e tanto que fazíamos entre os três. Ai, que saudade!!!! Mas não recomendo, teve uma fase, perto dos três anos, que ele ficou com medo daqueles olhos esbugalhados (mãe de primeira viagem... aff!)


Fui falar sobre isso com a Regina Coeli e lembrei do quarto que deixamos para trás. Antes de entregarmos a casa tirei MILHARES de fotos das paredes. Tirei fotos da paisagem e de cada detalhe. Posto algumas partes para vocês. Se eu não consegui expressar a magia deste quarto as fotos o farão. Mostro ainda o dono do quarto, aproveitando-o da melhor forma que podia, melhorando ainda mais uma energia que já era boa!
 
Por que falo nisso agora? Então, já disse, tem a ver com uma conversa com a doce e querida Regina Coeli. Aguardem a surpresa! Eu estou na maior expectativa!!! 


Beijos com carinho,


Tati.


terça-feira, 18 de maio de 2010

O tal coração de mãe




 

Quarta-feira foi o primeiro dia do filhote na escola nova. Ele agora fica só o período da manhã, minha mãe o busca na hora do almoço e então passam a tarde juntinhos, até que de noitinha marido passa lá, depois do trabalho e traz nosso pacotinho de volta. Isso está sendo uma coisa maravilhosa para ele que, em 5 anos de vida, passou 3 na creche em período integral. Sem falar no ganho que é passar a tarde inteira com a avó que ele ama enlouquecidamente.

Sexta-feira resolvi fazer uma surpresa. Interrompi meu trabalho/ estudo e fui buscá-lo na saída, cheia de expectativas. Curiosa por esta nova etapa na vida do pequeno. Coração radiante, segui até a escola caminhando (é perto de casa). Cheguei bem antes, o medo de atrasar me fez adiantar quase 20 minutos...

Fiquei no pátio externo aguardando, sentindo o clima agradável e tranquilo da escola. Até que ele saiu, com sua mochila enorme do pokemon escolhida por ele, uniforme de menino grande, merendeira na mão e... me viu... olhares se cruzaram... grande emoção ... um olhar de... de decepção... de frustração tamanha que nem sei descrever. A merendeira foi ao chão, ele andou em círculos, quase desorientado, ou mesmo numa desorientação total, nem sei. Meu coração apertou sofrido.

Me antecipei em dizer que iríamos para a casa da vovó Mirian antes de qualquer "oi, como foi seu dia". Não havia espaço para cumprimentos. Eu entendi a questão por trás de tudo. Eu sei que o prazer do novo, da casa da avó, da presença de minha mãe, etc, etc tem feito deste um novo momento, mas coração de mãe não foi feito para racionalizar e eu sofri ali, aguardando as covinhas, que não apareceram, sua voz dizendo um Mããããee comprido, como ele sempre disse quando me via na saída da outra escola, mesmo quando a rotina era EU pegá-lo e nunca atrasei... Não posso negar, doeu.

Sei que ainda doerá muitas vezes. E que em alguns anos eu serei um mico ou qualquer outra gíria que se crie para dizer a mesma coisa; sei que não vai mais pedir minha presença em seu quarto para brincar ou para dormir, que não serei mais requisitada para ler histórias ou ouvi-las do seu jeito... sei de tudo isso... mas e daí?

Naquela hora só fiquei triste. E feliz também, por que ele está adorando a nova rotina. Por que aceitou bem e já está adaptado à escola. Em três dias já fez amigos, chega em casa com muitas histórias para contar. Tudo bem se não sou mais a grande novidade. Meu filhote está satisfeito com a vida, adaptou-se tão rápido, eu preocupada com o como seria e ele já é! Filhos são criados para o mundo, não é assim? Estamos fazendo a lição direitinho...

Aí a gente entende o tal do padecer no paraíso. Como mãe, sempre se ganha de um lado, sempre se é feliz de alguma forma. Mesmo uma rejeição pode ser encarada como uma conquista.

E fomos juntos, de mãos dadas, conversando sobre aquele dia, fazendo planos para os próximos, rumo à casa da vovó Mirian. Mas ele já me pediu: "Deixe a vovó vir me buscar, tá bom?"


Amigos, Esta postagem merece um adendo: Eu postei meio insegura se iriam entender o que vivi e percebi que é mais normal do que poderia supor, quem não passou por isso vai passar e TODAS entendemos a dor e delícia do momento. Não consegui responder individualmente, mas agradeço a cada amigo que aqui passou. Eu perdi o comentário do Lynce e da Chica por que postaram ontem (eu errei na programação e acabei tirando do ar, mas está guardado na caixa de e-amail) se alguém souber como restituí-los, agradeço.

O que quero na verdade adicionar (quantos preâmbulos...) é um comentário em especial, por que me fez chorar. A Yvone do Casas Possíveis contou uma história semelhante e invertida. Então, todas nós, mães (ou mesmo pais) podemo entender nosso valor, mesmo que em alguns momentos eles desdenhem um pouquinho... Depois aproveita e visita a Yvone, vocês não vão se arrepender!

Segue parte do comentário: 

"Seu post me fez lembrar da minha filha caçula que costumava ter medo de chuva. 
Numa noite, cheia de medo dos trovões me chamou e dise:
“Vem aqui mamãe estou morrendo de medo..."
- Minha filha respondi; - Deus vai cuidar de você e te ama muito, ou disse algo parecido. Mas a resposta eu gravei:
“Eu sei que Deus me ama” respondeu de pronto; “mas o que eu quero agora é alguém de carne e osso”.
 Fiquei refletindo por muito tempo àquelas palavras, na mensagem contida. E a prova disso é que nunca mais me esqueci.
 Hoje os tres estão belos e criados mas, ainda penso que se eu pudesse começar tudo de novo, era isso que eu queria ser acima de tudo:
O amor de Deus, mas em carne e osso. 

Você é, amiga! Toda mãe é! 

Beijos a todos,

Tati.